sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
O MAR DE MONTROS
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Marcador 1 O modo como ele disse meu nome me deu um frio na espinha. Ninguem me chamava de Perseu, a nao ser aqueles que conheciam minha verdadeira identidade. Amigos... e inimigos. O ano de Percy Jackson foi surpreendente calmo. Nenhum monstro que colocasse os pes no campus de sua escola, nenhum acidente esquisito, nenhuma briga em sala de aula. Mas quando um inocente jogo de queimado entre ele e seus colegas torna-se uma disputa mortal contra uma tenebrosa gangue de gigantes canibais, as coisas ficam, digamos, feias. E a inesperada chegada de sua amiga Annabeth traz outras mas noticias: as fronteiras magicas que protegem o Acampamento Meio-Sangue foram envenenadas por um inimigo misterioso, o unico porto seguro dos semideuses sera destruido. Nesta vibrante e divertidissima continuacao da serie iniciada com O Ladrao de Raios, Percy e seus amigos precisam se aventurar no Mar de Monstros para salvar o acampamento dos meios-sangues. Antes, porem, nosso heroi entrara em confronto com um misterio atordoante sobre sua familia . algo que o fara questionar se ser filho de Poseidon e uma honra ou uma terrivel maldicao. Marcador 2 Rick Riordan nasceu em 1964, em San Antonio, Texas, Estados Unidos, onde mora com a mulher e dois filhos. Durante quinze anos ensinou ingles e historia em escolas publicas e particulares do Sao Francisco. Alem da serie Percy Jackson e os olimpianos, publicou a premiada serie de misterio para adultos Tres Navarre. Para Patrick John Riordan, o melhor contador de historias da familia. SUMARIO UM - Meu melhor amigo vai comprar um vestido de noiva. DOIS - Meu jogo de queimado com canibais. TRES - Nos chamamos o taxi da tormenta eterna. QUATRO - Tyson brinca com fogo. CINCO - meu novo companheiro de chale. SEIS - O ataque dos pombos demoniacos. SETE - Eu aceito presentes de um estranho. OITO - Nos embarcamos no Princesa Andromeda. NOVE - Minha pior reuniao de familia de todos os tempos. DEZ - Pegamos uma carona com confederados mortos. ONZE - Clarisse detona tudo. DOZE - Nossa estadia no SPA & Resort de C. C. TREZE - Annabeth tenta ir nadando para casa. QUATORZE - Nosso encontro com o carneiro da perdicao. QUINZE - Ninguem consegue o Velocino. DEZESSEIS - Eu afundo com o navio. DEZESSETE - Uma surpresa nos aguarda em Miami beach. DEZOITO - A invasao dos poneis de festa. DEZENOVE - Corrida de carruagens termina com uma explosao. VINTE - A magia do Velocino e boa ate demais.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 UM - Meu melhor amigo vai comprar um vestido de noiva Meu pesadelo comecou assim. Eu estava numa rua deserta em alguma cidadezinha a beira-mar, no meio da noite. Havia uma tempestade. O vento e a chuva acoitavam as palmeiras ao longo da calcada. Edificios de estuque cor-de-rosa e amarelo se enfileiravam na rua, as janelas fechadas com tabuas. A um quarteirao dali, depois de uma carreira de hibiscos, o mar estava revolto. Florida, pensei. Embora nao tivesse certeza de como sabia isso. Eu nunca estivera na Florida. Entao ouvi cascos chapinhando no calcamento. Virei e vi meu amigo Grover correndo para salvar sua vida. Sim, eu disse cascos. Grover e um satiro. Da cintura para cima, parece um adolescente comum e desengoncado, com uma barbicha igual a penugem de pessego e um problema serio de acne. Ele caminha mancando de um jeito estranho, mas, a nao ser que voce por acaso o pegue sem calca (coisa que nao recomendo), jamais sabera que existe algo de nao humano nele. Jeans folgados e pes falsos disfarcam o fato de que ele tem cascos e um traseiro peludo. Grover foi meu melhor amigo na sexta serie. Junto com uma menina chamada Annabeth, tinha me acompanhado naquela aventura para salvar o mundo, mas eu nao o via desde o ultimo mes de julho, quando ele partira sozinho em uma perigosa missao - uma missao da qual nenhum satiro jamais voltara. De qualquer modo, em meu sonho, Grover corria, segurando seus sapatos humanos nas maos como costuma fazer quando precisa se mover depressa. Passou batendo os cascos pelas pequenas lojas de suvenir e de aluguel de pranchas de surfe. O vento dobrava as palmeiras quase ate o chao. Grover estava aterrorizado com algo que vinha atras dele. Devia ter acabado de vir da praia. A areia molhada se prendia em torroes ao seu pelo. Tinha escapado de algum lugar. Estava tentando fugir de... alguma coisa. Um rugido de fazer os ossos tremerem atravessou a tempestade. Atras de Grover, do outro lado do quarteirao, surgiu uma figura sombria. Ela derrubou um poste de iluminacao com um golpe violento. A lampada explodiu em um milhao de fagulhas. Grover cambaleou, choramingando de medo. Murmurou para si mesmo: "Preciso escapar. Preciso avisa-los!" Nao pude ver o que o perseguia, mas ouvi a coisa resmungando e praguejando. O chao estremeceu quando ela se aproximou. Grover se lancou em uma esquina e vacilou. Tinha entrado em um patio sem saida cheio de lojas. Nao havia tempo para voltar. A porta mais proxima fora arrombada pela tempestade. A placa acima da vitrine escura dizia: BUTIQUE NUPCIAL DE STO. AGOSTINHO. Grover disparou para dentro. Mergulhou atras de uma arara cheia de vestidos de noiva. A sombra do monstro passou na frente da loja. Pude sentir o cheiro da coisa - uma combinacao nauseante de la de carneiro molhada, carne podre e aquele esquisitissimo odor corporal azedo que so os monstros tem, como o de um gamba que comesse apenas comida mexicana. Grover tremia atras dos vestidos de noiva. A sombra do monstro seguiu em frente. Silencio, a nao ser pela chuva. Grover respirou fundo. Talvez a coisa tivesse ido embora.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Entao houve um clarao de relampago. Toda a fachada da loja explodiu, e uma voz monstruosa berrou: "MEEEEEEU!" ***** Sentei-me na cama, ereto e tremendo. Nao havia tempestade. Nao havia monstro. O sol da manha atravessava a janela do meu quarto. Pensei ter visto uma sombra se movendo rapidamente pelo vidro - uma forma humana. Mas entao ouvi uma batida na porta do quarto - minha mae chamou: - Percy, voce vai se atrasar. E a sombra na janela desapareceu. Talvez tivesse sido minha imaginacao. Uma janela no quinto andar, com uma escada de incendio velha e instavel do lado de fora... Nao poderia haver ninguem la. - Venha, querido - minha mae chamou de novo. - E o ultimo dia de aula. Voce deve estar empolgado! Esta quase no fim! - Estou indo - consegui dizer. Apalpei embaixo do travesseiro. Meus dedos se fecharam de modo tranquilizador em volta da caneta esferografica com a qual sempre dormia. Tirei-a de la e estudei o que estava gravado na lateral, em grego antigo: Anaklusmos. Contracorrente. Pensei em destampa-la, mas algo me conteve. Eu nao usava Contracorrente havia tanto tempo... Alem disso, minha mae me fizera prometer que nao usaria armas letais no apartamento depois que eu lancara um dardo de mau jeito e atingira seu armario de porcelanas. Pus Anaklusmos sobre a mesa-de-cabeceira e me arrastei para fora da cama. Eu me vesti o mais depressa que pude. Tentei nao pensar no pesadelo, nem em monstros, nem na sombra a minha janela. Preciso escapar. Preciso avisa-los! O que Grover queria dizer? Fiz uma garra de tres dedos por cima do meu coracao e puxei para fora - um antigo gesto que Grover me ensinara certa vez, para expulsar o mal. O sonho nao podia ter sido real. Ultimo dia de aula. Minha mae estava certa, eu devia estar empolgado. Pela primeira vez na minha vida eu praticamente terminara um ano sem ser expulso. Nenhum acidente esquisito. Nenhuma briga em sala de aula. Nenhum professor se transformando em monstro e tentando me matar com comida de cantina envenenada ou dever de casa que explodia. No dia seguinte eu estaria a caminho do meu lugar favorito em todo o mundo - o Acampamento Meio-Sangue. So faltava um dia. Certamente, nem eu conseguiria estragar tudo. Como de costume, eu nao tinha ideia de como estava errado.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Minha mae fez waffles azuis com ovos azuis para o cafe-da-manha. Isso faz dela uma pessoa engracada, comemorar ocasioes especiais com comida azul. Acho que e o jeito dela de dizer que tudo e possivel. Percy pode terminar a setima serie. Waffles podem ser azuis. Pequenos milagres assim. Comi a mesa da cozinha enquanto minha mae lavava a louca. Ela estava usando seu uniforme de trabalho - saia azul estrelada e blusa listrada de vermelho e branco, que vestia para vender doces na confeitaria Doce America. Seus cabelos castanhos e compridos estavam presos em um rabo-de-cavalo. Os waffles estavam uma delicia, mas acho que eu nao os devorava como de costume. Minha mae deu uma olhada e franziu a testa. - Percy, voce esta bem? - Sim... estou otimo. Mas ela sempre percebia quando algo me incomodava. Enxugou as maos e sentou-se na minha frente. - Escola ou... Nao precisava completar. Eu sabia o que ela estava perguntando. - Acho que Grover esta com problemas - falei, e contei a ela o sonho. Ela contraiu os labios. Nao falamos muito sobre a outra parte da minha vida. Tentamos viver do modo mais normal possivel, mas minha mae sabia tudo sobre Grover. - Eu nao me preocuparia tanto, querido - disse ela. - Grover ja e um satiro crescido. Se houvesse um problema, estou certa de que teriamos noticias do... do acampamento... - Os ombros dela ficaram tensos quando ela falou a palavra acampamento. - O que foi? - perguntei. - Nada - disse ela. - Quer saber? Esta tarde vamos comemorar o fim das aulas. Vou levar voce e Tyson para o Rockefeller Center... para aquela loja de skates de que voce gosta. Cara, aquilo era tentador. Estamos sempre batalhando por dinheiro. Entre as aulas da minha mae a noite e a mensalidade da minha escola particular, nunca podiamos nos permitir coisas especiais, como comprar um skate. Mas algo na voz dela me incomodou. - Espere ai - falei. - Pensei que hoje a noite fossemos arrumar minhas coisas para o acampamento. Ela torceu o pano de prato. - Ah! querido, quanto a isso... Recebi uma mensagem de Quiron na noite passada. Meu coracao ficou apertado. Quiron era o diretor de atividades do Acampamento Meio-Sangue. Ele nao faria contato a nao ser que algo serio estivesse acontecendo. - O que ele disse? - Ele acha... que poderia nao ser seguro voce ir para o campo agora. Talvez tenhamos de adiar. - Adiar? Mamae, como poderia nao ser seguro? Eu sou um meio-sangue! E, tipo, o unico lugar seguro para mim neste mundo! - Costuma ser, querido. Mas com os problemas que eles estao enfrentando...
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Que problemas? - Percy... Sinto muito, muito mesmo. Esperava falar com voce sobre isso esta tarde. Nao posso explicar tudo agora. Nao sei nem se Quiron pode explicar. Tudo aconteceu muito de repente. Minha cabeca estava girando. Como eu poderia nao ir para o acampamento? Queria fazer um milhao de perguntas, mas justamente nesse momento o relogio da cozinha bateu meia hora. Minha mae pareceu quase aliviada. - Sete e meia, querido. Voce precisa ir. Tyson estara esperando. - Mas... - Percy, vamos conversar hoje a tarde. Va para a escola. Aquilo era a ultima coisa que eu queria fazer, mas minha mae estava com aquela expressao fragil nos olhos - uma especie de aviso, como se ela fosse chorar se eu a pressionasse demais. Alem disso, ela estava certa quanto ao meu amigo Tyson. Precisava encontra-lo na estacao do metro a tempo, ou ele ficaria zangado. Ele tinha medo de viajar embaixo da terra sozinho. Juntei minhas coisas, mas parei na porta. - Mamae, esse problema no acampamento. Tem... poderia ter alguma coisa a ver com meu sonho com Grover? Ela nao me olhou nos olhos. - Vamos conversar hoje a tarde, querido. Eu vou explicar... o que puder. Eu me despedi dela, relutante. Corri escada abaixo para pegar o trem Numero 2. Eu nao sabia entao, mas minha mae e eu nunca teriamos nossa conversa a tarde. Na verdade, eu nao voltaria a ver nossa casa por um longo, longo tempo. Quando sai, dei uma olhada para o edificio marrom do outro lado da rua. So por um segundo vi uma forma escura a luz da manha - uma silhueta humana contra a parede de tijolos, uma sombra que nao pertencia a ninguem. Entao ela tremulou e desapareceu.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 DOIS - Meu jogo de queimado com canibais Meu dia comecou normal. Ou tao normal quanto pode ser no colegio Meriwether. Veja bem, e um colegio "experimental", no centro de Manhattan, o que significa que nos sentamos em pufes, em vez de carteiras, e nao recebemos notas, e os professores usam jeans e camisetas de shows de rock no trabalho. Por mim, tudo bem. Tenho transtorno do deficit de atencao e sou dislexico, como a maioria dos meios-sangues, portanto nunca fui la muito bem nas escolas comuns, mesmo antes de eles me expulsarem. A unica coisa ruim em relacao ao Meriwether era que os professores sempre viam as coisas pelo lado mais promissor, e a garotada nem sempre era... bem, promissora. Por exemplo, minha primeira aula daquele dia: ingles. Todos os alunos do secundario leram aquele livro chamado O senhor das moscas, em que um monte de garotos e abandonado em uma ilha e fica pirado. Entao, no exame final, nossos professores nos mandaram passar uma hora sem supervisao de adultos, no patio, para verem o que aconteceria. O que se deu foi uma guerra generalizada de "cuecao" entre os alunos da setima e oitava series, duas guerras de cascalhos e uma partida de basquete sem marcacao de faltas. O valentao da escola, Matt Sloan, liderou a maior parte dessas atividades. Sloan nao era grande nem forte, mas agia como se fosse. Tinha olhos de pit bull e um cabelo preto desgrenhado, e sempre vestia roupas caras, mas amarfanhadas, como se quisesse que todo o mundo visse como ele se lixava para o dinheiro da familia. Tinha um dente da frente lascado, de uma vez em que pegara o Porsche do pai para dar umas voltas e batera numa placa de DEVAGAR - CRIANCAS BRINCANDO. De qualquer jeito, Sloan estava dando "cuecao" em todo o mundo, ate que cometeu o erro de tentar puxar a cueca do meu amigo Tyson. Tyson era o unico garoto sem-teto no colegio Meriwether. Ate onde minha mae e eu conseguimos descobrir, ele havia sido abandonado pelos pais quando era muito pequeno, provavelmente por ser tao... diferente. Tinha um metro e noventa de altura e o fisico do Abominavel Homem das Neves, mas chorava muito e tinha medo de praticamente tudo, inclusive do proprio reflexo. Seu rosto era meio disforme e abrutalhado. Nao sei dizer de que cor eram seus olhos porque nunca consegui ver alem de seus dentes tortos. Sua voz era profunda, mas ele falava de um jeito engracado, como um menino muito mais jovem - acho que por nunca ter ido a uma escola antes de Meriwether. Usava jeans esfarrapados, tenis imundos tamanho cinquenta e dois e uma camisa de flanela xadrez esburacada. Tinha o cheiro dos becos de Nova York, porque era la que vivia, em uma caixa de geladeira de papelao, perto da rua 72. O colegio Meriwether o adotara em virtude de um projeto de servico comunitario, para que todos os alunos pudessem se sentir bem consigo mesmos. Infelizmente, a maioria deles nao suportava Tyson. Depois de descobrirem que apesar de sua incrivel forca e da aparencia assustadora ele era grande e bobo, sentiam prazer em atormenta-lo. Eu era praticamente seu unico amigo, o que significava que ele era o meu unico amigo. Minha mae ja reclamara na escola um milhao de vezes, porque eles nao estavam fazendo o bastante para ajuda-lo. Ligou para o servico social, mas aparentemente nada aconteceu. Os assistentes sociais alegaram que Tyson nao existia. Juraram de pes juntos que tinham visitado o beco que nos descrevemos e nao conseguiram encontra-lo, muito embora eu nao entenda como e possivel nao ver um garoto gigante que mora numa caixa de geladeira. De qualquer modo, Matt Sloan enfiou-se por tras dele e tentou lhe dar um "cuecao" , e Tyson entrou em panico. Afastou Sloan com um tapa um pouco forte demais. Sloan saiu voando por cinco metros e ficou enroscado no balanco de pneu das criancas pequenas.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Seu monstrengo! - berrou Sloan. - Por que nao volta para sua caixa de papelao? Tyson comecou a solucar. Sentou-se no trepa-trepa com tanta forca que entortou a barra, e enterrou a cabeca nas maos. - Retire o que disse, Sloan! - gritei. Sloan so me lancou uma careta de deboche. - O que voce tem com isso, Jackson? Voce poderia ter amigos se nao estivesse sempre tomando as dores daquele monstrengo. Fechei os punhos. Esperava que minha cara nao estivesse tao vermelha como me parecia. - Ele nao e um monstrengo. E so... Tentei pensar na coisa certa a dizer, mas Sloan nao ouvia. Ele e seus amigos feios e grandalhoes estavam muito ocupados rindo. Eu me perguntei se era minha imaginacao ou se Sloan tinha mais brutamontes em volta dele que de costume. Estava acostumado a ve-lo com dois ou tres, mas naquele dia ele tinha, tipo, mais uma duzia, e eu tinha certeza absoluta de que nunca os vira antes. - Espere so ate a aula de educacao fisica, Jackson . gritou Sloan. - Voce ja esta muito morto. Quando terminou o primeiro tempo, nosso professor de ingles, o sr. De Milo, saiu para avaliar a carnificina. Ele declarou que tinhamos entendido O senhor das moscas perfeitamente. Todos passamos na materia dele, e jamais iamos nos tornar pessoas violentas. Matt Sloan assentiu, serio, e depois me lancou um sorriso de dente lascado. Tive de prometer que compraria um sanduiche extra de manteiga de amendoim para Tyson no almoco, para ele parar de solucar. - Eu... eu sou um monstrengo? - ele me perguntou. - Nao - assegurei, rilhando os dentes. - Matt Sloan e que e um monstrengo. Tyson fungou. - Voce e um bom amigo. Vou sentir saudades de voce no ano que vem se... se eu nao puder... A voz dele tremeu. Percebi que ele nao sabia se no ano seguinte seria novamente convidado para o projeto comunitario. Imaginei se o diretor ao menos teria se dado ao trabalho de conversar com ele sobre isso. - Nao se preocupe, grandao - consegui dizer. - Vai dar tudo certo. Tyson me lancou um olhar tao agradecido que me senti um grande mentiroso. Como podia prometer a um garoto como ele que alguma coisa daria certo? ***** Nossa proxima prova era de ciencias. A sra. Tesla nos disse que teriamos de misturar substancias quimicas ate conseguir fazer alguma coisa explodir. Tyson era meu parceiro de laboratorio. As maos dele eram grandes demais para os pequeninos frascos que deviamos usar. Ele derrubou sem querer uma bandeja de substancias do balcao e criou um cogumelo de fumaca alaranjada na lata de lixo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Depois que a sra. Tesla evacuou o laboratorio e convocou o esquadrao de remocao de residuos perigosos, elogiou Tyson e eu por sermos quimicos natos. Tinhamos sido os primeiros da historia a gabaritar sua prova em menos de trinta segundos. Fiquei contente de a manha ter passado depressa, pois isso me impediu de pensar demais nos meus problemas. Eu nao suportava a ideia de que algo pudesse estar errado no acampamento. Pior ainda: nao conseguia afastar a lembranca do pesadelo. Tinha a terrivel sensacao de que Grover estava em perigo. Em estudos sociais, quando estavamos desenhando mapas de latitude e longitude, abri meu caderno e olhei para a foto la dentro - minha amiga Annabeth de ferias em Washington. Ela de jeans e uma jaqueta indigo por cima da camiseta cor de laranja do Acampamento Meio-Sangue. O cabelo loiro estava preso para tras, com uma bandana. Estava em pe na frente do Memorial de Lincoln, com os bracos cruzados, parecendo satisfeitissima consigo mesma, como se ela propria tivesse projetado o lugar. Veja bem, Annabeth quer ser arquiteta quando crescer, por isso esta sempre visitando monumentos famosos e coisas do tipo. Ela e esquisita assim mesmo. Tinha me mandado a foto por e-mail nas ferias da primavera, e de vez em quando eu olhava so para me lembrar de que ela era real e de que o Acampamento Meio-Sangue nao tinha sido coisa da minha imaginacao. Quis que Annabeth estivesse ali. Ela saberia interpretar meu sonho. Nunca admiti isso para ela, mas era mais esperta do que eu, mesmo que as vezes fosse meio irritante. Eu ja ia fechar meu caderno quando Matt Sloan e arrancou a foto da espiral. - Ei! - protestei. Sloan conferiu a foto, e seus olhos se arregalaram. - Ah! nao, Jackson. Quem e essa? Ela nao e a sua... - Devolva! - Senti as orelhas ficando quentes. Sloan passou a foto para seus colegas feiosos, que deram risadinhas e comecaram a rasga-la para fazer bolinhas de cuspe. Eram alunos novos que deviam estar de visita, porque todos usavam aquelas etiquetas idiotas de "OI! MEU NOME E:" entregues na recepcao. Tambem deviam ter um senso de humor meio esquisito, porque todas elas estavam preenchidas com nomes estranhos, como CHUPA-TUTANO, COME-CRANIOS E ZE-MANE. Nao existem seres humanos com nomes assim. - Esses caras vao se mudar para ca no ano que vem - alardeou Sloan, como se aquilo devesse me assustar. - Aposto que eles podem pagar a escola, ao contrario do seu amigo retardado. - Ele nao e retardado. - Tive de me conter muito, muito mesmo, para nao dar um murro na cara de Sloan. - Voce e um perdedor, Jackson. Ainda bem que eu vou livrar voce do seu sofrimento no proximo periodo. Os grandalhoes cupinchas dele mascaram minha foto. Queria transforma-los em po, mas estava sob ordens estritas de Quiron de nunca descontar minha raiva em mortais comuns, nao importava quanto eles fossem detestaveis. Tinha de deixar para brigar com os monstros. Ainda assim, parte de mim pensou que se Sloan ao menos soubesse quem eu era realmente... A campainha tocou. Quando Tyson e eu estavamos saindo da classe, uma voz de menina sussurrou: - Percy!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Corri os olhos pela area dos vestiarios, mas ninguem estava prestando nenhuma atencao a mim. Como se alguma menina em Meriwether fosse um dia chamar meu nome. Antes que eu tivesse tempo de avaliar se estava ou nao imaginando coisas, uma multidao de garotos disparou para o ginasio, arrastando-me com ela. Era hora da educacao fisica. O treinador nos prometera um jogo de queimado vale-tudo, e Matt Sloan prometera me matar. O uniforme de ginastica de Meriwether e short azul-celeste e camiseta desbotada. Felizmente a maior parte das nossas atividades atleticas era interna, assim nao tinhamos de correr pelo bairro de Tribeca parecendo um bando de criancas hippies em treinamento. Troquei de roupa o mais depressa que pude no vestiario, pois nao queria ter de lidar com Sloan. Estava quase saindo quando Tyson chamou: - Percy? Ele ainda nao tinha se trocado. Estava postado junto a porta da sala de musculacao, segurando as roupas de ginastica. - Sera que voce... ahn... - Ah! sim. - Tentei nao parecer aborrecido com aquilo. - Sim, claro, cara. Tyson esquivou-se para dentro da sala. Fiquei de guarda do lado de fora da porta enquanto ele se trocava. Eu me sentia meio constrangido fazendo aquilo, mas ele me pedia quase todos os dias. Acho que e porque ele e todo peludo e tem umas cicatrizes esquisitas nas costas, sobre as quais eu nunca tive coragem de perguntar. De qualquer modo, aprendi pelo metodo mais dificil que se as pessoas mexessem com Tyson enquanto estivesse se vestindo, ele ficava perturbado e comecava a arrancar as portas dos armarios. Quando entramos no ginasio, o treinador Nunley estava sentado a sua mesinha lendo a Sports Illustrated. Nunley tinha cerca de um milhao de anos de idade, usava oculos bifocais e nao tinha dentes, e tinha um topete grisalho ensebado. Lembrava o Oraculo do Acampamento Meio-Sangue - que era uma mumia encarquilhada -, so que o treinador Nunley se movia muito menos e nunca soltava nuvens de fumaca verde. Bem, ao menos nao que eu tivesse observado. Matt Sloan disse: - Treinador, posso ser o capitao? - Ha? - o treinador Nunley ergueu os olhos de sua revista. - Sim - murmurou. - Hmm-mrnm. Sloan sorriu e se encarregou da escalacao. Ele me nomeou capitao do outro time, mas pouco importava quem eu escolhesse, pois todos os atletas e os garotos mais populares passavam para o lado de Sloan. E tambem o grupo grande de visitantes. Do meu lado, eu tinha Tyson; Corey Bailer, o nerd de computadores; Raj Mandali, o fenomeno dos calculos, e meia duzia de outros que eram sempre atormentados por Sloan e sua gangue. Normalmente, eu me daria bem so com Tyson - ele, sozinho, valia por meio time -, mas os visitantes do lado de Sloan eram quase tao altos e fortes quanto Tyson, e havia seis deles. Matt Sloan espalhou um engradado de bolas no meio do ginasio. - Com medo - murmurou Tyson. - Cheiro gozado. Olhei para ele.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - O que tem cheiro gozado? - Nao achei que ele estivesse falando de si mesmo. -Eles. - Tyson apontou para os novos amigos de Sloan. - Eles tem um cheiro gozado. Os visitantes estavam estalando os dedos e olhando para nos como se fosse a hora do massacre. Nao pude deixar de me perguntar de onde eles vinham. De algum lugar onde alimentavam as criancas com carne crua e batiam nelas com paus. Sloan soprou o apito do treinador e o jogo comecou. O time de Sloan correu para a linha de centro. Do meu lado, Raj Man-dali gritou alguma coisa em urdu, provavelmente: "Preciso de um penico!", e correu para a saida. Corey Bailer tentou engatinhar para tras da forracao da parede e se esconder. O restante do time fez o melhor que pode para se encolher de medo e nao ficar parecendo alvo. - Tyson - disse eu. - Vamos... Uma bola me atingiu violentamente na barriga. Cai sentado no meio do piso do ginasio. O outro time explodiu em gargalhadas. Minha visao ficou turva. Era como se tivesse acabado de receber uma manobra de Heimlich de um gorila. Nao pude acreditar que alguem fosse capaz de lancar uma bola com aquela forca. Tyson gritou: - Percy, abaixe-se! Rolei enquanto outra bola passava zunindo por meu ouvido, na velocidade do som. Vuuuuuml Ela atingiu a forracao da parede, e Corey Bailer ganiu. - Ei! - gritei para o time de Sloan. - Assim voces podem matar alguem! O visitante chamado Ze-Mane sorriu para mim de um jeito perverso. De algum modo, ele parecia muito maior agora... ainda mais alto que Tyson. Seus biceps se destacavam embaixo da camiseta. - Assim espero, Perseu Jackson! Assim espero! O modo como ele disse meu nome me deu um frio na espinha. Ninguem me chamava de Perseu, a nao ser aqueles que conheciam minha verdadeira identidade. Amigos... e inimigos. O que Tyson tinha dito? Eles tem um cheiro gozado. Monstros. Em volta de Matt Sloah, os visitantes estavam ficando maiores. Nao eram mais garotos. Eram gigantes de dois metros e meio de altura, com olhos selvagens, dentes pontudos e bracos peludos, tatuados com cobras, dancarinas havaianas e coracoes. Matt Sloan deixou cair a bola. - Epa! Voces nao sao de Detroit. Quem... Os outros garotos do time comecaram a gritar e a recuar para saida, mas o gigante chamado Chupa-Tutano lancou uma bola com pontaria certeira. Ela passou como um raio por Raj Mandali quando ele estava quase saindo e atingiu a porta, fechando-a como num passe de magica. Raj e alguns dos outros garotos a esmurraram, desesperados, mas ela nao cedeu. - Deixe-os ir! - gritei para os gigantes.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 O que se chamava Ze-Mane rosnou para mim. Tinha uma tatuagem no biceps que dizia: ZM ama Fofinha. - E perder os nossos petiscos? Nao, Filho do Deus do Mar. Nos, lestrigoes, nao estamos jogando so para mata-lo. Queremos almocar! Ele acenou e um novo lote de bolas de queimado apareceu na linha de centro - mas aquelas nao eram feitas de borracha vermelha. Eram de bronze, do tamanho de balas de canhao, perfuradas, com fogo saindo dos buracos. Deviam ser muito quentes, mas os gigantes as pegavam com as maos nuas. - Treinador! - gritei. Nunley ergueu os olhos, sonolento, mas, se viu algo de anormal no jogo de queimado, nao demonstrou. Esse e o problema com os mortais. Uma forca magica chamada A Nevoa disfarca a seus olhos a verdadeira aparencia dos monstros e dos deuses, e assim eles tendem a ver apenas o que conseguem compreender. Talvez o treinador tivesse visto alguns garotos da oitava serie batendo nas criancas menores, como de costume. Talvez os outros garotos vissem os brutamontes de Matt Sloan prestes a lancar por ai coqueteis Molotov. (Nao teria sido a primeira vez.) De qualquer modo, eu tinha certeza de que ninguem mais se dava conta de que estavamos lidando com genuinos monstros comedores de gente e sedentos de sangue. - Sim. Hmm-mmm - resmungou o treinador. . Joguem direito. E voltou a sua revista. O gigante chamado Come-Cranios lancou a bola. Mergulhei de lado enquanto o cometa de bronze chamejante passava junto ao meu ombro. - Corey! - gritei. Tyson o puxou de tras da forracao da parede bem no momento em que a bola explodiu contra ela, transformando o acolchoado em farrapos fumegantes. - Corram! - gritei para os meus companheiros de time. - A outra saida! Eles correram para o vestiario, mas outro aceno da mao de Ze-Mane fez bater aquela porta tambem. - Ninguem sai enquanto voce nao estiver fora! . rugiu Ze-Mane. - E voce nao vai estar fora enquanto nao o comermos! Ele lancou sua bola de fogo. Meus companheiros de time se espalharam enquanto ela abria uma cratera no piso do ginasio. Procurei a Contracorrente, que carregava sempre no bolso, mas entao me dei conta de que estava usando meu short de ginastica. Eu nao tinha bolsos. Contracorrente estava enfiada no bolso da calca jeans, dentro do armario no vestiario. E a porta do vestiario estava trancada. Eu estava completamente indefeso. Outra bola de fogo veio como um raio em minha direcao. Tyson me empurrou para fora do caminho, mas a explosao ainda me atirou longe. Fiquei esparramado no chao do ginasio, com a vista embacada pela fumaca, a camiseta desbotada salpicada de buracos chamuscados. Logo depois da linha de centro, dois gigantes famintos me olhavam de cima. - Carne! - urraram. - Carne de heroi para o almoco! - Os dois fizeram pontaria. - Percy precisa de ajuda! - gritou Tyson, e pulou na minha frente bem no momento em que eles lancaram suas bolas.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Tyson! - gritei, mas era tarde demais. As duas bolas o atingiram... mas, nao... ele as agarrou. De algum modo Tyson, que era tao desajeitado que estava sempre derrubando equipamentos do laboratorio e quebrando estruturas do playground, tinha agarrado as duas bolas chamejantes de metal que vinham em sua direcao a um zilhao de quilometros por hora. Ele as atirou de volta para seus donos surpresos, que gritaram "RUIIIIIM!" quando as esferas de bronze explodiram contra seus peitos. Os gigantes se desintegraram em colunas gemeas de chamas - um sinal seguro de que eram monstros, certo. Monstros nao morrem. Simplesmente se dissipam em fumaca e po, o que poupa aos herois um bocado de trabalho de limpeza depois de uma luta. - Meus irmaos! - gemeu Ze-Mane, o Canibal. Ele contraiu os musculos, e sua tatuagem da Fofinha ondulou. - Voce vai pagar por te-los destruido! - Tyson! . disse eu. . Cuidado! Outro cometa disparou em nossa direcao. Tyson so teve tempo de desvia-lo com um tapa. Passou voando por cima da cabeca do treinador Nunley e aterrissou na arquibancada com um imenso CABUUUUM! Criancas corriam de um lado para o outro gritando, tentando evitar as crateras fumegantes no piso. Outras esmurravam a porta, gritando por socorro. O proprio Sloan estava petrificado no meio da quadra, assistindo incredulo as bolas da morte que voavam em volta dele. O treinador Nunley ainda nao via nada. Deu uma batidinha em seu aparelho de surdez, como se as explosoes estivessem causando interferencia, mas nao desviou os olhos da revista. Certamente a escola inteira podia ouvir o barulho. O diretor, a policia, alguem iria nos ajudar. - A vitoria sera nossa! - rugiu Ze-Mane, o Canibal. - Vamos nos banquetear com seus ossos! Quis dizer-lhe que ele estava levando o jogo de queimado muito a serio, mas antes que pudesse fazer isso ele lancou mais uma bola. Os outros tres gigantes fizeram o mesmo. Sabia que estavamos mortos. Tyson nao poderia desviar todas aquelas bolas ao mesmo tempo. Suas maos deviam estar com queimaduras serias por ter bloqueado a primeira saraivada. Sem a minha espada... Tive uma ideia maluca. Corri em direcao ao vestiario. - Saiam da frente! - disse a meu time. - Saiam da porta. Explosoes atras de mim. Tyson rebatera duas das bolas a seus donos e os fizera explodir em cinzas. Restavam dois gigantes em pe. Uma terceira bola veio voando diretamente para mim. Eu me forcei a esperar - um, dois, tres - e entao me atirei para o lado, enquanto a esfera chamejante demolia a porta do vestiario. Calculei que o gas acumulado na maioria dos armarios dos meninos seria suficiente para causar uma explosao, portanto nao me surpreendi quando a bola chamejante de queimado provocou um enorme BUUUUUUM! A parede explodiu. Portas de armarios, meias, suportes atleticos e varios outros apetrechos pessoais fedorentos choveram por todo o ginasio.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Virei-me bem a tempo de ver Tyson dar um soco na cara do Come-Cranios. O gigante desmoronou. Mas o ultimo gigante, Ze-Mane, esperto, continuava segurando sua bola, esperando uma oportunidade. Ele a lancou justamente quando Tyson se virava para ele. - Nao! - gritei. A bola atingiu Tyson bem no peito. Ele deslizou por toda a extensao da quadra e bateu na parede do fundo, que rachou. Parte desmoronou em cima dele, abrindo um buraco que dava direto para a rua Church. Nao entendia como Tyson ainda podia estar vivo, mas ele parecia apenas atordoado. A bola de bronze fumegava a seus pes. Tyson tentou pega-la, mas caiu para tras, aturdido, em uma pilha de blocos de concreto. - Bem! - tripudiou Ze-Mane. - Sou o ultimo de pe! Vou ter carne suficiente para levar uma quentinha para Fofinha! Ele pegou outra bola e mirou Tyson. - Pare! - gritei. - E a mim que voce quer! O gigante arreganhou um sorriso. - Quer morrer primeiro, heroizinho? Eu precisava fazer alguma coisa. Contracorrente devia estar por ali, em algum lugar. Entao avistei meus jeans em uma pilha fumegante de roupas bem aos pes do gigante. Se eu ao menos conseguisse chegar la... Sabia que era inutil, mas investi. O gigante riu. - Meu almoco se aproxima. Ele ergueu o braco para lancar. Eu me preparei para morrer. De repente o corpo do gigante enrijeceu-se. Sua expressao mudou de triunfante para surpresa. Bem no lugar onde deveria estar seu umbigo, a camiseta se rasgou e surgiu ali algo como um chifre - nao, um chifre nao: a ponta brilhante de uma lamina. - Ui - murmurou ele, e explodiu numa nuvem de chamas verdes, o que, imaginei, iria deixar Fofinha muito aborrecida. Em pe no meio da fumaca estava minha amiga Annabeth. Seu rosto estava sujo e arranhado. Carregava uma mochila esfarrapada pendurada no ombro, o bone de beisebol enfiado no bolso, uma faca de bronze na mao e um olhar selvagem nos olhos cinza-tempestade, como se fantasmas a tivessem perseguido por mil quilometros. Matt Sloan, que estivera ali em pe, abobalhado, o tempo todo, afinal caiu na real. Piscou para Annabeth como se a reconhecesse vagamente da foto no meu caderno. - E a garota... E a garota... Annabeth deu-lhe um soco no nariz, derrubando-o no chao. - E voce - disse ela -, deixe meu amigo em paz. O ginasio estava em chamas. Criancas ainda corriam de um lado para o outro, gritando. Ouvi sirenes que uivavam e uma voz distorcida no alto-falante. Atraves das janelas de vidro nas portas de saida pude ver o diretor, sr. Bonsai, brigando com a fechadura, e uma multidao de professores amontoada atras dele.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Annabeth... - gaguejei. - Como voce... ha quanto tempo voce... - Quase a manha toda. - Ela embainhou a faca de bronze. - Estava tentando encontrar um bom momento para falar com voce, mas voce nunca estava sozinho. - A sombra que eu vi esta manha... aquilo era... - Meu rosto ficou quente. . Ah!, meus deuses, voce estava olhando pela janela do meu quarto? - Nao da tempo de explicar! - disparou com rispidez, embora ela mesma parecesse estar com o rosto um pouco quente. - Mas eu nao queria... - Ali! - berrou uma mulher. As portas se abriram de repente e os adultos se precipitaram paia dentro. - Encontre-me la fora - disse Annabeth. - E ele. Apontou para Tyson, que ainda estava sentado encostado na parede, atordoado. Annabeth lancou-lhe um olhar de aversao que nao entendi muito bem. - E melhor traze-lo. - O que? - Nao da tempo! - disse ela. - Depressa! EIa colocou o bone de beisebol dos Yankees, que era um presente magico de sua mae, e desapareceu na mesma hora. Com isso, fiquei sozinho no meio do ginasio em chamas, quando o diretor investiu para dentro com metade do corpo docente e dois policiais. - Percy Jackson? - disse o sr. Bonsai. - O que... como... Junto a parede destruida, Tyson gemeu e levantou-se da pilha de blocos de concreto. - A cabeca doi. Matt Sloan tambem se aproximava. Olhou para mim com expressao de terror. - Foi Percy quem fez isso, sr. Bonsai. Ele tocou fogo no predio inteiro. O treinador Nunley vai lhe contar, ele viu tudo! O treinador Nunley estivera lendo com dedicacao sua revista, mas, para meu azar, escolheu aquele momento para erguer os olhos, ao ouvir Sloan pronunciar seu nome. - Ha? Sim. Hmm-mmm. Os outros adultos viraram na minha direcao. Eu sabia que jamais acreditariam em mim, mesmo que eu pudesse contar-lhes a verdade. Arranquei Contracorrente dos meus jeans destruidos, disse a Tyson "Vamos!" e pulei pelo buraco escancarado na lateral do edificio.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 TRES - Nos chamamos o taxi da tormenta eterna Annabeth estava a nossa espera em um beco mais adiante na rua Church. Puxou Tyson e eu da calcada bem no momento em que um carro de bombeiros passou gritando seu gemido em direcao a Meriwether. -Onde voce o encontrou? . perguntou ela, apontando para Tyson. Ali, sob circunstancias diferentes, eu teria ficado realmente feliz em ve-la. Tinhamos feito as pazes no ultimo verao, a despeito de a mae dela ser Atena e nao se dar muito bem com meu pai. Tinha sentido mais saudades de Annabeth do que gostaria de admitir. Mas acabara de ser atacado por canibais gigantes, Tyson salvara minha vida tres ou quatro vezes e tudo o que Annabeth pode fazer foi olha-lo com raiva, como se ele fosse o problema. - Ele e meu amigo - falei. - Ele e um sem-teto? - Que importancia tem isso? Ele consegue ouvir, sabe? Por que nao pergunta a ele? Ela pareceu surpresa. - Ele sabe falar? - Eu falo - admitiu Tyson. - Voce e bonita. - Ah! Grosso! - Annabeth recuou um passo, afastando-se dele. Nao podia acreditar que ela estivesse sendo tao mal-educada. Examinei as maos de Tyson, que, eu tinha certeza, deviam estar muito machucadas por causa das bolas de fogo, mas pareciam otimas - imundas e marcadas por cicatrizes sujas do tamanho de batatinhas chips -, mas elas sempre foram assim. - Tyson - falei, incredulo. - Suas maos nao estao queimadas. - E claro que nao - resmungou Annabeth. - Estou surpresa com a coragem dos lestrigoes, atacando-o com ele por perto. Tyson parecia fascinado com o cabelo loiro de Annabeth. Tentou toca-lo, mas ela afastou sua mao com um tapa. - Annabeth - disse eu -, do que voce esta falando? Les-o que? - Lestrigoes. Os monstros no ginasio. Sao uma raca de gigantes canibais que vivem no extremo norte. Ulisses topou com eles uma vez, mas eu nunca os vira tao ao sul, como em Nova York. - Les... nao consigo nem pronunciar isso. Como voce os chamaria em ingles? Ela pensou por um momento. - Canadenses - concluiu. - Agora venha, temos de sair daqui. - A policia vira atras de mim. - Esse e o menor dos problemas - disse ela. - Voce andou tendo os sonhos? - Os sonhos... com Grover?
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 O rosto dela empalideceu. - Grover? Nao, o que ha com Grover? Contei-lhe o sonho. - Por que? O que voce andou sonhando? Os olhos dela pareciam tempestuosos, como se a mente estivesse correndo a um milhao de quilometros por hora. - O acampamento - disse ela afinal. - Um problemao no acampamento. - Minha mae disse a mesma coisa! Mas que tipo de problema? - Nao sei exatamente. Ha algo errado. Temos de ir para la mesmo. Monstros me perseguiram pelo caminho todo desde a Virginia, tentando me deter. Voce tambem sofreu uma porcao ataques? Sacudi a cabeca. - Nenhum, o ano todo... ate hoje. - Nenhum? Mas como... - Os olhos dela recairam sobre... - Ah! - O que quer dizer "Ah!"? Tyson ergueu a mao como se ainda estivesse na sala de aula. - Os canadenses no ginasio chamaram Percy de alguma coisa... Filho do Deus do Mar? Annabeth e eu trocamos olhares. Nao sabia como poderia explicar, mas imaginei que Tyson merecesse a verdade, depois de quase ter sido morto. - Grandao - falei -, ja ouviu aquelas velhas historias sobre deuses gregos? Como Zeus, Poseidon, Atena... - Sim - disse Tyson. - Bem... aqueles deuses ainda vivem. Tipo, vao seguindo a civilizacao ocidental de um lado para o outro e vivendo nos paises mais poderosos; portanto, estao agora nos Estados Unidos. E as vezes tem filhos com mortais. Filhos que sao chamados de meios-sangues. - Sim - disse Tyson, como se ainda esperasse que eu chegasse ao ponto principal. - Ahn, bem, Annabeth e eu somos meios-sangues - disse eu. - Somos como... herois em treinamento. E sempre que os monstros sentem nosso cheiro, eles nos atacam. E o que eram aqueles gigantes no ginasio. Monstros. - Sim. Olhei para ele. Ele nao parecia surpreso nem confuso com o que eu contava, o que me deixava surpreso e confuso. - Entao... voce acredita em mim? Tyson assentiu.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Mas voce e... Filho do Deus do Mar? - Sim - admiti. - Meu pai e Poseidon. Tyson franziu a cara. Agora ele parecia confuso. - Mas entao... Uma sirene uivou. Um carro de policia passou rapidamente pelo beco. - Nao temos tempo para isso - disse Annabeth. - Vamos conversar no taxi. - Um taxi ate o acampamento? - disse eu. - Voce sabe quanto dinheiro... - Deixe comigo. Eu hesitei. - E Tyson? Imaginei-me escoltando meu amigo gigante ate o Acampamento Meio-Sangue. Se ele ficava fora de si em um playground comum com valentoes comuns, como agiria em um campo de treinamento para semideuses? Por outro lado, os policiais estariam procurando por nos. - Nao podemos simplesmente deixa-lo aqui - conclui. - Ele tambem vai estar encrencado. - Sim. - Annabeth pareceu contrariada. - Sem duvida, precisamos leva-lo. Agora venha. Nao gostei do modo como ela disse aquilo, como se Tyson fosse uma grande doenca que precisavamos levar ao hospital, mas a segui pelo beco. Juntos, nos tres nos esgueiramos pelas ruelas do centro, enquanto uma enorme coluna de fumaca se erguia do ia da escola, atras de nos. ***** - Aqui. - Annabeth nos deteve na esquina da Thomas com Trimbla. Vasculhou a mochila. - Espero que ainda tenha sobrado uma. Ela parecia ainda pior do que eu percebera de inicio. Tinha um corte no queixo. Havia gravetos e grama embaracados em seu rabo-de-cavalo, como se tivesse dormido varias noites ao relento. Os rasgos nas barras da calca jeans pareciam ter sito feitos por garras. - O que esta procurando? - perguntei. As sirenes urravam a nossa volta. Calculei que nao levaria muito tempo ate que passassem mais policiais, procurando delinquentes juvenis bombardeadores de ginasios. Sem duvida, aquela altura a Matt Sloan ja teria dado um depoimento. Ele provavelmente deturpara a historia para que Tyson e eu fossemos os canibais sedentos de sangue. - Encontrei uma. Gracas aos deuses. - Annabeth tirou da mochila uma moeda de ouro que reconheci como um dracma, a moeda corrente do Monte Olimpo. Tinha a efigie de Zeus gravada de um lado e o edificio Empire State do outro. - Annabeth - falei. - Os taxistas de Nova York nao vao aceitar isso. - Stethi - gritou ela em grego antigo. - O harma diaboles!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Como de costume, no momento em que ela falou na lingua do Olimpo eu, de algum modo, entendi. Ela disse: Pare, Carruagem da Danacao! Aquilo nao me deixou la muito empolgado com seu plano, fosse qual fosse. Ela atirou a moeda na rua, mas em vez de cair ruidosamente no asfalto o dracma afundou e desapareceu. Por um momento, nada aconteceu. Entao, bem no lugar onde a moeda tinha caido, o asfalto escureceu. Fundiu-se em uma poca retangular mais ou menos do tamanho de uma vaga de estacionamento - borbulhando um liquido vermelho como sangue. Entao um carro irrompeu daquele lodo. Era um taxi, sem duvida, porem, diferentemente de qualquer outro taxi de Nova York, nao era amarelo. Era cinza-escuro. Quer dizer, parecia feito de fumaca, como se fosse possivel atravessa-lo andando. Havia palavras impressas na porta - algo como MASIR ZENTSITNA -, mas a dislexia tornou dificil para mim decifrar o que estava escrito. A janela do passageiro desceu, e uma velha pos a cabeca para fora. Tinha um tufo de cabelos grisalhos cobrindo os olhos, e falou de um jeito estranho e murmurante, como se tivesse acabado de tomar uma injecao de anestesico. - Passagem? Passagem? - Tres para o Acampamento Meio-Sangue - disse Annabeth. Ela abriu a porta traseira do taxi e acenou para que eu entrasse, como se aquilo tudo fosse a coisa mais normal do mundo. - Cruzes! - guinchou a velha. - Nao levamos a especie dele! Ela apontou um dedo ossudo para Tyson. O que era aquilo? Dia da Perseguicao aos Garotos Grandes e Feios? - Eu pago a mais - prometeu Annabeth. - Mais tres dracmas quando chegarmos. - Feito! - berrou a mulher. Entrei no taxi com relutancia. Tyson se espremeu no meio. Annabeth se arrastou para dentro por ultimo. O interior tambem era cinza-escuro, mas parecia bastante solido. O assento era rachado e irregular - nao muito diferente dos da maioria dos taxis. Nao havia divisoria nos separando da velha ao volante... Espere um minuto. Nao havia apenas uma velha. Havia tres, todas amontoadas no assento dianteiro, cada qual com cabelos pegajosos cobrindo os olhos, maos ossudas e um vestido de tecido grosso cor de carvao. A que estava na direcao disse: - Long Island! Bandeira dois! Ha! Ela pisou fundo o acelerador, e minha cabeca foi de encontro ao encosto. Uma voz gravada veio do alto-falante: Ola, aqui e Ganimedes, sommelier de Zeus, e quando saio para comprar vinho para o Senhor do Ceus sempre ponho o cinto de seguranca! Olhei para baixo e encontrei uma corrente grande e preta no lugar do cinto. Conclui que nao estava assim tao desesperado... ainda. O taxi disparou e virou na esquina da West Broadway, e a velha cinzenta sentada no meio guinchou: - Cuidado! Va para a esquerda!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Bem, se voce tivesse me dado o olho, Tempestade, eu poderia fazer isso! - queixou-se a motorista. Espere um minuto. Dar a ela o olho? Nao tive tempo de fazer perguntas, porque a motorista guinou para desviar-se de um caminhao de entregas, passou por cima do meio-fio com um tranco de fazer bater os dentes e entrou voando no quarteirao seguinte. - Vespa! - disse a terceira mulher a motorista. - Passe para mim a moeda da menina! Quero morde-la. - Voce mordeu da ultima vez, Ira! - disse a motorista, cujo nome devia ser Vespa. - E a minha vez! - Nao e! - gritou a que se chamava Ira. A do meio, Tempestade, berrou: - Sinal vermelho! - Freie! - berrou Ira. Em vez disso, Vespa pisou fundo e subiu no meio-fio, cantando os pneus em outra esquina e derrubando uma maquina de vender jornais. Ela deixou meu estomago para tras em algum lugar da rua Broome. - Desculpe-me - falei -, mas... voce enxerga? - Nao! - gritou Vespa, de tras do volante. - Nao! . gritou Tempestade, do meio. - E claro! - gritou Ira, da janela do passageiro. Olhei para Annabeth. - Elas sao cegas? - Nao totalmente - disse Annabeth. - Tem um olho. - Um olho? - Sim. - Cada uma? - Nao. Um olho ao todo. Ao meu lado, Tyson gemeu e se agarrou ao assento. - Nao estou me sentindo muito bem. - Ah, ceus! - disse eu, pois ja tinha visto Tyson ficar enjoado no carro em excursoes da escola, e aquilo nao era algo que a gente quisesse ver a menos de quinze metros de distancia. - Aguente firme, grandao. Alguem tem um saco de lixo ou coisa assim? As tres senhoras cinzentas estavam muito ocupadas discutindo para prestar atencao em mim. Virei-me para Annabeth, que continuava concentrada como quem corre risco de vida, e dei-lhe uma olhada do tipo "Por que voce fez isso comigo?". - Ei - disse ela -, o Taxi das Irmas Cinzentas e o meio mais rapido de chegar ao acampamento. - Entao, por que voce nao veio nele da Virginia?
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Fica fora da area de prestacao de servicos delas - disse ela, como se aquilo fosse obvio. - Elas so trabalham na Grande Nova York e na vizinhanca. - Ja tivemos gente famosa neste taxi! - exclamou Ira. - Jasao! Lembram-se dele? - Nao quero nem lembrar! - lamuriou-se Vespa. - E nos nao tinhamos um taxi naquele tempo, sua morcega velha. Aquilo foi ha tres mil anos! - Me de o dente! - Ira tentou agarra-lo na boca de Vespa, mas Vespa afastou a mao dela com um tapa. - So se Tempestade me der o olho! - Nao! - guinchou Tempestade. - Voce o usou ontem! - Mas estou dirigindo, sua bruxa velha! - Desculpas! Vire! Era a sua entrada! Vespa entrou com violencia na rua Delancey, espremendo-me entre Tyson e a porta. Pisou o acelerador, e disparamos pela ponte Williamsburg a oitenta quilometros por hora. As tres irmas estavam agora brigando mesmo, estapeando-se, enquanto Ira tentava agarrar a cara de Vespa e Vespa tentava agarrar a de Tempestade. Com os cabelos esvoacando e a boca aberta, berrando uma com a outra, percebi que nenhuma das irmas tinha dentes, com excecao de Vespa, que tinha um incisivo amarelo embolorado. Em vez de olhos, elas tinham apenas palpebras fechadas e afundadas, com excecao de Ira, que tinha um olho verde injetado que olhava para tudo avidamente, como se nada que visse fosse o bastante. Por fim, Ira, que tinha a vantagem da visao, conseguiu arrancar o dente da boca da irma Vespa. Isso a deixou tao furiosa que ela deu uma guinada para a beirada da ponte Williamsburg, gritando: - Devolva! Devolva! Tyson gemeu e segurou o estomago. - Ah! a quem interessar possa - falei -, nos vamos morrer! - Nao se preocupe - disse Annabeth, parecendo muito preocupada. - As Irmas Cinzentas sabem o que estao fazendo. Elas sao muito sabias mesmo. Aquilo veio da filha de Atena, mas nao me senti exatamente reconfortado. Estavamos derrapando ao longo da beira de uma ponte, quarenta metros acima do rio East. - Sim, sabias! - Ira arreganhou um sorriso ao retrovisor, mostrando o dente recem-adquirido. - A gente sabe das coisas! - Todas as ruas de Manhattan! - vangloriou-se Vespa, ainda batendo na irma. - A capital do Nepal! - O lugar que voce procura! - acrescentou Tempestade. Imediatamente, as irmas a socaram, uma de cada lado, gritando: - Quieta! Quieta! Ele ainda nem perguntou! - O que? - disse eu. - Que lugar? Eu nao estou procurando nenhum... - Nada! - disse Tempestade. - Voce esta certo, menino. Nao e nada!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Fale. - Nao! - todas elas gritaram. - Na ultima vez que contamos, foi horrivel! - disse Tempestade. - O olho foi parar num lago! - concordou Ira. - Anos para encontra-lo de novo! - queixou-se Vespa. - E por falar nisso... Devolva! - Nao! - berrou Ira. - O olho! - berrou Vespa. - De para mim! Ela bateu com forca nas costas da irma Ira. Ouviu-se um pop nauseante e algo saiu voando da cara de Ira. Ela comecou a apalpar procurando, tentando agarra-lo, mas so conseguiu rebate-lo com as costas da mao. O globo verde e viscoso passou voando por cima de seu ombro e veio parar bem no meu colo. Dei um pulo tao alto que minha cabeca atingiu o teto e o globo ocular saiu rolando. - Nao consigo enxergar! - berraram as tres irmas. - De o olho para mim! - gemeu Vespa. - De o olho para ela! - gritou Annabeth. - Nao esta comigo! - falei. - Ali, perto do seu pe - disse Annabeth. - Nao pise! Pegue! - Nao vou pegar aquilo! O taxi colidiu com a grade de seguranca e arrastou-se por ela com um ruido horrivel. O carro inteiro estremeceu, soltando fumaca cinzenta como se fosse se dissolver com o esforco. - Vou vomitar! - avisou Tyson. - Annabeth - berrei -, deixe Tyson usar sua mochila! - Esta louco? Pegue o olho! Vespa deu uma puxada violenta no volante e o taxi se afastou da grade. Disparamos pela ponte em direcao ao Brooklyn, mais rapido que qualquer taxi humano. As Irmas Cinzentas guinchavam, e se esmurravam, e clamavam pelo olho. Por fim, tomei coragem. Arranquei um pedaco da minha camisa desbotada, que ja estava se desfazendo por causa de todos os buracos de queimadura, e usei-o para pegar o olho no chao. - Bom menino! - gritou Ira, como se, de algum modo, soubesse que eu estava com seu olho perdido. - Devolva! - Nao, enquanto nao explicarem - falei. - O que voces estavam falando, o lugar que eu procuro? - Nao da tempo! - gritou Tempestade. - Acelerando!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Olhei pela janela. Com certeza, arvores, carros e bairros inteiros passavam ventando, em um borrao cinzento. Ja tinhamos saido do Brooklyn e atravessavamos Long Island. - Percy - advertiu Annabeth -, elas nao podem encontrar nosso destino sem o olho. Vamos continuar acelerando ate arrebentar em um milhao de pedacos. - Primeiro elas tem de me dizer. Ou entao vou abrir a janela e jogar o olho no meio do transito. - Nao! - gemeram as Irmas Cinzentas. - E perigoso demais! - Estou abaixando a janela. - Espere! - berraram as Irmas Cinzentas. - Trinta, 31, 75,12! Elas bradaram como um zagueiro de futebol americano cantando a jogada. - O que querem dizer? Isso nao faz sentido! - Trinta, 31, 75, 12! - gemeu Ira. - E tudo o que podemos falar. Agora, devolva-nos o olho! Estamos quase no acampamento! Estavamos agora fora da estrada, disparando pelos campos no norte de Long Island. Pude ver a Colina Meio-Sangue a nossa frente, com seu pinheiro gigante no topo - a arvore de Thalia, que continha a forca vital de uma heroina derrotada. - Percy! - disse Annabeth em um tom mais urgente. . De o olho a elas agora! Decidi nao discutir. Joguei o olho no colo de Vespa. A velha o agarrou, empurrou-o para dentro da orbita como alguem que coloca uma lente de contato, e piscou. - Eia! Ela pisou o freio. O taxi rodopiou quatro ou cinco vezes em uma nuvem de fumaca e guinchou ate parar no meio da estrada vicinal na base da Colina Meio-Sangue. Tyson soltou um enorme arroto. - Melhor agora. - Tudo bem - disse eu as Irmas Cinzentas. - Agora me digam o que querem dizer aqueles numeros. - Nao da tempo! - Annabeth abriu a porta. - Temos de sair agora. Eu ia perguntar por que, quando ergui os olhos para a Colina Meio-Sangue e entendi. No topo da colina havia um grupo de campistas. E eles estavam sob ataque.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 QUATRO - Tyson brinca com fogo Mitologicamente falando, se existe uma coisa que eu odeio mais do que trios de velhas sao touros. No ultimo verao, lutei com o Minotauro no topo da Colina Meio-Sangue. Dessa vez, o que vi la em cima era ainda pior: dois touros. E nao touros comuns, apenas, mas touros de bronze, do tamanho de elefantes. E mesmo aquilo nao era ruim o bastante. E claro que eles tambem tinham de soltar fogo. Assim que saimos do taxi, as Irmas Cinzentas se safaram a toda rumo a Nova York, onde a vida era mais segura. Nem sequer esperaram pelo pagamento extra de tres dracmas. Simplesmente nos largaram a beira da estrada, Annabeth com nada alem de sua mochila e a faca, Tyson e eu ainda com as roupas desbotadas de ginastica. - Ah, ceus! - disse Annabeth, olhando para a batalha violenta na colina. O que mais me preocupou nao foram os touros em si. Ou os dez herois de armadura de batalha completa, cujos traseiros de bronze estavam levando uma surra. O que me preocupava era que os touros estavam se movimentando por toda a colina, inclusive atras do pinheiro. Aquilo nao deveria ser possivel. As fronteiras magicas do acampamento nao permitiam que monstros passassem alem da arvore de Thalia. Mesmo assim os touros de metal estavam fazendo isso. Um dos herois gritou: - Patrulha de fronteira! Aqui! - Uma voz de menina... rouca e familiar. Patrulha de fronteira?, pensei. O acampamento nao tinha patrulha de fronteira. - E Clarisse - disse Annabeth. - Venha, temos de ajuda-la. Normalmente, correr para ajudar Clarisse nao estaria no topo da minha lista de "coisas a fazer". Ela era uma das maiores encrenqueiras do acampamento. Na primeira vez que nos vimos ela tentou apresentar minha cabeca a uma privada. Tambem era filha de Ares, e eu havia tido um desentendimento muito serio com o pai dela no ultimo verao; portanto, agora o Deus da Guerra e todos os seus filhos basicamente nao iam com a minha cara. Ainda assim ela estava em dificuldades. Seus combatentes estavam se dispersando, correndo em panico diante do ataque dos touros. A grama estava em chamas em grandes faixas em volta do pinheiro. Um heroi gritava e agitava os bracos enquanto corria em circulos, o enfeite de crina de cavalo em seu capacete ardendo como um cocar flamejante. A armadura da propria Clarisse estava chamuscada. Ela lutava com um cabo de lanca quebrada, a outra extremidade estava cravada inutilmente na junta metalica do ombro um dos touros. Tirei a tampa da minha caneta esferografica. Ela cintilou e foi ficando cada vez mais comprida e pesada ate eu me ver segurando nas maos a espada de bronze Anaklusmos. - Tyson, fique aqui. Nao quero que se arrisque mais. - Nao! . disse Annabeth. . Precisamos dele. Olhei para ela. - Ele e mortal. Teve sorte com as bolas de queimado, mas ele nao pode... - Percy, voce sabe o que e aquilo la em cima? Os touros de Colchis, feitos pelo proprio Hefesto. Nao podemos combate-los sem o Filtro Solar de Medeia, com fator de protecao 50 mil. Vamos ser queimados ate virar torresmo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - O que de Medeia? Annabeth revirou a mochila e praguejou. - Eu tinha um pote de essencia de coco tropical na minha cabeceira, em casa. Por que nao trouxe comigo? Tinha aprendido muito tempo atras a nao fazer muitas perguntas a Annabeth. So me deixaria ainda mais confuso. - Olhe, eu nao sei do que voce esta falando, mas nao vou permitir que Tyson seja frito. - Percy... - Tyson, fique aqui. - Ergui minha espada. - Vou entrar. Tyson tentou protestar, mas eu ja estava correndo colina acima na direcao de Clarisse, que gritava com sua patrulha, tentando organiza-la em formacao de falange. Era uma boa ideia. Os poucos que a ouviram formaram uma fileira ombro a ombro, encaixando seus escudos para forjar uma parede de couro e bronze, as lancas surgindo acima como cerdas de porco-espinho. Infelizmente, Clarisse so conseguiu reunir seis campistas. Os outros quatro ainda corriam em circulos com o capacete em chamas. Annabeth correu ate eles, tentando ajudar. Provocou um dos touros para que a perseguisse e depois ficou invisivel, confundindo o monstro completamente. O outro touro investiu contra a linha de Clarisse. Eu estava a meio caminho colina acima - nao era perto o bastante para ajudar. Clarisse ainda nem me vira. O touro se movimentava depressa demais para uma coisa tao grande. A carcaca metalica brilhava ao sol. Tinha rubis do tamanho de punhos no lugar dos olhos e chifres de prata polida. Quando abria a boca articulada, uma coluna de chamas incandescentes era expelida. - Mantenham a linha! - ordenou Clarisse a seus guerreiros. Voce podia falar qualquer coisa sobre Clarisse, mas ela era corajosa. Era uma menina grande com olhos crueis como os do pai. Parecia ter nascido para usar uma armadura de batalha grega, mas ate mesmo ela nao me parecia capaz de resistir a investida daquele touro. Por azar, naquele momento, o outro touro perdeu o interesse em encontrar Annabeth. Virou-se e foi atras de Clarisse, do seu lado desprotegido. - Atras de voce! - gritei. - Cuidado! Eu nao devia ter dito nada, porque tudo o que consegui foi assusta-la. O Touro Numero 1 colidiu contra o escudo dela e a falange se rompeu. Clarisse voou para tras e aterrissou em um pedaco de gramado em chamas. O touro passou direto por ela, mas nao sem antes atingir os outros herois com seu halito de fogo. Os escudos derreteram instantaneamente em seus bracos. Eles deixaram cair as armas e correram enquanto o Touro Numero 2 se aproximava de Clarisse para o golpe final. Eu me adiantei e agarrei Clarisse pelos cordoes da armadura. Arrastei-a para fora do caminho bem no momento em que o Touro Numero 2 passava como um trem de carga. Dei-lhe um bom golpe com Contracorrente e abri um imenso talho numa de suas laterais, mas o monstro apenas rachou e soltou um mugido, e continuou avancando. A fera nao me tocou, mas pude sentir o calor da sua pele de metal. A temperatura de seu corpo poderia ter cozido um burrito congelado.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Me solte! - Clarisse deu uma pancada na minha mao. - Percy, maldito! Deixei-a cair como um saco junto ao pinheiro e me virei para enfrentar os touros. Estavamos agora do outro lado da colina, com o vale do Acampamento Meio-Sangue logo abaixo. Os chales, as areas de treinamento, a Casa Grande - todos em perigo caso os touros passassem por nos. Annabeth bradou ordens para os outros herois, dizendo-lhes que se espalhassem e mantivessem os touros distraidos. O Touro Numero 1 fez uma curva bem aberta e comecou a voltar na minha direcao. Ao passar pelo meio da colina, onde a linha invisivel da fronteira deveria te-lo detido, ele reduziu um pouco a velocidade, como se lutasse contra um vento forte; mas entao rompeu a barreira e continuou avancando. O Touro Numero 2 se virou para me enfrentar, com fogo crepitando no corte fundo que eu fizera em seu flanco. Nao sei dizer se sentiu alguma dor, mas seus olhos de rubi pareciam fixos em mim como se eu tivesse acabado de levar as coisas para o lado pessoal. Eu nao podia lutar contra os dois touros ao mesmo tempo. Teria de derrubar o Touro Numero 2 primeiro e cortar sua cabeca antes que o Touro Numero 1 investisse de novo, ate ficar ao meu alcance. Eu ja sentia os bracos cansados. Percebi quanto tempo passara desde a ultima vez que treinara com Contracorrente, e como perdera a pratica. Ataquei, mas o Touro Numero 2 lancou chamas contra mim. Rolei para o lado enquanto o ar se transformava em puro calor. Todo o oxigenio foi sugado de meus pulmoes. Meu pe se prendeu em alguma coisa - uma raiz de arvore, talvez - e a dor subiu por meu tornozelo. Ainda assim, consegui desferir um golpe com a espada e decepei um pedaco do focinho do monstro. Ele se afastou galopando, fora de controle e desorientado. Mas, antes que eu pudesse me sentir muito satisfeito com aquilo, tentei ficar de pe e minha perna esquerda fraquejou. O tornozelo estava torcido, talvez quebrado. O Touro Numero 1 investiu na minha direcao. Nao havia como me arrastar para fora do seu caminho. Annabeth gritou: - Tyson, ajude-o! Em algum lugar por perto, na direcao do topo da colina, Tyson lamentou-se: - Nao... posso... atravessar! - Eu, Annabeth Chase, lhe dou permissao para entrar no acampamento! Uma trovoada sacudiu a encosta. De repente, Tyson estava la, disparando em minha direcao e gritando: - Percy precisa de ajuda! Antes que eu pudesse dizer que nao, Tyson se jogou entre mim e touro bem quando ele soltou uma erupcao de fogo nuclear. - Tyson! - gritei. A explosao rodopiou em volta dele como um tornado vermelho. So consegui ver a silhueta negra de seu corpo. Soube com uma terrivel certeza que meu amigo acabara de se transformar em uma coluna de cinzas. Mas, quando o fogo diminuiu, Tyson ainda estava la, de pe, praticamente ileso. Nem mesmo suas roupas surradas foram chamuscadas. O touro deve ter ficado tao surpreso quanto eu, porque antes que pudesse exalar uma segunda erupcao Tyson cerrou os punhos e golpeou a cara dele.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - VACA MALVADA. Seus punhos abriram uma cratera no lugar onde estaria o focinho do touro. Duas pequenas colunas de fogo irromperam dos ouvidos. Tyson acertou-o de novo e amassou o bronze sob suas maos como papel-aluminio. A cabeca do touro agora parecia um boneco de meia virado do avesso. - No chao! - berrou Tyson. O touro cambaleou e caiu de costas. As pernas balancaram debilmente no ar, o vapor escapando pela cabeca e outros lugares esquisitos. Annabeth correu para ver como eu estava. Meu tornozelo parecia estar cheio de acido, mas ela me deu um pouco do nectar do Olimpo em seu cantil e imediatamente comecei a me sentir melhor. Havia um cheiro de queimado que depois percebi que vinha de mim. Os pelos em meus bracos tinham ficado completamente chamuscados. - E o outro touro? - perguntei. Annabeth apontou colina abaixo. Clarisse tinha cuidado da Vaca Malvada Numero 2. Ela a empalara pela pata traseira com uma lanca de bronze celestial. Com o focinho semidestruido e um enorme talho no flanco, o bicho tentava correr em camara lenta, andando em circulos como algum tipo de animal de carrossel. Clarisse tirou o capacete e marchou em nossa direcao. Uma mecha do seu cabelo castanho fibroso estava fumegando, mas ela parecia nem notar. Voce estragou tudo! - berrou ela para mim. - Eu tinha tudo sob controle! Eu estava atordoado demais para responder. Annabeth resmungou: - Bom ver voce tambem, Clarisse. - Argh! - gritou Clarisse. - Nunca, NUNCA tente me salvar de novo! - Clarisse - disse Annabeth -, voce tem alguns campistas feridos. Aquilo a fez cair era si. Ate mesmo Clarisse se preocupava com os soldados sob seu comando. - Eu vou voltar - rosnou ela, e depois se afastou pesadamente para avaliar os danos. Olhei para Tyson. - Voce nao morreu. Tyson baixou os olhos como se estivesse com vergonha. - Desculpe-me. Vim ajudar. Desobedeci a voce. - Culpa minha - disse Annabeth. - Nao tive escolha. Eu tinha de deixar Tyson cruzar a fronteira para salva-lo. Caso contrario, voce teria morrido. - Deixa-lo cruzar a fronteira? - perguntei. - Mas... - Percy - disse ela -, voce ja olhou para Tyson com atencao? Quer dizer... para seu rosto. Ignorar a Nevoa e realmente olhar para ele.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 A Nevoa faz os seres humanos verem apenas o que seu cerebro pode processar... Eu sabia que ela podia enganar semideuses tambem, mas... Olhei para o rosto de Tyson. Nao foi facil. Sempre tive dificuldade de olhar diretamente para ele, embora nunca tivesse entendido muito bem por que. Achava que era so porque sempre havia manteiga de amendoim nos seus dentes tortos. Forcei-me a focalizar seu nariz grande e sem jeito, depois, um pouco mais acima, seus olhos. Nao, nao olhos. Um olho. Um grande olho, castanho-bezerro, bem no meio da testa, com cilios grossos e grandes lagrimas escorrendo pelas bochechas dos dois lados. - Tyson - gaguejei. - Voce e um... - Ciclope - sugeriu Annabeth. - Um bebe, a julgar pela aparencia. Provavelmente foi por isso que ele nao conseguiu atravessar a fronteira como os touros. Tyson e um dos orfaos sem-teto. - Um dos que? - Eles estao em quase todas as grandes cidades - disse Annabeth, de um jeito desagradavel. - Sao... erros, Percy. Filhos de espiritos da natureza e deuses... Bem, normalmente, um deus em particular... e nem sempre sao perfeitos. Ninguem os quer. Eles sao jogados de lado. Crescem nas ruas, sozinhos. Nao sei como esse o encontrou, mas ele obviamente gosta de voce. Devemos leva-lo a Quiron e deixar que ele decida o que fazer. - Mas o fogo. Como... - Ele e um ciclope. - Annabeth fez uma pausa, como se estivesse se lembrando de algo desagradavel. - Eles operam as forjas dos deuses. Precisam ser imunes ao fogo. E o que eu vinha tentando lhe dizer. Eu estava completamente chocado. Como nunca percebera o que Tyson era? Mas eu nao tinha muito tempo para pensar nisso naquele momento. Toda a encosta da colina estava em chamas. Herois feridos precisavam de atencao. E ainda havia dois touros derrubados para descartar, e eu nao fazia ideia de como eles iriam caber nas nossas cacambas normais de lixo reciclavel. Clarisse voltou e limpou a fuligem da testa. - Jackson, se voce puder aguentar, levante-se. Precisamos carregar os feridos de volta para a Casa Grande e informar a Tantalo o que aconteceu. - Tantalo? - perguntei. - O diretor de atividades - disse Clarisse, impaciente. - O diretor de atividades e Quiron. E onde esta Argos? Ele e o encarregado da seguranca. Devia estar aqui. Clarisse fez uma cara amarga. - Argos foi despedido. Voces dois estiveram afastados por muito tempo. As coisas estao mudando. - Mas, Quiron... Ele treina garotos para combater monstros ha mais de tres mil anos. Nao pode ter simplesmente ido embora. O que aconteceu? - Aquilo aconteceu - disparou Clarisse.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Ela apontou para a arvore de Thalia. Todos os campistas conheciam a historia da arvore. Seis anos antes, Grover, Annabeth e dois outros semideuses chamados Thalia e Luke chegaram ao Acampamento Meio-Sangue perseguidos por um exercito de monstros. Quando se viram acuados no topo da colina, Thalia, filha de Zeus, montou resistencia ali, para dar tempo aos amigos de alcancar a seguranca. Quando ela estava morrendo. Zeus se apiedou e a transformou em um pinheiro. Seu espirito reforcou as fronteiras magicas do acampamento, protegendo-o de ministros. O pinheiro estava la desde entao, forte e saudavel. Mas agora suas folhas estavam amarelas. Uma enorme pilha de folhas mortas se acumulava na base da arvore. No centro do tronco, a um metro do chao, havia uma perfuracao do tamanho de um buraco de bala, gotejando seiva verde. O gelo cortou meu peito. Agora eu entendia por que o acampamento estava em perigo. As fronteiras magicas estavam falhando porque a arvore de Thalia estava morrendo. Alguem a envenenara.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 CINCO - Meu novo companheiro de chale Alguma vez voce ja chegou em casa e encontrou seu quarto todo baguncado? Como se alguma pessoa prestimosa (oi, mamae!) tivesse tentado "arruma-lo" e, de repente, voce nao conseguisse encontrar mais nada? E, mesmo que nada esteja faltando, tem aquela sensacao arrepiante de que alguem andou olhando suas coisas e limpando tudo com lustra-moveis que cheira a limao? Foi esse tipo de coisa que senti ao ver o Acampamento Meio-Sangue de novo. Na superficie, nada parecia assim tao diferente. A Casa Grande ainda estava la com seu telhado azul e sua varanda em toda a volta. Os campos de morangos ainda se aqueciam ao Sol. Os mesmos predios com colunas gregas brancas se espalhavam pelo vale - o anfiteatro, a arena de combates, o pavilhao-refeitorio que da para o estreito de Long Island. E, aninhados entre os bosques e o riacho, os mesmos chales - um sortimento maluco de doze predios, cada qual representando um deus olimpiano diferente. Mas agora havia uma atmosfera de perigo. Dava para perceber que alguma coisa estava errada. Em vez de jogar volei na quadra de areia, conselheiros e satiros armazenavam armas no galpao de ferramentas. Driades armadas de arcos e flechas conversavam, nervosas, no limite dos bosques. A floresta parecia doente; a grama na campina tinha um tom palido de amarelo, e as marcas do fogo na Colina Meio-Sangue se destacavam como feias cicatrizes. Alguem tinha baguncado meu lugar favorito em todo o mundo, e eu nao era... bem, um campista feliz. Enquanto caminhavamos para a Casa Grande, reconheci uma porcao de campistas do ultimo verao. Ninguem parou para conversar. Ninguem disse: "Sejam bem-vindos de volta." Alguns olharam duas vezes quando viram Tyson, mas a maior parte simplesmente passou de cara fechada e seguiu em frente, cumprindo seus deveres - levando mensagens, carregando espadas para afiar nas pedras de amolar. O acampamento parecia uma escola militar. E, acredite, eu as conheco. Fui expulso de algumas. Nada disso importava para Tyson. Ele estava absolutamente fascinado com tudo o que via. - O que e aquilo? - ele se espantava. - Estabulos para pegasos - disse eu. - Os cavalos alados. - O que e aquilo? - Hum... aquilo sao os banheiros. - O que e aquilo? - Os chales dos campistas. Se nao sabem quem e seu pai olimpiano, voce e deixado no chale de Hermes... aquele marrom logo ali... ate que se descubra. Entao, quando ja sabem, juntam-no ao grupo de seu pai, ou de sua mae. Ele olhou para mim abismado. - Voce... tem um chale? - O numero 3. - Apontei para uma construcao cinzenta e baixa feita de pedras do mar. - Voce mora com amigos no chale?
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Nao. Nao, fico sozinho. - Nao estava com vontade de explicar. A verdade embaracosa: eu era o unico naquele chale porque supostamente nao deveria estar vivo. Os "Tres Grandes" deuses - Zeus, Poseidon e Hades - tinham feito um pacto depois da Segunda Guerra Mundial para nao ter mais filhos com mortais. Nos eramos mais poderosos que os meios-sangues normais. E imprevisiveis demais. Quando ficavamos zangados, tendiamos a causar problemas... como a Segunda Guerra Mundial, por exemplo. O pacto dos "Tres Grandes" so tinha sido quebrado duas vezes - quando Zeus gerou Thalia e quando Poseidon me gerou. Nenhum de nos devia ter nascido. Thalia acabou transformada em um pinheiro quando tinha doze anos. Eu... bem, eu estava fazendo o melhor possivel para nao seguir o exemplo dela. Tinha pesadelos so de pensar no que Poseidon poderia me transformar se algum dia eu estivesse a beira da morte - plancton, quem sabe. Ou um agrupamento flutuante de algas marinhas. Quando chegamos a Casa Grande, encontramos Quiron em seu alojamento, ouvindo suas musicas favoritas da decada de 1960 enquanto arrumava seus alforjes. Acho que devo mencionar - Quiron e um centauro. Da cintura para cima parece um sujeito comum, de meia-idade, com cabelo castanho encaracolado e barba desarrumada. Da cintura para baixo, e um corcel branco. Consegue passar por ser humano apertando sua metade inferior em uma cadeira de rodas magica. De fato, ele se passou por meu professor de latim na sexta serie. Mas na maior parte do tempo, se os tetos forem bastante altos, ele prefere circular em sua forma plena de centauro. Assim que o vimos, Tyson ficou paralisado. - Ponei! - exclamou, totalmente extasiado. Quiron se voltou, parecendo ofendido. - Como disse? Annabeth e eu subimos correndo e o abracamos. - Quiron, o que esta acontecendo? Nao esta... indo embora? - A voz dela estava tremula. Quiron era como seu segundo pai. Quiron despenteou o cabelo de Annabeth e lhe deu um sorriso bondoso. - Ola, crianca. E Percy, ora vejam! Voce cresceu esse ano! Engoli em seco. - Clarisse disse que voce foi... foi... - Despedido. - Os olhos de Quiron brilharam com um humor soturno. - Ah, bem, alguem tinha de levar a culpa. O Senhor Zeus ficou muito aborrecido. A arvore que ele criou do espirito de sua filha foi envenenada! O sr. D precisava punir alguem. - Quer dizer: se nao fosse ele - resmunguei. So de pensar no diretor do acampamento, sr. D, eu fiquei irritado. - Mas isso e loucura! - exclamou Annabeth. - Quiron, voce nao poderia ter nada a ver com o envenenamento da arvore de Thalia! - Apesar disso - suspirou Quiron -, alguns no Olimpo nao confiam em mim agora, dadas as circunstancias. - Que circunstancias? - perguntei.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 O rosto de Quiron se anuviou. Ele enfiou um dicionario latim-ingles no alforje enquanto a musica de Frank Sinatra soava no micro system. Tyson ainda olhava para Quiron, encantado. Choramingou como se quisesse acariciar Quiron, mas tivesse medo de chegar mais perto. - Ponei? Quiron respirou fundo. - Meu caro jovem ciclope! Eu sou um centauro. - Quiron - falei. - E a arvore? O que aconteceu? Ele sacudiu a cabeca com tristeza. - O veneno usado no pinheiro de Thalia e algo do Mundo Inferior, Percy. Alguma peconha que eu nunca tinha visto. Deve ter vindo de um monstro da profundeza dos abismos de Tartaro. - Entao sabemos quem e o responsavel. Cro... - Nao invoque o nome do tita, Percy. Especialmente, nao aqui, e nao agora. - Mas no ultimo verao ele tentou causar uma guerra civil no Olimpo! Isso tem de ser ideia dele. Ele convenceu Luke a fazer aquilo, aquele traidor. - Talvez - disse Quiron. - Mas infelizmente estou sendo responsabilizado porque nao evitei que acontecesse e nao consigo cura-la. A arvore tem apenas algumas semanas de vida, a nao ser... - A nao ser o que? - perguntou Annabeth. - Nao - disse Quiron. - Um pensamento tolo. O vale inteiro esta sentindo o choque do veneno. As fronteiras magicas estao se deteriorando. O proprio acampamento esta morrendo. So uma fonte de magica seria forte o bastante para anular o veneno, e ela foi perdida seculos atras. - O que e? - perguntei. - Nos vamos encontra-la! Quiron fechou seu alforje. Apertou o botao stop do seu som. Entao se virou e pousou a mao em meu ombro, olhando-me bem nos olhos. - Percy, voce tem de me prometer que nao vai agir precipitadamente. Disse a sua mae que nao queria que voce viesse para ca neste verao. E perigoso demais. Mas agora que esta aqui, fique aqui. Treine muito. Aprenda a lutar. Mas nao va embora. - Por que? - perguntei. - Quero fazer alguma coisa! Nao posso simplesmente deixar todas as fronteiras cairem por terra. O acampamento inteiro sera... - Invadido por monstros - disse Quiron. - Sim, e o que temo. Mas voce nao deve se deixar tentar por alguma acao impensada! Isso pode ser uma armadilha do senhor dos titas. Lembre-se do ultimo verao! Ele quase tirou sua vida. Era verdade, mas ainda assim eu queria muito ajudar. Tambem queria fazer Cronos pagar. Quer dizer, era de esperar que o senhor dos titas tivesse aprendido suas licoes eras atras, quando foi derrubado pelos deuses. Era de esperar que ser picado em um milhao de pedacinhos e jogado na parte mais escura do Mundo Inferior lhe desse uma dica sutil de que ninguem o queria por perto. Mas nao. Como ele era imortal, ainda estava vivo la embaixo no Tartaro - sofrendo a dor eterna, faminto por retornar e se vingar do
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Olimpo. Nao podia agir sozinho, mas era muito bom em distorcer a mente de mortais, e ate de deuses, para que fizessem seu trabalho sujo. O envenenamento tinha de ser coisa dele. Quem mais seria tao baixo a ponto de atacar a arvore de Thalia, a unica coisa que restara de uma heroina que dera a vida para salvar seus amigos? Annabeth estava se esforcando muito para nao chorar. Quiron enxugou uma lagrima da bochecha dela. - Fique com Percy, crianca - disse ele. - Cuide para que ele fique seguro. A profecia... lembre-se dela! - Eu... eu vou fazer isso. - Hum... - falei. - A profecia que tem relacao comigo, mas que os deuses os proibiram de me contar? Ninguem respondeu. - Certo - resmunguei. - So confirmando. - Quiron... - disse Annabeth. - Voce me contou que os deuses o fizeram imortal somente enquanto voce fosse necessario para treinar herois. Se eles o demitem do acampamento... - Jure que fara o melhor que puder para manter Percy afastado do perigo - insistiu ele. - Jure pelo rio Styx. - Juro... juro pelo rio Styx - disse Annabeth. Trovejou do lado de fora. - Muito bem - disse Quiron. Ele pareceu um pouquinho mais relaxado. - Talvez meu nome seja limpo, e eu retorne. Ate la, vou visitar meus parentes selvagens, em Everglades. E possivel que eles saibam de algum tratamento que eu tenha esquecido para a arvore envenenada. De qualquer modo, ficarei no exilio ate que esse assunto seja resolvido... de um jeito ou de outro. Annabeth sufocou um soluco. Quiron lhe deu umas palmadinhas desajeitadas no ombro. - Vamos, vamos, crianca. Preciso confiar sua seguranca ao sr. D e ao novo diretor de atividades. Precisamos ter esperancas... bem, talvez eles nao destruam o acampamento tao depressa quanto temo. - Afinal, quem e esse tal de Tantalo? - perguntei. - O que ele quer tomando seu emprego? Uma trombeta de concha soou pelo vale. Eu nao tinha percebido como era tarde. Era hora de os campistas se reunirem para o jantar. - Vao - disse Quiron. - Voces o encontrarao no pavilhao. Vou entrar em contato com sua mae, Percy, e avisa-la de que voce esta em seguranca. Sem duvida, ela deve estar preocupada a essa altura. So nao se esqueca do meu aviso! Voce corre grave perigo. Nao pense nem por um momento que o senhor dos titas o esqueceu! Com isso, ele saiu do apartamento batendo os cascos e desceu para o vestibulo, enquanto Tyson gritava atras dele: - Ponei! Nao va! Percebi que tinha esquecido de contar a Quiron sobre meu sonho com Grover. Era tarde demais. O melhor professor que ja tivera se fora, talvez para sempre. Tyson comecou a chorar alto, quase tanto quanto Annabeth.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Tentei lhe dizer que ia dar tudo certo, mas eu nao acreditava nisso. ***** Sol estava se pondo atras do pavilhao de refeicoes quando os campistas vieram de seus chales. Ficamos na sombra de uma coluna de marmore e observamos enquanto eles entravam em fila. Annabeth ainda estava bastante abalada, mas prometeu que conversaria conosco mais tarde. Foi entao se juntar a seus irmaos do chale de Atena - uma duzia de meninos e meninas de cabelos loiros e olhos cinzentos como os dela. Annabeth nao era a mais velha, mas passara ali mais veroes do que quase todos os outros. Era possivel perceber isso so de olhar para o seu colar do acampamento - uma conta para cada verao, e Annabeth tinha seis. Ninguem questionava seu direito de liderar a fila. A seguir veio Clarisse, liderando o chale de Ares. Estava com o braco na tipoia e um corte feio na bochecha, mas, a nao ser por isso, o encontro com os touros de bronze nao parecia te-la intimidado. Alguem prendera com fita adesiva um pedaco de papel nas costas dela, que dizia: VOCE MUGE, MENINA! Mas ninguem de seu chale se deu o trabalho de avisa-la. Depois das criancas de Ares veio o chale de Hefesto - seis caras liderados por Charles Beckendorf, um garoto grande de quinze anos, afro-americano. Tinha maos do tamanho de luvas de beisebol e um rosto duro e estrabico de tanto olhar para dentro de uma forja de ferreiro o dia inteiro. Ele era bem simpatico depois que voce o conhecia, mas ninguem jamais o chamava de Charlie, Chuck ou Charles. A maioria so o chamava de Beckendorf. Dizia-se que ele era capaz de fazer qualquer coisa. Era so lhe dar um pedaco de metal e ele poderia criar uma espada afiada como navalha, um guerreiro robotico ou uma banheira de passarinho musical para o jardim da sua avo. O que a gente quisesse. Os outros chales foram entrando em fila: Demeter, Apolo, Afrodite, Dioniso. As naiades emergiram do lago de canoagem. As driades surgiram das arvores. Da campina veio uma duzia de satiros, que me fizeram lembrar de Grover com aflicao. Sempre tive um fraco pelos satiros. Quando estavam no acampamento, serviam como os quebra-galhos do sr. D, o diretor, mas seu trabalho mais importante era la fora, no mundo real. Eles eram os olheiros do acampamento. Entravam disfarcados em escolas do mundo inteiro, procurando possiveis meios-sangues, e os escoltavam para o acampamento. Foi como conheci Grover. Ele foi o primeiro a reconhecer que eu era um semideus. Depois que os satiros entraram para jantar, o pessoal do chale de Hermes veio por ultimo. Era sempre o maior chale. No ultimo verao, foi liderado por Luke, o cara que tinha lutado com Thalia e Annabeth no topo da Colina Meio-Sangue. Por algum tempo, antes de Poseidon me reclamar, eu me alojei no chale de Hermes. Luke se tornou meu amigo... e depois tentou me matar. Agora o chale de Hermes era liderado por Travis e Connoi Stoll. Eles nao eram gemeos, mas eram tao parecidos que isso nao importava. Nunca conseguia lembrar qual era o mais velho. Ambos eram altos e magros, com os cabelos castanhos caindo nos olhos. Usavam camisetas laranja do ACAMPAMENTO MEIO-SANGUE por cima de shorts folgados, e tinham aquelas feicoes de elfo de todos os meninos de Hermes: sobrancelhas arqueadas, sorriso sarcastico e um brilho nos olhos sempre que fitavam voce - como se estivessem prestes a jogar uma bombinha dentro de sua camisa. Sempre achei engracado que o deus dos ladroes tivesse filhos com o sobrenome "Stoll", que lembra a palavra "roubou" em ingles, mas na unica vez que mencionei isso a Travis e Connor eles me olharam com cara de paisagem, como se nao tivessem entendido a piada. Assim que os ultimos campistas entraram, levei Tyson ate o meio do pavilhao. As conversas se interromperam. Cabecas se viraram. - Quem convidou aquilo? - murmurou alguem na mesa de Apolo. Olhei furiosamente na direcao deles, mas nao consegui discerni quem havia falado.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Da mesa principal, veio uma voz arrastada, familiar. - Ora, ora, ora, se nao e Peter Jackson! O meu milenio esta completo. Trinquei os dentes. - Percy Jackson... senhor. O sr. D tomou um gole da sua Diet Coke. - Sim. Bem, como voces jovens hoje em dia, tanto faz. Ele usava a camisa de sempre, havaiana com estampa de leopardo, bermuda e tenis com meias pretas. A barriga protuberante e a cara vermelha e manchada o faziam parecer um turista de Las Vegas que ficara acordado ate tarde nos cassinos. Atras dele, um satiro que parecia nervoso tirava as cascas das uvas e as entregava ao sr. D, uma de cada vez. O verdadeiro nome do sr. D e Dioniso. O deus do vinho. Zeus o nomeou diretor do Acampamento Meio-Sangue para ficar abstemio por cem anos - um castigo por paquerar uma ninfa proibida dos bosques. Ao lado dele, onde normalmente se sentava Quiron (ou ficava em pe, na forma de centauro), havia alguem que eu nunca vira - um homem palido e terrivelmente magro usando um macacao laranja de prisioneiro. O numero acima do bolso era 0001. Ele tinha sombras azuis debaixo dos olhos, unhas sujas e cabelo grisalho malcortado, como se seu ultimo corte de cabelo tivesse sido feito com um cortador de grama. Ele olhou para mim; seus olhos me deixaram nervoso. Ele parecia... em frangalhos. Zangado, frustrado e esfomeado, tudo ao mesmo tempo. - Esse menino - disse-lhe Dioniso -, precisa ficar de olho nele. Filho de Poseidon, voce sabe. - Ah! - disse o prisioneiro. - Aquele. Seu tom deixou obvio que ele e Dioniso ja haviam conversado extensamente sobre mim. - Eu sou Tantalo - disse o prisioneiro, sorrindo friamente. - Em missao especial aqui, bem, ate que o meu senhor Dioniso decida outra coisa. Quanto a voce, Perseu Jackson, realmente espero que evite causar mais problemas. - Problemas? - perguntei. Dioniso estalou os dedos. Um jornal apareceu sobre a mesa - a primeira pagina do New York Post daquele dia. Trazia minha fotografia do anuario do colegio Meriwether. Era dificil para mim distinguir a manchete, mas eu tinha um bom palpite do que dizia. Algo como: Maluco de Treze Anos Toca Fogo em Ginasio. - Sim, problemas - disse Tantalo com satisfacao. . Voce causou um bocado deles no ultimo verao, pelo que sei. Fiquei zangado demais para falar. Como se fosse culpa minha que os deuses quase tivessem entrado numa guerra civil. Um satiro avancou, tenso, e pos um prato de churrasco na frente de Tantalo. O novo diretor de atividades lambeu os beicos. Olhou para sua taca vazia e disse: - Cerveja preta. Reserva especial da Barqfs, 1967. O copo se encheu sozinho de um liquido espumante. Tantalo esticou a mao em duvida, como se tivesse medo de que a taca estivesse quente.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Va em frente, meu velho - disse Dioniso, com um brilho estranho nos olhos. -Talvez agora funcione. Tantalo tentou agarrar o copo, mas ele escapuliu rapidamente mies que pudesse toca-lo. Algumas gotas de cerveja preta transbordaram, e Tantalo tentou recolhe-las com os dedos, mas as gotas deslizaram para longe, como se fossem de mercurio, antes que as alcancasse. Ele gemeu e se virou para o prato de churrasco. Pegou um garfo e tentou espetar um pedaco de peito, mas o prato deslizou ate a extremidade da mesa e saiu voando direto para os carvoes do braseiro. - Droga! - resmungou Tantalo. - Ah! que pena... - disse Dioniso com a voz que transbordava falsa solidariedade. - Talvez daqui a alguns dias. Acredite-me, meu velho, trabalhar neste acampamento ja vai ser tortura suficiente. Tenho certeza de que sua velha maldicao, mais dia, menos dia, vai acabar. - Mais dia, menos dia - murmurou Tantalo, olhando para Diet Coke de Dioniso. - Voce tem ideia de como a garganta de uma pessoa fica seca depois de mil anos? - Voce e aquele espirito dos Campos de Punicao - disse eu. Aquele que fica em pe na lagoa, com a arvore frutifera logo acima, mas nao pode comer nem beber. Tantalo arreganhou um sorriso sarcastico para mim. - Voce e um verdadeiro erudito, nao e, menino? - Deve ter feito alguma coisa realmente horrivel quando estava vivo - falei, um pouco impressionado. - O que foi? Os olhos de Tantalo se estreitaram. Atras dele, os satiros sacudiam a cabeca vigorosamente, tentando me alertar. - Vou ficar de olho em voce, Percy Jackson - disse Tantalo. - Nao quero problemas no meu acampamento. - Seu acampamento ja tem problemas... senhor. - Ah! va se sentar, Johnson - suspirou Dioniso. - Acho que aquela mesa ali e a sua... aquela em que ninguem mais quer se sentar. Meu rosto estava queimando, mas eu sabia que era melhor nao reagir. Dioniso era uma crianca grande, mas uma crianca grande imortal e superpoderosa. Eu disse: - Vamos, Tyson. - Ah! nao - disse Tantalo. - O monstro fica aqui. Vamos decidir o que fazer com isso. - Com ele - disparei. - Seu nome e Tyson. O novo diretor de atividades ergueu uma sobrancelha. - Tyson salvou o acampamento - insisti. - Ele esmagou aqueles touros de bronze. Se nao fosse isso, eles teriam queima este lugar inteiro. - Sim - suspirou Tantalo -, e que lamentavel teria sido. Dioniso deu uma risadinha. - Deixe-nos - ordenou Tantalo - enquanto decidimos destino da criatura.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Tyson olhou para mim com medo em seu unico e grande olho, mas eu sabia que nao poderia desobedecer a uma ordem direta dos diretores do acampamento. Pelo menos, nao abertamente. - Vou estar logo ali, grandao - prometi. - Nao se preocupe. Vamos achar um lugar legal para voce dormir esta noite. Tyson assentiu. - Acredito em voce. Voce e meu amigo. Eu me senti ainda mais culpado. Arrastei-me ate a mesa de Poseidon e despenquei no banco, uma ninfa dos bosques me levou um prato de pizza olimpiana de azeitonas e pepperoni, mas eu nao estava com fome. Quase fui morto duas vezes naquele dia. Tinha conseguido terminar o ano letivo com um desastre completo. O Acampamento Meio-Sangue estava em serias dificuldades e Quiron me dissera para nao fazer nada a esse respeito. Eu nao me sentia muito agradecido, mas levei meu jantar ate o brazeiro de bronze, como era costume, e joguei parte dele nas chamas. - Poseidon - murmurei -, aceite minha oferenda. E me mande alguma ajuda enquanto isso, rezei em silencio. Por favor. A fumaca da pizza queimada se transformou em algo fragrante . o cheiro de uma leve brisa maritima misturado com perfume de flores -, mas eu nao sabia muito bem se aquilo significava que meu pai realmente ouvia. Voltei para meu lugar. Nao achava que a situacao pudesse piorar muito. Mas entao Tantalo mandou um dos satiros tocar a trombeta de concha para chamar nossa atencao para os avisos. - Sim, muito bem - disse Tantalo depois que as conversas silenciaram. - Mais uma bela refeicao! Ou, ao menos, e o que me disseram. - Enquanto falava, aproximava a mao do prato de jantar reabastecido, como se, quem sabe, a comida nao fosse notar o que de estava fazendo. Mas notou. O prato disparou pela mesa assim que a mao dele chegou a uma distancia de quinze centimetros. - E aqui, no primeiro dia do meu mandato - continuou -, gostaria de dizer que agradavel forma de punicao e estar aqui. Ao longo do verao, eu espero torturar, digo, interagir com cada um de voces, criancas. Todos parecem prontos para comer. Dioniso bateu palmas educadamente, puxando alguns aplausos desanimados dos satiros. Tyson ainda estava plantado junto a mesa principal, aparentemente desconfortavel, mas toda vez que tentava escapar do centro das atencoes Tantalo o puxava de volta. - E agora, algumas mudancas! - Tantalo deu um sorriso torto para os campistas. - Estamos reinstituindo as corridas de bigas! Murmurios irromperam em todas as mesas - agitacao, medo, incredulidade. - Agora eu sei - continuou Tantalo, levantando a voz - que essas corridas foram suspensas ha alguns anos devido a, ahn... problemas tecnicos. - Tres mortes e vinte e seis mutilacoes - gritou alguem da mesa de Apoio.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Sim, sim! - disse Tantalo. - Mas sei que todos voces vao se juntar a mim para dar as boas-vindas ao retorno dessa tradicao do acampamento. Louros de ouro serao entregues aos vencedores todos os meses. As equipes podem se registrar pela manha! A primeira corrida acontecera dentro de tres dias. Vamos libera-lo da maior parte de suas atividades costumeiras para que preparem as bigas e escolham seus cavalos. Ah! e cheguei a mencionar que a equipe do chale vitorioso sera dispensada das obrigacoes diarias no mes em que vencer? Uma explosao de conversas animadas - sem trabalho na cozinha um mes inteiro? Sem limpeza de estabulos? Ele estava falando serio? Entao a ultima pessoa de quem eu esperava uma objecao fez objecao. - Mas, senhor! - disse Clarisse. Ela parecia nervosa, mas ficou em pe para falar da mesa de Ares. Alguns dos campistas riram ao verem o cartaz \VOCE MUGE, MENINA.. nas costas dela. - E o servico de patrulha? Quer dizer, se abandonarmos tudo para preparar nossas bigas... - Ah! a heroina do dia - exclamou Tantalo. - A corajosa Clarisse, que sozinha derrotou os touros de bronze! Clarisse piscou, depois corou. - Ahn, eu nao... - E modesta tambem - sorriu Tantalo. - Nao se preocupe querida! Isto e um acampamento de verao. Estamos aqui para nos divertir, certo? - Mas a arvore... - E agora - disse Tantalo enquanto diversos companheiros chale de Clarisse a puxavam de volta para o banco -, antes que passemos a fogueira e a cantoria, uma pequena questao domestica: Percy Jackson e Annabeth Chase julgaram apropriado, por alguma razao, trazer aqui isto. - Tantalo acenou a mao para Tyson. Um murmurio desconfortavel se espalhou entre os campistas. Varias pessoas me olharam de lado. Tive vontade de matar Tantalo. - Agora, e claro - disse ele -, os ciclopes tem reputacao de ser monstros sanguinarios com uma capacidade cerebral muito pequena em circunstancias normais, eu soltaria essa besta-fera nos bosques e mandaria voces em seu encalco com tochas e pedacos paus. Mas, quem sabe? Talvez este ciclope nao seja tao horrivel quanto seus irmaos. Ate que ele prove ser digno de destruicao, precisamos de um lugar para mante-lo! Pensei nos estabulos, mas isso deixaria os cavalos nervosos. Quem sabe o chale de Hermes? Silencio na mesa de Hermes. Travis e Connor Stoll de repente ficaram muito interessados na toalha de mesa. Eu nao poderia culpa-los. O chale de Hermes estava sempre cheio a ponto de arrebentar. Nao havia como abrigar um ciclope de um metro e noventa. - Vamos, vamos - cacoou Tantalo. - O monstro pode realizar algumas tarefas domesticas. Alguma sugestao sobre onde esta besta-fera deve ser recolhida? De repente todos ficaram boquiabertos. Tantalo afastou-se bruscamente de Tyson, surpreso. Tudo o que pude fazer foi olhar incredulo para a luz verde brilhante que estava prestes a mudar minha vida - uma impressionante imagem holografica que apareceu acima da cabeca de Tyson. Com um no de enjoo no estomago, lembrei-me do que Annabeth dissera sobre os ciclopes: Eles sao filhos de espiritos da natureza e deuses... Bem, normalmente, um deus em particular...
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Rodopiando acima de Tyson havia um reluzente tridente verde - o mesmo simbolo que aparecera sobre mim no dia em que Poseidon me reclamou como seu filho. Houve um momento de silencio reverente. Ser reclamado era um evento raro. Alguns campistas aguardavam a vida inteira em vao. Quando fui reclamado por Poseidnii no ultimo verao, todos se ajoelharam respeitosamente. Mas ali eles seguiram o exemplo de Tantalo: e Tantalo caiu na gargalhada. - Bem! Acho que agora sabemos onde por a besta-fera. Pelos deuses, posso ver a familiar semelhanca! Todos riram, exceto Annabeth e alguns dos meus outros amigos. Tyson pareceu nem notar. Estava perplexo demais, tentando espantar o tridente reluzente que agora desaparecia pouco a pouco. Ele era muito inocente para entender quanto estavam rindo a custa dele, e como as pessoas eram crueis. Mas eu entendi. Eu tinha um novo companheiro de chale. E tinha um monstro como meio-irmao.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 SEIS - O ataque dos pombos demoniacos Os dias que se seguiram foram uma tortura, bem como Tantalo queria. Primeiro, havia Tyson se mudando para o chale de Poseidon, dando risadinhas consigo mesmo a cada quinze segundos e dizendo: - Percy e meu irmao? - Como se tivesse acabado de ganhar na loteria. - Ei, Tyson - dizia eu. - Nao e assim tao simples. Mas nao havia como explicar a ele. Ele estava nas nuvens. E eu... por mais que gostasse do grandao, nao podia deixar de me sentir sem graca. Envergonhado. Pronto, falei. Meu pai, o todo-poderoso Poseidon, ficara enrabichado por algum espirito da natureza, e Tyson era o resultado. Quer dizer, eu tinha lido os mitos sobre os ciclopes. Ate lembrava que eles eram, frequentemente, filhos de Poseidon. Mas nunca tinha me dado conta de que isso fazia deles... minha familia. Ate ter Tyson morando comigo, no beliche ao lado. Depois, havia os comentarios dos outros campistas. De repente, eu nao era Percy Jackson, o cara legal que recuperara o relampago de Zeus no ultimo verao. Agora eu era Percy Jackson, o pobre idiota que tinha um monstro feioso como irmao. - Ele nao e meu irmao de verdade! - eu protestava sempre que Tyson nao estava por perto. - Ele e mais como um meio-irmao do lado monstruoso da familia. Tipo... um meio-irmao de segundo grau ou coisa assim. Ninguem caiu nessa. Eu admito - estava zangado com meu pai. Sentia que ser seu filho passara a ser uma piada. Annabeth tentou fazer com que eu me sentisse melhor. Sugeriu que forrmassemos uma equipe para a corrida de bigas, para desviar a cabeca dos problemas. Nao me entenda mal - nos dois odiavamos Tantalo e estavamos preocupadissimos com o acampamento -, mas nao sabiamos o que fazer. Ate que nos ocorresse algum plano brilhante para salvar a arvore de Thalia, calculamos que poderiamos muito bem participar das corridas. Afinal, a mae de Annabeth, Atena, inventara a carruagem, e meu pai criara os cavalos. Juntos, aquela pista ia ser nossa. ***** Uma bela manha Annabeth e eu estavamos sentados junto ao lago de canoagem rabiscando esbocos de bigas quando alguns engracadinhos do chale de Afrodite passaram por la e me perguntaram se eu precisava de um delineador para o olho... - Ah! desculpe, olhos. Enquanto eles se afastavam dando risada, Annabeth resmungou: - O que voce precisa fazer, Percy, e ignora-los. Voce nao tem culpa de ter um monstro como irmao. - Ele nao e meu irmao! - disparei. - E ele tambem nao e um monstro! Annabeth ergueu as sobrancelhas. - Ei, nao se zangue comigo! E, tecnicamente, ele e, sim, um monstro.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Bem, voce lhe deu permissao para entrar no acampamento. - Porque era o unico jeito de salvar sua vida! Quer dizei, sinto muito, Percy, eu nao esperava que Poseidon o reclamasse. Os ciclopes sao as criaturas mais enganadoras, traicoeiras... - Ele nao e! O que voce tem contra os ciclopes, afinal? As orelhas de Annabeth ficaram rosadas. Tive a sensacao de que havia algo que ela nao estava me contando - algo ruim. - Esqueca - disse ela. - Agora, o eixo para essa biga... - Voce o trata como se ele fosse uma coisa horrivel - falei, - Ele salvou minha vida. Annabeth jogou o lapis no chao e se levantou. - Entao talvez voce deva projetar uma carruagem com ele. - Talvez eu deva. - Otimo! - Otimo! Ela foi embora tempestuosamente e eu me senti ainda pior do que antes. ***** Nos dias seguintes, tentei manter a cabeca longe dos problemas. Silena Beauregard, uma das meninas mais agradaveis do chale de Afrodite, me deu minha primeira aula de equitacao em um pegaso. Explicou que havia apenas um cavalo alado imortal chamado Pegaso, que ainda vagava livre em algum lugar nos ceus, mas com o passar das eras ele havia gerado uma porcao de filhos, nenhum de fato tao veloz ou heroico, mas todos com o mesmo nome do primeiro e maior. Sendo filho do deus do mar, jamais gostei de andar pelo ceu. Meu pai tinha uma rivalidade com Zeus, portanto eu tentava permanecer fora dos dominios do senhor dos ares tanto quanto possivel. Mas a sensacao de cavalgar um cavalo alado foi diferente. Aquilo nao me deixou nem perto do nervosismo de estar em um aviao. Talvez fosse porque meu pai criara cavalos da espuma do mar e, assim, os pegasos eram uma especie de... territorio neutro. Eu conseguia entender seus pensamentos. Nao ficava surpreso quando meu pegaso saia galopando pelas copas das arvores ou perseguia um bando de gaivotas para dentro de uma nuvem. O problema era que Tyson tambem queria montar nos "poneis-galinhas", mas os pegasos ficavam ariscos sempre que ele se aproximava. Disse a eles por telepatia que Tyson nao iria machuca-los mas eles pareciam nao acreditar. Isso fazia Tyson chorar. A unica pessoa no acampamento que nao tinha o menor problema com Tyson era Beckendorf, do chale de Hefesto. O deus ferreiro sempre trabalhara com ciclopes nas suas forjas, assim Beckendorf levou Tyson para o arsenal para ensina-lo a trabalhar com metais. Disse que faria Tyson fabricar itens magicos como um mestre num piscar de olhos. Depois do almoco, eu treinava na arena com o chale de Apolo. A esgrima sempre fora meu ponto forte. As pessoas diziam que eu era melhor nisso do que qualquer campista nos ultimos cem anos, com excecao, talvez, de Luke. Eu era sempre comparado com Luke.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Eu derrotava os caras de Apolo com facilidade. Devia praticar contra os chales de Ares e Atena, ja que eles tinham os melhores espadachins, mas nao me dava bem com Clarisse e seus irmaos, e depois da discussao com Annabeth simplesmente nao queria ve-la. Eu ia as aulas de arco e flecha, muito embora fosse pessimo nisso, e nao era a mesma coisa sem Quiron ensinando. Nas artes e nos trabalhos manuais, comecei a esculpir um busto de Poseidon, mas estava ficando tao parecido com Sylvester Stallone que o descartei. Escalava a parede de treinamento em nivel de dificuldade maximo, com lava e terremoto. E a noite fazia a patrulha de fronteira. Muito embora Tantalo tivesse insistido em que esquecessemos de tentar proteger o acampamento, alguns dos campistas mantiveram discretamente a vigia, montando uma escala em nossas horas vagas. Eu me sentava no topo da Colina Meio-Sangue e observava as driades indo e vindo, cantando para o pinheiro moribundo. Satiros levavam suas flautas de junco e tocavam melodias magicas da natureza, e por algum tempo as agulhas do pinheiro pareciam ficar mais encorpadas. O aroma das flores da colina ficava um pouco mais doce e a grama parecia mais verde. Mas, assim que a musica parava, a doenca tomava de novo o ar. A colina inteira parecia estar infectada, morrendo do veneno que se infiltrara nas raizes da arvore. Quanto mais eu ficava la sentado, mais me enfurecia. Luke tinha feito aquilo. Eu me lembrei de seu sorriso dissimulado, da cicatriz de garra de dragao que atravessava seu rosto. Ele fingira ser meu amigo e todo o tempo fora o servo numero 1 de Cronos. Abri a palma da mao. A cicatriz que Luke me fizera no ultimo verao estava desaparecendo, mas eu ainda podia ve-la - uma ferida branca em forma de asterisco onde seu escorpiao das profundezas me dera uma ferroada. Pensei no que Luke dissera na noite antes de tentar me matar: Adeus, Percy. Uma nova Idade do Ouro esta chegando. Voce nao sera parte dela. A noite, eu tinha mais sonhos com Grover. As vezes ouvia apenas fragmentos da voz dele. Certa vez o ouvi dizer: E aqui. Em outra: Ele gosta de carneiros. Pensei em contar a Annabeth meus sonhos, mas eu me sentiria um bobo. Isto e: Ele gosta de carneiros? Ela teria achado que eu estava maluco. Na noite anterior a corrida, Tyson e eu terminamos nossa biga. Ficou legal. Tyson tinha feito as partes metalicas nas forjas do arsenal. Eu havia lixado a madeira e montado a carruagem. Era azul e branca, com desenhos de ondas nas laterais e um tridente pintado na frente. Depois daquele trabalhao, era mais do que justo que Tyson fosse meu copiloto, embora eu soubesse que os cavalos nao iriam gostar disso e que o peso extra de Tyson me atrasaria. Quando estavamos indo para a cama, Tyson disse: - Voce esta zangado? Percebi que estava de cara feia. - Nao. Nao estou zangado. Ele se deitou em seu beliche e ficou em silencio no escuro. Seu corpo era grande demais para a cama. Quando puxava as cobertas, os pes ficavam de fora. - Eu sou um monstro. - Nao diga isso. - Tudo bem. Eu vou ser um bom monstro. Assim voce nao vai precisar ficar zangado. Eu nao sabia o que dizer. Olhei para o teto e me senti como se tivesse morrendo devagar, junto com a arvore de Thalia.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - E so que... eu nunca tive um meio-irmao antes. . Tentei impedir que minha voz falhasse. - E mesmo diferente para mim. E estou preocupado com o acampamento. E um outro amigo meu, Grover... ele pode estar com problemas. Fico me sentindo como se devesse fazer alguma coisa para ajudar, mas nao sei o que. Tyson nao disse nada. - Desculpe-me - falei. - Nao e sua culpa. Estou zangado com Poseidon. Sinto que ele esta tentando me atrapalhar, tipo, esta tentando nos confrontar ou coisa assim, e eu nao entendo por que. Ouvi um som surdo e profundo. Tyson estava roncando. Eu suspirei. - Boa noite, grandao. E tambem fechei os olhos. ***** No meu sonho, Grover estava usando um vestido de noiva. Nao lhe caia muito bem. O vestido era comprido demais e a barra estava encrostada de lama seca. O decote ficava escorregando dos ombros. Um veu esfarrapado cobria seu rosto. Ele estava em uma caverna umida, iluminada somente por tochas. Havia um catre num canto e um tear antiquado em outro, com um pedaco de pano branco tecido na armacao. E Grover olhava diretamente para mim, como se eu fosse um programa de teve que ele aguardava. - Gracas aos deuses! - gemeu ele. -Voce pode me ouvir? Meu eu do sonho demorou a responder. Ainda estava olhando em volta, tentando entender o teto de estalactites, o mau cheiro de carneiros e bodes, os sons de rosnados, resmungos e balidos que pareciam vir de tras de uma rocha do tamanho de uma geladeira, que bloqueava a unica saida do recinto como se houvesse uma caverna muito maior atras dela. - Percy? - disse Grover. - Por favor, nao tenho forcas para me projetar melhor. Voce precisa me ouvir! - Estou ouvindo - falei. - Grover, o que esta acontecendo? De tras da rocha, uma voz monstruosa gritou: - Docinho! Voce ja esta pronta? Grover se encolheu. Ele gritou em falsete: - Ainda nao, meu amor! Mais alguns dias! - Ah! Ja nao se passaram duas semanas? - N-nao, meu amor. So cinco dias. Ainda faltam mais doze. O monstro ficou em silencio, talvez tentando fazer a conta. Ele devia ser pior do que eu em aritmetica, porque disse: - Esta bem, mas ande logo! Eu quero VEEEEER embaixo desse veu, he-he-he. Grover virou-se novamente para mim. - Voce precisa me ajudar! Nao ha mais tempo! Estou preso nesta caverna. Em uma ilha, no mar.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Onde? - Nao sei exatamente! Fui para a Florida e entrei a esquerda. - O que? Como voce... - E uma armadilha! - disse Grover. - Por isso nenhum satiro jamais retornou de sua missao. Ele e um pastor, Percy! E ele esta com aquilo. Sua natureza magica e tao poderosa que cheira exatamente como o grande deus Pan! Os satiros vem aqui pensando que encontraram Pan e sao apanhados e comidos por Polifemo! - Poli-quem? - O ciclope! - disse Grover, exasperado. - Quase escapei. Fui ate Santo Agostinho. - Mas ele o seguiu - falei, lembrando meu primeiro sonho. . E o encurralou numa loja de noivas. - E isso - disse Grover. - Minha primeira conexao empatica deve ter funcionado, entao. Olhe, este vestido de noiva e a unica coisa que me mantem vivo. Ele gostou do meu cheiro, mas disse que era apenas um perfume com aroma de bode. Por sorte ele nao enxerga muito bem. O olho ainda esta meio cego, da ultima vez que alguem o golpeou. Mas logo vai perceber quem eu sou. Esta so me dando duas semanas para terminar a cauda do vestido, e esta ficando impaciente! - Espere um minuto. O ciclope pensa que voce e... - Sim! - resmungou Grover. - Ele pensa que sou uma dama ciclope, e quer se casar comigo! Em circunstancias diferentes, eu teria explodido numa gargalhada, mas a voz de Grover era muito seria. Ele estava tremendo de medo. - Eu vou salva-lo - prometi. - Onde voce esta? - No Mar de Monstros, e claro! - Mar de que? - Ja disse! Nao sei exatamente onde fica! E, olhe, Percy... Ahn, eu sinto muito por isso, mas essa conexao empatica... bem, eu nao tive escolha. Nossas emocoes estao ligadas agora. Se eu morrer... - Nem me diga. Eu morro tambem. - Ah, bem, talvez nao! Voce pode viver por anos em esta do vegetativo. Mas, ahn, seria muito melhor se voce me tirasse daqui. - Docinho! - berrou o monstro. - E hora do jantar! Ai, que delicia, carne de carneiro! Grover choramingou. - Preciso ir. Venha depressa! - Espere! Voce disse que "aquilo" estava ai. Aquilo o que? Mas a voz de Grover ja ficava mais fraca. - Bons sonhos. Nao me deixe morrer! O sonho se apagou, e acordei assustado. Era o comeco da manha. Tyson estava me olhando, seu unico olho castanho cheio de preocupacao.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Voce esta bem? - perguntou. A voz me deu um calafrio na espinha, pois era exatamente como a do monstro que eu ouvira em meu sonho. ***** A manha da corrida estava quente e umida. A nevoa estava baixa sobre a terra, como vapor de sauna. Milhoes de passaros se empoleiravam nas arvores - gordos pombos cinza e brancos, so que eles nao arruinavam como pombos comuns. Soltavam aqueles desagradaveis guinchos metalicos que me lembravam radar de submarino. A pista da corrida fora construida em um campo gramado entre a linha de arco-e-fiecha e os bosques. O chale de Hefesto usou os touros de bronze, completamente domesticados depois que as cabecas foram esmagadas, para preparar uma pista oval em questao de minutos. Havia fileiras de degraus de pedra para os espectadores . Tantalo, os satiros, algumas driades e todos os campistas que nao estavam participando. O sr. D nao apareceu. Ele nunca acordava antes das dez horas. - Certo! - anunciou Tantalo quando as equipes comecaram a se reunir. Uma naiade levara para ele um grande prato de doces, e enquanto Tantalo falava, sua mao direita perseguia uma bomba de chocolate pela mesa do juiz. - Voces todos conhecem as regras. Uma pista de quatrocentos metros. Duas voltas para vencer. Dois cavalos por biga. Cada equipe sera composta de um auriga e um lutador. Sao permitidas armas. Esperem por truques sujos. Mas tentem nao matar ninguem! . Tantalo sorriu para nos como se todos fossemos criancas travessas. - Qualquer morte resultara em punicao severa. Sem guloseimas junto a fogueira por uma semana. Agora, preparem suas carruagens! Beckendorf liderou a equipe de Hefesto ate a pista. Eles tinham uma biga toda de bronze e ferro - inclusive os cavalos, que eram automatos magicos, como os touros da Colquida da historia dos argonautas. Nao tinha duvidas de que a carruagem deles tinha todos os tipos de armadilhas mecanicas, e itens mais sofisticados que os de uma super Maserati. A biga de Ares era vermelho-sangue, puxada por dois medonhos esqueletos de cavalo. Clarisse embarcou com um feixe de lancas, clavas, bolas de pregos e outros brinquedos detestaveis. A de Apolo era elegante e graciosa, inteiramente dourada, puxada por dois belos cavalos baios. Seu lutador estava armado com um arco, embora tivesse prometido nao disparar flechas comuns, com ponta, contra os aurigas oponentes. A de Hermes era verde e tinha aparencia de um pouco velha, como se nao saisse da garagem havia anos. Nao parecia nada especial, mas era conduzida pelos irmaos Stoll, e estremeci so de pensar nos truques sujos que eles haviam armado. Restavam duas carruagens: uma, conduzida por Annabeth, e outra, por mim. Antes do comeco da corrida, tentei me aproximar de Ann.i beth e lhe contar meu sonho. Ela se animou quando mencionei Grover, mas quando mencionei o que ele dissera, ela ficou distante outra vez, desconfiada. - Voce esta tentando me distrair - concluiu. - O que? Nao, nao estou! - Ora! Como se Grover, por mero acaso, tivesse tropecado na unica coisa que poderia salvar o acampamento.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - O que voce quer dizer? Ela revirou os olhos. - Volte para sua biga, Percy. - Eu nao estou inventando isso. Ele esta em perigo, Annabeth. Ela hesitou. Pude perceber que tentava decidir se devia ou nao confiar em mim. A despeito das brigas ocasionais, passamos por muita coisa juntos, e eu sabia que ela jamais desejaria que algo de ruim acontecesse a Grover. - Percy, uma conexao empatica e muito dificil de ser feita. Quer dizer, e mais provavel que voce estivesse mesmo sonhando. - O Oraculo - disse eu. - Podiamos consultar o Oraculo. Annabeth franziu a testa. No ultimo verao antes de minha missao, eu visitara o estranho espirito que morava no sotao da Casa Grande, e ele me fizera uma profecia que se realizara de um modo que eu jamais imaginaria. A experiencia tinha me aterrorizado por meses. Annabeth sabia que eu nunca sugeriria voltar la se nao estivesse falando realmente a serio. Antes que ela pudesse responder, a trombeta de concha soou. - Aurigas! - bradou Tantalo. - Aos seus lugares! - Conversamos mais tarde - disse Annabeth. - Depois que eu vencer. Enquanto eu caminhava de volta para a biga, notei que havia mais pombos nas arvores - guinchando como loucos, fazendo a floresta inteira farfalhar. Ninguem mais parecia estar prestando atencao, mas eles me deixavam nervoso. Os bicos cintilavam de modo estranho. Os olhos pareciam mais brilhantes que os de passaros comuns. Tyson estava tendo problemas em controlar nossos cavalos. Precisei conversar com eles por um bom tempo ate se acalmarem. Ele e um monstro, senhor!, eles se queixaram para mim. Ele e um filho de Poseidon, disse a eles. Assim como... bem, assim como eu. Nao!, eles insistiram. Monstro! Comedor de cavalos!Nao confiamos! Eu lhes darei torroes de acucar no final da corrida, falei. Torroes de acucar? Torroes de acucar muito grandes. E macas. Eu tinha falado das macas? Por fim, concordaram em deixar que eu os atrelasse. Agora, se voce nunca viu uma biga grega, ela e construida para ser veloz, nao para conforto e seguranca. E basicamente um cesto de madeira, aberto atras, montado sobre um eixo entre duas rodas. Quem conduz fica em pe o tempo todo, e a gente sente cada solavanco da estrada. E feita com uma madeira tao leve que se voce perder o controle nas curvas fechadas em uma extremidade ou outra da pista provavelmente vai capotar, esmigalhando tanto a carruagem como a si mesmo. Tem mais adrenalina que andar de skate.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Segurei as redeas e manobrei para a linha de partida. Entreguei a Tyson uma vara de tres metros e disse a ele que sua funcao seria empurrar para longe as outras bigas se elas chegassem perto demais, e desviar qualquer coisa que tentassem atirar em nos. - Sem bater nos poneis com o pau - insistiu ele. - Certo - concordei. - Nem nas pessoas, se voce puder evitar. Vamos jogar limpo. Apenas afaste as distracoes e deixe que eu me concentre em conduzir. - Vamos vencer! - ele alardeou. A gente ia perder feio, pensei comigo mesmo, mas eu tinha de tentar. Queria mostrar aos outros... bem, nao sabia o que, exatamente. Que Tyson nao era um cara assim tao mau? Que eu nao estava envergonhado de ser visto com ele em publico? Que eles nao tinham me ofendido com todas as suas piadas e provocacoes! Quando as carruagens se alinharam, mais pombos de olhos brilhantes se juntaram nos bosques. Guinchavam tao alto que os campistas na arquibancada estavam comecando a reparar, olhando nervosos para as arvores, que tremiam sob o peso dos passaros. Tantalo nao parecia preocupado, mas teve de falar mais alto para ser ouvido. - Aurigas! - bradou ele. - Tomem suas posicoes! Ele ergueu a mao e o sinal de partida desceu. As carruagens dispararam, fazendo barulho. Cascos ressoaram contra o po. A multidao vibrou. Quase imediatamente se ouviu um alto e desagradavel crac! Olhei para tras a tempo de ver a biga de Apolo virar de repente. Hermes colidira com ela - talvez por engano, talvez nao. A equipe de Hermes - Travis e Connor - riu da boa sorte, mas nao por muito tempo. Os cavalos de Apolo chocaram-se contra os dela, e a biga de Hermes tambem virou, deixando uma pilha de madeira quebrada e quatro cavalos empinando na poeira. Duas carruagens eliminadas nos primeiros seis metros. Adorei o esporte. Voltei a prestar atencao a minha frente. Nosso tempo era bom, estavamos na frente de Ares, mas a vantagem da biga de Annabeth era muito grande. Ela ja estava contornando a primeira coluna, seu lanceiro com um sorriso arreganhado, acenando para nos e gritando: Ate mais! A carruagem de Hefesto tambem comecava a nos alcancar. Beckendorf apertou um botao e um painel se abriu na lateral da carruagem. - Desculpe-me, Percy! - gritou ele. Tres conjuntos de bolas e correntes foram atirados diretamente para nossas rodas. Teriam nos destrocado por completo se Tyson nao as tivesse desviado para o lado com um movimento rapido de sua vara. Ele deu um bom empurrao na biga de Hefesto, que saiu deslizando de lado enquanto seguiamos em frente. - Bom trabalho, Tyson! - gritei. - Passarinhos! - gritou. - O que?
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Estavamos em tal disparada que era dificil ouvir ou ver alguma coisa, mas Tyson apontou para os bosques, e vi o que o preocupava. Os pombos tinham saido das arvores. Estavam voando em espiral como um enorme tornado, em direcao a pista. E dai, disse para mim mesmo. Sao apenas pombos. Tentei me concentrar na corrida. Completamos nossa primeira volta, as rodas rangendo embaixo de nos, a biga ameacando tombar, mas agora estavamos a apenas tres metros de Annabeth. Se ao menos pudesse chegar um pouco mais perto, Tyson poderia usar sua vara... O guerreiro de Annabeth nao estava mais sorrindo. Puxou um dardo de sua colecao e mirou em mim. Estava prestes a lanca-lo quando ouvimos os gritos. Os pombos estavam se aglomerando - milhares deles mergulhando sobre os espectadores na arquibancada, atacando as outras bigas. Beckendorf estava cercado. Seu guerreiro tentou espantar os passaros a pauladas, mas nao conseguia enxergar nada. A biga deu uma guinada e saiu rasgando um caminho no meio dos campos de morangos, os cavalos mecanicos soltando vapor. Na carruagem de Ares, Clarisse gritou uma ordem para seu guerreiro, que rapidamente jogou uma tela de camuflagem por cima de seu cesto. Os passaros enxamearam em volta dela, bicando e arranhando as maos do guerreiro enquanto ele tentava segurar a rede no alto, mas Clarisse apenas trincou os dentes e continuou guiando. Seus cavalos esqueleticos pareciam imunes a distracao. Os pombos bicavam inutilmente as orbitas vazias e voavam por entre suas costelas, mas os corceis continuavam correndo. Os espectadores nao tiveram tanta sorte. Os passaros atacavam qualquer pedaco de carne exposta, levando todos ao panico. Agora que os passaros estavam mais perto, ficou claro que nao eram pombos normais. Seus olhos eram pequenos, brilhantes e perversos. Os bicos eram de bronze e, a julgar pelos gritos dos campistas, deviam ser afiados como navalhas. - Passaros de Estinfalia! - gritou Annabeth. Ela reduziu a velocidade e emparelhou sua biga com a minha.- Vao descarnar todo o mundo ate os ossos se nao os espantarmos! - Tyson - disse eu -, meia-volta! - Pegamos o caminho errado? - perguntou ele. - Sempre - resmunguei, mas manobrei a biga na direcao da arquibancada. Annabeth seguia bem ao meu lado. Ela gritou: - Herois, as armas! Mas eu nao tinha certeza se alguem poderia ouvi-la, com os guinchos dos passaros e todo aquele caos. Segurei as redeas com uma das maos e consegui empunhar Contracorrente, enquanto uma onda de passaros mergulhava sobre meu rosto, os bicos metalicos batendo. Golpeei-os no ar, e eles explodiram em po e penas, mas ainda restavam milhoes deles. Um me pegou no traseiro, e quase pulei para fora da biga. Annabeth nao estava com muito mais sorte. Quanto mais perto chegavamos da arquibancada, mais compacta ficava a nuvem de passaros. Alguns dos espectadores tentavam se defender. Os campistas de Atena gritavam por escudos. Os arqueiros do chale de Apolo carregaram seus arcos e flechas, prontos para exterminar a ameaca, mas com tantos campistas misturados com os passaros nao era seguro disparar.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Sao passaros demais! - gritei para Annabeth. - Como a gente se livra deles? Ela golpeou um pombo com a faca. - Hercules usou barulho! Cimbalos de bronze! Ele os espantou com o som mais horrivel que conseguiu... Os olhos dela se arregalaram. - Percy... A colecao de Quiron! Entendi imediatamente. - Acha que vai funcionar? Ela entregou as redeas ao guerreiro e pulou de sua biga para a minha como se fosse a coisa mais facil do mundo. - Para a Casa Grande! E nossa unica chance! Clarisse acabara de cruzar a linha de chegada, sem adversarios, e parecia so entao ter notado como era serio o problema dos passaros. Quando viu que nos afastavamos, gritou: - Voces estao fugindo? A luta e aqui, seus covardes! Ela puxou a espada e investiu para a arquibancada. Fiz os cavalos galoparem. A biga passou com barulho pelos campos de morangos, atravessou a quadra de volei e parou bruscamente na frente da Casa Grande. Annabeth e eu corremos para dentro, disparando pelo corredor ate o alojamento de Quiron. O aparelho de som ainda estava na mesa-de-cabeceira, e tambem seus CDs favoritos. Agarrei o mais repulsivo que pude encontrar, Annabeth agarrou o aparelho e corremos juntos de volta para fora. Na pista, as carruagens estavam em chamas. Campistas feridos corriam em todas as direcoes, com passaros dilacerando-lhes as roupas e arrancando-lhes os cabelos, enquanto Tantalo perseguia doces do cafe-da-manha em volta da arquibancada, gritando de vez em quando: - Esta tudo sob controle! Nao se preocupem! Paramos a carruagem na linha de chegada. Annabeth preparou o som. Rezei para as pilhas nao estarem fracas. Apertei o PLAY, e o favorito de Quiron comecou a tocar . Os maiores sucessos de Dean Martin. De repente o ar se encheu com o som violinos e de um bando de caras resmungando em italiano. Os pombos demoniacos enlouqueceram. Comecaram a voar circulos, colidindo uns com os outros como se quisessem explodir seus miolos. Depois, abandonaram de vez a pista e voaram para o ceu em uma enorme onda escura. - Agora! - bradou Annabeth. - Arqueiros! Sem obstrucao, a mira dos arqueiros de Apolo era infalivel. A maioria conseguia disparar cinco ou seis flechas de uma vez. Em minutos, o chao estava coalhado de pombos de bico de bronze mortos, e os sobreviventes eram um distante rasto de fumaca no horizonte. O acampamento estava a salvo, mas a devastacao nao era bonita de ver. A maioria das bigas tinha sido completamente destruida. Quase todos estavam feridos, sangrando com bicadas multiplas dos passaros. As meninas do chale de Afrodite gritavam porque seus penteados tinham sido arruinados e suas roupas estavam sujas de coco de pombo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Bravo! - disse Tantalo, mas nao estava olhando para mim ou para Annabeth. - Temos nossa primeira vencedora! - Ele foi ate a linha de chegada e premiou com os louros dourados uma Clarisse perplexa. Ele entao se virou e sorriu para mim. - E, agora, a punicao para os desordeiros que tumultuaram a corrida.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 SETE - Eu aceito presentes de um estranho Na visao de Tantalo, os passaros de Estinfalia estavam simplesmente na deles, nos bosques, e nao teriam atacado se Annabeth, Tyson e eu nao os tivessemos perturbado ao conduzirmos mal nossas bigas. Aquilo foi tao completamente injusto que mandei Tantalo ir perseguir um donut, o que nao contribuiu para melhorar seu estado de espirito. Ele nos condenou a prestar servico na cozinha - lavar panelas e pratos a tarde inteira na cozinha subterranea com as harpias da limpeza. As harpias lavavam com lava, em vez de agua, para obter aquele brilho extralimpo e matar noventa e nove virgula nove por cento de todos os germes; portanto, Annabeth e eu tivemos de usar luvas e aventais de asbesto. Tyson nao se importou. Mergulhou as maos sem protecao e comecou a esfregar, mas Annabeth e eu tivemos de sofrer durante horas de trabalho quente e perigoso, especialmente porque havia toneladas de pratos extras. Tantalo ordenara um banquete especial para celebrar a vitoria da carruagem de Clarisse - uma refeicao completa, incluindo passaros-da-morte de Estinfalia fritos a moda caipira. A unica coisa boa no nosso castigo foi ter proporcionado a Annabeth e a mim um inimigo comum e muito tempo para conversar. Depois de ouvir novamente meu sonho com Grover, ela pareceu comecar a acreditar. Se ele encontrou mesmo aquilo - murmurou ela -, e se nos pudermos resgatar... - Espere ai - disse eu. - Voce age como se aquilo... o que quer que Grover tenha encontrado, fosse a unica coisa do mundo capaz de salvar o acampamento. O que e aquilo? - Vou lhe dar uma dica. O que voce consegue quando arrancando pele de um carneiro? - Ficar todo sujo? Ela suspirou. - Um velocino. A pele do carneiro se chama velocino. E se por acaso o carneiro tem la de ouro... - O Velocino de Ouro. Voce esta falando serio? Annabeth jogou um prato cheio de ossos de passaro-da-morte na lava. - Percy, esta lembrado das Irmas Cinzentas? Elas disseram que sabiam onde estava aquilo que voce procura. E mencionaram Jasao. Tres mil anos atras, elas disseram a ele como encontrar o Velocino de Ouro. Conhece a historia de Jasao e dos argonautas? - Sim - falei. - Aquele filme antigo com os esqueletos de barro. Annabeth revirou os olhos. - Ah, meus deuses, Percy! Voce nao tem jeito mesmo. - O que? - perguntei. - Apenas ouca. A verdadeira historia do Velocino: havia aqueles dois filhos de Zeus, Cadmo e Europa, certo? Eles estavam para ser oferecidos como sacrificio humano quando imploraram a Zeus que os salvasse. Entao Zeus enviou aquele carneiro voador magico com sua la de ouro, que os recolheu na Grecia e os transportou ate Colquida, na Asia Menor. Bem, na verdade ele transportou Cadmo. Europa caiu e morreu no caminho, mas isso nao e importante.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Provavelmente foi importante para ela. - A questao e que, quando Cadmo chegou a Colquida, sacrificou o carneiro de ouro aos deuses e pendurou o Velocino em um arvore no meio do reino. O Velocino levou prosperidade a terra. Os animais pararam de adoecer. As plantas cresceram melhor. Os lavradores tiveram colheitas fartas. Nunca havia o castigo das pragas. E por isso que Jasao queria o Velocino. Ele e capaz de revitalizar qualquer terra onde for colocado. Cura doencas, fortalece a natureza, limpa a poluicao... - Poderia curar a arvore de Thalia. Annabeth assentiu. - E deixar as fronteiras do Acampamento Meio-Sangue muito mais fortes. Mas, Percy, o Velocino esta desaparecido ha seculos. Toneladas de herois ja buscaram por ele e nao tiveram sorte. - Mas Grover o encontrou - falei. - Ele saiu a procura de Pan e encontrou o Velocino em vez disso, porque ambos irradiam uma natureza magica. Faz sentido, Annabeth. Podemos salva-lo e salvar o acampamento ao mesmo tempo. E perfeito! Annabeth hesitou. - Um pouco perfeito demais, nao acha? E se for uma armadilha? Lembrei-me do ultimo verao, quando Cronos manobrou nossa missao. Ele quase nos enrolou, e iamos ajuda-lo a comecar uma guerra que teria destruido a civilizacao ocidental. - Que escolha temos? - perguntei. - Voce vai me ajudar a salvar Grover ou nao? Ela deu uma olhada para Tyson, que perdera o interesse na conversa e estava alegremente fazendo barcos de brinquedo com copos e colheres na lava. - Percy - disse ela em voz baixa -, vamos ter de lutar contra um ciclope. Polifemo, o pior deles. E so existe um lugar onde pode estar a ilha dele. O Mar de Monstros. - Onde fica isso? Ela me olhou como se pensasse que eu estava me fazendo de bobo. - O Mar de Monstros. O mesmo mar onde Ulisses navegou, e tambem Jasao, Eneias e todos os outros. - Voce quer dizer o Mediterraneo? - Nao. Bem, sim... mas nao. - Mais uma resposta direta. Obrigado. - Veja, Percy, o Mar de Monstros e o mar que todos os herois atravessam em suas aventuras. Costumava ficar no Mediterraneo,sim. Mas, como tudo mais, muda de lugar quando muda o centro de poder do Ocidente. - Como o Monte Olimpo no alto do edificio Empire State - disse eu. - E o Hades embaixo de Los Angeles. - Certo. - Mas um mar inteiro de monstros... como voce poderia esconder algo assim? Os mortais nao teriam notado coisas estranhas acontecendo... tipo, navios sendo devorados e coisas do genero?
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - E claro que eles notam. Nao entendem, mas sabem que algo e estranho naquela parte do oceano. O Mar de Monstros agora fica na Costa Leste dos Estados Unidos, logo a noroeste da Florida. Os mortais ate tem um nome para ele. - O Triangulo das Bermudas? - Exatamente. Deixei aquilo amadurecer na minha cabeca. Acho que nao era mais estranho do que as outras coisas que tinha aprendido desde que fora para o Acampamento Meio-Sangue. - Certo... entao pelo menos sabemos onde procurar. - Ainda assim, e uma area enorme, Percy. Procurar uma ilha minuscula em aguas infestadas por monstros... - Ei, sou filho do deus do mar. E o meu territorio. Nao pode ser tao dificil. Annabeth juntou as sobrancelhas. - Vamos precisar falar com Tantalo, conseguir aprovacao para uma missao. Ele vai dizer nao. - Nao se contarmos hoje a noite junto a fogueira, na frente de todo mundo. O acampamento inteiro ira ouvir. Vao pressiona-lo. Ele nao vai poder recusar. - Talvez. - Um pouquinho de esperanca surgiu na voz de Annabeth. - E melhor terminarmos com esses pratos. Passe o pulverizador de lava, por favor. ***** Naquela noite, junto a fogueira, o chale de Apolo liderou a cantoria. Eles tentaram melhorar o humor de todos, mas nao foi facil depois do ataque dos passaros naquela tarde. Sentamo-nos em um semicirculo de degraus de pedra, cantando sem entusiasmo c observando a fogueira arder, enquanto os caras de Apolo tocavam seus violoes e tangiam suas liras. Cantamos todas as cancoes tradicionais do acampamento: As margens do Egeu, Eu sou meu proprio ta~ta~ta~ta~taravo, Esta terra e a terra de Minos. A fogueira era encantada - assim, quanto mais alto se cantava, mais alto ela queimava, a cor e o calor variando de acordo com o humor do pessoal. Num dia bom, eu a vira subir a seis metros, tao quente que todos os marshmallows que estavam mais perto explodiram em chamas. Naquela noite, o fogo chegou a apenas um metro e meio de altura, quase morno, e as chamas tinham a cor de uma compressa de algodao. Dioniso foi embora cedo. Depois de aguentar algumas cancoes, resmungou que ate mesmo jogar pinoche com Quiron era mais empolgante que aquilo. Entao deu uma olhada desagradavel para Tantalo e dirigiu-se de volta a Casa Grande. Quando a ultima cancao acabou, Tantalo disse: - Bem, isso foi adoravel! Ele avancou com um marshmallow assado na ponta de um galho fino e tentou arranca-lo, com muita naturalidade. Mas, antes que pudesse toca-lo, o marshmallow saiu voando do galho. Tantalo tentou apanha-lo no ar, mas o marshmallow cometeu suicidio, mergulhando nas chamas. Tantalo voltou-se para nos sorrindo friamente. - Agora, entao, alguns avisos sobre a programacao de amanha. - Senhor - disse eu.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 O olho de Tantalo contraiu-se num espasmo. - Nosso menino da cozinha tem algo a dizer? Alguns dos campistas de Ares soltaram risadinhas, mas eu nao pretendia deixar que ninguem me deixasse sem graca a ponto de me calar. Fiquei de pe e olhei para Annabeth. Gracas aos deuses, ela se levantou comigo. Eu disse: - Temos uma ideia para salvar o acampamento. Silencio mortal. Mas pude perceber que ganhara a atencao de todos, porque a fogueira chamejou em amarelo vivo. - E mesmo? - disse Tantalo, agradavelmente. - Bem, se tiver algo a ver com bigas... - O Velocino de Ouro - disse eu. - Sabemos onde ele esta. As chamas arderam em cor laranja. Antes que Tantalo pudesse me impedir, despejei meu sonho com Grover e a ilha de Polifemo. Annabeth interveio e lembrou a todos o que o Velocino podem fazer. Pareceu mais convincente vindo dela. - O Velocino pode salvar o acampamento - concluiu. - Tenho certeza disso. - Bobagem, bobagem - disse Tantalo. - Nao precisamos ser salvos. Todos o olharam fixamente, ate que ele comecou a parecer constrangido. - Alem disso - acrescentou depressa -, e o Mar de Monstros? Dificilmente se poderia dizer que esse e um local exato. Voces nao saberiam nem onde procurar. - Sim, eu saberia - falei. Annabeth se inclinou para mim e sussurrou: - Jura? Assenti, porque Annabeth refrescara algo na minha memoria quando me lembrou da viagem de taxi com as Irmas Cinzentas. Naquela ocasiao, a informacao que elas me deram nao fez sentido. Mas agora... - Trinta, 31, 75, 12 - disse eu. - Ah, legal! - disse Tantalo. - Obrigado por compartilhar esses numeros sem sentido. - Sao coordenadas de navegacao. Latitude e longitude. Eu, ahn, aprendi isso em estudos sociais. Ate Annabeth pareceu impressionada. - Trinta graus, 31 minutos Norte, 75 graus, 12 minutos Oeste. Ele esta certo! As Irmas Cinzentas nos deram essas coordenadas. Deve ser algum lugar do Atlantico, alem da costa da Florida. O Mar de Monstros. Precisamos de uma missao! - Esperem so um minuto - disse Tantalo. Mas os campistas embarcaram no coro.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Precisamos de uma missao! Precisamos de uma missao! As chamas se ergueram mais alto. - Isso nao e necessario! - insistiu Tantalo. - PRECISAMOS DE UMA MISSAO! PRECISAMOS DE UMA MISSAO! - Otimo! - gritou Tantalo, os olhos inflamados de raiva. - Voces, moleques, querem que eu lhes atribua uma missao? - SIM! - Muito bem - concordou. - Vou autorizar um campeao a empreender essa perigosa jornada, resgatar o Velocino de Ouro e traze-lo para o acampamento. Ou morrer tentando. Meu coracao se encheu de empolgacao. Eu nao ia deixar que aquilo me assustasse. Aquilo era o que eu precisava fazer. Iria salvar Grover e o acampamento. Nada iria me deter. - Vou permitir que nosso campeao consulte o Oraculo! . anunciou Tantalo. - E escolha dois companheiros para a jornada. E acho que a escolha do campeao e obvia. Tantalo olhou para mim e Annabeth como se quisesse nos esfolar vivos. - O campeao devera ser alguem que conquistou o respeito do acampamento, alguem que provou ser capaz nas corridas de bigas, e corajoso na defesa do acampamento. Voce devera liderar a missao... Clarisse! O fogo tremeluziu em mil cores diferentes. O chale de Ares comecou a bater os pes e a aplaudir: - CLARISSE! CLARISSE! Clarisse levantou-se, parecendo atordoada. Entao engoliu em seco, e seu peito se inflou de orgulho. - Eu aceito a missao! - Espere! - gritei. - Grover e meu amigo. O sonho veio para mim! - Sente-se! - gritou um dos campistas de Ares. - Voce teve sua chance no ultimo verao! - Sim, ele so quer ser o centro das atencoes outra vez! - disse outro. Clarisse olhou furiosamente para mim. - Aceito a missao! - repetiu ela. - Eu, Clarisse, filha de Ares, vou salvar o acampamento! Os campistas de Ares aplaudiram ainda mais. Annabeth protestou, e os outros campistas de Atenas se juntaram a ela. Todos comecaram a tomar partido - gritando e discutindo, e atirando marshmallows. Pensei que aquilo fosse se transformar em uma completa guerra de guloseimas, ate que Tantalo gritou: - Silencio, moleques! Seu tom impressionou ate a mim. - Sentem-se! - ordenou. - E vou lhes contar uma historia de fantasma.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Eu nao sabia o que ele estava pretendendo, mas todos voltamos, indecisos, aos nossos lugares. A aura malevola que se irradiava de Tantalo era tao forte quanto a de qualquer monstro que eu ja enfrentara. - Era uma vez um rei mortal amado pelos deuses! - Tantalo pos a mao no peito, e eu tive a sensacao de que falava de si mesmo. - Esse rei - disse - tinha permissao ate para se banquetear no Monte Olimpo. Mas, quando tentou levar um pouco de nectar e ambrosia para a Terra, para descobrir a receita... apenas uma pequena quentinha, vejam so... os deuses o puniram. Eles o baniram de seus saloes para sempre! Sua propria gente zombou dele! Seus filhos o repreenderam! E, ah!, sim, campistas, ele tinha filhos horriveis. Filhos... iguaizinhos... a voces! Ele apontou um dedo torto para diversas pessoas da plateia, inclusive eu. - Sabem o que ele fez com os filhos ingratos? . perguntou Tantalo suavemente. - Sabem como ele retribuiu aos deuses sua punicao cruel? Convidou os olimpianos para um banquete em seu palacio, so para mostrar que nao havia rancor. Ninguem reparou que seus filhos nao estavam presentes. E quando ele serviu o jantar aos deuses, meus caros campistas, voces podem adivinhar o que havia no cozido? Ninguem ousou responder. A luz do fogo brilhou em azul profundo, refletindo-se de modo maligno no rosto deformado de Tantalo. - Ah! os deuses o castigaram na vida apos a morte - coaxou Tantalo. - Eles fizeram isso, ah!, se fizeram. Mas ele teve seu momento de satisfacao, nao teve? Os filhos nunca mais lhe responderam nem questionaram sua autoridade. E voces sabem o que mais? Diz-se que o espirito do rei agora reside exatamente neste acampamento, aguardando uma oportunidade de se vingar das criancas ingratas e rebeldes. E agora... mais alguma reclamacao antes que mandemos Clarisse em sua missao? Silencio. Tantalo acenou com a cabeca para Clarisse. - O Oraculo, querida. Va em frente. Ela mudou de posicao, constrangida, como se mesmo ela nao quisesse a gloria ao preco de ser a queridinha de Tantalo. - Senhor... - Va! - rosnou ele. Ela fez uma reverencia desajeitada e correu para a Casa Grande. - E quanto a voce, Percy Jackson? - perguntou Tantalo. - Mais algum comentario do nosso lavador de pratos? Nao falei nada. Nao ia lhe dar o prazer de me castigar de novo. - Bom - disse Tantalo. - E deixem-me lembrar a todos: ninguem parte deste acampamento sem minha permissao. Qualquer um que tentar... bem, se sobreviver a tentativa, sera expulso para sempre. Mas as coisas nao chegarao a esse ponto. As harpias irao reforcar o toque de recolher de agora em diante, e elas estao sempre com fome! Boa noite, queridos campistas. Durmam bem. Com um aceno de Tantalo, o fogo se extinguiu, e os campistas seguiram devagar para seus chales, no escuro. *****
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Eu nao conseguia explicar a situacao a Tyson. Ele sabia que eu estava triste. Sabia que eu queria sair numa viagem e que Tantalo nao me deixava. - Voce vai de qualquer jeito? - perguntou ele. - Nao sei - admiti. - Seria dificil. Muito dificil. - Eu vou ajudar. - Nao. Eu... ahn, nao poderia lhe pedir isso, grandao. E perigoso demais. Tyson baixou os olhos para os pedacos de metal que estava montando no colo - molas e engrenagens, e pequenos arames. Beckendorf lhe dera algumas ferramentas e pecas sobressalentes, e agora Tyson passava todas as noites trabalhando, embora eu nao soubesse muito bem como suas maos enormes conseguiam manejar pecinhas tao delicadas. - O que esta construindo? - perguntei. Tyson nao respondeu. Em vez disso, fez um som lamuriento no fundo da garganta. - Annabeth nao gosta dos ciclopes. Voce... voce nao me quer por perto? - Ah! nao e isso - falei sem muito entusiasmo. - Annabeth gosta de voce. De verdade. Ele tinha lagrimas no canto dos olhos. Lembrei que Grover, como todos os satiros, podia ler as emocoes humanas. Fiquei pensando se os ciclopes nao teriam o mesmo dom. Tyson enrolou seu projeto em um oleado. Deitou-se na cama e abracou sua trouxa como se fosse um ursinho de pelucia. Quando se virou para a parede, pude ver as estranhas cicatrizes em suas costas, como se alguem tivesse passado um arado por cima dele, com um trator. Me perguntei pela milionesima vez como teria se machucado. Papai sempre se preocupou comigo - fungou ele. - Agora... acho que ele foi malvado em ter um menino ciclope. Eu nao devia ter nascido. - Nao fale assim! Poseidon o reclamou, nao foi? Entao... ele deve se preocupar com voce... muito... Minha voz sumiu quando pensei em todos aqueles anos em que Tyson vivera nas ruas de Nova York, em uma caixa de geladeira de papelao. Como Tyson podia pensar que Poseidon se preocupava com ele? Que tipo de pai e esse que deixa aquilo acontecer com um filho, mesmo que ele seja um monstro? - Tyson... o acampamento sera um bom lar para voce. Os outros vao se acostumar com voce. Eu prometo. Tyson suspirou. Esperei que dissesse alguma coisa. Entao me dei conta de que ele ja estava dormindo. Deitei-me em minha cama e tentei fechar os olhos, mas nao consegui. Estava com medo de ter outro sonho com Grover. Se a conexao empatica fosse real... se algo acontecesse com Grover... sera que eu ia acordar? A lua cheia brilhava pela janela. O som das ondas rugia na distancia. Eu podia sentir o cheiro morno dos campos de morangos, e ouvir os risos das driades perseguindo corujas pela floresta. Mas algo parecia errado naquela noite - a doenca da arvore de Thalia, se espalhando pelo vale.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Sera que Clarisse poderia salvar a Colina Meio-Sangue? Pensei que seria mais facil eu ganhar de Tantalo um premio de "Melhor Campista". Levantei-me e me vesti. Peguei uma toalha de praia e uma embalagem de seis Coca-Colas embaixo da cama. As Cocas eram contra as regras. Nao eram permitidos lanches ou bebidas de fora do acampamento, mas se a gente falasse com o cara certo no chale de Hermes e lhe pagasse alguns dracmas de ouro, ele podia contrabandear quase tudo da loja de conveniencia mais proxima. Dar uma fugida depois do toque de recolher tambem era contra as regras. Se fosse pego, estaria numa encrenca enorme, ou seria comido pelas harpias. Mas eu queria ver o oceano. Sempre me sentia melhor ali. Meus pensamentos ficavam mais claros. Sai do chale e fui em direcao a praia. Estendi a toalha perto do mar e abri uma Coca. Por alguma razao, o acucar e a cafeina sempre acalmavam meu cerebro hiperativo. Tentei decidir o que fazer para salvar o acampamento, mas nao me ocorreu nada. Desejei que Poseidon falasse comigo, que me desse um conselho ou o que fosse. O ceu estava claro e estrelado. Eu estava conferindo as constelacoes que Annabeth me ensinara - Sagitario, Hercules, Coroa Boreal - quando alguem disse: - Lindas, nao sao? Quase cuspi o refrigerante. Em pe, bem ao meu lado, havia um cara de short de corrida de nailon e camiseta da Maratona de Nova York. Era magro, estava em boa forma, com cabelo grisalho e um sorriso zombeteiro. Parecia meio familiar, mas nao consegui imaginar por que. Meu primeiro pensamento foi que ele devia estar dando sua corrida da meia-noite na praia e fora parar dentro dos limites do acampamento. Isso nao era para acontecer. Mortais comuns nao podiam entrar no vale. Mas, talvez, com o enfraquecimento da magia da arvore, ele tivesse conseguido se infiltrar. Mas no meio da noite? E ali nao havia nada a nao ser terras de fazendas e reservas estaduais. De onde aquele cara poderia ter saido? - Posso acompanha-lo? - perguntou ele. - Ha eras que eu me sento. Bem, eu sei - um cara estranho no meio da noite. Pelo bom senso, eu deveria ter saido correndo e gritando por socorro etc. O cara agiu de modo tao calmo em relacao a tudo que achei dificil ficar com medo. Eu disse: - Ahn, claro. Ele sorriu. - Sua hospitalidade e louvavel. Ah, e Coca-Cola! Posso? Ele se sentou na outra ponta da toalha, abriu um refrigerante e deu um gole. - Ah!... e exatamente o de que eu precisava. Paz e sossego em... Um telefone celular tocou no bolso dele. O corredor suspirou. Puxou o telefone e meus olhos se arregalaram porque aquilo brilhava com uma luz azulada. Quando ele puxou a antena, duas criaturas comecaram a se contorcer em volta dela - cobras verdes, nao maiores do que minhocas.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 O corredor pareceu nem notar. Conferiu o visor e praguejou. - Vou ter de atender. So um segundo... E, entao, ao telefone: "Alo?" Ele escutou. As minicobras se contorciam para cima e para baixo na antena bem ao lado do ouvido dele. "Sim", disse o corredor. "Escute... eu sei, mas... Nao me imporia se ele esta acorrentado a uma rocha com abutres bicando seu figado, se ele nao tem um numero de protocolo, nao podemos localizar seu pacote... Um presente para a humanidade, grande... Tem ideia de quantos desses nos entregamos... Ah, deixe para la! Escute, mande-o falar com Eris, no atendimento ao cliente. Preciso desligar." Ele desligou. - Desculpe-me. O negocio de expresso noturno esta em alta. Mas como eu ia dizendo... - Voce tem cobras no seu telefone. - O que? Ah! elas nao mordem. Digam ola, George e Martha. Ola, George e Martha, disse uma voz masculina estridente dentro da minha cabeca. Nao seja sarcastico, disse uma voz feminina. Por que nao?, perguntou George. Sou eu que faco todo o trabalho de verdade. - Ora, nao vamos comecar com isso outra vez! - O corredor enfiou o telefone de volta no bolso. - Agora, onde estavamos... Ah, sim! Paz e sossego. Ele cruzou os pes e olhou para as estrelas. - Faz tanto tempo desde que consegui relaxar pela ultima vez! Desde o telegrafo e so... correr, correr, correr. Voce tem uma constelacao favorita, Percy? Eu ainda estava meio intrigado com as cobrinhas verdes que ele enfiara no bolso do short, mas disse: - Ahn, eu gosto de Hercules. - Por que? - Bem... porque ele tinha um azar desgracado. Pior ainda que o meu. Faz eu me sentir melhor. O corredor riu. - Nao e porque ele era forte, famoso e tudo isso? - Nao. - Voce e um jovem interessante. Entao, e agora? Entendi imediatamente o que ele estava perguntando. O que eu pretendia fazer a respeito do Velocino? Antes que pudesse responder, a voz abafada de Martha, a cobra, veio do bolso dele: Estou com Demeter na linha dois. - Agora nao - disse o corredor. - Diga a ela para deixar uma mensagem.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Ela nao vai gostar disso. Na ultima vez em que voce a dispensou, todas as flores da divisao de entregas florais murcharam. - Diga-lhe apenas que estou em uma reuniao! - O corredor revirou os olhos. - Desculpe de novo, Percy. Voce estava dizendo... - Ahn... quem e voce, exatamente? - Ainda nao adivinhou, um menino esperto como voce? Mostre a ele!, implorou Martha. Nao fico do tamanho normal ha meses. Nao de ouvidos a ela!, disse George. Ela so quer se mostrar! O homem pegou o telefone de novo. - Forma original, por favor. O telefone luziu em azul brilhante. Alongou-se ate virar um bastao um metro de comprimento e asas de pombos brotando no topo. George e Martha, agora cobras verdes de tamanho real, estavam enrolados no meio. Era um caduceu, o simbolo do Chale 11. Senti um aperto na garganta. Percebi quem o corredor me lembrava, com suas feicoes de elfo, o brilho travesso nos olhos... - Voce e o pai de Luke - falei. - Hermes. O deus fez um muxoxo. Fincou o caduceu na areia como se fosse um cabo de guarda-sol. - "Pai de Luke." Normalmente nao e esse o modo como as pessoas costumam me apresentar. Deus dos ladroes, sim. Deus dos mensageiros e dos viajantes, se quiserem ser gentis. Deus dos ladroes funciona, disse George. Ah! nao ligue para George, Martha vibrou a lingua para mim. Ele so esta azedo porque Hermes gosta mais de mim. Nao gosta! Gosta sim! - Comportem-se, voces dois - advertiu Hermes -, ou vou transforma-los de novo em um telefone e por no vibra-call! Agora, Percy, voce ainda nao respondeu a minha pergunta. O que pretende fazer com respeito a missao? - Eu... eu nao tenho permissao para ir. - Nao, de fato nao. Isso vai dete-lo? - Eu quero ir. Preciso salvar Grover. Hermes sorriu. - Certa vez conheci um menino... Ah, de longe mais jovem que voce! Apenas um bebe, na verdade. La vamos nos de novo, disse George. Sempre falando de si mesmo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Quieto!, disparou Martha. Quer ser posto no vibra-call? Hermes os ignorou. - Uma noite, quando a mae do menino nao estava olhando, ele se esgueirou para fora da caverna e roubou algumas cabecas de gado que pertenciam a Apolo. - Ele foi explodido em pedacinhos? - perguntei. - Humm... nao. Na verdade, tudo acabou muito bem. Para compensar o roubo, o menino deu a Apolo um instrumento que inventara... uma lira. Apolo ficou tao encantado com a musica que se esqueceu da raiva. - Entao, qual e a moral? - A moral? - perguntou Hermes. - Ceus, voce age como se fosse uma fabula. E uma historia verdadeira. A verdade tem moral? - Ahn... - Que tal: "Roubar nem sempre e ruim?" - Nao acho que minha mae fosse gostar disso. Ratos sao deliciosos, comentou George. O que isso tem a ver com a historia?, perguntou Martha. Nada, disse George. Mas eu estou com fome. - Ja sei - disse Hermes. - Os jovens nem sempre fazem o que lhes mandam, mas se conseguem se dar bem e fazer algo maravilhoso, as vezes escapam do castigo. Que tal? - Voce esta dizendo que eu deveria ir de qualquer jeito . falei -, mesmo sem permissao. Os olhos de Hermes brilharam. Martha, quer me passar o primeiro pacote, por favor? Martha abriu a boca... e continuou a abri-la ate o vao ficar do tamanho do meu braco. Expeliu um recipiente de inox - uma garrafa termica de lancheira a moda antiga, com tampa de plastico preto. Era decorada com cenas da Grecia Antiga em vermelho e amarelo - um heroi matando um leao; um heroi levantando Cerbero, o cao de tres cabecas. - Hercules - disse eu. - Mas como... - Nunca questione um presente - repreendeu Hermes. . Isso e um item de colecionador de Hercules arrebenta cabecas. Primeira temporada. - Hercules arrebenta cabecas? - Uma grande serie - suspirou Hermes. - Da epoca em que a teve Hefesto nao era so reality shows. E claro que valeria muito mais se eu tivesse a lancheira completa... Ou se ela nao tivesse estado na boca de Martha, acrescentou George. Vou pega-lo por isso. Martha comecou a persegui-lo em volta do caduceu. - Espere um minuto - falei. - Isso e um presente?
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - O primeiro de dois presentes - disse Hermes. - Va e frente, pegue. Quase deixei a garrafa cair, porque estava fria de congelar do um lado e queimando de tao quente do outro. O mais esquisito era que, quando eu virava a garrafa, o lado que ficava de frente para o oceano - o norte - era sempre o lado frio... - E uma bussola! - falei. Hermes pareceu surpreso. - Muito engenhoso. Eu nunca tinha pensado nisso. Mas sua utilidade e muito mais radical. Destampe-a e vai libertar os ventos dos quatro cantos da Terra para despacha-lo mais depressa em seu caminho. Agora nao! E, por favor, quando chegar o momento, desenrosque a tampa so um pouquinho. Os ventos sao um pouco como eu - sempre inquietos. Se todos os quatro escaparem de uma vez... ah! mas tenho certeza de que voce vai tomar cuidado, E agora, meu segundo presente. George? Ela esta encostando em mim, reclamou George enquanto ele e Martha deslizavam em volta do bastao. - Ela esta sempre encostando em voce - disse Hermes. - Voces estao entrelacados. E se nao pararem com isso vao acabar se dando um no outra vez! As cobras pararam de brigar. George desconjuntou a mandibula e tossiu um pequeno frasco li plastico cheio de pastilhas de vitaminas. - Voce esta brincando - disse eu. - Tem formato de Minotauro? Hermes pegou o frasco e o chacoalhou. - As de limao, sim. As de uva sao Furias, eu acho, Ou seriam indias? De um jeito ou de outro, essas sao poderosas. Nao tome uma delas a nao ser que precise muito, muito mesmo. - Como vou saber se preciso muito, muito mesmo? - Voce sabera, acredite. Nove vitaminas essenciais, minerais, aminoacidos... ah! tudo o de que voce precisa para se sentir voce mesmo outra vez. Ele me jogou o frasco. - Ahn, obrigado - disse eu. - Mas Senhor Hermes, porque esta me ajudando? Ele me deu um sorriso melancolico. - Talvez porque eu espere que voce possa salvar muitas pessoas nessa missao, Percy. Nao apenas seu amigo Grover. Olhei para ele. - Voce nao quer dizer... Luke? Hermes nao respondeu. - Olhe - falei. - Senhor Hermes, quer dizer, obrigado e tudo mais, mas voce pode pegar de volta seus presentes. Luke nao pode ser salvo. Mesmo que eu conseguisse encontra-lo... Ele me disse que queria destruir o Olimpo pedra por pedra. Traiu todos os que conhecia. Ele... ele odeia voce, especialmente. Hermes olhou de modo contemplativo para as estrelas.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Meu caro jovem primo, se ha algo que aprendi ao longo das eras, e que voce nao pode desistir da sua familia, nao importa quanto se sinta tentado a isso. Nao importa que eles o odeiem, o envergonhem ou simplesmente nao apreciem seu genio por ter inventado a Internet... - Voce inventou a Internet? Foi ideia minha, disse Martha. Ratos sao deliciosos, disse George. - Foi minha ideia! - falou Hermes. - Quer dizer, a Internet, nao os ratos. Mas isso nao vem ao caso. Percy, voce entende o que estou dizendo sobre a familia? - Eu... eu nao tenho certeza. - Um dia entendera. - Hermes levantou-se e sacudiu a areia das pernas. - Enquanto isso, preciso ir andando. Voce tem sessenta chamadas para retornar, disse Martha. E mil e trinta e oito e-mails, acrescentou George. Sem contar as ofertas para comprar ambrosia on-line com desconto. - E voce, Percy - disse Hermes -, tem um prazo mais curto do que imagina para completar sua missao. Seus amigos devem estar chegando mais ou menos... agora. Ouvi a voz de Annabeth chamando meu nome das dunas. Tyson, tambem, estava gritando um pouco mais longe. - Espero ter feito as malas para voces direito - disse Hermes. - Tenho certa experiencia com viagens. Ele estalou os dedos e tres sacos de viagem amarelos apareceram aos meus pes. - A prova d'agua, e claro. Se voce pedir educadamente, seu pai e capaz de ajuda-los a chegar ate o navio. - Navio? Hermes apontou. E claro: um grande navio de cruzeiro estava atravessando o estreito de Long Island, as luzes brancas e douradas brilhando na agua escura. - Espere - disse eu. - Nao estou entendendo nada disso. Eu nem mesmo concordei em ir! - Eu me decidiria nos proximos cinco minutos, se fosse voce aconselhou Hermes. - E quando as harpias chegarao para come-lo. Agora, boa noite, primo, e... sera que ouso dizer? Que os deuses o acompanhem. Ele abriu a mao e o caduceu voou para ela. Boa sorte, disse Martha. Traga para mim um rato, disse George. O caduceu se transformou no telefone celular e Hermes o enfiou no bolso.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Ele saiu correndo pela praia. Vinte passos depois, tremeluziu e desapareceu, deixando-me sozinho com uma garrafa termica, um frasco de vitaminas e cinco minutos para tomar uma decisao muito dificil.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 OITO - Nos embarcamos no princesa Andromeda Eu estava olhando para as ondas quando Annabeth e Tyson me acharam. - O que esta acontecendo? - perguntou ela. - Ouvi voce gritando por socorro! - Eu tambem! - disse Tyson. - Ouvi voce gritar: "Coisas ruins estao atacando!" - Eu nao chamei voces - falei. - Estou bem. - Mas entao quem... - Annabeth notou os tres sacos de viagem amarelos, depois a garrafa termica e o frasco de vitaminas que eu estava segurando. - Que... - Oucam bem. Nao temos muito tempo. Contei-lhes minha conversa com Hermes. Quando terminei pude ouvir guinchos a distancia - a patrulha de harpias identificando nosso cheiro. - Percy - disse Annabeth. - Temos de partir na missao. - Vamos ser expulsos, voce sabe. Confie em mim, sou especialista em ser expulso. - E dai? Se fracassarmos, nao havera nenhum acampamento para voltar. - Sim, mas voce prometeu a Quiron... Prometi que ia manter voce afastado do perigo. So posso fazer isso indo com voce! Tyson pode ficar e contar a eles... - Eu quero ir - disse Tyson. - Nao! - A voz de Annabeth soou quase em panico. . Quer dizer... Vamos la, Percy. Voce sabe que e impossivel. Outra vez me perguntei o porque da antipatia dela pelos ciclopes. Havia alguma coisa que Annabeth nao estava me contando. Ela e Tyson me olharam, esperando uma resposta. Enquanto isso, o navio de cruzeiro se afastava cada vez mais. A questao era que parte de mim nao queria a companhia de Tyson. Eu passara os ultimos tres dias muito perto do cara, sendo ridicularizado pelos outros campistas e envergonhado um milhao de vezes por dia, constantemente lembrado de que eramos parentes. Precisava de um pouco de espaco. Alem disso, nao sabia quanta ajuda ele poderia oferecer, ou como eu faria para mante-lo em seguranca. Sem duvida, ele era forte, mas era uma criancinha em termos de ciclopes, talvez sete ou oito anos de idade mental. Eu podia imagina-lo perdendo o controle e comecando a chorar enquanto tentavamos passar por algum monstro ou coisa assim. Iamos ser mortos por causa dele. Por outro lado, o som das harpias estava chegando mais perto... - Nao podemos deixa-lo - decidi. - Tantalo vai castiga-lo por termos partido. - Percy - disse Annabeth, tentando manter a calma -, estamos indo para a ilha de Polifemo! Polifemo e um c-i-c... um c-i-c... - Ela bateu os pes de frustracao. Por mais esperta que fosse, Annabeth tambem era
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 dislexica. Poderiamos ficar la a noite inteira enquanto ela tentava soletrar ciclope. - Voce sabe o que eu quero dizer! - Tyson pode vir - insisti -, se ele quiser. Tyson bateu palmas. - Eu quero! Annabeth me fuzilou com o olhar, mas acho que ela percebeu que eu nao ia mudar de ideia. Ou talvez simplesmente soubesse que nao tinhamos tempo para discutir. - Tudo bem - disse ela. - Como chegamos ate aquele navio? - Hermes disse que meu pai ajudaria. - E entao, Cabeca de Alga? Esta esperando o que? Eu sempre achei dificil chamar meu pai, ou rezar, ou o que seja, mas avancei para as ondas. - Ahn, pai? - chamei. - Como vao as coisas? - Percy! - sussurrou Annabeth. - Estamos com pressa! - Precisamos da sua ajuda - falei um pouco mais alto. - Precisamos chegar ate aquele navio, tipo antes que sejamos comidos ou coisa parecida, entao... De inicio, nada aconteceu. As ondas quebravam na praia, como sempre. As harpias pareciam estar logo atras das dunas. Entao, cerca de cem metros mar adentro, tres linhas brancas apareceram na superficie. Moveram-se com velocidade em direcao a praia, como garras rasgando o oceano. Quando se aproximaram, as aguas se abriram e as cabecas de tres corceis brancos se ergueram das ondas. Tyson prendeu a respiracao. - Peixes-poneis! Ele estava certo. Quando as criaturas se arrastaram para a areia, vi que eram cavalos apenas na frente; a metade traseira era de corpos prateados de peixe, com escamas reluzentes e nadadeiras de arco-iris na cauda. - Cavalos-marinhos! - disse Annabeth. - Sao lindos. O mais proximo relinchou, agradecendo, e esfregou o focinho cm Annabeth. - Vamos admira-los depois - falei. - Vamos! - Ali! - guinchou uma voz atras de nos. - Criancas mas fora dos chales! Hora do lanche para harpias sortudas! Cinco delas estavam pairando acima das dunas - pequenas bruxas gorduchas, com a cara chupada, garras e asas de penas, pequenas demais para o corpo. Elas me lembravam um cruzamento de atendente de lanchonete com passarinho. Nao eram muito rapidas, gracas aos deuses, mas eram ferozes quando pegavam alguem. - Tyson! - disse eu. - Agarre um saco de viagem!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Ele ainda estava olhando boquiaberto para os cavalos-marinhos. - Tyson! - Ahn? - Venha! Com a ajuda de Annabeth, consegui faze-lo se mexer. Recolhemos os sacos e montamos nossos corceis. Poseidon devia saber que Tyson era um dos passageiros, pois um dos cavalos-marinhos era muito maior que os outros dois - do tamanho certo para transportar um ciclope. - Eah! - disse eu. Meu cavalo-marinho se virou e mergulhou nas ondas. Annabeth e Tyson seguiram logo atras. As harpias nos amaldicoaram, implorando a seus lanches que voltassem, mas os cavalos-marinhos dispararam sobre a agua na velocidade de jet skis. As harpias ficaram para tras, e logo a praia do Acampamento Meio-Sangue nada mais era senao uma mancha escura. Sera que eu voltaria a ver aquele lugar? Naquele momento, porem, eu tinha outros problemas. O navio de cruzeiro agora crescia diante de nos - nossa carona para a Florida e o Mar de Monstros. ***** Montar o cavalo-marinho era ainda mais facil do que montar um pegaso. Nos deslocamos depressa, com o vento no rosto, disparando nas ondas de modo tao suave e firme que mal precisei me segurar. Quando nos aproximamos do navio, percebi quanto era enorme. Era como olhar para um edificio em Manhattan. O casco branco tinha pelo menos dez andares, e acima dele havia mais uma duzia de conveses com balcoes e vigias iluminados. O nome do navio estava pintado logo acima da linha de proa, em letras pretas, iluminadas por um refletor. Levei alguns segundos para decifra-lo: PRINCESA ANDROMEDA Presa a proa havia uma enorme figura - uma mulher com tres andares de altura vestindo uma tunica grega branca, esculpida para parecer que estava acorrentada a frente do navio. Ela era jovem e linda, com cabelos pretos flutuantes, mas sua expressao era de terror absoluto. Por que alguem iria querer uma princesa aos gritos na frente do navio de suas ferias, eu nao tinha ideia. Lembrei-me do mito de Andromeda e de como ela fora acorrentada a uma rocha pelos proprios pais, como sacrificio a um monstro marinho. Talvez seu boletim fosse horrivel ou coisa assim. De qualquer modo, meu xara Perseu a salvara no ultimo minuto e transformara o monstro marinho em pedra usando a cabeca da Medusa. Aquele Perseu sempre vencia. E por isso que minha mae me deu seu nome, muito embora ele fosse um filho de Zeus, e eu, de Poseidon. O Perseu original foi um dos unicos herois dos mitos gregos que teve final feliz. Os outros morreram - traidos, espancados, mutilados, envenenados ou amaldicoados pelos deuses. Minha mae esperava que eu herdasse a sorte dele. Do jeito como minha vida ia ate ali, eu nao estava la muito otimista. - Como vamos embarcar? - gritou Annabeth, mais alto que o barulho das ondas. Mas os cavalos-marinhos pareciam saber o que era preciso. Deslizaram ao longo do estibordo do navio, passando facilmente . Atraves da enorme esteira, e encostaram-se junto a uma escada de servico rebitada ao casco.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Voce primeiro - disse a Annabeth. Ela jogou o saco de viagem no ombro e agarrou o primeiro degrau. Depois que ela se icou para a escada, seu cavalo-marinho relinchou uma despedida e mergulhou na agua. Annabeth comecou a escalar. Deixei-a subir alguns degraus, e entao a segui. Por fim restara somente Tyson na agua. Seu cavalo-marinho o estava divertindo com aereos de trezentos e sessenta graus e saltos para tras, e Tyson ria histericamente, o som reverberando no casco do navio. - Tyson, shhh! Venha, grandao! - Nao podemos levar Arco-iris? - perguntou, o sorriso sumindo. Olhei para ele. - Arco-iris? O cavalo-marinho relinchou, como se tivesse gostado de seu novo nome. - Ahn, nos temos de ir - disse eu. - Arco-iris... bem, ele nao pode subir escadas. Tyson fungou. Ele enterrou a cara na crina do hipocampo. - Vou sentir saudade, Arco-iris! O cavalo-marinho emitiu um som de relincho que eu podia jurar que era choro. - Quem sabe a gente encontra com ele de novo - sugeri. - Ah, por favor! - disse Tyson, animando-se imediatamente. - Amanha! Nao fiz nenhuma promessa, mas consegui convencer Tyson a dizer, adeus e a se agarrar a escada. Com um ultimo relincho triste, Arco-iris, o hipocampo, deu um salto-mortal para tras e mergulhou no mar. ***** A escada levava a um conves de manutencao cheio de botes salva-vidas amarelos. Havia uma porta dupla trancada, que Annabeth conseguiu arrombar com sua faca e uma boa dose de pragas em grego antigo. Imaginei que teriamos de nos esgueirar por ali, ja que eramos clandestinos e tudo mais, mas depois de examinar alguns corredores e espiar, por cima de um balcao, um enorme corredor central ladeado por lojas fechadas, comecei a me dar conta de que nao havia ninguem de quem nos esconder. Quer dizer, e claro que estavamos no meio da noite, mas andamos metade da extensao do navio e nao encontramos ninguem. Passamos por quarenta ou cinquenta portas de cabines e nao ouvimos ruido algum atras delas. - E um navio-fantasma - murmurei. - Nao - disse Tyson, manuseando a alca do seu saco de viagem. - Cheiro ruim. Annabeth franziu o cenho. - Nao sinto cheiro de nada. - Os ciclopes sao como os satiros - disse eu. - Eles podem farejar monstros. Nao e verdade, Tyson? Ele fez que sim, nervoso. Agora que estavamos longe do Acampamento Meio-Sangue, a Nevoa distorcia seu rosto de novo. A nao ser que eu me concentrasse muito, parecia que ele tinha dois olhos, nao um.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Certo - disse Annabeth. - Entao esta sentindo cheiro de que, exatamente? - Coisa ruim - respondeu Tyson. - Beleza - resmungou ela. - Isso esclarece tudo. Fomos para fora, no deque da piscina. Havia fileiras de espreguicadeiras vazias e um bar fechado com uma cortina de correntes. A agua da piscina brilhava de modo fantasmagorico, ondulando de um lado para o outro com os movimentos do navio. Acima de nos, a frente e atras, havia mais deques - uma parede de escalada, uma pista de minigolfe, um restaurante giratorio, mas nenhum sinal de vida. E no entanto... Eu senti algo familiar. Algo perigoso. Tinha a impressao de que, se nao estivesse tao cansado e exausto de tanta adrenalina por causa de nossa longa noite, talvez conseguisse dar um nome ao que estava errado. - Precisamos de um esconderijo - disse eu. - Algum lugar seguro para dormir. - Dormir - concordou Annabeth, cansada. Exploramos mais alguns corredores ate chegarmos a uma suite vazia no nono deque. A porta estava aberta, o que me pareceu estranho. Havia uma cesta de chocolates sobre a mesa, uma garrafa gelada de cidra espumante sobre a mesa-de-cabeceira e uma pastilha de hortela em cima do travesseiro com um bilhete manuscrito que dizia: Aproveite seu cruzeiro! Abrimos nossos sacos de viagem e descobrimos que Hermes realmente pensara em tudo - roupas, artigos de toalete, racoes de acampamento, um saco ziploc cheio de dinheiro, uma bolsa de couro cheia de dracmas de ouro. Conseguira ate mesmo incluir o oleado de Tyson com suas ferramentas e pedacos de metal, bone de invisibilidade de Annabeth, o que fez os dois se sentirem um pouco melhor. - Vou estar na porta ao lado - disse Annabeth. - Voce garotos, nao bebam nem comam nada. - Acha que este lugar e encantado? Ela franziu a testa. - Nao sei. Alguma coisa nao esta certa. De qualquer jeito tenham cuidado. Trancamos nossas portas. Tyson desabou na cama. Ele mexeu por alguns minutos em um projeto de trabalho em metal - que ainda nao me mostrara -, mas logo comecou a bocejar. Enrolou seu oleado e adormeceu. Fiquei deitado na cama, olhando pela vigia. Pensei ter ouvido vozes no corredor, como sussurros. Sabia que nao era possivel. Andamos pelo navio inteiro e nao vimos ninguem. Mas as vozes me mantiveram acordado. Elas me lembraram a viagem ao Mundo Inferior - os ruidos que os espiritos dos mortos faziam ao passarem. Por fim meu cansaco levou a melhor. Cai no sono... e tive pior pesadelo ate entao. ***** Eu estava em uma caverna, a beira de um poco enorme. Conhecia muito bem o lugar. A entrada para o Tartaro. E reconheci a risada fria que ecoava da escuridao abaixo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Ora, ora, o jovem heroi. A voz era como a lamina de uma faca raspando pedra. A caminho de outra grande vitoria. Eu quis gritar para que Cronos me deixasse em paz. Quis sacar Contracorrente e derruba-lo com um golpe. Mas nao conseguia mover. E, mesmo que conseguisse, como iria matar alguem que tinha sido destruido - picado em pedacinhos e lancado nas eternas? Nao permita que eu o detenha, disse o tita. Talvez dessa vez, quando fracassar, va perguntar a si mesmo se vale a pena ser escravo dos deuses. Como foi mesmo que seu pai demonstrou agradecimento nos ultimos tempos? Sua gargalhada encheu a caverna, e subitamente a cena mudou. Era uma caverna diferente - o quarto-prisao de Grover no covil do ciclope. Grover estava sentado junto ao tear usando seu vestido de noiva encardido, desfazendo em desespero os fios da cauda inacabada do vestido. - Docinhol - gritou o monstro de tras da rocha. Grover ganiu e comecou a tecer os fios de volta. O quarto estremeceu quando a rocha foi empurrada para o lado. Assomando a porta estava um ciclope tao enorme que fazia Tyson parecer verticalmente desafiado. Tinha dentes amarelos e tortos e maos asperas quase do meu tamanho. Usava uma camiseta desbotada que dizia EXPO MUNDIAL DE CARNEIROS 2001. Devia medir pelo menos cinco metros, porem o mais assustador era seu enorme olho leitoso, marcado e recoberto por uma teia de catarata nao era completamente cego, estava muito perto disso. - O que esta fazendo? - perguntou o monstro. - Nada! - disse Grover em sua voz de falsete. - So tecendo a cauda do meu vestido de noiva, como pode ver. O ciclope estendeu uma das maos para dentro do quarto e tateou ate encontrar o tear. Apalpou o tecido. - Nao ficou nem um pouco maior! - Ah! ahn, sim, ficou, querido. Esta vendo? Acrescentei pelo menos tres centimetros. - Esta demorando demais! - urrou o monstro. Entao ele farejou o ar. - Voce tem um cheiro bom! Como os bodes! - Ah! - Grover forcou uma fraca risadinha. - Voce gosta? E Eau de Chevre. Eu uso so para voce. - Mmrnm! - O ciclope mostrou os dentes pontudos. Bom de comer! - Ah, voce e tao galanteador! - Chega de atrasos! - Mas, querido, eu nao estou pronta! - Amanha! - Nao, nao. Mais dez dias. - Cinco! - Ah! bem, entao sete. Se voce insiste.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Sete! Isso e menos que cinco, certo? - Certamente. Ah, sim! O monstro resmungou, nao muito satisfeito com sua negociacao, mas deixou Grover continuar tecendo e rolou a rocha de volta a seu lugar. Grover fechou os olhos e respirou fundo, tremulo, tentando acalmar os nervos. - Depressa, Percy - murmurou ele. - Por favor, por favor, por favor! ***** Acordei com um apito do navio e uma voz no alto-falante - alguem com um sotaque australiano que parecia alegre demais. - Bom dia, passageiros! Hoje estaremos no mar o dia inteiro. Tempo excelente para a festa de mambo a beira da piscina! Nao esquecam o bingo de um milhao de dolares no Salao do Kraken a uma hora, e para os nossos hospedes especiais, exercicios de estripacao no conves principal! Sentei-me na cama. - O que ele disse? Tyson gemeu, ainda meio dormindo. Estava deitado na cama de barriga para baixo, os pes tao alem da beirada que foram parar no banheiro. - O homem alegre disse... exercicio com equipamentos? Esperava que ele estivesse certo, mas entao ouvi uma batida insistente na porta interna da suite. Annabeth enfiou a cabeca para dentro - os cabelos loiros pareciam um ninho de rato. - Exercicio de estripacao? Depois de vestidos nos aventuramos a caminhar pelo navio. Ficamos surpresos ao vermos outras pessoas. Uma duzia de idosos indo tomar o cafe-da-manha. Um pai levando os filhos para um mergulho matinal na piscina. Tripulantes em impecaveis uniformes IM incos tocando os chapeus em saudacao para os passageiros. Ninguem perguntou quem eramos. Ninguem prestou muita atencao em nos. Mas havia algo errado. Quando a familia de nadadores passou por nos, o pai disse aos filhos: - Estamos num cruzeiro. Estamos nos divertindo. - Sim - disseram as tres criancas em unissono, a expressao vazia. - Estamos nos divertindo a beca. Vamos mergulhar na piscina. Afastaram-se. - Bom-dia! - disse-nos um tripulante, os olhos vidrados. Estamos nos divertindo a bordo do Princesa Andromeda. Tenham um bom dia. - Ele se afastou. - Percy, isso e muito estranho - sussurrou Annabeth. - Estao todos em uma especie de transe.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Depois passamos por uma lanchonete e vimos nosso primeiro monstro. Era um cao do inferno - um mastim preto, na fila do bufe, apoiado nas patas traseiras e com o focinho enfiado nos ovos mexidos. Devia ser jovem, pois era pequeno em comparacao com a maioria - nao maior que um urso-escuro. Ainda assim, meu sangue gelou. Eu quase tinha sido morto por um daqueles antes. O que era mais estranho: um casal de meia-idade estava na fila do bufe logo atras do cao-demonio, esperando pacientemente sua vez de se servir dos ovos. Pareciam nao estar notando nada de extraordinario. - Perdi a fome - murmurou Tyson. Antes que Annabeth ou eu pudessemos responder, uma voz reptiliana veio do corredor: - Maisss ssseisss chegaram ontem. Annabeth fez gestos freneticos em direcao ao esconderijo mais proximo - o banheiro feminino -, e nos tres entramos depressa. Eu estava tao apavorado que nem me ocorreu ficar com vergonha. Alguma coisa, ou melhor, duas coisas passaram deslizando pela porta do banheiro, fazendo um barulho como o de uma lixa esfregada contra o carpete. - Ssssim - disse uma segunda voz reptiliana. . Ele osss atrai. Logo essssstaremossss fortessss. As coisas deslizaram para dentro da lanchonete com um silvo frio que poderia bem ser risada de cobra. Annabeth olhou para mim. - Temos de dar o fora daqui. - Acha que eu quero ficar no banheiro das meninas? - Do navio, Percy! Temos de dar o fora do navio. - Cheira mal - concordou Tyson. - E os cachorros comem todos os ovos. Annabeth tem razao. Precisamos dar o fora do banheiro e do navio. Eu estremeci. Se Annabeth e Tyson estavam concordando em alguma coisa, calculei que seria melhor escuta-los. Entao ouvi outra voz do lado de fora - uma voz que me deixou mais gelado que a de qualquer monstro. - ... so uma questao de tempo. Nao me pressione, Agrio! Era Luke, sem duvida alguma. Jamais esqueceria a voz dele. - Nao estou pressionando! - resmungou um outro cara. Sua voz era mais profunda e ainda mais zangada que a de Luke. So estou dizendo que se esse jogo nao compensar... - Vai compensar - disparou Luke. - Eles vao morder a isca. Agora venha, temos de ir ate a suite do almirantado e verificar o caixao. As vozes se afastaram pelo corredor. Tyson choramingou. - Saimos agora? Annabeth e eu trocamos olhares e entramos num acordo silencioso. - Nao podemos - disse a Tyson.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Temos de descobrir o que Luke esta aprontando - concordou Annabeth. - E, se possivel, vamos lhe dar uma surra, acorrenta-lo e arrasta-lo para o Monte Olimpo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 NOVE - Minha pior reuniao de familia de todos os tempos Annabeth se ofereceu para ir sozinha, ja que tinha o bone invisibilidade, mas eu a convenci de que era perigoso demais, iamos todos juntos, ou nao ia ninguem. - Ninguem! - votou Tyson. - Por favor. Mas no fim ele foi junto, roendo nervosamente suas unhas enormes. Paramos na cabine so pelo tempo de juntar nossas coisas. Sabiamos que, independentemente do que acontecesse, nao passariamos outra noite a bordo do navio de zumbis, mesmo que eles tivessem um bingo de um milhao de dolares. Conferi se Contracorrente estava no meu bolso, e se as vitaminas e a garrafa termica de Hermes estavam logo na boca do saco de viagem. Nao queria que Tyson carregasse tudo, mas ele insistiu, e Annabeth disse que eu nao me preocupasse com isso. Tyson era capaz de carregar no ombro tres sacos de viagem cheios com a mesma facilidade co que eu carregava uma mochila. Nos nos esgueiramos pelos corredores, seguindo as placas VOCE ESTA AQUI em direcao a suite do almirantado. Annabeth foi na frente, invisivel. Toda vez que passava alguem a gente se escondia, mas a maioria das pessoas que viamos era apenas passageiro zumbis de olhos vidrados. Quando subimos as escadas para o conves 13, onde deveria estar a suite do almirantado, Annabeth sussurrou: - Escondam-se! - e nos empurrou para dentro de um pequeno almoxarifado. Ouvi dois caras descendo o corredor. - Voce viu aquele dragao etiope no porao de carga? - disse im deles. O outro riu. - Sim, e impressionante. Annabeth ainda estava invisivel, mas apertou meu braco com forca. Tive a impressao de que conhecia a voz do segundo cara. - Ouvi dizer que vem vindo mais dois - disse a voz familiar. - Se continuarem chegando nesse ritmo, rapaz! Nao havera concurso! As vozes foram sumindo no corredor. - Aquele era Chris Rodrigues! - Annabeth tirou o bone e ficou visivel. - Voce lembra... do Chale 11. Eu me lembrava vagamente de Chris, do verao anterior. Era um dos campistas indeterminados que ficaram empacados no chale de Hermes porque seu pai olimpiano, ou sua mae, nunca o reclamaram. Ali, pensando nisso, percebi que nao tinha visto Chris no acampamento. - O que um outro meio-sangue esta fazendo aqui? Annabeth sacudiu a cabeca, claramente perturbada. Continuamos seguindo pelo corredor. Eu nao precisava mais de mapas para saber que estava chegando perto de Luke. Sentia algo frio e desagradavel - a presenca do mal. - Percy. - Annabeth parou de repente. - Olhe.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Ela estava diante de uma parede de vidro que dava para um canion de varios andares, que atravessava o meio do navio. No fundo estava o conves principal - um centro comercial cheio de lojas -, mas nao foi isso que chamou a atencao de Annabeth. Um grupo de monstros estava reunido na frente da doceria: uma duzia de gigantes lestrigoes, como os que me atacaram com bolas de queimado, dois caes monstruosos com tres cabecas e cauda de dragao e algumas criaturas ainda mais estranhas - femeas humanoides com caudas duplas de serpente, em vez de pernas. - Dracaenae da Citia . sussurrou Annabeth. . Mulheres-dragao. Os monstros estavam em um semicirculo em volta de um jovem de armadura grega que despedacava um boneco de palha. Fiquei com um no na garganta quando percebi que o boneco usava uma camiseta laranja do Acampamento Meio-Sangue. Enquanto olhavamos, o cara de armadura deu uma estocada na barriga do boneco e rasgou-o de baixo para cima. Voou palha para todos os lados. Os monstros aplaudiram e gritaram. Annabeth se afastou da janela. Seu rosto estava cinzento. - Vamos - disse-lhe, tentando parecer mais valente do que me sentia. - Quanto antes acharmos Luke, melhor. No fim do corredor havia uma porta dupla de carvalho que parecia levar a algum lugar importante. Quando estavamos a dez metros, Tyson parou. - Vozes la dentro. - Voce pode ouvir de tao longe? - perguntei. Tyson fechou os olhos como se estivesse se concentrando ao maximo. Entao sua voz mudou, transformando-se numa imitacao rouca da voz de Luke. -... a profecia nos mesmos. Os idiotas nao vao saber para que lado virar. Antes que eu pudesse reagir, a voz de Tyson mudou de novo, agora mais profunda e rispida, como a do outro cara que ouvimos falando com Luke do lado de fora da lanchonete. - Acha mesmo que o velho homem-cavalo se foi para sempre? Tyson riu a risada de Luke. - Nao podem confiar nele. Nao com aqueles esqueletos no armario dele. O envenenamento da arvore foi a ultima gota. Annabeth estremeceu. - Pare com isso, Tyson! Como voce faz isso? E sinistro! Tyson abriu o olho e pareceu confuso. - Estava so ouvindo. - Continue - disse eu. - O que mais eles estao dizendo? Tyson fechou o olho de novo. Ele sussurrou na voz do homem zangado: - Silencio! E, entao, na voz de Luke, cochichando:
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Voce tem certeza? - Sim - disse Tyson na voz rouca. - Bem ai fora. Era tarde demais quando percebi o que estava acontecendo. - Corram! Foi so o que tive tempo de dizer, quando as portas do camarote se abriram violentamente e la estava Luke, ladeado por dois gigantes peludos armados com dardos, as pontas de bronze apontadas diretamente para os nossos peitos. - Bem - disse Luke, com um sorriso torto. - Ora, ora, sao os meus dois primos favoritos. Vao entrando. ***** O camarote era lindo, e era horrivel. A parte linda: enormes janelas curvas ao longo da parede dos fundos, dando para a popa do navio. Mar verde e ceu azul se estendiam ate o horizonte. Um tapete persa cobria o chao. Dois sofas de pelucia ocupavam o meio da sala, uma cama com dossel em um canto e uma mesa de jantar de mogno no outro. A mesa estava lotada de comida - caixas de pizza, garrafas refrigerante e uma pilha de sanduiches de rosbife em cima de uma bandeja de prata. A parte horrivel: sobre uma plataforma de veludo no fundo sala havia um caixao dourado de tres metros. Um sarcofago, decorado com cenas de cidades da Grecia Antiga em chamas e herois morrendo de modo pavoroso. Apesar da luz do sol que se filtra pelas janelas, o caixao fazia a sala inteira parecer fria. - Bem - disse Luke, abrindo os bracos com orgulho. Um pouco mais agradavel do que o Chale 11, hein? Ele mudara desde o ultimo verao. Em vez de bermudas camiseta, usava uma camisa toda abotoada, calca caqui e mocassins de couro. Seu cabelo cor de areia, que era tao rebelde, agora estava aparado curto. Parecia um modelo do mal, mostrando que os viloes fashion de idade universitaria usavam em Harvard naquele verao. Ainda tinha a cicatriz embaixo do olho - uma linha branca irregular, de sua batalha com um dragao. E encostada no sofa estava sua espada magica, Mordecostas, brilhando estranhamente com sua lamina meio-aco, meio-bronze celestial, que podia matar tanto mortais como monstros. - Sentem-se - disse-nos. Acenou com a mao, e tres cadeiras de jantar deslizaram sozinhas para o centro da sala. Nenhum de nos se sentou. Os amigos enormes de Luke ainda apontavam seus dardos da para nos. Pareciam gemeos, mas nao eram humanos. Mediam cerca de dois metros e meio, para comecar, e usavam apenas jeans, provavelmente porque os peitos enormes ja eram recobertos por grossas felpas marrons. Tinham garras no lugar de unhas e os pes eram como patas. Os narizes eram focinhos animalescos e os dentes eram todos caninos pontudos. - Que falta de cortesia a minha - disse Luke, suavemente. Estes sao meus assistentes, Agrios e Oreios. Talvez voces ja tenham ouvido falar deles, eu nao disse nada. Apesar dos dardos apontados para mim, nao eram os gemeos ursos que me assustavam.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Tinha imaginado meu reencontro com Luke muitas vezes desde que ele tentara me matar no ultimo verao. Eu me via corajosamente de pe diante dele, desafiando-o para um duelo. Mas, agora que estavamos cara a cara, eu mal conseguia impedir que minhas maos tremessem. - Voces nao conhecem a historia de Agrios e Oreios? - perguntou Luke. - A mae deles... bem, e triste, de verdade. Afrodite ordenou a jovem mulher que se apaixonasse. Ela se recusou e correu para Artemis pedindo ajuda. Artemis deixou que ela se tornasse uma das suas cacadoras virgens, mas Afrodite teve sua vinganca. Enfeiticou a jovem para que se apaixonasse por um urso. Quando Artemis descobriu, ela abandonou a moca, enojada. Tipico dos deuses, nao acha? Eles brigam entre si e os pobres humanos sao apanhados no meio. Os filhos gemeos da moca, aqui, Agrios e Oreios, nao morrem de amores pelo Olimpo. Mas gostam bastante de meios-sangues, contudo... - Para o almoco - rosnou Agrios. Sua voz rouca era a que eu tinha ouvido falando com Luke. -Hehe! Hehe! - riu seu irmao, Oreios, lambendo os beicos peludos. Ele continuou rindo como se estivesse tendo uma crise de asma ate que Luke e Agrios o olharam. - Cale a boca, seu idiota! - rosnou Agrios. - Va se castigar! Oreios choramingou. Arrastou-se ate o canto da sala, deixou-se cair em uma banqueta e bateu a testa contra a mesa de jantar, fazendo tilintar os pratos de prata. Luke agiu como se aquele fosse um comportamento perfeitamente normal. Acomodou-se no sofa e pos os pes em cima da mesa de cafe. - Bem, Percy, deixamos voce sobreviver mais um ano. Espero que tenha gostado. Como vai sua mae? Como vai a escola? - Voce envenenou a arvore de Thalia. Luke suspirou. - Direto ao ponto, nao e? Ok., envenenei mesmo a arvore. E dai? - Como pode fazer isso? - Annabeth parecia tao zangada que pensei que ela fosse explodir. - Thalia salvou sua vida! Nossas vidas! Como pode desonra-la... - Eu nao a desonrei! - disparou Luke. - Os deuses a desonraram, Annabeth! Se Thalia estivesse viva, estaria do meu lado. - Mentiroso! - Se voce soubesse o que ia acontecer, entenderia... - Eu entendo que voce quer destruir o acampamento! - gritou ela. - Voce e um monstro! Luke sacudiu a cabeca. - Os deuses a cegaram. Voce nao consegue imaginar uni mundo sem eles, Annabeth? De que adianta a historia antiga que voce estuda? Tres mil anos de bagagem! O Ocidente esta podre ate a alma. Precisa ser destruido. Junte-se a mim! Podemos refazer o mundo do zero. Podemos usar sua inteligencia, Annabeth. - Porque voce nao tem inteligencia nenhuma! Os olhos dele se estreitaram.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Conheco voce, Annabeth. Voce merece coisa melhor do que ir atras de uma missao sem chances para salvar o acampamento. A Colina Meio-Sangue sera invadida por monstros em menos de um mes. Os herois que sobreviverem nao terao escolha senao juntar-se a nos ou ser cacados ate a extincao. Voce realmente quer estar em um time perdedor... com uma companhia dessa? - Luke apontou para Tyson. - Ei! - disse eu. - Viajando com um ciclope - cacoou Luke. - E falando sobre desonrar a memoria de Thalia! Estou surpreso com voce, Annabeth. Voce, de todas as pessoas... - Pare com isso! - gritou ela. Nao sabia do que Luke estava falando, mas Annabeth enterrou a cabeca nas maos como se estivesse a ponto de chorar. - Deixe-a em paz - disse eu. - E deixe Tyson fora disso. Luke riu. - Ah! sim, ouvi dizer. Seu pai o reclamou. Devo ter parecido surpreso, pois Luke sorriu. - Sim, Percy, eu sei tudo sobre isso. E sobre seu plano de encontrar o Velocino. Quais eram mesmo aquelas coordenadas... 30, 31, 75, 12? Como ve, ainda tenho amigos no acampamento que me mantem informado. - Espioes, voce quer dizer. Ele deu de ombros. - Quantos insultos de seu pai voce pode aguentar, Percy? Acha que ele e grato a voce? Acha que Poseidon se importa com voce mais do que se importa com esse monstro? Tyson cerrou os punhos e fez um ruido surdo na garganta. Luke apenas deu uma risadinha. - Os deuses estao usando voce Percy. Tem ideia do que esta reservado para voce se chegar ao decimo sexto aniversario? Quiron ja lhe contou a profecia? Tive vontade de falar umas verdades na cara de Luke, mas, como e de praxe, ele conhecia a maneira de me deixar desconcertado. Decimo sexto aniversario? Quer dizer, eu sabia que Quiron tinha recebido uma profecia do Oraculo muitos anos atras. Sabia que, parte, era sobre mim. Mas se eu chegar ao decimo sexto aniversario? Nao gostei muito de ouvir aquilo. - Eu sei o que preciso saber - consegui dizer. - Por exemplo, quem sao os meus inimigos. - Entao voce e um bobo. Tyson reduziu a cadeira mais proxima a estilhacos. - Percy nao e um bobo!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Antes que eu pudesse dete-lo, ele avancou para Luke. Seus punhos desceram na direcao da cabeca de Luke - uma pancada dupla que teria aberto um buraco em titanio, mas os gemeos ursos a interceptaram. Cada um segurou um dos bracos de Tyson e eles o detiveram na hora. Empurraram-no para tras, e Tyson cambaleou. Caiu no tapete com tanta forca que o conves balancou. - Que pena, ciclope - disse Luke. - Parece que os meus amigos pardos juntos sao mais do que pareo para a sua forca. Talvez eu devesse deixa-los... - Luke - interrompi. - Escute. Seu pai nos mandou. O rosto dele ficou da cor de pepperoni. - Nao se atreva a mencionar o nome dele. - Ele nos disse para pegar este navio. Achei que fosse so uma carona, mas ele nos mandou aqui para encontra-lo. Disse que nao vai desistir de voce, nao importa quanto voce esteja zangado. - Zangado? - rugiu Luke. - Desistir de mim? Ele me abandonou, Percy! Quero o Olimpo destruido! Cada trono esmagado ate virar entulho! E voce diga a Hermes que isso vai acontecer. A cada vez que um meio-sangue se junta a nos, os olimpianos ficam mais fracos e nos ficamos mais fortes. Ele fica mais forte. - Luke apontou para o sarcofago de ouro. O caixao me apavorava, mas eu estava determinado a nao demonstrar. - E dai? - perguntei. - O que ha de tao especial... E entao caiu a ficha do que poderia estar dentro do sarcofago. A temperatura na sala pareceu baixar vinte graus. - Epa, voce nao quer dizer... - Ele esta se reconstituindo - disse Luke. - Pouco a pouco estamos resgatando sua forca vital para fora do poco. A cada recruta que se junta a nossa causa mais um pedacinho aparece... - Isso e nojento! - disse Annabeth. Luke a olhou com desprezo. - Sua mae nasceu do cranio partido de Zeus, Annabeth. Eu nao falaria nada. Logo havera o bastante do senhor tita para torna-lo inteiro de novo. Vamos montar um corpo novo para ele, um trabalho digno das forjas de Hefesto. - Voce e louco - disse Annabeth. - Junte-se a nos e sera recompensada. Temos amigos poderosos, patrocinadores bastante ricos para comprar este navio de cruzeiro e muito mais. Percy, sua mae nunca mais precisara trabalhar. Voce podera comprar uma mansao para ela. Voce podera ter poder, fama - tudo o que quiser. Annabeth, voce podera realizar seu sonho de ser arquiteta. Podera construir um monumento para durar mil anos. Um templo para os senhores nova era! - Va para o Tartaro - disse ela. Luke suspirou. - Uma pena.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Ele pegou algo que parecia um controle remoto de teve e apertou um botao vermelho. Em segundos a porta do camarote se abriu e dois tripulantes uniformizados entraram, armados com cassetetes. O olhar vidrado era o mesmo dos outros mortais que eu tinha visto, mas tive a impressao de que isso nao os tornaria menos perigosos numa luta. - Ah! bom, segurancas! - disse Luke. - Infelizmente temos aqui alguns clandestinos. - Sim, senhor - disseram eles, com ar sonhador. Luke se virou para Oreios. - Ja e hora de alimentar o dragao etiope. Leve esses tolos para baixo e mostre-lhes como fazemos. Oreios sorriu de modo estupido. - Hehe! Hehe! - Deixe-me ir tambem - resmungou Agrios. - Meu irmao e um inutil Aquele ciclope... - Ele nao e uma ameaca - disse Luke. Deu uma olhadela para o caixao dourado, como se alguma coisa o incomodasse. - Agrios, fique aqui. Temos assuntos importantes a discutir. - Mas... - Oreios, nao me desaponte. Fique no porao e certifique-se de que o dragao seja alimentado como deve. Oreios nos cutucou com seu dardo e nos tocou para fora do camarote, seguido pelos dois segurancas humanos. ***** Enquanto andava pelo corredor com o dardo de Oreios me cutucando nas costas, pensei no que Luke dissera - que os gemeos ursos juntos eram pareo para a forca de Tyson. Mas quem sabe separados... Saimos do corredor no meio do navio e caminhamos por um deque aberto ladeado por botes salva-vidas. Eu conhecia bem o navio para perceber que aquela seria nossa ultima visao da luz do sol. Uma vez do outro lado, tomariamos o elevador para descer ao porao, e seria o fim. Olhei para Tyson e disse: - Agora. Gracas aos deuses, ele entendeu. Virou-se e lancou Oreios dez metros para tras, dentro da piscina, bem no meio da familia de turistas-zumbis. - Ah! - gritaram as criancas em unissono. - Nos nao estamos nos divertindo a beca na piscina! Um dos segurancas sacou o cassetete, mas Annabeth o deixou sem folego com um pontape bem dado. O outro seguranca correu para o alarme mais proximo. - Pegue-o! - gritou Annabeth, mas foi tarde demais. Um instante antes que eu o atingisse na cabeca com uma cadeira ele tocou o alarme. Luzes vermelhas piscaram. Sirenes uivaram. - Bote salva-vidas! - gritei.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Corremos para o mais proximo. Quando conseguimos descobri-lo, monstros e mais segurancas invadiram o conves, empurrando turistas e garcons com bandejas de drinques tropicais. Um cara de armadura grega sacou a espada e investiu, mas escorregou em uma poca de pina colada. Arqueiros lestrigoes se reuniram no conves acima de nos, alinhando flechas em seus arcos enormes. - Como se lanca esta coisa? - gritou Annabeth. Um daqueles caes monstruosos pulou para cima de mim, mas Tyson o atirou para o lado com um extintor de incendio. - Entrem! - gritei. Tirei a tampa de Contracorrente e com um golpe desviei uma saraivada de flechas no ar. A qualquer segundo seriamos vencidos. O bote salva-vidas estava pendurado na lateral do navio, muito acima da agua. Annabeth e Tyson nao conseguiam manejar a polia de lancamento. Pulei para dentro ao lado deles. - Segurem-se! - gritei, e cortei as cordas. Uma chuva de flechas assobiou por cima de nossas cabecas enquanto iamos em queda livre na direcao do oceano.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 DEZ - Pegamos uma carona com confederados mortos - A garrafa termica! - gritei enquanto despencavamos para a agua. - O que? - Annabeth deve ter pensado que eu tinha perdido a cabeca. Estava agarrada as alcas do bote como se sua vida dependesse disso, os cabelos voando para o alto, como uma tocha. Mas Tyson entendeu. Conseguiu abrir meu saco de viagem e tirar de la a garrafa magica sem largar o saco nem o bote. Flechas e dardos passaram por nos assobiando. Agarrei a garrafa termica e torci para estar fazendo a coisa certa. - Segurem firme! - Eu estou segurando firme! - gritou Annabeth. - Mais firme! Enganchei o pe embaixo do banco inflavel do bote, e enquanto Tyson nos segurava pelas costas das camisas dei um quarto de volta na tampa da garrafa. No mesmo instante, uma lufada branca de vento escapou e nos arremessou para o lado, transformando o mergulho vertical em uma aterrissagem de emergencia a quarenta e cinco graus. O vento pareceu dar risadas quando escapou da garrafa termica, como se estivesse contente por se ver livre. Quando atingimos o oceano, batemos uma, duas vezes, quicando como uma pedra, entao disparamos como uma lancha, com agua salgada borrifando o rosto e nada alem de mar a nossa frente. Ouvi um grito de indignacao vindo do navio atras de nos, mas ja estavamos fora do alcance das armas. O Princesa Andromeda ia ficando menor a distancia, ate parecer um barquinho branco brinquedo, e depois desapareceu. Enquanto disparavamos pelo mar, Annabeth e eu tentamos enviar uma mensagem de iris para Quiron. Pensamos que seria importante contar a alguem o que Luke estava fazendo, e nao sabiam em quem mais confiar. O vento da garrafa agitou um otimo borrifo de mar que formou um arco-iris a luz do sol - perfeito para uma mensagem de iris -, mas nossa conexao ainda era fraca. Quando Annabeth atirou um dracma de ouro na nevoa e rezou a deusa do arco-iris para nos mostrar Quiron, o rosto dele apareceu, mas havia algum tipo estranho de luz estroboscopica ao fundo e rock em volume alto, como se ele estivesse em alguma casa noturna. Contamos a ele sobre a fuga do acampamento e sobre Luke, o Princesa Andromeda e o caixao dourado para os restos de Crono, mas com o barulho do lado dele e o ruido do vento e da agua do nosso lado, nao sabia o que ele tinha ouvido. - Percy - gritou Quiron -, voce precisa tomar cuidado com... Sua voz foi abafada por uma gritaria alta atras dele - um porcao de vozes aos berros, como guerreiros comanches. - O que? - gritei. - Malditos parentes! - Quiron desviou-se quando um motor passou voando por cima da sua cabeca e se estilhacou em algum lugar fora de vista. - Annabeth, voce nao devia ter deixado Percy sair do acampamento! Mas se voces de fato conseguirem pegar o Velocino...
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Yeah, baby! - berrou alguem atras de Quiron. - Iuuhuuuuu! O volume da musica aumentou, os subwoofers ficaram tao altos fizeram o bote vibrar. - ...Miami - gritava Quiron. - Vou tentar ficar atento... Nossa tela de nevoa se despedacou como se alguem do outro lado tivesse atirado uma garrafa contra ela, e Quiron se foi. ***** Uma hora depois, avistamos terra - uma longa extensao de praia com edificios altos de hoteis. A agua se tornou abarrotada de barcos de pesca e petroleiros. Uma lancha da guarda costeira passou a estibordo, depois virou como se quisesse dar uma segunda olhada. Acho que nao e todos os dias que eles veem um bote salva-vidas amarelo sem motor navegando a cem nos por hora, tripulado por tres criancas. - Aquela e Virginia Beach! - disse Annabeth quando nos aproximamos do litoral. - Ah! meus deuses, como o Princesa Andromeda chegou tao longe em uma noite? Sao cerca de... - Quinhentas e trinta milhas nauticas - disse eu. Ela olhou para mim. - Como voce sabe? - Eu... eu nao tenho certeza. Annabeth pensou um momento. - Percy, qual e a nossa posicao? - Trinta e seis graus e 44 minutos Norte, 76 graus e 2 minutos Oeste - falei, imediatamente. Entao sacudi a cabeca. - Epa! como e que eu soube isso? - Por causa de seu pai - supos Annabeth. - Quando voce esta no mar, tem um senso de orientacao perfeito. Isso e muito legal. Eu nao estava tao certo daquilo. Nao queria ser um GPS humano. Mas, antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Tyson bateu em meu ombro. - Um outro barco vem vindo. Olhei para tras. O barco da guarda costeira sem duvida estava agora atras de nos. As luzes piscavam e ele ganhava velocidade. - Nao podemos deixar que nos peguem - falei. - Vao fazer perguntas demais. - Continue na direcao da baia de Chesapeake - disse Annabeth. - Sei de um lugar onde podemos nos esconder. Nao perguntei o que ela queria dizer, ou como conhecia tao bem a area. Arrisquei afrouxar a tampa da garrafa termica mais um pouco, e uma nova lufada de vento nos arremessou como um foguete, contornamos a extremidade norte de Virginia Beach e entramos na baia de Chesapeake. O barco da guarda costeira ficava cada vez mais para tras. Nao reduzimos a velocidade ate as margens da baia se estreitarem dos dois lados, e percebi que estavamos adentrando o estuario de um rio.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Pude sentir a passagem da agua salgada para a agua doce. De repente me senti exausto e irritado, como se tivesse acabado de sair de uma overdose de acucar. Nao sabia mais onde estava nem para que direcao guiar o barco. Felizmente, Annabeth estava me orientando. - Ali - disse ela. - Depois daquele banco de areia. Desviamos para uma area pantanosa coberta de capim-d'agua. Atraquei o barco ao pe de um cipreste gigante. Arvores cobertas de trepadeiras cresciam acima de nos. Insetos faziam ruidos no mato. O ar estava quente e umido, e o vapor sub do rio. Em essencia, aquilo nao era Manhattan, e eu nao gostei. - Vamos - disse Annabeth -, e so seguirmos a margem. - O que? - Siga-me apenas. - Ela agarrou um saco de viagem. - E e melhor cobrirmos o bote. Nao queremos chamar atencao. Depois de esconder o bote salva-vidas com galhos, Tyson e eu seguimos Annabeth ao longo da margem, os pes afundando na lama vermelha. Uma cobra deslizou perto do meu sapato e desapareceu no meio do capim. - Nao e um bom lugar - disse Tyson. Ele matava os mosquitos que estavam formando uma fila para jantar no seu braco. Depois de mais alguns minutos, Annabeth disse: - Aqui. Tudo o que vi foi uma moita espinhenta. Entao Annabeth empurrou para o lado um circulo de ramos entrelacados, como uma porta, e percebi que estava olhando para um abrigo camuflado. O lado de dentro era grande o suficiente para tres, mesmo com terceiro sendo Tyson. As paredes eram feitas com partes de plantas, como uma cabana de nativos, mas pareciam ser bem a prova dfagua. Empilhadas em um canto havia todas as coisas que a gente poderia querer em um acampamento - sacos de dormir, cobertores, uma geladeira portatil e um lampiao a querosene. Havia tambem provisoes para semideuses - ponteiras de bronze para dardos, uma aljava cheia de flechas, uma espada sobressalente e uma caixa de ambrosia. O lugar tinha cheiro de mofo, como se tivesse vazio havia muito tempo. - Um esconderijo de meio-sangue. - Olhei para Annabeth, pasmado. -Voce este lugar? - Thalia e eu - disse ela, baixinho. - E Luke. Aquilo nao deveria me incomodar. Quer dizer, eu sabia que Thalia e Luke tinham cuidado de Annabeth quando ela era pequena. Sabia que os tres, juntos, eram fugitivos se escondendo de monstros, sobrevivendo sozinhos antes que Grover os encontrasse e tentasse leva-los para a Colina Meio-Sangue. Mas, sempre que Annabeth falava do tempo que passara com eles, eu me sentia... nao sei. Desconfortavel? Nao. Nao e esta a palavra. A palavra era enciumado. - Entao... - falei. - Nao acha que Luke vai nos procurar aqui? Ela sacudiu a cabeca.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Fizemos uma duzia de abrigos como este. Duvido que Luke sequer se lembre de onde ficam. Ou que se importe. Ela se jogou em cima dos cobertores e comecou a revirar o saco de viagem. Sua linguagem corporal deixava muito claro que ela nao queria conversar. - Hum, Tyson? - falei. - Voce se incomodaria em dar um volta de reconhecimento la fora? Tipo procurar uma loja de conveniencia silvestre ou coisa assim? - Loja de conveniencia? - Sim, para comprar lanches. Donuts polvilhados com acucar ou sei la. So nao va muito longe. - Donuts com acucar - disse Tyson muito serio. - Vou procurar donuts polvilhados com acucar no mato. - Ele foi saindo e comecou a chamar: - Donuts! Aqui! Depois que ele se foi, sentei-me em frente a Annabeth. - Ei, sinto muito, sabe, por voce ter visto Luke. - A culpa nao e sua. - Ela desembainhou sua faca comecou a limpa-la com um trapo. - Ele nos deixou partir com muita facilidade - falei. Eu torcia para estar imaginando aquilo, mas Annabeth assentiu. Estava pensando a mesma coisa. Aquilo que o ouvimos falar, sobre um jogo e que "eles vao morder a isca"... Acho que estava falando de nos. - O Velocino e a isca? Ou Grover? Ela estudou o fio da faca. - Nao sei, Percy. Talvez ele queira o Velocino. Talvez espere que facamos o trabalho para depois rouba-lo de nos. Nao consigo acreditar que ele fosse capaz de envenenar a arvore. - O que ele quis dizer - perguntei - quando falou que Thalia teria ficado do lado dele? - Ele esta errado. - Voce nao parece segura. Annabeth me olhou com raiva, e comecei a desejar que nao tivesse falado aquilo enquanto ela segurava uma faca. - Percy, voce sabe quem voce me lembra muito? Thalia. Voces sao tao parecidos que chega a assustar. Quer dizer, ou voces seriam melhores amigos ou teriam se estrangulado. - Vamos ficar com "melhores amigos". - Thalia, as vezes, ficava zangada com o pai dela. Como voce. Voce se voltaria contra o Olimpo por causa disso? Olhei para a aljava cheia de flechas no canto. - Nao.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Certo. Ela tambem nao. Luke esta errado. Annabeth fincou a lamina da faca na terra. Quis perguntar sobre a profecia que Luke mencionara, e o que aquilo tinha a ver com meu decimo sexto aniversario. Mas imaginei que ela nao fosse me contar. Quiron deixara claro que eu nao tinha permissao para ouvi-la ate que os deuses decidissem o contrario. - Entao, o que Luke quis dizer a respeito de ciclopes? . perguntei. - Ele disse que voce, entre todas as pessoas... - Eu sei o que ele disse. Ele... ele estava falando sobre a verdadeira razao de Thalia ter morrido. Esperei, sem saber muito bem o que dizer. Annabeth respirou fundo, indecisa. - A gente nunca pode confiar em ciclopes, Percy Ha seis anos, na noite em que Grover estava nos levando para a Colina Meio-Sangue... Ela foi interrompida quando a porta da cabana se abriu com um rangido. Tyson se arrastou para dentro. - Donuts com acucar! - disse, orgulhoso, mostrando uma caixa de doces. Annabeth olhou para ele espantada. - Onde conseguiu isso? Estamos no meio do mato. Nao ha nada num raio de... - Quinze metros - disse Tyson. - Uma loja Donuts Monstro, logo depois da colina. ***** - Isso e mau - murmurou Annabeth. Estavamos agachados atras de uma arvore, olhando para a loja de donuts no meio do mato. Parecia nova em folha, com janelas iluminadas, uma area de estacionamento e uma estradinha conduzindo para dentro da floresta, mas nao havia mais nada em volta, nenhum carro estacionado. Conseguimos ver um empregado que lia uma revista atras da caixa registradora. E era tudo. Sobre marquise da loja, em enormes letras pretas que ate eu consegui ler, estava escrito: DONUTS MONSTRO Um ogro de desenho animado estava dando uma mordida no O de MONSTRO. O lugar cheirava bem, como donuts de chocolate fresquinhos. - Isso nao deveria estar aqui - sussurrou Annabeth. . Esta errado. - O que esta errado? - perguntei. - E uma loja de donuts. - Psiu! - Por que estamos sussurrando? Tyson entrou e comprou uma duzia. Nao aconteceu nada com ele. - Ele e um monstro. - Ora, vamos, Annabeth. Donuts Monstro nao quer dizer monstros. E uma rede. Nos temos em Nova York.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Uma rede - concordou. - E nao acha estranho que uma loja dessas tenha aparecido imediatamente depois de voce mandar Tyson comprar donuts! Bem aqui, no meio do mato? Pensei naquilo. De fato parecia meio estranho, mas, quer dizer, lojas de donuts realmente nao estavam no topo da minha lista de forcas sinistras. - Pode ser um ninho - explicou Annabeth. Tyson choramingou. Duvido que ele tenha entendido o que Annabeth estava dizendo muito melhor do que eu, mas o tom dela o deixava nervoso. Ele havia avancado em meia duzia de donuts da caixa e estava com acucar polvilhado na cara inteira. - Um ninho do que? - perguntei. - Voce ja se perguntou como essas lojas de franquia surgem tao depressa? - perguntou ela. - Um dia nao existe nada, e entao, no dia seguinte... bum, surge uma nova casa de hamburgueres ou uma cafeteria, ou o que for. Primeiro uma unica loja, depois duas, depois quatro... replicas exatas se espalhando por todo o pais. - Ahn, nao. Nunca pensei nisso. - Percy, algumas redes se multiplicam tao depressa porque todos os seus pontos estao magicamente ligados a forca vital de um monstro. Algumas criancas de Hermes descobriram como fazer isso ja nos anos 1950. Elas procriam... Ela ficou paralisada. - O que? - perguntei. - Elas criam o que? - Nao... se... mexa - disse Annabeth, como se a vida dela dependesse disso. - Muito devagar, de meia-volta. Entao eu ouvi: o barulho de algo raspando, como se algo grande se arrastasse de barriga pelas folhas. Virei-me e vi uma coisa do tamanho de um rinoceronte se movendo pelas sombras das arvores. Estava sibilando, a metade da frente se retorcendo em todas as direcoes. De inicio nao consegui entender o que era. Entao percebi que a coisa tinha multiplos pescocos - pelo menos sete, cada um com uma cabeca de reptil, sibilando. A pele era coriacea, e os pescocos usavam babadores nos quais estava escrito: EU SOU UMA CRIANCA MONSTER DONUTS! Tirei do bolso minha caneta esferografica, mas Annabeth fixou os olhos nos meus - um aviso silencioso. Ainda nao. Eu entendi. Muitos monstros tem pessima visao. Era possivel que a Hidra passasse por nos sem nos notar. Mas, se eu destampasse minha espada, o brilho do bronze certamente chamaria sua atencao. Nos esperamos. A Hidra estava a apenas alguns metros. Parecia farejar a terra e as arvores como se estivesse cacando alguma coisa. Entao notei que duas das cabecas estavam dilacerando um pedaco de lona amarela - um dos nossos sacos de viagem. A coisa ja estivera nosso acampamento. Estava seguindo nosso cheiro. Meu coracao bateu forte. Eu ja tinha visto uma cabeca de Hidra empalhada como trofeu no acampamento, mas aquilo nao me preparara para a coisa real. Cada cabeca tinha forma de losango como a de uma cascavel, mas nas bocas havia fileiras irregulares de dentes de tubarao.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Tyson estava tremendo. Ele recuou um passo e sem querer quebrou um graveto. Imediatamente, as sete cabecas se viraram para nos e sibilaram. - Espalhem-se! - gritou Annabeth. Ela mergulhou para a direita. Eu rolei para a esquerda. Uma das cabecas da Hidra cuspiu um arco de liquido verde que passou rente ao meu ombro e atingiu o tronco de um olmo. O tronco fumegou e comecou a se desintegrar. A arvore inteira tombou na direcao de Tyson, que ainda nao tinha se movido, petrificado pelo monstro que agora estava bem na frente dele. - Tyson! - Eu o empurrei com toda a minha forca, derrubando-o de lado bem no momento em que a Hidra investia e a arvore desmoronava em cima de duas de suas cabecas. A Hidra cambaleou para tras, puxando violentamente as duas cabecas e soltando-as, e depois urrando indignada para a arvore caida. Todas as sete cabecas lancaram acido, e o olmo se derreteu em uma poca fumegante de imundicie. - Mexa-se! - disse a Tyson. Corri para um lado e destampei Contracorrente, esperando chamar a atencao do monstro. Funcionou. A visao do bronze celestial e odiosa para a maioria dos monstros. Assim que minha lamina reluzente apareceu, a Hidra moveu todas as cabecas como chicotes na direcao dela, sibilando e mostrando os dentes. A boa noticia: Tyson por enquanto estava fora de perigo. A ma noticia: eu estava prestes a ser derretido em uma poca de liquido pegajoso. Uma das cabecas tentou me abocanhar. Sem pensar, ergui a espada. - Nao! - gritou Annabeth. Tarde demais. Cortei a cabeca da Hidra. Aquilo rolou para longe, no meio do capim, deixando um coto descontrolado se agitando no ar, o qual logo parou de sangrar e comecou a inflai como um balao. Em questao de segundos o pescoco ferido se dividiu em dois, e em cada um brotou uma cabeca completa. Agora eu estava olhando para uma Hidra de oito cabecas. - Percy! - repreendeu Annabeth. - Voce acaba de abrir mais uma loja Donuts Monstro em algum lugar! Desviei-me de um jato de acido. - Estou prestes a morrer, e voce esta preocupada com isso? Como a matamos? - Fogo! - disse Annabeth. - Precisamos de fogo! Assim que ela disse isso lembrei a historia. As cabecas da Hidra so parariam de se multiplicar se queimassemos os cotos antes que crescessem de novo. Bem, foi o que Heracles fez. Mas nao tinhamos fogo. Recuei em direcao ao rio. A Hidra me seguiu. Annabeth ficou a minha esquerda e tentou distrair uma das cabecas, duelando com seus dentes com a faca, mas outra cabeca se moveu para um lado e, como um porrete, derrubou-a na gosma.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Nao pode bater nos meus amigos! -Tyson investiu, interpondo-se entre a Hidra e Annabeth. Quando Annabeth se pos de pe, Tyson comecou a socar as cabecas do monstro tao depressa que me lembrou um jogo de fliperama. Mas nem mesmo Tyson poderia combater a Hidra para sempre. Continuamos recuando centimetro a centimetro, desviando-nos dos jatos de acido e nos esquivando das cabecas que tentavam nos morder sem decepa-las, mas eu sabia que estavamos apenas adiando nossa morte. No final, acabariamos cometendo um erro, e a coisa nos mataria. Entao ouvi um som estranho - um chug-chug-chug que de inicio achei que fosse meu coracao. Era tao potente que sacudiu a margem do rio. - Que barulho e esse? - gritou Annabeth, sem tirar os olhos da Hidra. - Maquina a vapor - disse Tyson. - O que? - Eu me esquivei enquanto a Hidra cuspia acido por cima da minha cabeca. Entao, do rio atras de nos, uma voz feminina familiar gritou: - Ali! Preparem o canhao de dez quilos! Nao ousei desviar os olhos da Hidra, mas se quem estava atras de nos era quem eu pensava, calculei que agora tinhamos inimigos em duas frentes. Uma voz masculina aspera disse: - Eles estao muito perto, miladyl - Danem-se os herois! - disse a garota. - Em frente a todo o vapor! - Sim, milady. - Dispare a vontade, capitao! Annabeth entendeu o que estava acontecendo uma fracao de segundo antes de mim. Ela gritou: - Para o chao! E nos mergulhamos quando um BUUUM ensurdecedor ecoou, vindo do rio. Houve um clarao, uma coluna de fumaca, e a Hidra explodiu bem na nossa frente, fazendo chover um muco verde repugnante que se vaporizou assim que nos atingiu, como costuma acontecer com as tripas dos monstros. - Que nojo! - gritou Annabeth. - Navio a vapor! - berrou Tyson. Levantei, tossindo por causa da nuvem de fumaca de polvora que rolava das margens do rio. Avancando ruidosamente pelo rio em nossa direcao estava o navio mais estranho que ja vira. Navegava baixo como um submarino, o conves revestido de ferro. No meio havia uma casamata na forma de trapezio, com aberturas laterais para canhoes. Uma bandeira oscilava no topo - um javali selvagem e uma lanca em um campo vermelho-sangue. Enfileirados no conves havia zumbis de uniformes cinzentos - soldados mortos com feicoes tremeluzentes que escondiam o cranio apenas em parte, como os ghouls que eu tinha visto no Mundo Inferior, guardando o palacio de Hades. O navio era um encouracado. Um cruzador da Guerra Civil. Mal pude distinguir o nome na proa em letras cobertas de musgo: Navio Confederado Birmingham.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 E plantada junto ao canhao fumegante que quase nos matara, usando uma armadura de batalha grega completa, estava Clarisse. - Perdedores - zombou ela. - Mas acho que preciso salva-los. Subam a bordo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 ONZE - Clarisse detona tudo - Voces estao muito encrencados - disse Clarisse. Tinhamos acabado de fazer uma excursao que nao queriamos pelo navio, por acomodacoes escuras lotadas de marinheiros mortos. Vimos o deposito de carvao, as caldeiras e o motor, que bufava e gemia como se fosse explodir a qualquer minuto. Vimos a casa do leme, o paiol de polvora e o conves de artilharia (o favorito de Clarisse), com dois canhoes Dahlgren de cano liso a bombordo e a estibordo e um canhao Brooke estriado de nove polegadas na proa e na popa - todos especialmente adaptados para disparar lulas de bronze celestial. Em todos os lugares aonde iamos, marinheiros confederados mortos nos olhavam fixamente, as caras barbadas fantasmagoricas tremeluzindo nos cranios. Eles aprovaram Annabeth, porque ela lhes disse que era da Virginia. Tambem estavam interessados em mim, porque meu nome era Jackson - como o do general sulista -, mas entao estraguei tudo dizendo que era de Nova York. Todos vaiaram e resmungaram pragas contra os ianques. Tyson ficou aterrorizado com eles. Durante toda a excursao insistiu para que Annabeth segurasse sua mao, o que nao a deixou muito feliz. Finalmente, fomos escoltados para o jantar. O alojamento do capitao do Birmingham era mais ou menos do tamanho de um closet, mas ainda assim muito maior do que qualquer outro recinto bordo. A mesa estava posta com linho branco e porcelana. Manteiga de amendoim, sanduiches de geleia, batatas fritas e refrigerantes foram servidos por tripulantes esqueleticos. Eu nao queria comer nada que fosse servido por fantasmas, mas minha fome foi maior que o medo. - Tantalo expulsou voces por toda a eternidade - disse Clarisse, com ar de superioridade. - O senhor D disse que se mostrarem a cara de novo no acampamento vai transforma-los em esquilos e passar por cima com sua caminhonete. - Foram eles que deram este navio a voce? - perguntei. - Claro que nao. Foi meu pai. - Ares? Clarisse sorriu, sarcastica. - Acha que seu pai e o unico que tem poderes no mar? Os espiritos do lado perdedor em todas as guerras devem tributo a Ares. E sua maldicao por terem sido derrotados. Pedi a meu pai um transporte naval, e aqui esta ele. Esses caras vao fazer tudo que eu mandar. Nao e, capitao? O capitao estava em pe atras dela, rigido e zangado. Seus olhos verdes e brilhantes me fixaram com um olhar faminto. - Se isso significa dar fim a essa guerra infernal, madame, finalmente a paz, vamos fazer qualquer coisa. Destruir qualquer um. Clarisse sorriu. - Destruir qualquer um. Eu gosto disso. Tyson engoliu em seco. - Clarisse - disse Annabeth. - Luke tambem pode estar atras do Velocino. Nos o vimos. Ele tem as coordenadas e esta indo em direcao ao sul. Tem um navio de cruzeiro cheio de monstros...
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Bom! Vou explodi-lo para fora da agua. - Voce nao esta entendendo - disse Annabeth. - Precisamos unir nossas forcas. Deixe-nos ajuda-la... - Nao! - Clarisse deu um murro na mesa. - Esta e a minha missao, garota esperta! Finalmente chegou minha vez de ser a heroina, e voces dois nao vao roubar minha chance. - Onde estao seus colegas de chale? - perguntei. - Voce teve permissao de trazer dois amigos, nao teve? - Eles nao... Eu os deixei para tras. Para proteger o acampamento. - Voce quer dizer que nem mesmo as pessoas do seu proprio chale quiseram ajuda-la? - Cale a boca, Percy! Eu nao preciso deles! Nem de voce! - Clarisse - falei. - Tantalo esta usando voce. Ele nao importa com o acampamento. Adoraria ve-lo destruido. Esta armando para voce fracassar. - Nao! Nao me importa o que o Oraculo... - ela se interrompeu. - O que? - disse eu. - O que o Oraculo lhe contou? - Nada. - As orelhas de Clarisse ficaram rosadas. . Tudo o que voces precisam saber e que vou terminar essa missao e voces nao vao ajudar. Por outro lado, nao posso deixa-los ir... - Entao somos prisioneiros? - perguntou Annabeth. - Hospedes. Por enquanto. - Clarisse apoiou os pes na toalha branca de linho e abriu outro refrigerante. - Capitao, leve-os para baixo. Ceda redes para eles no conves-dormitorio. Se eles nao se comportarem bem, mostre-lhes como lidamos com espioes inimigos. O sonho veio assim que adormeci. Grover estava sentado ao tear, desmanchando desesperadamente a cauda de seu vestido, quando a porta de rocha rolou para o lado e o ciclope berrou: - Aha! Grover ganiu. - Querido! Eu nao... voce entrou tao quieto! - Desmanchando! - rugiu Polifemo. - Entao e esse o problema! - Ah, nao! Eu... eu nao estava... - Venha! - Polifemo agarrou Grover pela cintura e carregou, em parte arrastou o satiro pelos tuneis da caverna. Grover lutou para manter os sapatos de salto alto nos cascos. Seu veu balancando na cabeca, ameacando cair. O ciclope o puxou para dentro de uma caverna do tamanho de um armazem decorada com bugigangas de carneiros. Havia uma cadeira reclinavel e um televisor cobertos de la, toscas estantes de livros cheias de objetos colecionaveis sobre carneiros - canecas de cafe com o formato de cabeca de carneiro, estatuetas de gesso de carneiros, jogos de tabuleiro de carneiros, livros ilustrados e bonecos. O chao estava atulhado de pilhas de ossos de carneiro e outro nao muito parecidos com os de carneiros - ossos de satiros que tinham ido a ilha a procura de Pan.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Polifemo pos Grover no chao apenas por tempo suficiente para mover outra rocha enorme. A luz do dia se infiltrou na caverna e Grover choramingou, saudoso. Ar fresco! O ciclope o arrastou para fora ate o topo de uma colina de onde se avistava a ilha mais bonita que eu ja vira. Tinha a forma de uma sela partida ao meio por um machado. Havia colinas verdes luxuriantes dos dois lados e um largo vale entre elas, cortado por uma ravina atravessada por uma ponte de corda. Lindos riachos corriam ate a beira do canion e caiam em cascatas nas cores do arco-iris. Papagaios voavam entre as arvores. Flores cor-de-rosa e roxas floresciam nos arbustos. Centenas de carneiros pastavam nas campinas, a la brilhando de modo estranho, como moedas de cobre e prata. E no centro da ilha, bem ao lado da ponte de corda, havia um carvalho enorme e retorcido, com alguma coisa reluzindo em seu galho mais baixo. O Velocino de Ouro. Mesmo em sonho, pude sentir seu poder se irradiando pela ilha, tornando a grama mais verde, as flores mais bonitas. Era quase possivel sentir o cheiro da magia da natureza fazendo seu trabalho. Fiquei imaginando como aquele perfume seria poderoso para um satiro. Grover choramingou. - Sim - disse Polifemo com orgulho. - Esta vendo ali adiante? O Velocino e o trofeu mais valioso da minha colecao! Roubei-o dos herois muito tempo atras, e desde entao... comida de graca! Chegam aqui satiros do mundo inteiro, como tracas atraidas pelas chamas. Satiros sao boa comida! E agora... Polifemo pegou uma tosquiadeira de bronze de aparencia ameacadora. Grover gemeu, mas Polifemo agarrou o carneiro mais proximo como se fosse um animal empalhado e cortou rente sua la. Ele entregou a massa fofa para Grover. - Ponha isso na roca! - disse ele, arrogante. - E magica. Nao pode ser desfeita. - Ah!... bem... - Pobre docinho! - sorriu Polifemo. - Tecedeira ruim. Ha-ha! Nao se preocupe. Esse fio resolvera o problema. Acabe a cauda do vestido ate amanha! - Muito... atencioso da sua parte. - Hehe. - Mas... mas, querido - Grover engoliu em seco. - E se alguem quisesse salvar... digo, atacar esta ilha? - Grover olhou diretamente para mim, e eu sabia que estava querendo minha ajuda. - O que os impediria de marchar direto para ca, para a sua caverna? - Esposinha assustada! Que gracinha! Nao se preocupe. Polifemo tem um sistema de seguranca de ultima geracao. Eles terao de passar pelos meus bichinhos de estimacao. - Bichinhos de estimacao? Grover correu os olhos pela ilha, mas nao havia nada para ver, exceto carneiros pastando em paz nas campinas.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - E depois - rosnou Polifemo -, terao de passar por mim! Deu um murro na rocha mais proxima, que rachou e se partiu ao meio. - Agora venha! - bradou ele. - De volta a caverna. Grover pareceu a ponto de chorar - tao perto da liberdade, mas tao irremediavelmente longe. Lagrimas brotaram de seus olhos enquanto a porta de rocha se fechava rolando, aprisionando-o de novo na fedorenta caverna iluminada por tochas do ciclope. ***** Acordei com sirenes soando pelo navio. A voz aspera do capitao: - Todos para o conves superior! Encontrem lady Clarisse! Onde esta aquela garota? Entao sua cara fantasmagorica apareceu acima de mim. - Levante-se, ianque. Seus amigos ja estao la em cima. Estamos nos aproximando da entrada. - A entrada do que? Ele me deu um sorriso esqueletico. - Do Mar de Monstros, e claro. Enfiei meus poucos pertences que haviam sobrevivido a Hidra em um saco de marinheiro de lona e o pendurei no ombro. Tinha a leve suspeita de que, de um jeito ou de outro, nao passaria outra noite a bordo do Birmingham. Eu estava subindo quando alguma coisa me fez congelar. Uma presenca proxima - algo familiar e desagradavel. Sem nenhuma razao especial, tive vontade de arrumar uma briga. Queria esmurrar um confederado morto. A ultima vez que tinha sentido esse tipo de raiva... Em vez de subir, eu me arrastei ate a beira da grade de ventilacao e espiei la embaixo, no conves das caldeiras. Clarisse estava logo abaixo de mim, falando com uma imagem que tremeluzia no vapor das caldeiras - um homem musculoso, com roupas de motociclista de couro preto, corte de cabelo militar, oculos escuros de lentes vermelhas e uma faca presa do lado por uma correia. Meus punhos se fecharam. Era meu olimpiano menos favorito: Ares, o deus da guerra. - Nao quero saber de desculpas, garotinha! - rosnou ele. - S... sim, pai - murmurou Clarisse. - Voce nao quer me ver zangado, quer? - Nao, pai. - Nao, pai - Ares imitou-a. - Voce e patetica. Eu devia ter deixado um dos meus filhos assumir essa missao. - Eu vou conseguir! - prometeu Clarisse, com a voz tremula. - Vou deixa-lo orgulhoso.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - E melhor mesmo - advertiu ele. - Voce me pediu essa missao, garota. Se deixar aquele desprezivel do Jackson rouba-la de voce... - Mas o Oraculo disse... - NAO ME IMPORTA O QUE O ORACULO DISSE. - urrou Ares, com tamanha forca que sua imagem tremeu. - Voce vai conseguir. Se nao... Ele ergueu o punho. Muito embora fosse apenas uma figura no vapor, Clarisse se encolheu. - Estamos entendidos? - rosnou Ares. As sirenes tocaram de novo. Ouvi vozes vindo em minha direcao, oficiais gritando ordens para preparar os canhoes. Eu me afastei da grade de ventilacao engatinhando e fui encontrar Annabeth e Tyson no conves superior. ***** - Qual e o problema? - perguntou-me Annabeth. - Outro sonho? Fiz que sim, mas nao falei nada. Nao sabia o que pensar a respeito do que vira la embaixo. Aquilo me incomodara quase tanto quanto o sonho com Grover. Clarisse subiu as escadas logo atras de mim. Tentei nao olhar para ela. Ela agarrou o par de binoculos de um oficial zumbi e olhou na direcao do horizonte. - Ate que enfim. Capitao, adiante, a todo o vapor! Olhei na mesma direcao que ela, mas nao consegui ver muita coisa. O ceu estava encoberto. O ar era nevoento e umido, como vapor de um ferro de passar. Se eu apertasse os olhos com muita forca, podia apenas distinguir um par de manchas escuras indistintas a distancia. Meu senso de orientacao nautico dizia que estavamos em algum lugar na costa norte da Florida; portanto, tinhamos avancado uma longa distancia durante a noite, mais longe do que qualquer navio mortal seria capaz de navegar. O motor gemeu quando aumentamos a velocidade. Tyson murmurou, nervoso: - Pressao demais nos pistoes. O motor nao foi feito para aguas profundas. Nao tinha a menor ideia de como ele sabia disso, mas aquilo me deixou nervoso. Depois de mais alguns minutos, as manchas escuras a nossa frente entraram em foco. Ao norte, uma enorme massa de rocha se erguia do mar - uma ilha com falesias de pelo menos trinta metros de altura. Cerca de um quilometro ao sul, a outra mancha de escuridao era uma tempestade que se formava. O ceu e o mar ferviam juntos em uma massa trovejante. - Furacao? - perguntou Annabeth. - Nao - disse Clarisse. - Caribdis. Annabeth empalideceu.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Voce esta louca? - E a unica entrada para o Mar de Monstros. Bem entre Caribdis e sua irma Squila. Clarisse apontou para o topo das falesias e minha impressao foi a de que la em cima vivia algo que eu nao tinha vontade de conhecer. - O que voce quer dizer com unica entrada? - perguntei. - O mar e tao largo! E so contorna-las. Clarisse revirou os olhos. - Voce nao sabe nada? Se eu tentar contornar elas vao simplesmente aparecer no meu caminho de novo. Se quer entrar no Mar de Monstros precisa navegar por entre as duas. - E as Simplegadas, as Rochas Colidentes? - disse Anna-beth. - Sao outro portal. Jasao o usou. - Eu nao consigo explodir rochas com os meus canhoes - disse Clarisse. - Mas monstros, por outro lado... - Voce e louca - concluiu Annabeth. - Observe e aprenda, Garota Esperta. - Clarisse voltou-se para o capitao. - Em curso para Caribdis! - Sim, milady. O motor gemeu, as chapas de ferro chacoalharam e o navio comecou a ganhar velocidade. - Clarisse - falei -, Caribdis suga o mar. Nao e essa a historia? - E o cospe de volta depois, sim. - E Squila? - Ela vive em uma caverna, no alto daquelas falesias. Se chegarmos perto demais, suas cabecas de serpente vao descer e comecar a arrancar marinheiros do navio. - Entao escolha Squila - disse. - Todo mundo vai para o conves de baixo e passamos direto. - Nao! - insistiu Clarisse. - Se Squila nao conseguir sua comida facilmente, podera pegar o navio inteiro. Alem disso, fica muito no alto para conseguirmos uma boa mira. Meus canhoes nao conseguem atirar para cima. Caribdis fica sentada la, no centro do seu redemoinho. Vamos avancar diretamente para ela, mirar nossos canhoes e manda-la para o Tartaro! Ela disse isso com tanto gosto que quase tive vontade de acreditar. O motor zumbia. As caldeiras estavam esquentando tanto que eu podia sentir o conves se aquecendo embaixo de meus pes, As chamines vomitavam rolos de fumaca. A bandeira vermelha de Ares tremulava ao vento. A medida que nos aproximavamos dos monstros, o som de Caribdis era cada vez mais alto - um horrivel rugido molhado, como a descarga do maior vaso sanitario da galaxia. A cada vez que Caribdis inspirava, o navio estremecia e era arremessado para a frente. A cada vez que ela expirava, subiamos na agua e eramos castigados por ondas de tres metros. Tentei cronometrar o redemoinho. Ate onde pude perceber, Caribdis levava cerca de tres minutos para sugar e destruir tudo num raio de um quilometro. Para evita-la, teriamos de passar bem perto das falesias de Squila. E, por pior que Squila pudesse ser, aquelas falesias nao estavam me parecendo nada boas.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Os marinheiros mortos vivos realizavam com calma suas tarefas no conves superior. Imagino que ja tivessem lutado por uma causa perdida antes, portanto aquilo nao os incomodava. Ou talvez nao se preocupassem com a possibilidade de ser destruidos, porque ja eram defuntos. Nenhum dos dois pensamentos fez com que me sentisse melhor. Annabeth estava ao meu lado, agarrando-se a amurada. - Voce ainda tem sua garrafa termica cheia de vento? Fiz que sim. - Mas e perigoso demais usa-la no meio de um redemoinho como aquele. Liberar mais vento so vai tornar as coisas ainda piores. - E que tal controlar a agua? - perguntou ela. - Voce e filho de Poseidon. Ja fez isso antes. Annabeth estava certa. Fechei os olhos e tentei acalmar o oceano, mas nao conseguia me concentrar. O ruido de Caribdis era alto e forte demais. As ondas nao me respondiam. - Eu... eu nao consigo - falei com tristeza. - Precisamos de um plano B - disse Annabeth. - Isso nao vai dar certo. - Annabeth esta certa - disse Tyson. - O motor nao esta bom. - O que voce quer dizer? - perguntou ela. - Pressao. Os pistoes precisam de conserto. Antes que ele pudesse explicar, o vaso sanitario cosmico deu descarga com um possante chuaaaaa! O navio se lancou para a frente, e eu fui arremessado no conves. Estavamos no redemoinho. - Retaguarda total! - gritou Clarisse mais alto que o barulho. O mar se agitava a nossa volta, as ondas arrebentavam no conves. As chapas de ferro agora estavam tao quentes que fumegavam. - Levem-nos a linha de tiro! Preparem os canhoes de estibordo! Os confederados mortos corriam de um lado para o outro. O motor entrou em reverso ruidosamente, tentando reduzir a marcha do navio, mas continuamos a deslizar em direcao ao centro do vortice. Um marinheiro-zumbi de repente saiu do porao e correu ate Clarisse. Seu uniforme cinzento fumegava. A barba estava em chamas. - A sala da caldeira esta superaquecendo, madame! Vai explodir! - Bem, desca ate la e conserte! - Impossivel! - gritou o marinheiro. - Estamos nos vaporizando com o calor. Clarisse deu um murro na lateral da casamata. - So preciso de mais alguns minutos! So o bastante para chegar a linha de tiro! - Estamos indo depressa demais - disse o capitao em tom sinistro. - Preparem-se para morrer.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Nao! - Tyson urrou. - Eu posso consertar. Clarisse olhou para ele, incredula. - Voce? - Ele e um ciclope - disse Annabeth. - E imune ao fogo. E entende de mecanica. - Va! - berrou Clarisse. - Tyson, nao! - agarrei o braco dele. - E perigoso demais! Ele deu uma palmadinha na minha mao. - E o unico jeito, irmao. - Sua expressao era determinada... confiante, ate. Eu nunca o vira daquele jeito. - Vou consertar. Volto ja. Enquanto o olhava seguindo o marinheiro incandescente pela escotilha, tive uma sensacao terrivel. Quis correr atras dele, mas o navio de novo foi lancado para a frente - e, entao, vi Caribdis. Ela surgiu algumas centenas de metros adiante, em meio a um turbilhao de nevoa, fumaca e agua. A primeira coisa que notei foi o recife - um rochedo negro de coral com uma figueira agarrada ao topo, algo estranhamente tranquilo no meio da confusao. Por roda a volta, a agua girava como num funil, como luz ao redor de um buraco negro. Entao vi a coisa horrivel ancorada no recife logo abaixo do nivel da agua - uma enorme boca com labios vistosos e dentes cobertos de musgo do tamanho de botes a remo. li, pior, os dentes tinham um aparelho, tiras de metal corroido e infecto com pedacos de peixes, madeira podre e lixo flutuante presos entre eles. Caribdis era o pesadelo de um ortodontista. Nada mais que uma enorme boca negra, com dentes estragados e mal alinhados, os caninos e os incisivos exageradamente projetados sobre os dentes de baixo, e que havia seculos nao fazia nada a nao ser comer sem escovar os dentes depois das refeicoes. Enquanto eu olhava, todo o mar a sua volta foi sugado para o vazio - tubaroes, cardumes de peixes, uma lula gigante. E percebi que em poucos segundos o Birmingham seria o proximo. - Lady Clarisse! - bradou o capitao. - Canhoes de estibordo e de proa ao alcance! - Fogo! - ordenou Clarisse. Tres projeteis foram disparados para dentro da boca do monstro. Um arrancou um pedaco de um incisivo. Outro desapareceu em sua garganta. O terceiro atingiu o metal do aparelho e ricocheteou de volta, arrancando do mastro a bandeira de Ares. - De novo! - ordenou ela. Os artilheiros recarregaram os canhoes, mas eu sabia que seria inutil. Teriamos de golpear o monstro cem vezes mais para causai algum dano real, e nao tinhamos todo esse tempo. Estavamos sendo sugados depressa demais. Entao as vibracoes no conves mudaram. O zumbido do motor ficou mais forte e mais firme. O navio estremeceu e comecamos a nos afastar da boca. - Tyson conseguiu! - disse Annabeth. - Espere! - disse Clarisse. - Precisamos ficar perto! - Vamos morrer! - falei. - Temos de nos afastar. Agarrei-me a amurada enquanto o navio lutava para nao ser sugado. A bandeira arrancada de Ares passou voando por nos e se alojou no aparelho de Caribdis. Nao estavamos fazendo muito progresso, mas ao
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 menos mantinhamos a posicao. De algum modo, Tyson nos dera forca suficiente apenas para impedir que o navio fosse tragado. De repente, a boca se fechou. O mar ficou absolutamente calmo. A agua encobriu Caribdis. Entao, com a mesma rapidez com que se fechara, a boca se abriu numa explosao, cuspindo uma muralha de agua, ejetando tudo o que nao era comestivel, inclusive nossas balas de canhao, uma das quais atingiu o costado do Birmingham com um plim!, como o da sineta de um brinquedo de parque de diversoes. Fomos lancados para tras em uma onda que devia medir uns doze metros. Usei todo o meu poder para impedir que o navio emborcasse, mas ainda estavamos rodopiando fora de controle, movendo-nos a toda na direcao das falesias no lado oposto do estreito. Outro marinheiro incandescente saiu de repente do porao e foi de encontro a Clarisse, quase lancando ambos ao mar. - O motor esta a ponto de explodir! - Onde esta Tyson? - perguntei. - Ainda la embaixo - disse o marinheiro. - Segurando as pontas, nao sei como, mas acho que nao por muito mais tempo. O capitao disse: - Temos de abandonar o navio. - Nao! - berrou Clarisse. - Nao temos escolha, milady. O casco ja esta rachando. Ela nao pode... Nao chegou a terminar a frase. Rapida como um raio, alguma coisa marrom e verde desceu do ceu, agarrou o capitao e o levou embora. Tudo o que restou foram suas botas de couro. - Squila! - gritou um marinheiro, enquanto outra coluna de carne reptiliana se lancava da falesia e o arrastava para cima. Aconteceu tao depressa que era como ver um raio laser, e nao um monstro. Nao pude nem distinguir a cara da coisa, so um relance de dentes e escamas. Destampei Contracorrente e tentei golpear o monstro quando ele levou mais um tripulante, mas fui lento demais. - Todo o mundo para baixo! - berrei. - Nao podemos! - Clarisse sacou sua espada. - O conves inferior esta em chamas. - Botes salva-vidas! - disse Annabeth. - Depressa! - Eles nunca passarao pelas falesias - disse Clarisse. - Vamos ser todos comidos. - Temos de tentar. Percy, a garrafa termica. - Nao posso abandonar Tyson! - Temos de preparar os botes!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Clarisse aceitou a ordem de Annabeth. Ela e alguns dos seus marinheiros mortos vivos removeram a cobertura de um dos dois botes de emergencia enquanto as cabecas de Squila despencavam do ceu como uma chuva de meteoros com dentes, catando um marinheiro confederado apos outro. - Pegue o outro barco. - Joguei a garrafa para Annabeth. - Vou buscar Tyson. - Voce nao pode! - disse ela. - O calor vai mata-lo! Nao dei ouvidos. Corri para a escotilha da sala das caldeiras, mas de repente meus pes nao estavam mais tocando o conves, Eu estava voando para cima, o vento assobiando em meus ouvidos, a parede da falesia a apenas alguns centimetros do rosto. De algum modo Squila me pegara pelo saco de viagem, e me icava para sua cova. Sem pensar, dei um golpe para tras com a espada e consegui acertar a coisa em seu olho amarelo e redondo. Ela grunhiu e me soltou. A queda ja teria sido bastante ruim, considerando que eu i tava a trinta metros de altura, mas, enquanto eu caia, o Birmingham explodiu la embaixo. CA-BUUUUUM! A casa de maquinas foi pelos ares, lancando pedacos de couraca de ferro em todas as direcoes, como asas flamejantes. - Tyson! - gritei. Os botes tinham conseguido escapar do navio, mas nao para muito longe. Choviam destrocos em chamas. Clarisse e Annabeth seriam esmagadas, queimadas ou arrastadas para o fundo pelo movimento do casco que afundava, e isso sendo otimista - presumindo que escapassem de Squila. Entao ouvi um tipo diferente de explosao - o som da garrafa magica de Hermes sendo aberta um pouco demais. Um vendaval branco soprou em todas as direcoes, espalhando os botes, erguendo-me da queda livre e me atirando pelo oceano. Nao consegui ver mais nada. Girei no ar, fui atingido na cabeca por alguma coisa dura e cai na agua com um impacto que teria quebrado todos os ossos do meu corpo se eu nao fosse filho do deus do mar. A ultima coisa de que me lembro foi ter afundado em um mar em chamas, sabendo que Tyson se fora para sempre e desejando ser capaz de me afogar.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 DOZE - Nossa estada no spa e resort da C.C. Acordei em um bote a remo com uma vela improvisada, costurada com tecido de uniformes cinzentos. Annabeth estava sentada ao meu lado, ajustando a posicao da vela ao vento. Tentei me sentar e imediatamente senti tontura. - Descanse - disse ela. - Voce vai precisar. - Tyson...? Ela sacudiu a cabeca. - Percy, sinto muito, mesmo. Ficamos em silencio enquanto as ondas nos jogavam para cima e para baixo. - Ele pode ter sobrevivido - disse ela, num tom desanimado. - Quer dizer, o fogo nao pode mata-lo. Assenti, mas nao havia motivo para ter esperancas. Tinha visto aquela explosao rasgar o ferro solido. Se Tyson estava embaixo, na casa de maquinas, nao era possivel que tivesse escapado vivo. Ele dera a vida por nos, e tudo em que eu conseguia pensar era nas vezes em que me senti envergonhado por causa dele, em que tinha negado que eramos irmaos. As ondas batiam suavemente no barco. Annabeth me mostrou algumas coisas que salvara dos destrocos - a garrafa de Hermes (entao vazia), um saquinho com ziper cheio de ambrosia, duas camisas de marinheiro e uma garrafa de refrigerante. Ela me tirara da agua e achara meu saco de viagem, mordido no meio pelos dentes de Squila. A maior parte das minhas coisas havia sido levada pela agua, mas eu ainda tinha o frasco de multivitaminas de Hermes e, e claro, tinha Contracorrente. A caneta esferografica sempre aparecia de volta em meu bolso, nao importava onde eu a perdesse. Navegamos por horas. Agora que estavamos no Mar de Monstros, a agua reluzia em um verde mais brilhante, como o acido da Hidra. O vento tinha um cheiro fresco e salgado, mas trazia tambem um odor metalico - como se uma tempestade se aproximasse. Ou algo ainda mais perigoso. Eu sabia em que direcao deviamos seguir. Sabia que estavamos a exatamente cento e trinta milhas nauticas a oes-noroeste do nosso destino. Mas isso nao fazia com que me sentisse menos perdido. Nao importava para que lado nos virassemos, o sol parecia incidir bem nos meus olhos. Nos nos revezamos dando goles no refrigerante, tentando, do jeito que dava, ficar a sombra da vela. E conversamos sobre meu ultimo sonho com Grover. Pela estimativa de Annabeth, tinhamos menos de vinte e quatro horas para encontrar Grover, supondo que meu sonho estivesse correto, e supondo tambem que o ciclope Polifemo nao tivesse mudado de ideia e tentado se casar com Grover mais cedo. - E - disse com amargura. - Nao se pode confiar em um ciclope. Annabeth olhou fixamente para a agua. - Desculpe-me, Percy. Eu estava errada sobre Tyson, o.k.? Queria poder dizer isso a ele. Tentei continuar zangado com ela, mas nao era facil. Passamos por muita coisa juntos. Ela salvara minha vida uma porcao de vezes. Era tolice da minha parte ficar ressentido com ela. Baixei os olhos para os nossos magros pertences - a garrafa de vento vazia, o frasco de multivitaminas. Pensei na cara de raiva de Luke quando tentei falar com ele sobre seu pai.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Annabeth, qual e a profecia de Quiron? Ela apertou os labios. - Percy, eu nao devia... - Sei que Quiron prometeu aos deuses que nao iria me contar. Mas voce nao prometeu, nao e? - Saber de uma coisa nem sempre e bom para a gente. - Sua mae e a deusa da sabedoria! - Eu sei! Mas cada vez que os herois ficam sabendo o futuro tentam muda-lo, e isso nunca da certo. - Os deuses estao preocupados com alguma coisa que vou fazer quando ficar mais velho - sugeri. - Algo quando eu fizer dezesseis anos. Annabeth torceu seu bone dos Yankees nas maos. - Percy, eu nao sei da profecia completa, mas ela avisa sobre um filho meio-sangue dos Tres Grandes... o proximo a viver ate os dezesseis anos. E a verdadeira razao de Zeus, Poseidon e Hades terem feito o juramento, depois da Segunda Guerra Mundial, de nao ter mais filhos. O proximo filho dos Tres Grandes que chegar aos dezesseis anos sera uma arma perigosa. - Por que? - Porque esse heroi ira decidir o destino do Olimpo. Ele ou ela, vai tomar uma decisao que podera salvar a Era dos Deuses, ou destrui-la. Deixei aquilo amadurecer na minha cabeca. Nao costumo ficar mareado, mas de repente senti enjoo. - Foi por isso que Cronos nao me matou no ultimo verao. Ela fez que sim. - Voce poderia ser muito util para ele. Se conseguir voce como aliado, os deuses terao serios problemas. - Mas se sou eu na profecia... - So vamos saber se voce sobreviver mais tres anos. O que pode ser bastante tempo para um meio-sangue. Quando Quiron soube de Thalia, imaginou que a profecia se referisse a ela. E por isso que estava tao desesperado para leva-la ao acampamento em seguranca. Entao ela morreu lutando e foi transformada em pinheiro, e nenhum de nos sabia o que pensar. Ate voce aparecer. A bombordo do nosso barco uma nadadeira dorsal pontiaguda com cerca de cinco metros de comprimento surgiu na agua e desapareceu. - Essa crianca na profecia... ele, ou ela, nao poderia ser, tipo, um ciclope? - perguntei. - Os Tres Grandes tem uma porcao de filhos monstros. Annabeth sacudiu a cabeca. - O Oraculo disse "meio-sangue". Isso sempre significa meio-humano, meio-deus. Na verdade nao existe ninguem vivo que se encaixe na definicao a nao ser voce. - Entao, por que os deuses me deixam viver? Seria mais seguro que me matassem.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Voce tem razao. - Muito obrigado. - Percy, eu nao sei. Acho que alguns dos deuses gostariam de mata-lo, mas eles provavelmente tem medo de ofender Poseidon. Outros deuses... talvez o estejam observando, tentando perceber que tipo de heroi voce vai ser. Voce poderia ser uma arma para a sobrevivencia deles, afinal. A verdadeira questao e... o que voce vai fazer em tres anos? Que decisao vai tomar? - A profecia deu alguma dica? Annabeth hesitou. Talvez ela fosse me contar mais, mas bem nesse momento uma gaivota mergulhou saindo do nada e pousou no nosso mastro improvisado. Annabeth pareceu perplexa quando a ave deixou cair uma pequena porcao de folhas no colo dela. - Terra - disse ela. - Ha terra por perto! Sentei. E havia mesmo uma linha azul e marrom a distancia. Mais um minuto e pude distinguir uma ilha com uma pequena montanha no centro, um ajuntamento de predios de um branco deslumbrante, uma praia pontilhada de palmeiras e um porto cheio de um estranho agrupamento de barcos. A corrente estava puxando nosso bote na direcao daquilo que parecia ser um paraiso tropical. **** - Bem-vindos! - disse a moca com a prancheta. Ela parecia uma comissaria de bordo - tailleur azul, maquiagem perfeita, cabelo puxado para tras em um rabo-de-cavalo. Apertou nossas maos quando desembarcamos no cais. Pelo sorriso deslumbrante que ela nos deu, dava para pensar que acabavamos de descer do Princesa Andromeda, e nao de um bote a remo desconjuntado. Mas, por outro lado, nosso bote nao era a embarcacao mais esquisita no porto. Juntamente com um grupo de agradaveis iates, havia um submarino da Marinha dos Estados Unidos, diversas noas escavadas em troncos e um antiquado veleiro de tres mastros. Havia um heliporto com um helicoptero da base aerea de Fort Lauderdale pousado e uma curta pista de pouso e decolagem com um Learjet e um aviao a helice que parecia um caca da Segunda Guerra Mundial. Talvez fossem replicas para os turistas verem, ou coisa assim. - Primeira vez conosco? - perguntou a moca da prancheta. Annabeth e eu trocamos olhares. Annabeth disse: - Ahn... - Primeira vez no spa - disse a moca, escrevendo na sua prancheta. - Vejamos... Ela nos olhou criteriosamente de cima a baixo. - Humm. Para comecar, um emplastro de ervas para a mocinha. E, e claro, uma transformacao completa para o jovem cavalheiro. - O que? - perguntei.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Ela estava atarefada demais tomando notas para responder. - Certo! - disse ela com um sorriso jovial. - Bem, estou certa de que C. C. vai querer falar com voces pessoalmente antes do luau. Venham, por favor. O negocio era o seguinte: Annabeth e eu estavamos acostumados com armadilhas, e usualmente aquelas armadilhas pareciam coisas boas no comeco. Portanto, esperava que a qualquer minuto a prancheta da moca se transformasse em uma serpente, um demonio ou coisa assim. Mas, por outro lado, tinhamos passado a maior parte do dia flutuando em um bote a remo. Eu estava encalorado, cansado e faminto, e quando a moca mencionou um luau, meu estomago sentou nas patas traseiras e implorou como um cachorrinho. - Acho que mal nao pode fazer - murmurou Annabeth. E claro que podia, mas nos seguimos a moca assim mesmo. Mantive as maos nos bolsos onde eu guardava minhas unicas defesas magicas - as multivitaminas de Hermes e Contracorrente -, mas quanto mais adentravamos o balneario mais eu me esquecia delas. O lugar era surpreendente. Havia marmore branco e agua azul para onde quer que eu olhasse. Havia terracos na encosta da montanha, com piscinas em todos os niveis, conectadas por tobogas de agua, e cascatas, e tubos pelos quais dava para nadar. Fontes aspergiam agua no ar, tomando formas impossiveis, como aguias voando e cavalos galopando. Tyson adorava cavalos, e eu sabia que ele iria adorar aquelas fontes. Quase me virei para ver a expressao em seu rosto antes de lembrar que Tyson se fora. - Voce esta bem? - perguntou Annabeth. - Parece palido. - Estou bem - menti. - E so... Vamos seguir andando. Passamos por todo tipo de animal domesticado. Uma tartaruga marinha cochilava em uma pilha de toalhas de praia. Um leopardo dormia esticado no trampolim. Os hospedes do resort - so mulheres jovens, ate onde eu podia ver - descansavam em espreguicadeiras, bebendo coqueteis de frutas ou lendo revistas enquanto substancias pegajosas de ervas secavam em seus rostos e manicures de uniforme branco faziam suas unhas. Quando subimos uma escadaria em direcao ao que parecia ser o edificio principal, ouvi uma mulher cantando. Sua voz pairava no ar como uma cancao de ninar. A letra era em alguma lingua que nao o grego antigo, mas igualmente velha - minoico, talvez, ou algo assim. Eu conseguia entender sobre o que era - luar em olivais, as cores da aurora. E magica. Algo sobre magica. A voz parecia me erguer dos degraus e me transportar em sua direcao. Entramos em um grande salao cuja parede da frente era toda de janelas. A parede de tras estava coberta de espelhos, assim o salao parecia nao acabar nunca. Havia um conjunto de moveis brancos aparentemente caros, e sobre uma mesa em um canto havia uma grande gaiola de arame. A gaiola parecia deslocada, mas pensei muito nisso, porque justamente nesse instante vi a moca que estava cantando... e, uau! Estava sentada em frente a um tear do tamanho de uma teve de tela grande, as maos tecendo fios coloridos para cima e para baixo com espantosa habilidade. A tapecaria cintilava como se fosse tridimensional - o cenario de uma cascata tao real que eu podia ver a agua se movendo e as nuvens pairando em um ceu de tecido. Annabeth tomou folego. - E lindo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 A mulher se virou. Era ainda mais bonita que seu tecido. Os longos cabelos escuros estavam trancados com fios de ouro. Tinha olhos verdes penetrantes e usava um vestido preto sedoso com formas que pareciam mover-se no tecido: sombras de animais, preto sobre preto, como cervos correndo por uma floresta a noite. - Voce gosta de tecelagem, minha querida? - perguntou a mulher. - Ah, sim, senhora. - disse Annabeth. - Minha mae e... Ela se interrompeu. Voce nao pode simplesmente sair por ai anunciando que sua mae e Atena, a deusa que inventou o tear. A maioria das pessoas iria tranca-lo em um quarto de hospicio. Nossa anfitria apenas sorriu. - Tem bom gosto, minha querida. Estou tao contente por voce ter vindo. Meu nome e C. C. Os animais na gaiola do canto comecaram a guinchar. Pelo som, deviam ser porquinhos-da-india. Nos nos apresentamos a C. C. Ela me examinou com um que de desaprovacao, como se eu nao tivesse passado em algum tipo de teste. Eu imediatamente me senti mal. Por alguma razao, queria muito agradar aquela moca. - Ah! ceus - suspirou ela. - Voce realmente precisa da minha ajuda. - Senhora? - perguntei. C. C. chamou a moca de tailleur. - Hylla, quer levar Annabeth para dar uma volta? Mostre a ela o que temos disponivel. As roupas precisarao ser trocadas. E o cabelo, ceus! Faremos uma consultoria de imagem completa depois que eu falar com este jovem cavalheiro. - Mas... - O tom de Annabeth pareceu magoado. - O que ha de errado com meu cabelo? C. C. deu um sorriso bondoso. - Minha querida, voce e adoravel. Sem duvida! Mas nao esta mostrando a si mesma ou seus talentos nem um pouco. E muito potencial desperdicado! - Desperdicado? - Bem, voce certamente nao esta feliz do jeito que e! Ceus, nao existe uma unica pessoa que esteja. Mas nao se preocupe. Podemos melhorar qualquer um aqui no spa. Hylla vai lhe mostrar o que quero dizer. Voce, minha querida, precisa revelar seu verdadeiro eu! Os olhos de Annabeth brilharam de ansiedade. Eu nunca a tinha visto tao sem palavras. - Mas... e Percy? - Ah! sem a menor duvida - disse C. C, lancando-me um olhar triste. - Percy requer minha atencao pessoal. Ele vai dai muito mais trabalho que voce. Normalmente, se alguem me dissesse aquilo eu ficaria zangado, mas quando C. C. falou eu senti tristeza. Eu a desapontara. Tinha de descobrir como me sair melhor. Os porquinhos-da-india guincharam como se estivessem com fome.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Bem... - disse Annabeth. - Acho que... - Por aqui, querida - disse Hylla. E Annabeth permitiu que a levassem embora para o jardim com cascatas do spa. C. C. pegou meu braco e me guiou em direcao a parede de espelhos. - Como ve, Percy... para liberar seu potencial voce vai precisar de uma grande ajuda. O primeiro passo e admitir que voce nao e feliz do jeito que e. Fiquei inquieto na frente do espelho. Odiava pensar na minha aparencia - como a primeira espinha que surgira no meu nariz no comeco do ano letivo, ou o fato de que meus dois dentes da frente nao eram perfeitamente iguais, ou que meu cabelo nunca assentava direito. A voz de C. C. me trouxe a lembranca todas essas coisas, como se ela estivesse me observando por um microscopio. E minhas roupas nao eram legais, eu sabia disso. Quem se importa? Pensou uma parte de mim. Mas, de pe diante do espelho de C. C, era dificil ver algo de bom em mim mesmo. - Vamos, vamos... - consolou-me C. C. - Que tal se tentarmos... isso. Ela estalou os dedos e uma cortina azul-ceu desceu diante do espelho. Ela cintilava como o tecido em seu tear. - O que voce ve? - perguntou C. C. Olhei para o pano azul, sem saber muito bem o que ela queria dizer. - Eu nao... Entao ele mudou de cor. Eu vi a mim mesmo - um reflexo, nus nao um reflexo. Ali cintilando no pano estava uma versao melhorada de Percy Jackson - com as roupas certas, um sorriso confiante no rosto. Meus dentes estavam alinhados. Nenhuma espinha. Um bronzeado perfeito. Mais atletico. Talvez alguns centimetros mais alto. Era eu, sem os defeitos. - Uau - consegui dizer. - Voce quer assim? - perguntou C. C. - Ou devo tentar um diferente... - Nao - falei. - Isso e... isso e incrivel. Voce pode realmente... - Posso lhe proporcionar uma transformacao completa - prometeu C. C. - Qual e o truque? Eu preciso, tipo... entrar numa dieta especial? - Ah! e muito facil - disse C. C. - Muitas frutas frescas, um leve programa de exercicios e e claro... isso. Ela foi ate seu bar e encheu um copo com agua. Depois rasgou um envelope de mistura para refresco e despejou um pouco de po vermelho. A mistura comecou a brilhar. Depois que o brilho se extinguiu, a bebida parecia exatamente um milk-shake de morango. - Um desses no lugar de uma refeicao normal - disse C. C. - Garanto que vai ver os efeitos imediatamente. - Como e possivel?
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Ela riu. - Por que questionar? Quer dizer, voce nao quer o seu perfeito agora mesmo? Alguma coisa la no fundo me incomodava. - Por que nao ha nenhum homem neste spa? - Ah! mas ha, sim - assegurou-me C. C. - Logo voce encontrara. Apenas experimente a mistura. Voce vai ver. Olhei para a tapecaria azul, para o reflexo que era eu mas nao era eu. - Agora, Percy - repreendeu C. C. - A parte mais dificil do processo de transformacao e abrir mao do controle. Voce tem de decidir: quer confiar no seu julgamento sobre o que voce deve ser ou no meu julgamento? Senti a garganta seca. Eu me ouvi dizendo: - No seu julgamento. C. C. sorriu e me entregou o copo. Levei-o aos labios Tinha o sabor que aparentava - milk-shake de morango. Quase imediatamente uma sensacao calorosa se espalhou pelas minhas entranhas: agradavel de inicio, depois dolorosamente quente, escaldante, como se a mistura estivesse fervendo dentro de mim. Eu me curvei e deixei o copo cair. - O que voce... o que esta acontecendo? - Nao se preocupe, Percy - disse C. C. - A dor vai passar. Olhe! Como eu prometi. Resultados imediatos. Alguma coisa estava terrivelmente errada. A cortina caiu, e no espelho eu vi minhas maos murchando, se encurvando, enquanto cresciam garras compridas e delicadas. Pelos brotaram em meu rosto, embaixo da camisa, em todos os lugares mais constrangedores que voce possa imaginar. Os dentes pareciam muito pesados na minha boca. Minhas roupas estavam ficando grandes demais, ou C. C. estava ficando alta demais - nao, eu estava encolhendo. Num flash medonho, afundei em uma caverna escura de pano. Estava enterrado em minha propria camisa. Tentei correr, mas maos me agarraram - maos do meu tamanho. Tentei gritar por socorro, mas tudo o que saiu da minha boca foi: - Iiik, iiik, iiik! As maos gigantes me espremeram pelo tronco, me erguendo no ar. Eu me debati e esperneei com pernas e bracos que pareciam muito curtos e grossos, e entao eu estava olhando, aterrorizado, para a enorme cara de C. C. - Perfeito! - retumbou a voz dela. Eu me contorci, alarmado, mas ela apenas me apertou mais em volta da barriga peluda. - Esta vendo, Percy? Voce revelou seu verdadeiro eu!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Ela me segurou diante do espelho, e o que vi me fez gritar de terror. - liik, iiik, iiik! Ali estava C. C, linda e sorrindo, segurando uma criatura fofa, dentuca, de garras pequeninas e pelagem branca e laranja. Quando me torci, a criatura peluda no espelho fez o mesmo. Eu era... eu era... - Um porquinho-da-india - disse C. C. - Adoravel, nao e? Os homens sao porcos, Percy Jackson. Eu costumava transforma-los em porcos de verdade, mas eles eram tao fedidos e grandes, e dificeis de manter... Porquinhos-da-india sao muito mais convenientes! Agora venha, e conheca os outros homens. - Iiik!- protestei, tentando arranha-la, mas C. C. me apertou com tanta forca que eu quase desmaiei. - Nada disso, pequenino - repreendeu ela -, senao vou oferece-lo as corujas. Entre na gaiola como um bom animalzinho. Amanha, se voce se comportar, podera ir embora. Ha sempre uma sala de aula precisando de um novo porquinho-da-india. Minha cabeca estava tao disparada quanto meu coracaozinho. Precisava voltar ate as minhas roupas, que estavam amontoadas no chao. Se conseguisse fazer isso, poderia tirar Contracorrente do bolso e... e o que? Eu nao conseguiria destampar a caneta. E, mesmo que conseguisse, nao poderia segurar a espada. Eu me contorci, indefeso, enquanto C. C. me levava para a gaiola de porquinhos-da-india e abria a porta de arame. - Conheca os meus problemas de disciplina, Percy - advertiu ela. - Eles nunca serao bons animaizinhos de sala de aula, mas podem lhe ensinar algo sobre boas maneiras. A maioria ja esta nessa gaiola ha trezentos anos. Se nao quiser ficar com eles para sempre, sugiro que voce... A voz de Annabeth chamou: - Senhorita C. C.? C. C. praguejou em grego antigo. Ela me jogou dentro da gaiola e fechou a porta. Guinchei e arranhei as barras, mas nao adiantava nada. Fiquei olhando enquanto C. C. chutava depressa minhas roupas para baixo do tear bem no momento em que Annabeth entrou. Eu quase nao a reconheci. Estava usando um vestido de seda sem mangas como o de C. C, so que branco. O cabelo loiro estava recem-lavado e trancado com ouro. E o pior de tudo era que ela estava maquiada, coisa que eu pensava que Annabeth nunca seria pega usando. Quer dizer, ela estava bonita. Bonita a beca. Talvez eu ficasse sem fala se fosse capaz de dizer qualquer coisa alem de iiik, iiik, iiik. Mas havia algo de totalmente errado naquilo. Aquilo nao era Annabeth. Ela olhou em volta e franziu a testa. - Onde esta Percy? Eu guinchei uma tempestade, mas ela pareceu nao me ouvir. C. C. sorriu. - Ele esta passando por um dos nossos tratamentos, minha querida. Nao se preocupe. Voce esta maravilhosa! O que achou da sua excursao? Os olhos de Annabeth brilharam. - Sua biblioteca e impressionante!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Sim, de fato - disse C. C. - O melhor da sabedoria dos tres ultimos milenios. Qualquer coisa que voce queira estudar, qualquer coisa que queira ser, minha querida. - Quero ser arquiteta. - Bah! - disse C. C. - Voce, minha querida, tem tudo o que e preciso para ser uma feiticeira. Como eu. Annabeth deu um passo atras. - Uma feiticeira? - Sim, minha querida. - C. C. ergueu a mao. Uma chama apareceu na palma e dancou entre as pontas dos seus dedos. - Minha mae e Hecata, a deusa da magica. Conheco uma filha de Atena quando a vejo. Nao somos tao diferentes, voce e eu. Ambas buscamos o conhecimento. Ambas admiramos a grandeza. Nenhuma de nos precisa ficar a sombra de homens. - Eu... eu nao entendo. Outra vez, guinchei o melhor que podia, tentando chamar a atencao de Annabeth, mas ou ela nao podia me ouvir ou nao achava que os ruidos fossem importantes. Nesse meio-tempo, os outros porquinhos-da-india estavam saindo de sua casinha para me examinar. Nao imaginava que porquinhos-da-india pudessem parecer maus, mas aqueles pareciam. Havia meia duzia, com o pelo sujo, dentes rachados e olhos redondos e vermelhos. Estavam cobertos de serragem e o cheiro era de quem realmente estava ali havia trezentos anos, sem que ninguem limpasse a gaiola. - Fique comigo - C. C. estava dizendo a Annabeth. - Estude comigo. Voce pode se juntar a nossa equipe, tornar-se uma feiticeira, aprender a dobrar os outros a sua vontade. Voce se tornara imortal! - Mas... - Voce e inteligente demais, minha querida - disse C C - Pode fazer mais do que apostar naquele acampamento bobo de herois. Quantas grandes mulheres heroinas meio-sangue voce pode citar? - Ahn, Atalanta, Amelia Earhart... - Bah! Os homens ficam com toda a gloria. - C. C. fechou o punho e extinguiu a chama magica. - O unico caminho das mulheres para o poder e a feiticaria. Medeia, Calipso, essas eram mulheres poderosas! E eu, e claro. A maior de todas. - Voce... C. C... Circe! - Sim, minha querida. Annabeth recuou, e Circe riu. - Nao precisa se preocupar. Nao lhe farei mal. - O que fez com Percy? - So o ajudei a concretizar sua verdadeira forma. Annabeth esquadrinhou a sala. Finalmente, viu a gaiola, e me viu arranhando as barras, com todos os outros porquinhos-da-india a minha volta. Seus olhos se arregalaram. - Esqueca-o - disse Circe. - Junte-se a mim e aprenda os caminhos da feiticaria. - Mas... - Seu amigo sera bem cuidado. Ele sera despachado para um maravilhoso novo lar no continente. As criancas do jardim-de-infancia vao adora-lo. Enquanto isso, voce sera sabia e poderosa. Tera tudo o que
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 sempre quis. Annabeth ainda olhava fixamente para mim, mas estava com uma expressao sonhadora no rosto. Estava do mesmo jeito que eu quando Circe me enfeiticou para beber o milk-shake de porquinho-da-india. Eu guinchei e arranhei, tentando alerta-la para despertar, mas estava absolutamente impotente. - Deixe-me pensar a respeito - murmurou Annabeth. - So... preciso de um minuto sozinha. Para dizer adeus. - E claro, minha querida - arrulhou Circe. - Um minuto. Ah!... e para que voce tenha privacidade absoluta... Ela acenou a mao e barras de ferro desceram nas janelas. Saiu da sala e ouvi as trancas da porta se fecharem atras dela. O ar sonhador derreteu-se do rosto de Annabeth. Ela correu ate minha gaiola. - Muito bem, qual e voce? Eu guinchei, mas todos os outros porquinhos-da-india tambem guincharam. Annabeth parecia desesperada. Esquadrinhou a sala e avistou a barra dos meus jeans aparecendo embaixo do tear. - Sim! Correu para la e vasculhou os bolsos. Mas, em vez de puxar Contracorrente, encontrou o frasco de multivitaminas de Hermes e comecou a lutar com a tampa. Tive vontade de gritar para ela que aquele nao era o momento para tomar suplementos! Ela tinha de sacar a espada! Ela jogou uma pastilha de limao na boca no momento em que a porta se abriu e Circe voltou, a seu lado duas das assistentes de tailleur. - Bem - suspirou Circe -, como um minuto passa depressa! Qual e sua resposta, minha querida? - Esta - disse Annabeth, e sacou sua faca de bronze. A feiticeira deu um passo atras, mas sua surpresa logo passou Olhou-a com desprezo. - Realmente, menininha, uma faca contra a minha magica? Sera que isso e sensato? Circe olhou para as assistentes atras dela, que sorriram. Elas ergueram as maos como se estivessem se preparando para lancar um feitico. Corra!, eu quis dizer a Annabeth, mas tudo o que consegui fazer foram ruidos de roedor. Os outros porquinhos-da-india guincharam aterrorizados e correram pela gaiola. Meu impulso foi entrar em panico e me esconder tambem, mas tinha de pensar em alguma coisa! Nao ia suportar perder Annabeth como perdera Tyson. - Como sera a transformacao de Annabeth? - refletiu Circe. - Algo pequeno e mal-humorado. Ja sei... um musaranho! Chamas azuis se contorceram saindo de seus dedos e se enrascaram como serpentes em Annabeth. Eu fiquei olhando, horrorizado, mas nada aconteceu. Annabeth continuou sendo Annabeth, so que mais zangada. Ela saltou para a frente e colocou a ponta da faca no pescoco de Circe. - Que tal me transformar em uma pantera, em vez disso? Uma pantera que esta com as garras na sua garganta!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Como? - gemeu Circe. Annabeth ergueu meu frasco de vitaminas para a feiticeira ver. Circe uivou de frustracao. - Maldito seja Hermes, com suas multivitaminas! Elas nao passam de uma moda passageira! Nao podem fazer nada por voce. - Faca Percy voltar a ser humano, senao... - disse Annabeth. - Eu nao posso! - Entao voce vai ter o que pediu. As assistentes de Circe avancaram um passo, mas sua senhora disse: - Recuem! Ela e imune a magica ate que passe o efeito daquela maldita vitamina. Annabeth arrastou Circe ate a gaiola dos porquinhos-da-india, derrubou a parte de cima e despejou o restante das pastilhas la dentro. - Nao! - gritou Circe. Eu fui o primeiro a conseguir uma vitamina, mas todos os outros porquinhos-da-india tambem correram para experimentar o novo alimento. A primeira mordida, eu me senti pegando fogo por dentro. Roi a vitamina ate que ela nao parecesse mais tao enorme. E a gaiola ficou menor. E entao, de repente, hum!, a gaiola explodiu. Eu estava sentado no chao, humano de novo - de algum modo, de volta a minhas roupas normais, gracas aos deuses -, com seis outros caras que pareciam todos desorientados, piscando e sacudindo a serragem dos cabelos. - Nao! - gritou Circe. - Voce nao entende! Aqueles sao os piores! Um dos homens se pos em pe - um cara enorme, com uma barba comprida e emaranhada, preta como piche, e dentes da mesma cor. Usava roupas que nao combinavam, de la e couro, botas ate os joelhos e um chapeu de feltro mole. Os outros homens estavam vestidos de maneira mais simples - calcoes amarrados abaixo do joelho e camisas brancas manchadas. Todos estavam descalcos. - Argggh! - urrou o homenzarrao. - O que a bruxa fez comigo! - Nao! - gemeu Circe. Annabeth respirou fundo. - Eu conheco voce! Edward Teach, filho de Ares? - Sim, garota - rosnou o homenzarrao. - Mas a maioria me chama de Barba-Negra! E aquela e a feiticeira que nos capturou, rapazes. Acabem com ela, e depois quero arranjar uma grande tigela de aipo para mim. Arggggh! Circe gritou. Ela e suas assistentes sairam correndo da sala, perseguidas pelos piratas. Annabeth embainhou sua faca e olhou para mim. - Obrigado... - balbuciei. - Realmente, sinto muito...
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Antes que eu pudesse pensar em um jeito de me desculpar por ter sido tao idiota, ela me pegou em um abraco, depois se afastou com igual velocidade. - Estou feliz por voce nao ser um porquinho-da-india. - Eu tambem. - Esperei que meu rosto nao estivesse tao vermelho quanto me parecia. Ela desfez as trancas de ouro em seu cabelo. - Venha, Cabeca de Alga. Precisamos dar o fora enquanto Circe esta ocupada. Corremos colina abaixo pelos terracos, passando por funcionarias do spa aos berros e piratas saqueando o resort. Os homens do Barba-Negra quebraram as tochas polinesias do luau, jogaram emplastros de ervas na piscina e chutaram mesas com toalhas de sauna. Eu quase me senti mal por deixar os piratas rebeldes escapar, mas achei que eles mereciam algum divertimento melhor do que a roda de exercicios dos porquinhos-da-india depois de ficarem presos em uma gaiola por tres seculos. - Qual navio? - disse Annabeth quando chegamos ao cais. Olhei em volta atordoado. Nao podiamos pegar nosso velho bote a remo. Tinhamos de escapar da ilha depressa, mas o que mais poderiamos usar? Um submarino? Um caca a jato? Eu nao sabia pilotar nenhuma daquelas coisas. E entao eu vi. - Ali - falei. Annabeth piscou. - Mas... - Posso faze-lo funcionar. - Como? Nao consegui explicar. De algum modo eu sabia que uma velha embarcacao a vela seria a melhor aposta. Agarrei a mao de Annabeth e a puxei para o navio de tres mastros. Pintado na proa estava o nome que eu so iria decifrar mais tarde: Vinganca da Rainha Ana. - Argggh! - berrou Barba-Negra em algum lugar atras de nos. - Aqueles patifes estao tomando meu navio! Peguem-nos, rapazes! - Nunca vamos conseguir zarpar a tempo! - gritou Annabeth enquanto embarcavamos. Olhei em volta para o impossivel emaranhado de velas e cordas. O navio estava em otimas condicoes para seus trezentos anos, mas mesmo uma tripulacao de cinquenta homens levaria varias horas para coloca-lo em movimento. Nao tinhamos varias horas. Eu podia ver os piratas correndo escadas abaixo, agitando tochas e talos de aipo. Fechei os olhos e me concentrei nas ondas que batiam no casco, nas correntes oceanicas, nos ventos que me cercavam. De repente, a palavra certa apareceu em minha cabeca. - Mastrodamezena! - gritei. Annabeth me olhou como se eu fosse maluco, mas no segundo seguinte o ar se encheu com o assobio das cordas sendo bruscamente esticadas, o barulho de lonas se desfraldando e polias de madeira rangendo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Annabeth se esquivou quando um cabo voou por cima da sua cabeca e se enroscou nos gurupes. - Percy, como... Eu nao tinha uma resposta, mas podia sentir o navio reagindo como se fosse parte do meu corpo. Fiz com que as velas se icassem tao facilmente como se estivesse movendo um braco. E fiz o leme virar. O Vinganca da Rainha Ana afastou-se do cais numa guinada, e quando os piratas chegaram perto da agua ja estavamos navegando o Mar de Monstros.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 TREZE - Annabeth tenta ir nadando para casa Por fim eu encontrara alguma coisa em que era realmente bom. O Vinganca da Rainha Ana respondia ao meu comando. Eu sabia que cordas icar, que velas levantar, em que direcao pilotar. Avancamos nas ondas a uma velocidade que estimei em cerca de dez nos. Eu ate entendia perfeitamente como aquilo era rapido. Para um navio a vela, extremamente veloz. Tudo parecia perfeito - o vento no rosto, as ondas quebrando na proa. Mas, agora que estavamos fora de perigo, eu so pensava na falta que Tyson me fazia, e em como estava preocupado com Grover. Nao conseguia me recuperar da tremenda trapalhada que tinha leito na ilha de Circe. Se nao fosse por Annabeth, ainda seria um roedor, escondido em uma casinha com um bando de piratas fofinhos e peludos. Ficava pensando no que Circe dissera: Esta vendo, Percy? Voce revelou seu verdadeiro eu! Eu ainda me sentia transformado. Nao so porque de repente tinha vontade de comer alface. Estava inquieto, como se o instinto de ser um animalzinho assustado fosse agora parte de mim. Ou talvez sempre tivesse estado ali. E o que de fato me preocupava. Navegamos noite adentro. Annabeth tentou me ajudar a manter a vigilancia, mas navegar nao era para ela. Depois de algumas horas balancando de um lado para outro, seu rosto estava da cor de guacamole e ela foi para baixo, deitar numa rede. Eu observava o horizonte. Avistei monstros mais de uma vez. Um jorro de agua alto como um arranha-ceu foi cuspido a luz da lua. Uma fileira de saliencias verdes e pontudas serpenteou nas ondas - algo com talvez trinta metros de comprimento, reptiliano. Eu nao queria saber. Uma vez vi nereidas, os espiritos femininos luminescentes do mar. Tentei acenar, mas elas desapareceram nas profundezas e fiquei sem saber se tinham ou nao me visto. Pouco depois da meia-noite Annabeth subiu para o conves. Estavamos passando por uma ilha vulcanica fumegante. Na costa, o mar borbulhava e o vapor subia. - Uma das forjas de Hefesto - disse Annabeth. . Onde ele faz seus monstros de metal. - Como os touros de bronze? Ela fez que sim. - De a volta. Passe bem longe. Ela nao precisou dizer duas vezes. Navegamos afastados M ilha, que logo era apenas uma mancha vermelha de neblina atras de nos. Olhei para Annabeth. - A razao da raiva que tem dos ciclopes... a historia sobre como Thalia realmente morreu. O que aconteceu? Era dificil ver sua expressao no escuro. - Acho que voce merece saber - disse ela afinal. - noite em que Grover estava nos escoltando para o acampamento, ele ficou confuso, errou o caminho algumas vezes. Lembra que ele lhe contou isso?
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Eu concordei. - Bem, o pior erro levou a cova de um ciclope no Brooklyn. - Eles tem ciclopes no Brooklyn? - perguntei. - Voce nao acreditaria quantos, mas nao se trata disso. Esse ciclope, ele nos enganou. Conseguiu nos separar dentro de um labirinto de corredores em uma casa velha em Flatbush. E conseguia falar com a voz de qualquer um, Percy. Exatamente como Tyson fez a bordo do Princesa Andromeda. Ele nos atraiu, um de cada vez. Thalia pensou que estava correndo para salvar Luke. Luke pensou ter me ouvido gritar por socorro. E eu... eu fiquei sozinha no escuro. Tinha sete anos. Nao conseguia nem achar a saida. Ela afastou o cabelo do rosto. - Lembro que encontrei a sala principal. Havia ossos espalhados por todo o piso. E la estavam Thalia, Luke e Grover, com as maos amarradas e amordacados, pendurados no teto como presunto defumado. O ciclope estava acendendo um fogo bem ali no piso. Puxei minha faca, mas ele me ouviu. Virou-se e sorriu. Ele falou e, de algum modo, conhecia a voz do meu pui. Acho que simplesmente a extraiu da minha cabeca. Ele disse: "Agora, Annabeth, nao se preocupe. Eu amo voce. Voce pode ficar aqui comigo. Voce pode ficar para sempre." Eu estremeci. O modo como ela contou aquilo - mesmo ali, seis anos depois - me apavorou mais que qualquer historia de fantasma que ja ouvira. - O que voce fez? - Eu o esfaqueei no pe. Olhei para ela. - Voce esta brincando? Tinha sete anos e esfaqueou um ciclope adulto no pe? - Ah! ele teria me matado. Mas eu o surpreendi. Isso so me deu tempo de correr ate Thalia e cortar as cordas das maos dela. Dai em diante, ela assumiu. - Sim, mas ainda assim... foi muita coragem, Annabeth. Ela sacudiu a cabeca. - Foi por pouco que escapamos. Ainda tenho pesadelos, Percy. O modo como o ciclope falou com a voz do meu pai. Foi por causa dele que demoramos tanto para chegar ao acampamento. Todos os monstros que estavam nos perseguindo tiveram tempo de nos alcancar. Na verdade, foi por isso que Thalia morreu. Se nao fosse aquele ciclope, ela ainda estaria viva. Nos nos sentamos no conves, observando a constelacao de Hercules erguer-se no ceu. - Va para baixo - disse Annabeth por fim. - Voce precisa descansar um pouco. Eu assenti. Meus olhos estavam pesados. Mas quando cheguei embaixo e encontrei uma rede levei muito tempo para adormecer. Fiquei pensando na historia de Annabeth. Se eu fosse ela, pensei, sera que teria coragem para partir naquela missao, de navegar para a cova de outro ciclope? ***** Eu nao sonhei com Grover. Em vez disso, estava de volta ao camarote de Luke a bordo do Princesa Andromeda. As cortinas estavam abertas. Do lado de fora era noite. Sombras giravam no ar. Vozes sussurravam a minha volta - espiritos dos mortos.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Cuidado, elas sussurravam. Armadilhas. Ardis. O sarcofago de ouro de Cronos brilhava discretamente - a unica fonte de luz no recinto. Um riso frio me assustou. Parecia vir de quilometros abaixo do navio. Voce nao tem coragem, jovenzinho. Nao pode me deter. Eu sabia o que tinha de fazer. Precisava abrir aquele caixao. Destampei Contracorrente. Fantasmas esvoacavam a minha volta como um tornado. Cuidado! Meu coracao batia forte. Eu nao conseguia obrigar meus pes a se mexer, mas tinha de deter Cronos. Precisava destruir o que quer que estivesse naquela caixa. Entao uma menina falou bem ao meu lado: - E entao, Cabeca de Alga? Olhei, esperando ver Annabeth, mas a menina nao era ela. Usava roupas estilo punk com correntes de prata nos pulsos. Tinha cabelo preto espetado, delineador escuro em volta dos olhos azuis tempestuosos e sardas espalhadas no nariz. Parecia conhecida, mas eu nao sabia muito bem por que. - E entao? - perguntou. - Voce vai dete-lo ou nao? Eu nao conseguia responder. Nao conseguia me mexer. A menina revirou os olhos. - Otimo. Deixe comigo e Aegis. Ela tocou seu pulso e as correntes de prata se transformaram - achatando-se e se expandindo em um enorme escudo. Era de prata e bronze, com a cara monstruosa da Medusa se projetando do centro. Parecia uma mascara mortuaria, como se a verdadeira cabeca da gorgona tivesse sido prensada no metal. Eu nao sabia se aquilo era de verdade ou se o escudo podia de fato me transformar em pedra, mas desviei o olhar. So o fato de estar perto daquilo me deixava gelado de medo. Tive a sensacao de que, numa luta de verdade, derrotar o portador daquele escudo seria quase impossivel. Qualquer inimigo daria meia-volta e sairia correndo. A menina puxou sua espada e avancou para o sarcofago. Os fantasmas escuros se separaram para deixa-la passar, espalhando-se frente a terrivel aura de seu escudo. - Nao - tentei adverti-la. Mas ela nao me deu ouvidos. Marchou direto para o sarcofago e empurrou a tampa dourada para o lado. Por um momento ficou ali parada, olhando fixamente para o que havia dentro da caixa. O caixao comecou a brilhar. - Nao. - A voz da menina tremia. - Nao pode ser. Das profundezas do oceano, Cronos riu tao alto que fez tremer o navio inteiro. - Nao! - A menina gritou, e o sarcofago a engoliu em uma explosao de luz dourada. - Ah! - Sentei na rede em um salto.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Annabeth me sacudia. - Percy, voce estava tendo um pesadelo. - Precisa levantar! - O que... o que foi? - esfreguei os olhos. - O que esta errado? - Terra - disse ela num tom soturno. - Estamos nos aproximando da ilha das sereias. ***** Mal pude distinguir a ilha a nossa frente - apenas um ponto escuro na nevoa. - Quero que me faca um favor - disse Annabeth. - sereias... estaremos ao alcance do canto delas em breve. Lembrei-me das historias sobre as sereias. Elas cantavam modo tao encantador que sua voz enfeiticava os marinheiros e os seduzia para a morte. - Sem problemas - assegurei-lhe. - Podemos simplesmente tapar os ouvidos. Ha um grande barril de cera de vela no conves de baixo... - Eu quero ouvi-las. Eu pisquei. - Por que? - Dizem que as sereias cantam a verdade sobre o que a gente deseja. Contam coisas a seu respeito que nem voce mesmo percebe. E isso que e tao encantador. Se voce sobrevive... se torna mais sabio. Eu quero ouvi-las. Quantas vezes terei uma oportunidade dessas? Vindo da maioria das pessoas, aquilo nao teria feito sentido. Mas sendo Annabeth quem era - bem, ela se empenhava em livros de arquitetura grega antiga e gostava de documentarios do History Channel, acho que as sereias tambem podiam interessar. Ela me contou seu plano. Com relutancia, ajudei-a a se preparar. Assim que avistamos a costa rochosa da ilha, ordenei a uma das cordas que se enrolasse na cintura de Annabeth, amarrando-a ao mastro principal. - Nao me desamarre - disse ela -, nao importa o que aconteca nem quanto eu implore. Minha vontade vai ser correr para a amurada e me jogar. - Voce esta querendo me tentar? - Ha-ha. Prometi que a manteria segura. Entao peguei duas grandes bolas de cera de vela e amassei ate que tivessem o formato de tampoes, que enfiei nos ouvidos. Annabeth assentiu com sarcasmo, dando a entender que os tampoes de ouvido eram a ultima moda. Fiz uma careta para ela e fui para o timao. O silencio era assustador. Eu nao conseguia ouvir nada a nao ser o sangue correndo na minha cabeca. Quando nos aproximamos da ilha, rochas pontiagudas assomaram no nevoeiro. Ordenei ao Vinganca da
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Rainha Ana que as contornasse. Se chegassemos mais perto, aquelas rochas iriam retalhar o casco como laminas de liquidificador. Dei uma olhada para tras. De inicio, Annabeth pareceu totalmente normal. Depois ficou com uma expressao intrigada. Seus olhos se arregalaram. Ela forcou as cordas. Chamou meu nome - eu sabia so de ler seus labios. Sua expressao era clara: precisava se soltar. Era questao de vida ou morte. Eu tinha de solta-la das cordas imediatamente. Parecia tao infeliz que foi dificil nao liberta-la. Forcei-me a desviar os olhos. Encorajei o Vinganca da Rainha Ana a ir mais depressa. Eu ainda nao conseguia ver a ilha muito bem - apenas nevoeiro e rochas -, mas flutuando na agua havia pedacos de madeira e fibra de vidro, destrocos de velhos navios, e ate alguns assentos flutuantes de avioes. Como a musica podia desviar tantas vidas de seu curso? Quer dizer, com certeza havia algumas cancoes entre as mais tocadas que me faziam querer mergulhar nas chamas em queda livre, mas ainda assim... Sobre o que as sereias deviam cantar? Por um momento perigoso entendi a curiosidade de Annabeth. Fiquei tentado a tirar os tampoes de ouvido, so para ter ideia da cancao. Podia sentir as vozes das sereias vibrando no madeirame do navio, pulsando em meus ouvidos junto com o ruido do sangue. Annabeth implorava. Lagrimas escorriam em seu rosto. Lutava com as cordas como se a estivessem impedindo de alcancar tudo que mais importava para ela. Como pode ser tao cruel?, parecia me perguntar. Pensei que fosse meu amigo. Olhei fixamente para a ilha enevoada. Tive vontade de destampar minha espada, mas nao havia nada contra o que lutar. Como se luta contra uma cancao? Tentei muito nao olhar para Annabeth. Consegui fazer isso por cerca de cinco minutos. Foi meu grande erro. Quando nao pude aguentar mais, olhei para tras e encontrei... uma pilha de cordas cortadas. Um mastro vazio. A faca de bronze de Annabeth estava caida no conves. De algum modo, ela conseguira se contorcer ate pega-la. Tinha me esquecido completamente de desarma-la. Corri para a amurada do barco e a vi dando bracadas desesperadas em direcao a ilha, as ondas a arrastando direto para as rochas pontiagudas. Gritei seu nome, mas, se ela me ouviu, de nada adiantou. Estava hipnotizada, nadando rumo a morte. Olhei para o timao atras de mim e gritei: - Pare! E entao pulei da amurada. Cai na agua e ordenei que a correnteza contornasse meu corpo, num fluxo que me atirou para a frente. Cheguei a superficie e avistei Annabeth, mas uma onda a pegou, arrastando-a por entre duas presas de pedra afiadas como navalhas.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Nao tive escolha. Lancei-me atras dela. Mergulhei por baixo do casco destrocado de um iate, trancei por entre uma colecao de bolas flutuantes de metal presas a correntes que, depois, percebi que eram minas.Tive de usar todo o meu poder sobre as aguas para evitar que fosse esmagado contra as rochas ou preso nas redes de arame farpado esticadas logo abaixo da superficie. Atirei-me entre as duas presas de pedra e me vi em uma baia em forma de meia-lua. A agua estava atulhada de mais rochas, destrocos de navios e minas flutuantes. A praia era de areia negra vulcanica. Olhei em volta desesperado, a procura de Annabeth. Ali estava ela. Por sorte ou por azar, era boa nadadora. Conseguira passar pelas minas e pelas rochas. Estava quase na praia negra. Entao o nevoeiro se espalhou e eu as vi - as sereias. Imagine um bando de abutres do tamanho de pessoas - com plumagem preta enlameada, garras cinzentas e pescoco rosado e enrugado. Agora imagine cabecas humanas em cima desses pescocos, mas as cabecas humanas ficavam mudando. Eu nao conseguia ouvi-las, mas podia ver que estavam cantando. Enquanto as bocas se moviam, os rostos se transformavam nos de pessoas que eu conhecia - minha mae, Poseidon, Grover, Tyson, Quiron. Todas as pessoas que eu mais queria ver. Elas sorriam de modo tranquilizador, convidando-me a prosseguir. Mas, nao importava que forma tomassem, as bocas eram gordurosa. recobertas de restos de antigas refeicoes. Como abutres, enfiavam a cara na comida, e tudo levava a crer que nao tinham se banqueteado na Donuts Monstro. Annabeth nadava na direcao delas. Eu sabia que nao podia deixa-la sair da agua. O mar era minha unica vantagem. Sempre me protegera, de um jeito ou de outro. Impeli o corpo para a frente e agarrei o tornozelo dela. No momento em que a toquei, um choque atravessou meu corpo, e vi as sereias do modo como Annabeth devia estar vendo. Tres pessoas sentadas sobre uma toalha de piquenique no Central Park. Havia um banquete espalhado na frente delas. Reconheci o pai de Annabeth pelas fotos que ela me mostrara - um cara de aparencia atletica, cabelos cor de areia, com seus quarenta anos. Estava de maos dadas com uma linda mulher muito parecida com Annabeth. Ela estava vestida de modo informal - calca jeans, blusa de algodao e botas de caminhada -, mas algo na mulher irradiava poder. Sabia que estava olhando para a deusa Atena. Ao lado dela sentava-se um rapaz... Luke. Toda a cena estava iluminada por uma luz calida, amanteigada. Os tres conversavam e riam, e quando viram Annabeth seus rostos se iluminaram de satisfacao. A mae e o pai estenderam as maos de modo convidativo. Luke sorriu e fez um gesto para que Annabeth sentasse a seu lado - como se ele nunca a tivesse traido, como se ainda fosse seu amigo. Atras das arvores do Central Park erguia-se a silhueta de uma cidade. Perdi o folego, porque era Manhattan, mas nao era Manhattan. Estava totalmente reconstruida em marmore branco, deslumbrante, maior e mais grandiosa que nunca - com janelas douradas e jardins suspensos. Era melhor que Nova York. Melhor que o Monte Olimpo. Soube imediatamente que Annabeth a projetara inteira. Ela era a arquiteta de todo um novo mundo. Ela reunira os pais. Salvara Luke. Tinha feito tudo o que sempre quis.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Pisquei com forca. Quando abri os olhos, tudo o que vi ali foram as sereias - abutres horrendos com feicoes humanas, prontos para devorar mais uma vitima. Puxei Annabeth de volta para as ondas. Nao pude ouvi-la, mas percebi que estava gritando. Ela me chutou no rosto, mas continuei segurando. Ordenei as correntes que nos arrastassem para dentro da baia. Annabeth me esmurrava e me chutava, dificultando minha concentracao. Ela se debateu tanto que quase colidimos com uma mina flutuante. Eu nao sabia o que fazer. Jamais chegaria ao navio, vivo, se ela continuasse lutando. Afundamos, e Annabeth parou de se debater. Sua expressao ficou confusa. Entao nossas cabecas afloraram e ela comecou a lutar de novo. A agua! O som nao se propagava bem embaixo d'agua. Se eu conseguisse submergi-la por tempo suficiente, poderia quebrar o encantamento da musica. E claro, Annabeth nao ia conseguir respirar, mas naquele momento isso parecia ser um problema menor. Agarrei-a pela cintura e ordenei as ondas que nos empurrassem para baixo. Mergulhamos nas profundezas - tres metros, seis metros. Eu sabia que teria de tomar cuidado, porque era capaz de suportar muito mais pressao do que Annabeth. Ela lutou e se debateu para respirar enquanto bolhas subiam a nossa volta. Bolhas. Eu estava desesperado. Tinha de manter Annabeth viva. Imaginei todas as bolhas do mar - sempre se agitando, subindo Imaginei-as se juntando, sendo empurradas ate mim. O mar obedeceu. Houve um turbilhao de branco, uma sensacao de cocegas, e quando minha visao clareou Annabeth e eu tinhamos uma enorme bolha de ar ao nosso redor. Apenas as pernas continuavam mergulhadas em agua. Ela engasgou e tossiu. Seu corpo todo estremeceu, mas quando ela me olhou soube que o encantamento tinha sido quebrado. Annabeth comecou a solucar - quer dizer, solucos horriveis, de partir o coracao. Encostou a cabeca em meu ombro e eu a abracei. Os peixes se juntaram para nos olhar - um cardume de barracudas, alguns espadartes curiosos. Fora!, disse a eles. Eles se afastaram, mas pude perceber que sairam relutantes. Juro que entendi as intencoes deles. Estavam prestes a espalhar boatos pelo mar sobre o filho de Poseidon e uma garota no fundo da baia das sereias. - Vamos voltar ao navio. Esta tudo bem. Apenas aguente firme. Annabeth balancou a cabeca para me dizer que estava melhor, depois murmurou algo que nao pude ouvir por causa da cera nos ouvidos. Fiz a corrente manobrar nosso pequeno e estranho submarino de ar por entre as rochas e o arame farpado, e de volta para o casco do Vinganca da Rainha Ana, que mantinha o curso lento e estavel, fugindo do alcance da voz das sereias. Entao subi para a superficie e nossa bolha de ar se desfez. Ordenei que uma escada de corda descesse por cima do costado do navio, e subimos a bordo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Mantive meus tampoes de ouvido, so por garantia. Navegamos ate a ilha ficar completamente fora de vista. Annabeth ficou sentada, aconchegando-se em um cobertor no conves dianteiro. Por fim eIa ergueu os olhos, confusa e triste, e murmurou, salvos. Removi os tampoes. Nenhuma cantoria. A tarde estava silenciosa, a nao ser pelo som das ondas batendo no casco. O nevoeiro desfizera e o ceu estava azul, como se a ilha das sereias nunca tivesse existido. - Voce esta bem? - perguntei. No momento em que disse isso, percebi a besteira que tinha falado. E claro que ela nao estava bem. - Eu nao sabia - murmurou ela. - O que? Seus olhos estavam da mesma cor que a nevoa sobre a ilha das sereias. - Como a tentacao seria poderosa. Nao queria admitir que tinha visto o que as sereias haviam prometido a ela. Eu me sentia um intruso. Mas imaginei que devesse isso a Annabeth. - Eu vi o modo como voce reconstruiu Manhattan - contei. - E Luke e os seus pais. Ela corou. - Voce viu aquilo? - O que Luke lhe disse no Princesa Andromeda, sobre refazer o mundo do zero... aquilo de fato impressionou voce, nao e? Ela se enrolou no cobertor. - Meu defeito mortal. Foi isso que as sereias me mostraram. Meu defeito mortal e o hubris. Eu pisquei. - Aquela coisa marrom que passam nos sanduiches vegetarianos? Ela revirou os olhos. - Nao, Cabeca de Alga. Aquilo e homus. Hubris e pior. - O que poderia ser pior do que homus? - Hubris quer dizer orgulho, insolencia, Percy. Achar que voce pode fazer as coisas melhor do que qualquer um... inclusive os deuses. Voce se sente assim? Ela baixou os olhos. - Nunca teve a impressao de que... que o mundo realmente esta todo errado? E se pudessemos refazer tudo do comeco? Guerras nunca mais. Ninguem sem teto. Nunca mais dever de casa no verao. - Estou ouvindo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Quer dizer, o Ocidente representa muitas das melhores coisas que a humanidade ja fez... e por isso que a chama ainda arde. E por isso que o Olimpo ainda existe. Mas, as vezes, a gente so ve o que nao presta, entende? E comeca a pensar do mesmo jeito que Luke: "Se conseguir destruir tudo isso, posso fazer melhor." Nunca se sentiu assim? Como se voce pudesse fazer um servico melhor se fosse o dono do mundo? - Humm... nao. Eu governando o mundo seria uma especie de pesadelo. - Entao voce tem sorte. O hubris nao e seu defeito mortal. - E o que e? - Nao sei, Percy, mas todo heroi tem um. Se voce nao descobrir e aprender a controla-lo... bem, nao e a toa que o chamam de "mortal". Pensei naquilo. E nao fiquei la muito animado. Tambem notei que Annabeth nao falou muito sobre as coisas particulares que ela mudaria - como conseguir reunir os pais, ou salvar Luke. Eu entendi. Nao queria admitir quantas vezes sonhara em reunir meus pais. Imaginei minha mae, sozinha em nosso pequeno apartamento no Upper East Side. Tentei me lembrar do cheiro dos seus waffles azuis na cozinha. Parecia tao distante! - E entao, valeu a pena? - perguntei a Annabeth. . Voce se sente... mais sabia? O olhar dela se perdeu na distancia. - Nao tenho certeza. Mas precisamos salvar o acampamento. Se nao pararmos Luke... Ela nao precisou terminar. Se o modo de pensar de Luke podia tentar ate Annabeth, nao dava para imaginar quantos outros meios-sangues poderiam juntar-se a ele. Pensei no sonho com a menina e o sarcofago dourado. Nao sabia muito bem o que significava, mas tive a sensacao de que estava deixando alguma coisa passar. Alguma coisa terrivel que Cronos planejava. O que a menina tinha visto quando abriu a tampa do caixao? De repente os olhos de Annabeth se arregalaram. - Percy. Eu me virei. A frente havia uma outra mancha de terra - uma ilha em forma de sela com colinas cobertas de florestas, praias de areia branca e campinas verdes -, exatamente como eu tinha visto em meus sonhos. Meus sentidos nauticos confirmaram. Trinta graus e 31 minutos Norte, 75 graus e 12 minutos Oeste. Tinhamos chegado ao lar do ciclope.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 QUATORZE - Nosso encontro com o carneiro da perdicao Quando a gente pensa em "ilha de monstros" imagina penhascos e ossos espalhados pela praia, como na ilha das sereias. A ilha do ciclope nao tinha nada a ver com isso. Quer dizer, tudo bem, havia uma ponte de corda em cima de um precipicio, o que nao era bom sinal. E quase o mesmo que pendurar um cartaz dizendo: ALGO MALIGNO VIVE AQUI. Mas, com excecao disso, o lugar parecia um cartao-postal do Caribe. Tinha campos verdejantes, arvores de frutas tropicais e praias de areia branca. Enquanto navegavamos em direcao a costa, Annabeth respirou fundo o ar perfumado. - O Velocino - disse ela. Eu assenti. Ainda nao podia ver o Velocino, mas podia sentir sua forca. Era possivel acreditar que ele curaria qualquer coisa, ate mesmo a arvore envenenada de Thalia. - Se nos o levarmos embora, a ilha vai morrer? Annabeth sacudiu a cabeca. - Ela vai se esgotar. Voltar ao que seria normalmente, o que quer que fosse. Eu me senti um pouco culpado por arruinar aquele paraiso, mas lembrei a mim mesmo que nao tinhamos escolha. O Acampamento Meio-Sangue estava em dificuldades. E Tyson... Tyson ainda estaria conosco se nao fosse por aquela missao. Na campina na base da ravina varias duzias de carneiros andavam em circulos. Pareciam bastante pacificos, mas eram enormes . do tamanho de hipopotamos. Logo alem deles havia um caminho que levava as colinas. No topo do caminho, perto da beira do canion, estava o grandioso carvalho que eu vira em meus sonhos. Algo dourado brilhava em seus galhos. - Isso esta facil demais . disse eu. . Podemos simplesmente subir ate la e pega-lo? Os olhos de Annabeth se estreitaram. - Deveria haver um guardiao. Um dragao ou... Foi quando um cervo emergiu dos arbustos. Ele trotou para a campina, provavelmente em busca de grama para comer, quando os carneiros baliram todos de uma vez e assustaram o animal. Aconteceu tao depressa que o cervo tropecou e se perdeu em um mar de la e cascos batendo. Grama e tufos de pelo voavam pelo ar. Um segundo depois todos os carneiros se afastaram, de volta as suas pacificas perambulacoes. Onde estivera o cervo, havia agora uma pilha de ossos limpos e brancos. Annabeth e eu nos entreolhamos. - Eles sao como piranhas . disse ela. - Piranhas com la. Como e que nos... - Percy! . arfou Annabeth, agarrando meu braco. . Olhe. Ela apontou para a praia, logo abaixo da campina dos carneiros, onde um pequeno bote fora arrastado para a terra... o outro bote salva-vidas do Birmingham.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 ***** Concluimos que nao havia como passar pelos carneiros comedores de gente. Annabeth queria se esgueirar invisivel pelo caminho acima e agarrar o Velocino, mas no fim eu a convenci de que alguma coisa iria dar errado. Os carneiros poderiam sentir seu cheiro. Outro guardiao poderia aparecer. Alguma coisa. E se aquilo acontecesse eu estaria longe demais para ajudar. Alem disso, nossa primeira obrigacao era achar Grover e quem quer que tivesse chegado a costa naquele bote . supondo que tivesse conseguido passar pelos carneiros. Eu estava nervoso demais para falar sobre minha esperanca secreta... de que Tyson ainda pudesse estar vivo. Ancoramos o Vinganca da Rainha Ana no lado de tras da ilha, onde as falesias subiam em linha reta uns bons sessenta metros. Imaginei que seria menos provavel que vissem o navio ali. Escalar as falesias ate parecia possivel . com um grau de dificuldade mais ou menos igual ao da parede de lava no acampamento. Pelo menos nao havia carneiros. Eu esperava que Polifemo nao criasse tambem cabras montanhesas carnivoras. Remamos num bote salva-vidas ate a base das rochas e comecamos a subir, muito devagar. Annabeth foi primeiro porque escalava melhor. Ficamos perto de morrer uma seis ou sete vezes so, o que considerei muito bom. Em certo momento deixei escapar uma das maos e me vi pendurado por um braco numa saliencia quinze metros acima da arrebentacao rochosa. Mas achei outro ponto de apoio e continuei escalando. Um minuto depois Annabeth pisou em musgos escorregadios e seu pe deslizou. Felizmente, ela encontrou alguma outra coisa em que apoia-lo. Por azar, tratava-se da minha cara. - Desculpe . murmurou ela. - Tudo bem . resmunguei, embora na verdade nao quisesse saber qual era o sabor do tenis de Annabeth. Finalmente, quando meus dedos ja pareciam chumbo derretido e os musculos do meu braco tremiam de exaustao, nos arrastamos sobre o topo da falesia e desmoronamos. - Ugh - disse eu. - Ai - gemeu Annabeth. - Grrrr! - Urrou outra voz. Se eu nao estivesse tao cansado teria pulado mais uns sessenta metros. Girei o corpo, mas nao pude ver quem rosnara. Annabeth tampou minha boca com a mao. Ela apontou. A saliencia sobre a qual estavamos sentados era mais estreita do que eu pensava. O lado oposto era um desfiladeiro, e era de la que vinha a voz - logo abaixo de nos. - Voce e bem agressiva! - rugiu a voz profunda. - Enfrente-me! - Era a voz de Clarisse, sem duvida. - Devolva minha espada e lutarei com voce! O monstro riu estrondosamente. Annabeth e eu nos arrastamos ate a beirada. Estavamos logo acima da entrada da caverna do ciclope. Abaixo, estavam Polifemo e Grover, ainda de vestido de noiva. Clarisse estava amarrada, pendurada de cabeca para baixo acima de um caldeirao de agua fervente. De certa forma, torcia para que Tyson
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 tambem estivesse la embaixo. Mesmo que ele estivesse em perigo, ao menos eu saberia que estava vivo. Mas nao havia sinal dele. - Hummm - ponderou Polifemo. - Comer a menina fanfarrona ou esperar o banquete de casamento? O que acha minha noiva? Ele se voltou para Grover, que recuou e quase tropecou cauda de seu vestido, terminada. - Ah!, ahn, eu nao estou com fome agora, querido. Talvez... - Voce disse noiva - perguntou Clarisse. - Quem... Grover? Ao meu lado Annabeth murmurou: - Cale a boca. Ela tem de calar a boca. Polifemo olhou enfurecido. - Que "Grover"? - O satiro! - berrou Clarisse. - Ah! - ganiu Grover. - Os miolos da pobrezinha estao fervendo por causa daquela agua quente. Puxe-a para baixo, querido! Os cilios de Polifemo se estreitaram sobre o maligno olho leitoso, como se ele tentasse enxergar Clarisse mais claramente. O ciclope era uma visao ainda mais horrivel do que nos meus sonhos. Em parte, porque seu cheiro rancoso agora estava muito proximo. Em parte, porque ele vestia sua roupa de casamento - um saiote tosco e uma manta nos ombros, feitos de smokings azul-bebe costurados um no outro, como se ele tivesse despido uma festa de casamento inteira. - Que satiro? - perguntou Polifemo. - Satiros sao boa comida. Voce me trouxe um satiro? - Nao, seu grande idiota! - berrou Clarisse. - Aquele satiro! Grover! Aquele de vestido de noiva! Eu quis torcer o pescoco de Clarisse, mas era tarde demais. Tudo o que pude fazer foi olhar enquanto Polifemo se virava e arrancava o veu de noiva de Grover - revelando seu cabelo encaracolado, a barba desmazelada de adolescente, os pequenos chifres. Polifemo respirou pesadamente, tentando conter a raiva. - Eu nao enxergo muito bem - rosnou. - Desde muitos anos atras, quando o outro heroi me furou o olho. Mas VOCE...NAO E... UMA DAMA... CICLOPE! O ciclope agarrou o vestido de Grover e o arrancou. Embaixo, o velho Grover reapareceu, com seu jeans e sua camiseta. Ele gemeu e se abaixou quando o monstro desferiu um golpe que passou acima de sua cabeca. - Pare! - implorou Grover. - Nao me coma cru! Eu... eu tenho uma boa receita! Estendi a mao para minha espada, mas Annabeth sussurrou: - Espere! Polifemo estava hesitando, uma grande pedra na mao, prestes a esmagar sua pretensa noiva.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Receita? - perguntou a Grover. - Ah, s-sim! Voce nao pode me comer cru. Vai pegar uma infeccao, e botulismo, e toda sorte de coisas horriveis. Vou ficar muito mais gostoso grelhado em fogo lento. Com chutney de manga! Voce pode pegar algumas mangas agora mesmo, la embaixo no bosque. Ficarei esperando aqui. O monstro pensou naquilo. Meu coracao martelava contra as costelas. Calculei que morreria se atacasse. Mas nao poderia deixar que o monstro matasse Grover. - Satiro grelhado com chutney de manga - pensou Polifemo. Ele olhou de novo para Clarisse, ainda pendurada acima do caldeirao de agua fervente. - Voce tambem e um satiro? - Nao, seu grande monte de estereo! - berrou ela. - Eu sou uma menina! Filha de Ares! Agora me desamarre para que eu possa arrancar seus bracos! - Arrancar os meus bracos - repetiu Polifemo. - E enfia-los garganta abaixo! - Voce tem coragem. - Ponha-me no chao! Polifemo ergueu Grover como se ele fosse um cachorrinho desobediente. - Agora tenho de pastorear carneiros. Casamento adiado para de noite. Entao comeremos satiro como prato principal! - Mas... voce ainda vai se casar? - Grover pareceu ofendido. - Quem e a noiva? Polifemo olhou na direcao do caldeirao fervente. Clarisse soltou um som estrangulado. - Ah, nao! Voce nao pode estar falando serio. Eu nao sou... Antes que Annabeth ou eu pudessemos fazer alguma coisa, Polifemo a arrancou da corda como se ela fosse uma maca madura e a jogou junto com Grover no fundo da caverna. - Fiquem a vontade! Voltarei ao por-do-sol para o grande evento! Entao o ciclope assobiou e um rebanho misto de bodes e carneiros - menores que os comedores de gente - saiu da caverna, passando por seu amo. Enquanto eles seguiam para o pasto, Polifemo dava palmadinhas nas costas de alguns e os chamava pelo nome - Beltbuster, Tammany, Lockhart etc. Quando o ultimo carneiro se afastou bamboleando, Polifemo rolou uma rocha na frente da entrada tao facilmente como se fechasse uma porta de geladeira, isolando o som dos gritos de Clarisse e Grover la dentro. - Mangas - resmungou Polifemo consigo mesmo. - O que sao mangas? Ele foi caminhando tranquilamente montanha abaixo em sua roupa de noivo azul-bebe, deixando-nos sozinhos com um caldeirao de agua fervente e uma rocha de seis toneladas. *****
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Tentamos pelo que nos pareceram horas, mas nao adiantou. A rocha nao se movia. Gritamos para dentro de fendas, batemos na pedra, fizemos tudo em que podiamos pensar para transmitir um sinal a Grover, mas, se ele nos ouviu, nao podiamos saber. Mesmo se por algum milagre conseguissemos matar Polifemo, nao adiantaria. Grover e Clarisse morreriam dentro da caverna fechada. A unica maneira de mover a rocha seria conseguir que o ciclope o fizesse. Em total frustracao, golpeei Contracorrente contra a rocha. Voaram fagulhas, mas nao aconteceu nada alem disso. Uma grande rocha nao e o tipo de inimigo que se possa combater com uma espada magica. Annabeth e eu nos sentamos no cume, desesperados, e observamos a forma distante em azul-bebe do ciclope enquanto ele se movia entre seus rebanhos. Sabiamente, ele separara os animais comuns dos carneiros comedores de gente, colocando cada grupo de um lado da enorme fenda que dividia a ilha. O unico meio de atravessar era a ponte de corda, e as tabuas eram separadas demais para cascos de carneiros. Observamos enquanto Polifemo visitava seu rebanho carnivoro, no lado mais distante. Infelizmente, eles nao o comeram. Na verdade, nem ao menos pareciam incomoda-lo. Ele lhes deu pedacos de carne misteriosa de uma grande cesta de vime, o que apenas reforcou a sensacao que eu tinha desde que Circe me transformara em porquinho-da-india: talvez fosse hora de me juntar a Grover e me tornar vegetariano. - Um truque - concluiu Annabeth. - Nao podemos vence-lo pela forca, portanto teremos de usar um truque. - Certo. Que truque? - Ainda nao resolvi essa parte. - Beleza. - Polifemo tera de mover a rocha para deixar os carneiros entrar. - Ao por-do-sol - falei. - Que e quando ele vai se casar com Clarisse e jantar Grover. Ainda nao decidi o que e mais nojento. - Posso ficar invisivel e entrar. - E eu? - Os carneiros - ponderou Annabeth. Ela me deu um daqueles olhares travessos que sempre me deixavam desconfiado. - Voce gosta muito de carneiros? ***** - So nao se solte! - disse Annabeth, invisivel em algum lugar a minha direita. Para ela, era facil falar. Ela nao estava pendurada de cabeca para baixo na barriga de um carneiro. Agora, admito que nao fora tao dificil quanto eu pensara. Ja tinha me arrastado para baixo de um carro antes, para trocar o oleo para minha mae, e isso nao era tao diferente. O carneiro nao se importou. Ate mesmo o menor dos carneiros do ciclope era bastante grande para suportar meu peso, e eles tinham uma la espessa. Eu simplesmente a torci, formando alcas para as minhas maos, enganchei os pes nos ossos das coxas do carneiro e pronto: eu me sentia como um pequeno canguru, zanzando acomodado contra o peito do carneiro, tentando manter a la longe da boca e do nariz. Caso voce esteja intrigado, a parte de baixo de um carneiro nao tem um cheiro assim tao bom. Imagine um sueter de inverno que foi arrastado pela lama e deixado no cesto de roupa suja por uma semana. E algo assim.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 O sol estava se pondo. Nem bem fiquei em posicao, o ciclope rugiu: - Oi! Bodinhos! Carneirinhos! O rebanho, obediente, comecou a caminhar laboriosamente ladeiras acima, em direcao a caverna. - E isso ai! - sussurrou Annabeth. - Vou estar por perto. Nao se preocupe. Fiz uma promessa silenciosa aos deuses de que, se sobrevivessemos aquilo, diria a Annabeth que ela e um genio. O assustador era que eu sabia que os deuses iriam me cobrar. Meu taxi-carneiro comecou a subir a colina. Depois de uma centena de metros, minhas maos e meus pes comecaram a doer. Agarrei a la com mais forca, e o animal fez um ruido inarticulado. Nao o culpei. Eu mesmo nao gostaria de alguem escalando por meus cabelos. Mas, se eu nao me agarrasse, certamente cairia ali mesmo, bem na frente do monstro. - Hasenpfeffer! - disse o ciclope, afagando um dos carneiros na minha frente. - Einstein! Widget... Ei, Widget! Polifemo deu uns tapinhas no meu carneiro e quase me derrubou no chao. - Ganhando um pouco de la extra, hein? Epa, pensei, e agora. Mas Polifemo apenas riu e deu uma palmada no traseiro do carneiro, empurrando-nos para a frente. - Va andando, gorducho! Logo Polifemo ira come-lo no cafe-da-manha! E, simples assim, eu estava dentro da caverna. Pude ver o ultimo dos carneiros entrando. Se Annabeth nao comecasse logo a distrai-lo... O ciclope estava para rolar a rocha de volta a seu lugar quando de algum canto do lado de fora, Annabeth gritou: - Ola, feioso! Polifemo ficou rigido. - Quem disse isso? - Ninguem! - gritou Annabeth. Aquilo provocou exatamente a reacao que ela esperava. A cara do monstro ficou vermelha de raiva. - Ninguem! - Polifemo berrou de volta. - Eu me lembro de voce! - Voce e estupido demais para se lembrar de alguem - provocou Annabeth. - Muito menos de Ninguem. Pedi aos deuses que ela ja estivesse em movimento quando disse aquilo, porque Polifemo urrou furiosamente, agarrou a rocha mais proxima (que por acaso era sua porta da frente) e a atirou na direcao do som da voz de Annabeth. Ouvi a pedra se despedacar em mil fragmentos. Por um momento terrivel fez-se silencio. Entao Annabeth gritou:
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Voce tambem nao aprendeu a atirar pedras melhor! Polifemo uivou. - Venha para ca! Deixe-me matar voce, Ninguem! - Voce nao pode matar Ninguem, seu imbecil estupido - provocou ela. - Venha me achar! Polifemo disparou colina abaixo na direcao da voz dela. Essa coisa de "Ninguem" poderia nao ter feito sentido para outras pessoas, mas Annabeth me explicara que era esse o nome que Ulisses usara para enganar Polifemo seculos atras, antes que ele acertasse o olho do ciclope com uma grande estaca quente. Annabeth calculou que Polifemo ainda guardaria rancor daquele nome, e estava certa. No frenesi para encontrar o velho inimigo, ele se esqueceu de fechar novamente a entrada da caverna. Parecia nem ter parado para pensar que a voz de Annabeth era feminina, enquanto o primeiro Ninguem era homem. Por outro lado, ele queria casar com Grover, portanto nao era assim tao brilhante nessa questao de masculino/feminino. Eu so esperava que Annabeth pudesse permanecer viva e continuar distraindo o monstro por tempo suficiente para que eu encontrasse Grover e Clarisse. Desci da minha carona, dei uma palmadinha na cabeca de Widget e pedi desculpas. Procurei na sala principal, mas nao havia sinal de Grover e Clarisse. Forcei passagem por entre a multidao de carneiros e bodes, em direcao ao fundo da caverna. Muito embora tivesse sonhado com aquele lugar, foi dificil encontrar meu caminho pelo labirinto. Desci corredores atulhados de ossos, passei por salas cheias de tapetes de pele de carneiro e carneiros de cimento em tamanho real, que reconheci como obra da Medusa. Havia colecoes de camisetas de carneiro; grandes toneis de creme de lanolina; casacos, meias de la e chapeus de la com chifres de carneiro. Finalmente, encontrei a sala do tear, onde Grover estava agachado num canto, tentando cortar as amarras de Clarisse com uma tesoura. - Nao adianta - disse Clarisse. - Essa corda parece ferro! - So mais alguns minutos! - Grover - gritou ela, exasperada. - Voce esta trabalhando nisso ha horas! E entao ela me viu. - Percy? - disse Clarisse. - Voce devia ter sido explodido! - Bom ver voce tambem. Agora fique quieta enquanto eu... - Perrrrrrrcy! - baliu Grover, e se atracou em mim com um abraco de bode. - Voce me ouviu! Voce veio! - Sim, parceiro - falei. - E claro que eu vim. - Onde esta Annabeth? - La fora - respondi. - Mas nao temos tempo para conversa. Clarisse, fique parada. Destampei Contracorrente e cortei as cordas. Ela se pos em pe, rigida, esfregando os pulsos. Olhou-me com raiva por um momento, depois fitou o chao e murmurou: - Obrigada.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - De nada - falei. - Entao, havia mais alguem a bordo do seu bote salva-vidas? Clarisse pareceu surpresa. - Nao. So eu. Todos os outros a bordo do Birmingham... bem, eu nem sabia que voces tinham escapado. Uma explosao ecoou pela caverna, seguida por um grito que me fez perceber que poderia ser tarde demais. Era Annabeth gritando de medo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 QUINZE - Ninguem consegue o velocino - Eu peguei Ninguem! - exultou Polifemo. Arrastamo-nos para a entrada da caverna e vimos o ciclope com um sorriso perverso segurando ar vazio no alto. O monstro sacudiu o punho e um bone de beisebol esvoacou para o chao. La estava Annabeth, pendurada pelas pernas, de cabeca para baixo. - Ah! - disse o ciclope. - Menina invisivel detestavel! Ja tenho a mal-humorada para esposa. Isso quer dizer que voce vai ser grelhada com chutney de manga! Annabeth se debateu, mas parecia atordoada. Tinha um corte feio na testa. Seus olhos estavam vidrados. - Vou pega-lo - sussurrei para Clarisse. - Nosso navio esta na parte de tras da ilha. Voce e Grover... - Claro que nao - disseram eles ao mesmo tempo. Clarisse havia se armado com uma lanca de chifre de carneiro, verdadeira peca de colecionador da caverna do ciclope. Grover encontrara um femur de carneiro, o que nao o deixou muito satisfeito, mas o segurava como um porrete, pronto para atacar. - Vamos pega-lo juntos - rosnou Clarisse. - Sim - disse Grover. - Ele entao piscou, como se nao pudesse acreditar que acabara de concordar com Clarisse. - Tudo bem - disse eu. - Plano de ataque Macedonia. Eles assentiram. Tinhamos passado pelos mesmos cursos de treinamento no Acampamento Meio-Sangue. Eles sabiam do que eu estava falando. Iriam dar a volta e se aproximar, um de cada lado, atacando o ciclope pelos flancos enquanto eu atraia sua atencao na frente. Provavelmente, isso significava que iriamos todos morrer, e nao apenas eu, mas fiquei grato pela ajuda. Ergui minha espada e gritei: - Ei, feioso! O gigante se virou para mim. - Mais um? Quem e voce? - Ponha minha amiga no chao. Fui eu quem o insultou. - Voce e Ninguem? - Certo, seu balde fedorento de meleca de nariz! - Aquilo nao pareceu tao bom quanto os insultos de Annabeth, mas foi tudo em que pude pensar. - Eu sou Ninguem e me orgulho disso! Agora, coloque-a no chao e venha ate aqui. Quero furar seu olho de novo. - RAAAAR! - urrou ele. A boa noticia: ele deixou cair Annabeth. A ma noticia: ele a deixou cair de cabeca nas pedras, onde ela ficou imovel como uma boneca de trapos. A outra ma noticia: Polifemo investiu contra mim, meia tonelada de ciclope que eu teria de enfrentar com uma espada muito pequena.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Por Pan! - Grover atacou pela direita. Arremessou o osso de carneiro, que ricocheteou sem efeito na testa do monstro. Clarisse atacou pela esquerda e apoiou sua lanca no chao bem a tempo de o ciclope pisar em cima dela. Ele uivou de dor, e Clarisse se atirou para fora do caminho, para evitar ser pisoteada. Mas o ciclope simplesmente puxou a lanca como se fosse uma grande farpa e continuou em minha direcao. Eu avancei com Contracorrente. O monstro tentou me agarrar. Rolei de lado e lhe dei uma estocada na coxa. Eu esperava ve-lo se desintegrar, mas o monstro era grande e forte demais. - Pegue Annabeth! - gritei para Grover. Ele correu ate la, agarrou o bone de invisibilidade e a levantou do chao enquanto Clarisse e eu tentavamos manter Polifemo distraido. Tenho de admitir, Clarisse foi valente. Ela investiu contra o ciclope vezes seguidas. Ele esmurrou o chao, tentou pisa-la, agarra-la, mas ela era rapida demais. E, assim que ela atacava, eu a seguia, furando o monstro no dedao do pe, no tornozelo ou na mao. Mas nao poderiamos continuar com aquilo para sempre. Acabariamos nos cansando, ou o monstro poderia ter seu lance de sorte. Bastaria uma pancada para nos matar. Com o canto do olho vi Grover carregando Annabeth pela ponte de corda. Essa nao teria sido minha primeira escolha, considerando os carneiros comedores de gente do outro lado, mas, naquele momento, parecia melhor do que o lado do precipicio onde estavamos, e isso me deu uma ideia. - Recue! - disse para Clarisse. Ela rolou enquanto o punho do ciclope esmagava a oliveira ao lado dela. Corremos para a ponte, Polifemo logo atras de nos. Ele estava todo cortado e mancava por causa dos muitos ferimentos, mas tudo o que tinhamos feito foi deixa-lo mais lento e enfurecido. - Vou moe-los para fazer comida de carneiro! - prometeu. - Mil maldicoes sobre Ninguem! - Mais depressa! - disse eu para Clarisse. Disparamos colina abaixo. A ponte era nossa unica chance. Grover acabara de atravessar para o outro lado e estava deitando Annabeth no chao. Tinhamos de passar antes que o gigante nos pegasse. - Grover! - gritei. - Pegue a faca de Annabeth! Seus olhos se arregalaram quando ele viu o ciclope atras de nos, mas balancou a cabeca como se tivesse entendido. Quando Clarisse e eu nos precipitamos pela ponte, Grover comecou a cortar as cordas. O primeiro fio de corda arrebentou com um estalo. Polifemo pulou atras de nos, fazendo a ponte oscilar loucamente. A corda agora ja estava metade cortada. Clarisse e eu mergulhamos para a terra firme, aterrissando ao lado de Grover. Num golpe, cortei os fios restantes com minha espada. A ponte despencou no precipicio, e o ciclope uivou... de prazer, pois estava em pe bem ao nosso lado. - Fracasso! - berrou, felicissimo. - Ninguem fracassou!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Clarisse e Grover tentaram ataca-lo, mas o monstro os afastou com um tapa, como se fossem moscas. Minha raiva aumentou. Eu nao podia acreditar que tinha chegado ate ali, depois de perder Tyson, de sofrer e passar por tanta coisa, apenas para fracassar - detido por um monstro grande e estupido de saiote azul-bebe feito de smokings. Ninguem iria derrubar meus amigos como moscas daquele jeito! Quer dizer... ninguem, nao Ninguem. Ah, voce sabe o que eu quero dizer! A forca percorreu meu corpo. Ergui a espada e ataquei, esquecendo que estava em irremediavel desvantagem. Golpeei o ciclope na barriga. Quando ele se dobrou de dor, eu o atingi no nariz com o punho da espada. Cortei, chutei e bati ate que, quando me dei conta, Polifemo estava estatelado de costas no chao, atordoado e gemendo, e eu estava em pe em cima dele, com a ponta da espada pairando sobre o seu olho. - Uhhhhhhhhhhhh - gemeu Polifemo. - Percy! - arfou Grover. - Como voce... - Por favor, naaaaao! - gemeu o ciclope, olhando com tristeza para mim. Seu nariz sangrava. Uma lagrima se formou no canto do olho meio cego. - M-m-meus carneirinhos precisam de mim. Estava so tentando proteger meus carneiros! Ele comecou a solucar. Eu vencera. Tudo o que tinha de fazer era fincar a espada - um golpe rapido. - Mate-o! - berrou Clarisse. - O que esta esperando? O ciclope parecia tao desolado, tao parecido com... com Tyson. - Ele e um ciclope! - avisou Grover. - Nao confie nele! Eu sabia que ele estava certo. Sabia que Annabeth teria dito a mesma coisa. Mas Polifemo solucava... e pela primeira vez entrou na minha cabeca o fato de que ele tambem era filho de Poseidon. Como Tyson. Como eu. Como eu poderia simplesmente mata-lo a sangue frio? - Nos so queremos o Velocino - disse ao monstro. . Voce concorda em nos deixar leva-lo? - Nao! - gritou Clarisse. - Mate-o! O monstro fungou. - Meu lindo Velocino. Orgulho da minha colecao. Leve-o, ser humano cruel. Leve-o, e parta em paz. - Vou recuar bem devagar - disse eu ao monstro. - Um movimento em falso... Polifemo balancou a cabeca como se entendesse. Dei um passo atras... e, rapido como uma cobra, Polifemo me deu uma pancada que me jogou na beira do penhasco. - Mortal insensato! - urrou ele, pondo-se em pe. - Levar o meu Velocino? Ra! Vou come-lo primeiro. Ele abriu a boca enorme, e percebi que seus molares podres seriam a ultima coisa que eu veria na vida. Entao algo passou zunindo por cima da minha cabeca e Bam!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Uma pedra do tamanho de uma bola de basquete foi parar na garganta de Polifemo - um arremesso perfeito, uma linda cesta de tres pontos! O ciclope engasgou, tentando engolir a pilula inesperada. Cambaleou para tras, mas nao havia espaco para cambalear. Seu calcanhar escorregou, a beirada do penhasco desmoronou e o grande Polifemo agitou os bracos como uma galinha batendo as asas, o que nao o ajudou em nada a voar enquanto despencava no abismo. Eu me virei. A meio caminho da trilha para a praia, completamente ileso no meio de um rebanho de carneiros assassinos, estava um velho amigo. - Polifemo mau - disse Tyson. - Nem todos os ciclopes sao tao bonzinhos como parecem. ***** Tyson nos deu uma versao resumida: Arco-iris, o cavalo-marinho - que aparentemente vinha nos seguindo desde o estreito de Long Island, esperando para brincar com Tyson -, encontrara-o afundando sob os destrocos do Birmingham e o puxara para um lugar seguro. Ele e Tyson estiveram vasculhando o Mar de Monstros desde entao, tentando nos achar, ate que Tyson sentiu o cheiro de carneiros e encontrou esta ilha. Tive vontade de abracar o grandalhao bobo, so que ele estava no meio dos carneiros assassinos. - Tyson, gracas aos deuses. Annabeth esta ferida! - Voce agradece aos deuses porque ela esta ferida? - perguntou ele, confuso. - Nao! - Ajoelhei-me ao lado de Annabeth e fiquei nauseado de preocupacao com o que vi. O talho na testa dela era pior do que eu imaginara. A linha dos seus cabelos estava empapada de sangue. Sua pele estava palida, fria e umida. Grover e eu trocamos olhares nervosos. Entao uma ideia me ocorreu. - Tyson, o Velocino. Pode ir busca-lo para mim? - Qual deles? - disse Tyson, olhando em volta para as centenas de carneiros. - Na arvore! - disse eu. - O de ouro! - Ah! Bonito. Sim. Tyson caminhou pesadamente ate la, tomando cuidado para nao pisar os carneiros. Se algum de nos tivesse tentado se aproximar do Velocino, teria sido comido vivo, mas acho que Tyson tinha o mesmo cheiro que Polifemo, porque o rebanho nao o incomodou. Apenas se aconchegaram nele e baliram afetuosamente, como se esperassem ganhar guloseimas de carneiro da grande cesta de vime. Tyson estendeu o braco e ergueu o Velocino do seu galho. No mesmo instante as folhas do carvalho ficaram amarelas. Tyson comecou a voltar lentamente na minha direcao, mas eu gritei: - Nao da tempo! Jogue para ca! A pele dourada de carneiro saiu voando pelo ar como um Frisbee de pelucia brilhante. Agarrei-a com um gemido. Era mais pesada do que eu esperava - vinte e cinco ou trinta quilos de preciosa la de ouro. Estendi o Velocino sobre Annabeth, cobrindo tudo, menos o rosto, e rezei silenciosamente para todos os deuses em que pude pensar, ate os de que nao gostava.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Por favor. Por favor. As cores voltaram ao rosto dela. Seus cilios tremeram e se abriram. O corte na testa comecou a se fechar. Ela viu Grover e disse, fraca: - Voce nao... se casou? Grover arreganhou um sorriso. - Nao. Meus amigos me convenceram a nao fazer isso. - Annabeth - falei -, fique quieta. Mas, a despeito de nossos protestos, ela sentou, e notei que o corte em seu rosto estava quase completamente cicatrizado. Ela estava com uma aparencia muito melhor. Na verdade, reluzia de saude, como se alguem lhe tivesse dado uma injecao de brilho. Nesse meio-tempo, Tyson estava comecando a ter problemas com os carneiros. - Para baixo! - ele lhes disse quando tentaram escala-lo, procurando comida. Alguns estavam farejando o ar em nossa direcao. - Nao, carneirinhos. Por aqui! Venham para ca! Eles obedeceram, mas era obvio que estavam com fome, e comecavam a perceber que Tyson nao tinha nenhuma guloseima para eles. Nao iriam aguentar muito tempo com tanta carne fresca por perto. - Temos de ir - disse eu. - Nosso navio esta... O Vinganca da Rainha Ana estava muito, muito longe. O caminho mais curto seria pelo precipicio, e tinhamos acabado de destruir a unica ponte. A outra possibilidade era por entre os carneiros. - Tyson - chamei -, voce pode levar o rebanho para o mais longe possivel? - Os carneiros querem comida. - Eu sei! Eles querem comida humana! Tente afasta-los do caminho. De-nos tempo para chegar ate a praia. Depois nos encontre la. Tyson pareceu indeciso, mas assobiou. - Venham carneirinhos! Ahn, comida humana por aqui! Ele correu para a campina, os carneiros no seu encalco. - Mantenha-se enrolada no Velocino - disse a Annabeth. - So para o caso de voce ainda nao estar completamente curada. Da para ficar de pe? Ela tentou, mas seu rosto ficou palido de novo. - Ohh. Nao completamente curada. Clarisse abaixou-se ao lado dela e apalpou seu torax, o que fez Annabeth gemer. - Costelas quebradas - disse Clarisse. - Estao se recompondo, mas com certeza estao quebradas. - Como voce sabe? - perguntei. Clarisse me fulminou com o olhar.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Porque eu ja quebrei algumas, nanico! Vou ter de carrega-la. Antes que eu pudesse discutir, Clarisse ergueu Annabeth como um saco de farinha e a carregou ate a praia. Grover e eu fomos atras. Assim que chegamos a beira d'agua, me concentrei no Vinganca da Rainha Ana. Ordenei-lhe que levantasse a ancora e se deslocasse ate mim. Depois de alguns minutos ansiosos avistei o navio do-brando a extremidade da ilha. - Chegando! - gritou Tyson. Ele estava aos pulos trilha abaixo para juntar-se a nos, os carneiros cerca de cinquenta metros atras, balindo de frustracao porque o amigo ciclope saira correndo sem alimenta-los. - Eles provavelmente nao nos seguirao dentro d'agua - disse eu aos outros. - Tudo o que temos de fazer e nadar ate o navio. - Com Annabeth nesse estado? - protestou Clarisse. - Podemos fazer isso - insisti. Eu estava comecando a me sentir confiante de novo. Estava de volta ao meu ambiente, o mar. - Depois que chegarmos ao navio, estaremos em seguranca. De novo, nos quase conseguimos. Tinhamos acabado de atravessar a entrada da ravina quando ouvimos um tremendo rugido e vimos Polifemo, arranhado e esfolado, porem ainda muito vivo, o traje de casamento azul-bebe em farrapos, andando na nossa direcao com uma pedra em cada mao.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 DEZESSEIS - Eu afundo com o navio - E a gente imaginou que o estoque de pedras dele tivesse acabado - resmunguei. - Saiam nadando! - disse Grover. Ele e Clarisse mergulharam nas ondas. Annabeth se agarrou ao pescoco de Clarisse e tentou remar com uma das maos, o Velocino molhado pesando sobre ela. Mas a atencao do monstro nao estava no Velocino. - Voce, jovem ciclope! - rugiu Polifemo. - Traidor da nossa especie! Tyson parou. - Nao de ouvidos a ele! - implorei. - Venha. Puxei o braco de Tyson, mas era como se estivesse puxando uma montanha. Ele se virou e enfrentou o ciclope mais velho. - Nao sou um traidor. - Voce serve a mortais! - bradou Polifemo. - Seres humanos ladroes! Polifemo atirou sua primeira pedra. Tyson rebateu-a para o lado com o punho. - Nao sou traidor - disse Tyson. - E voce nao e da minha especie. - Morte ou vitoria! Polifemo avancou para as ondas, mas seu pe ainda estava ferido. Ele imediatamente tropecou e caiu de cara. Aquilo teria sido engracado, so que ele comecou a se levantar, cuspindo agua salgada e rosnando. - Percy! - gritou Clarisse. - Venha! Eles ja estavam quase no navio com o Velocino. Se eu ao menos pudesse manter o monstro distraido mais um pouco... - Va - disse-me Tyson. - Eu seguro o Grandao Feioso. - Nao! Ele vai mata-lo. - Eu ja havia perdido Tyson uma vez. Nao ia perde-lo de novo. - Vamos enfrenta-lo juntos. - Juntos - concordou Tyson. Puxei minha espada. Polifemo avancou cautelosamente, mancando como nunca. Mas nao havia nada de errado com seu braco. Ele atirou a segunda pedra. Mergulhei para um lado, mas ainda teria sido esmagado se Tyson nao a tivesse arrebentado, transformando-a em cascalho. Desejei que o mar subisse. Uma onda de seis metros se ergueu, levantando-me na crista. Peguei um jacare em direcao ao ciclope e chutei-o no olho, pulando por cima da cabeca dele enquanto a agua o atirava na praia. - Vou destrui-lo! - bradou Polifemo. - Ladrao de Velocino!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Voce roubou o Velocino - gritei. - Voce o esta usando para atrair satiros para a morte! - E dai? Satiros sao boa comida! - O Velocino deve ser usado para curar! Ele pertence aos filhos dos deuses! - Eu sou um filho dos deuses! - Polifemo tentou me varrer com um golpe, mas eu me desviei para o lado. - Pai Poseidon, amaldicoe este ladrao! - Ele piscava muito agora, como se mal pudesse enxergar, e percebi que estava se guiando pelo som da minha voz. - Poseidon nao vai me amaldicoar - falei, recuando enquanto o ciclope agarrava o ar. - Eu tambem sou seu filho. Ele nao vai escolher um favorito. Polifemo rugiu. Ele arrancou uma oliveira da encosta do penhasco e golpeou com ela o lugar onde eu estava um momento antes. - Os seres humanos nao sao mais os mesmos! Maus, trapaceiros, mentirosos! Grover estava ajudando Annabeth a embarcar no navio. Clarisse acenava freneticamente para mim, me chamando. Tyson deu a volta, tentando ficar atras de Polifemo. - Jovem ciclope! - chamou o ciclope mais velho. . Onde esta voce? Ajude-me! Tyson parou. - Voce nao foi criado como deveria! - lamuriou-se Polifemo, sacudindo seu porrete de oliveira. - Pobre irmao orfao! Ajude-me! Ninguem se mexeu. Nenhum som alem do oceano e das batidas do meu coracao. Entao Tyson deu um passo a frente, erguendo as maos na defensiva. - Nao lute, irmao ciclope. Abaixe a... Polifemo girou o corpo na direcao da voz dele. - Tyson! - gritei. A arvore atingiu-o com tamanha forca que teria me achatado como uma pizza de Percy com uma porcao extra de azeitonas. Tyson voou de costas, cavando uma trincheira na areia. Polifemo avancou atras dele, mas eu gritei: - Nao! - E me atirei o mais longe que pude com Contra-corrente. Esperava atingir Polifemo na parte de tras da coxa, mas consegui pular um pouquinho mais alto. - Beeeeee! - Polifemo baliu exatamente como seus carneiros, e me golpeou com sua arvore. Eu mergulhei, mas ainda assim uma duzia de galhos pontudos arranhou minhas costas. Estava sangrando, contundido e exausto. O porquinho-da-india dentro de mim quis fugir. Mas eu engoli o medo. Polifemo desferiu outro golpe com a arvore, mas dessa vez eu estava preparado. Agarrei um galho quando ela passou, ignorando a dor nas maos ao ser jogado para o ceu, e deixei o ciclope me erguer no ar. No topo do arco eu me soltei e cai diretamente na cara do gigante - aterrissando com os dois pes no seu olho ja machucado.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Polifemo ululou de dor. Tyson se atracou com ele, puxando-o para baixo. Eu cai ao lado deles - espada na mao, a distancia de uma estocada no coracao do monstro. Mas meus olhos cruzaram os de Tyson e vi que nao poderia fazer aquilo. Simplesmente nao era certo. - Largue-o - disse a Tyson. - Corra. Com um ultimo e enorme esforco, Tyson empurrou o ciclope mais velho, que praguejava, para longe, e nos corremos para as ondas. - Eu vou esmaga-lo! - berrou Polifemo, dobrando-se de dor. Ele pos as maos enormes em concha sobre o olho. Tyson e eu mergulhamos nas ondas. - Onde esta voce? - berrou Polifemo. Ele pegou o porrete de arvore e lancou-o para a agua. Aquilo caiu a nossa direita. Ordenei a uma corrente que nos carregasse, e comecamos a ganhar velocidade. Eu estava comecando a pensar que conseguiriamos chegar ao navio quando Clarisse gritou do conves: - Ai, Jackson. Se ferrou, ciclope! Cale a boca, eu quis gritar. - Rarrrr! - Polifemo pegou uma pedra. Ele a atirou na direcao da voz de Clarisse, mas ela nao chegou ate la, e por pouco nao acertou Tyson e eu. - Ai, ai! - provocou Clarisse. - Voce joga pedras como um fracote! Vou ensina-lo a tentar se casar comigo, seu idiota! - Clarisse! - berrei, incapaz de aguentar aquilo. - Cale a boca! Tarde demais. Polifemo atirou outra pedra, e dessa vez fiquei olhando impotente enquanto ela voava por cima da minha cabeca e acertava o casco do Vinganca da Rainha Ana. Voce nao acreditaria em como um navio pode afundar depressa. O Vinganca da Rainha Ana rangeu, gemeu e se inclinou para a frente como se fosse descer por um escorrega de parque de diversoes. Eu praguejei, desejando que o mar nos empurrasse mais depressa, mas os mastros do navio ja estavam submergindo. - Mergulhe! - disse a Tyson. E enquanto outra pedra voava por cima de nossas cabecas, submergimos. ***** Meus amigos estavam afundando depressa, tentando nadar, mas sem sorte, na esteira borbulhante dos destrocos do navio. Nem todo o mundo sabe que quando um navio afunda funciona como um ralo de pia, puxando tudo o que esta em volta dele para baixo. Clarisse era uma nadadora vigorosa, mas nem ela conseguiu fazer qualquer progresso. Grover agitava freneticamente seus cascos. Annabeth se agarrava ao Velocino, que brilhava na agua como uma onda de moedinhas novas.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Eu nadei ate eles, sabendo que poderia nao ter forca para puxar meus amigos para fora. Pior ainda, pedacos de madeira redemoinhavam em volta deles; nenhum dos meus poderes com a agua iria ajudar se uma viga acertasse minha cabeca. Precisamos de ajuda, pensei. Sim. A voz de Tyson, alta e clara na minha cabeca. Olhei para ele, perplexo. Ja tinha ouvido nereidas e outros espiritos da agua falando comigo embaixo d'agua, mas nunca me ocorrera... Tyson era filho de Poseidon. Podiamos nos comunicar. Arco-iris, disse Tyson. Fiz que sim, e entao fechei os olhos e me concentrei, somando minha voz a de Tyson: ARCO-IRIS! Precisamos de voce! Formas tremeluziram na escuridao embaixo de nos imediatamente - tres cavalos com cauda de peixe, galopando para cima mais rapido que golfinhos. Arco-iris e seus amigos olharam em nossa direcao e pareceram ler nossos pensamentos. Eles se moveram com velocidade para o meio dos destrocos e, um momento depois, explodiram para o alto numa nuvem de bolhas - Grover, Annabeth e Clarisse, cada qual agarrado ao pescoco de um cavalo-marinho. Arco-iris, o maior, estava com Clarisse. Correu ate nos e permitiu que Tyson se agarrasse a sua crina. Seu amigo que trazia Annabeth fez o mesmo comigo. Chegamos a superficie e nos afastamos depressa da ilha de Polifemo. Atras de nos, pude ouvir o ciclope rugindo triunfante: - Consegui! Finalmente afundei Ninguem! Esperei que ele jamais descobrisse que estava errado. Deslizamos pelo mar enquanto a ilha ia encolhendo, ate se transformar em um ponto e depois desaparecer. - Conseguimos - murmurou Annabeth, exausta. - Nos... Ela tombou no pescoco do cavalo-marinho e adormeceu instantaneamente. Eu nao sabia ate onde os cavalos-marinhos poderiam nos levar. Nao sabia aonde estavamos indo. Apenas apoiei Annabeth para que ela nao caisse, cobri-a com o Velocino de Ouro que tanto trabalho nos custara e fiz uma oracao silenciosa em agradecimento. O que me lembrou... Eu ainda tinha uma divida com os deuses. - Voce e um genio - disse a Annabeth baixinho. Entao encostei a cabeca no Velocino e, antes que percebesse, tambem estava dormindo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 DEZESSETE - Uma surpresa nos aguarda em Miami Beach - Percy, acorde. Pingos de agua salgada em meu rosto. Annabeth estava sacudindo meu ombro. A distancia, o sol se punha atras da silhueta de uma cidade. Pude ver uma rodovia litoranea ladeada por palmeiras, fachadas de lojas brilhando em neon vermelho e azul, um porto cheio de veleiros e navios de cruzeiro. - Miami, eu acho - disse Annabeth. - Mas os cavalos-marinhos estao agindo de um jeito engracado. Certamente, nossos amigos aquaticos tinham reduzido a velocidade e estavam relinchando e nadando em circulos, farejando a agua. Nao pareciam felizes. Um deles espirrou. Pude entender o que estavam pensando. - Aqui e o mais longe que eles podem nos levar - disse eu. - Seres humanos demais. Poluicao demais. Teremos de nadar ate praia sozinhos. Nenhum de nos ficou muito entusiasmado com aquilo, mas agradecemos a Arco-iris e seus amigos pela carona. Tyson chorou um pouco. Soltou o alforje improvisado que tinha feito, contendo seu conjunto de ferramentas e um par de outras coisas salvas dos destrocos do Birmingham. Depois abracou o pescoco de Arco-iris, deu-lhe uma manga encharcada que colhera na ilha e disse adeus. Depois que as crinas brancas dos cavalos-marinhos desapareceram no mar, nadamos para a praia. As ondas nos empurraram para a frente e num piscar de olhos estavamos de volta ao mundo mortal. Perambulamos pelos cais dos navios de cruzeiro, abrindo passagem por entre uma multidao que chegava para viagens de ferias. Carregadores se ocupavam com carrinhos de bagagem. Taxistas gritavam um para o outro em espanhol e tentavam furar a fila para pegar passageiros. Se alguem reparou em nos - cinco criancas encharcadas e com aparencia de quem acaba de lutar com um monstro -, nao deixou transparecer. Agora que estavamos de volta entre mortais, o olho unico de Tyson estava velado pela Nevoa. Grover enfiara seu bone e os tenis. Ate o Velocino se transformara, de uma pele de carneiro em uma jaqueta colegial de couro vermelha e dourada com um grande omega reluzente no bolso. Annabeth correu para a banca de jornais mais proxima e conferiu a data no Miami Herald. Ela praguejou. - Dezoito de junho! Estivemos longe do acampamento por dez dias! - E impossivel! - disse Clarisse. Mas eu sabia que nao era. O tempo passava de um jeito diferente em lugares monstruosos. - A arvore de Thalia ja deve estar quase morta - lamentou-se Grover. - Temos de levar o Velocino para la esta noite! Clarisse desmoronou na calcada. - Como vamos fazer isso? - A voz dela tremeu. . Estamos a centenas de quilometros de distancia. Sem dinheiro. Sem transporte. Exatamente como disse o Oraculo. A culpa e sua, Jackson! Se voce nao tivesse se metido... - Culpa de Percy? - explodiu Annabeth. - Clarisse, como pode dizer isso? Voce e a maior... - Parem com isso! - falei.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Clarisse enfiou a cabeca nas maos. Annabeth bateu o pe de frustracao. O fato era: eu quase esquecera que aquela missao deveria ser de Clarisse. Por um momento assustador, vi as coisas do ponto de vista dela. Como me sentiria se um bando de outros herois tivesse se metido e me deixado mal? Pensei no que tinha ouvido na sala das caldeiras do Birmingham - Ares gritando com Clarisse, avisando que era melhor ela nao fracassar. Ares pouco se importava com o acampamento, mas se Clarisse manchasse sua reputacao... - Clarisse - disse eu -, o que foi exatamente que o Oraculo lhe disse? Ela ergueu os olhos. Pensei que fosse gritar comigo, mas em vez disso ela respirou fundo e recitou a profecia: Navegaras com guerreiros de osso em navio de ferro, O que procuras, has de encontrar, e teu o tomaras, Mas sem esperanca diras, minha vida em pedra enterro, Sem amigos falharas e, voando so, retornaras. - Ui! - murmurou Grover. - Nao - disse eu. - Nao... espere um minuto. Eu entendi. Vasculhei meus bolsos procurando dinheiro, e nao encontrei nada a nao ser um dracma de ouro. - Alguem tem algum dinheiro? Annabeth e Grover sacudiram a cabeca devagar. Clarisse puxou do bolso um dolar da epoca da Guerra Civil encharcado e suspirou. - Dinheiro? - perguntou Tyson, hesitante. - Tipo... papel verde? Eu olhei para ele. - E. - Como o que veio nos sacos de viagem? - E, mas nos perdemos aqueles sacos dias a-t-t... Gaguejei ate parar enquanto Tyson vasculhava seu alforje e tirava de la um saco ziploc cheio de dinheiro que Hermes incluira nos nossos suprimentos. - Tyson! - disse eu. - Como voce... - Pensei que fosse um saco de racao para Arco-iris - disse ele. - Achei flutuando no mar, mas so tinha papel dentro. Pena. Ele me entregou a grana. Notas de cinco e dez, pelo menos trezentos dolares. Corri para o meio-fio e peguei um taxi que acabava de desembarcar uma familia de passageiros de um cruzeiro. - Clarisse - gritei. - Venha. Voce vai para o aeroporto. Annabeth, entregue o Velocino a ela.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Nao sei muito bem qual das duas pareceu mais perplexa quando tirei a jaqueta-Velocino de Annabeth, enfiei o dinheiro no bolso dela e a coloquei nos bracos de Clarisse. Clarisse disse: - Voce vai me deixar... - E sua missao - disse eu. - Nos so temos dinheiro suficiente para um voo. Alem disso, eu nao posso viajar pelo ar. Zeus me explodiria em um milhao de pedacos. e isso o que queria dizer a profecia: voce falharia sem amigos, o que significa que precisava de nossa ajuda, mas teria de voar para casa sozinha. Voce precisa levar o Velocino em seguranca. Eu podia ver a cabeca dela trabalhando - desconfiada de inicio, imaginando que truque eu estaria armando, depois, finalmente, concluindo que eu queria mesmo dizer o que tinha dito. Ela pulou para dentro do taxi. - Pode contar comigo. Nao vou falhar. - Nao falhar seria bom... O taxi arrancou em uma nuvem de fumaca do escapamento. O Velocino estava a caminho. - Percy - disse Annabeth -, aquilo foi tao... - Generoso? - sugeriu Grover. - Maluco - corrigiu Annabeth. - Voce esta apostando a vida de todos no acampamento que Clarisse levara o Velocino em seguranca para la esta noite? - E a missao dela - disse eu. - Ela merece uma chance. - Percy e legal - disse Tyson. - Percy e legal demais - resmungou Annabeth. Mas eu nao pude deixar de pensar que talvez, apenas talvez, ela estivesse um pouco impressionada. De qualquer modo, eu a surpreendera. E isso nao era coisa facil de fazer. - Vamos - disse aos meus amigos. - Vamos encontrar outro jeito de ir para casa. Foi entao que me virei e encontrei uma ponta de espada na minha garganta. - Oi, primo - disse Luke. - Bem-vindo de volta aos Estados Unidos. Seus homens-urso brutamontes surgiram pelos dois lados. Um agarrou Annabeth e Grover pela gola das camisetas. O outro tentou agarrar Tyson, mas Tyson o derrubou em uma pilha de malas e rugiu para Luke. - Percy - disse Luke calmamente -, diga ao seu gigante para recuar ou mandarei Oreios esmagar as cabecas dos seus amigos uma contra a outra. Oreios arreganhou um sorriso e ergueu Annabeth e Grover do chao, os dois esperneando e gritando. - O que voce quer, Luke? - rosnei. Ele sorriu, fazendo ondular a cicatriz no seu rosto.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Fez um gesto em direcao a extremidade do cais, e notei o que deveria ter sido obvio. A maior embarcacao no porto era o Princesa Andromeda. - Ora, Percy - disse Luke. - Eu quero estender minha hospitalidade, e claro. ***** Os gemeos ursos nos tocaram para dentro do Princesa Andromeda. Jogaram-nos no conves dianteiro, na frente de uma piscina com fontes borbulhantes que formavam um repuxo no ar. Uma duzia dos variados capangas de Luke - homens-cobra, lestrigoes, semi-deuses de armadura de batalha - tinha se reunido para nos ver receber um pouco de "hospitalidade". - E entao, o Velocino, onde esta? - perguntou Luke Ele nos examinou, espetando minha camisa com a ponta da espada, cutucando os jeans de Grover. - Ei! - gritou Grover. - Ha uma pele de bode de verdade ai embaixo! - Desculpe, velho amigo. - Luke sorriu. - Entregue o Velocino e deixarei voce partir de volta a sua, ahn, pequena missao natural. - Blaa-ha-ha! - protestou Grover. - Raio de velho amigo! - Talvez voces nao tenham me ouvido. - A voz de Luke era perigosamente calma. - Onde... esta... o... Velocino? - Nao esta aqui - falei. Provavelmente, eu nao devia ter contado nada a ele, mas era uma boa sensacao jogar-lhe a verdade na cara. - Nos o despachamos na nossa frente. Voce se deu mal. Os olhos de Luke se estreitaram. - Voce esta mentindo. Voce nao pode ter... - Seu rosto se avermelhou quando uma horrivel possibilidade lhe ocorreu. - Clarisse? Fiz que sim. - Voce confiou... voce deu... - E. - Agrio! O gigante urso se encolheu. - S-sim? - Va la embaixo e prepare meu corcel. Traga-o para o conves. Preciso voar para o aeroporto de Miami, depressa! - Mas, patrao... - Faca isso! - berrou Luke. - Ou voce vai virar comida de dragao!
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 O homem-urso engoliu em seco e disparou escada abaixo. Luke ficou andando de um lado para o outro na frente da piscina, praguejando em grego antigo, agarrado em sua espada com tanta forca que os nos dos dedos ficaram brancos. O restante da tripulacao de Luke parecia inquieta. Talvez nunca tivessem visto o patrao tao enlouquecido. Comecei a pensar... Se eu pudesse usar a raiva de Luke, faze-lo falar de modo que todos pudessem ouvir como seus planos eram insanos... Olhei para a piscina, para as fontes borrifando agua no ar, criando um arco-iris ao por-do-sol. E de repente tive uma ideia. - Voce estava nos usando o tempo todo - disse. - Queria que trouxessemos o Velocino para voce e o poupassemos do esforco de pega-lo. Luke fez uma careta. - E claro, seu idiota! E voce estragou tudo! - Traidor! - Tirei meu ultimo dracma de ouro do bolso e o joguei em Luke. Como eu esperava, ele se esquivou facilmente. A moeda voou para dentro do repuxo de agua com as cores do arco-iris. Esperei que minha prece silenciosa fosse aceita. Pensei de todo o coracao: O deusa, aceite minha oferenda. - Voce enganou todos nos! - gritei para Luke. - Ate DIONISO NO ACAMPAMENTO MEIO-SANGUE! Atras de Luke, a fonte comecou a tremeluzir, mas eu precisava que a atencao de todos estivesse em mim, entao destampei Contracorrente. Luke apenas deu um sorriso sarcastico. - Nao e hora para heroismos, Percy. Largue sua espadinha insignificante ou vou mandar mata-lo mais cedo, e nao mais tarde. - Quem envenenou a arvore de Thalia, Luke? - Fui eu, e claro - rosnou ele. - Eu ja lhe disse isso. Usei peconha da velha Piton, diretamente das profundezas do Tartaro. - Quiron nao tem nada a ver com isso? - Ah! Voce sabe que ele nunca faria isso. O velho idiota nao teria coragem. - Chama isso de coragem? Trair seus amigos? Por em risco o acampamento inteiro? Luke ergueu a espada. - Voce nao entende nem a metade. Eu ia deixar voce levar o Velocino... depois que eu tivesse terminado com ele. Aquilo me fez hesitar. Por que ele permitiria que eu levasse o Velocino? Devia estar mentindo. Mas eu nao podia me permitir perder a atencao dele. - Voce ia curar Cronos - disse eu.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Sim! A magica do Velocino teria acelerado dez vezes o processo de recuperacao dele. Mas voce nao vai nos deter, Percy. Voce so nos atrasou um pouco. - Entao voce envenenou a arvore, traiu Thalia e nos preparou uma armadilha... tudo para ajudar Cronos a destruir os deuses. Luke rangeu os dentes. - Voce sabe disso! Por que fica me perguntando? - Porque eu quero que todo o publico o ouca. - Que publico? Entao seus olhos se estreitaram. Ele olhou para tras, e seus facinoras fizeram o mesmo. Eles engasgaram e recuaram, cambaleando. Acima da piscina, tremeluzindo na nevoa do arco-iris, estava uma visao em mensagem de iris de Dioniso, Tantalo e o acampamento inteiro no pavilhao-refeitorio. Estavam sentados num silencio perplexo nos assistindo. - Bem - disse Dioniso ironicamente -, um entretenimento inesperado no jantar. - Senhor D, voce ouviu - falei. - Voces todos ouviram Luke. O envenenamento da arvore nao foi culpa de Quiron. O senhor D suspirou. - Acho que nao. - A mensagem de iris pode ser um truque - sugeriu Tantalo, mas sua atencao estava dirigida principalmente ao seu cheeseburger, que ele tentava encurralar com as duas maos. - Infelizmente, nao . disse o senhor D, olhando com nojo para Tantalo. - Parece que terei de reintegrar Quiron como diretor de atividades. Acho mesmo que sinto falta dos jogos de pinoche do velho cavalo. Tantalo agarrou o cheeseburger. Que nao escapuliu para longe. Tantalo o ergueu do prato e olhou para aquilo estupefato, como se fosse o maior diamante do mundo. - Peguei! - cacarejou ele. - Nao precisamos mais dos seus servicos, Tantalo - anunciou o senhor D. Tantalo pareceu perplexo. - O que? Mas... - Voce pode voltar ao Mundo Inferior. Esta despedido. - Nao! Mas... Naaaaaaaaaaaaao! Enquanto se dissolvia em nevoa, seus dedos apertaram o cheeseburger, tentando leva-lo a boca. Mas era tarde demais. Tantalo desapareceu e o cheeseburger caiu de volta no prato. Os campistas explodiram em vivas. Luke urrou de raiva. Golpeou a fonte com a espada e a mensagem de Iris se dissolveu, mas estava feito.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Eu estava me sentindo muito bem comigo mesmo, ate que Luki-se virou e me lancou um olhar sanguinario. - Cronos tinha razao, Percy. Voce e uma arma pouco confiavel. Precisa ser substituido. Nao entendi muito bem o que ele queria dizer, mas nao tive tempo de pensar a respeito. Um de seus homens soprou um apito de bronze, e as portas do conves se abriram violentamente. Mais uma duzia de guerreiros foi despejada, formando um circulo a nossa volta, as pontas de bronze das lancas na nossa direcao. Luke sorriu para mim. - Voces nao sairao vivos deste navio.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 DEZOITO . A invasao dos poneis de festa - Mano a mano - desafiei Luke. - Do que voce tem medo? Luke franziu o labio. Os soldados que estavam prestes a nos matar hesitaram, aguardando as ordens dele. Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, Agrio, o homem-urso, irrompeu no conves levando um cavalo voador. Era o primeiro pegaso preto puro que eu ja vira, com as asas de um corvo gigante. A egua pegaso empinou e relinchou. Pude entender seus pensamentos. Ela estava chamando Agrio e Luke de nomes tao feios que Quiron teria lavado seu focinho com sabao para selas. - Senhor. - bradou Agrio, esquivando-se dos cascos do pegaso. - Seu corcel esta pronto! Luke manteve os olhos fixos em mim. - Eu lhe disse no ultimo verao, Percy - disse ele. - Voce nao pode me atrair para uma luta. - E voce continua evitando uma - reparei. - Com medo de que seus guerreiros o vejam ser derrotado? Luke lancou um olhar para seus homens, e viu que eu o tinha pego numa armadilha. Se ele recuasse, pareceria fraco. Se me enfrentasse, perderia um tempo precioso em sua cacada a Clarisse. De minha parte, o melhor que podia esperar era distrai-lo, dando aos meus amigos oportunidade de escapar. Se alguem pudesse pensar em um plano para tira-los dali, seria Annabeth. O lado negativo era que eu sabia o quanto Luke era bom em esgrima. - Vou mata-lo rapidamente - decidiu ele, e ergueu sua arma. Mordecostas era meio metro mais longa que a minha espada Sua lamina reluzia com uma luz maligna cinza e ouro, onde o aco humano fora fundido com o bronze celestial. Eu quase pude senti a lamina lutando contra si mesma, como imas de polos oposto amarrados juntos. Nao sabia como a lamina tinha sido feita, mas senti algo tragico. Alguem morrera no processo. Luke assobiou para um dos seus homens, que lhe jogou um escudo redondo de couro e bronze. Ele me lancou um sorriso maligno. - Luke - disse Annabeth -, pelo menos de a ele um escudo. - Sinto muito, Annabeth - disse ele. - Nesta festa, a gente traz o proprio equipamento. O escudo era um problema. Lutar com as duas maos segurando apenas uma espada nos da mais forca, mas lutar com uma das maos e um escudo nos da melhor defesa e versatilidade. Ha mais movimentos, mais opoes, mais maneiras de matar. Pensei em Quiron, que me dissera para ficar no acampamento nao importasse a que preco, e aprendesse a lutar. Agora ia pagar por nao lhe ter dado ouvidos. Luke quase me matou na primeira investida. Sua espada passou embaixo do meu braco, rasgando minha camisa e rocando minhas costelas. Pulei para tras, contra-ataquei com Contracorrente, mas Luke desviou minha lamina com o escudo. - Ora, Percy - cacoou -, voce esta fora de forma. Ele avancou de novo com um golpe na altura da minha cabeca. Eu me defendi e devolvi com uma estocada. Ele desviou facilmente para o lado.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 O corte nas minhas costelas doia. Meu coracao estava disparado. Quando Luke investiu de novo, pulei para tras, para dentro da piscina, e senti uma explosao de forca. Girei embaixo d'agua, criando um turbilhao que emergiu da parte mais funda, explodindo diretamente na cara de Luke. A forca da agua o derrubou, o fez cuspir, sem enxergar. Mas, antes que eu pudesse atacar, ele rolou de lado e se pos de pe novamente. Ataquei e cortei fora a beira de seu escudo, mas aquilo nao o intimidou. Ele se agachou e investiu contra as minhas pernas. De repente minha coxa ficou em fogo, com uma dor tao intensa que desabei. Meus jeans estavam rasgados acima do joelho. Eu estava ferido. Nao sabia com que gravidade. Luke deu um golpe para baixo e eu rolei para tras de uma espreguicadeira. Tentei me levantar, mas minha perna nao suportava o peso. - Perrrrrrcy! - baliu Grover. Rolei de novo quando a espada de Luke partiu a espreguicadeira ao meio, com os tubos de metal e tudo. Arrastei-me em direcao a piscina, tentando desesperadamente nao desmaiar. Eu nunca conseguiria. Luke sabia disso. Ele avancou devagar, sorrindo. O fio de sua espada estava tingido de vermelho. - Uma coisa que eu quero que voce veja antes de morrer, Percy. - Ele olhou para o homem-urso Oreios, que ainda estava segurando Annabeth e Grover pelo pescoco. - Voce pode comer o seu jantar agora, Oreios. Bon appetit. - He-he! He-he! - O homem-urso ergueu meus amigos e mostrou os dentes. Foi quando o Hades inteiro foi libertado. Zummm! Uma flecha com penas vermelhas brotou na boca de Oreios. Com uma expressao surpresa na cara peluda, ele desmoronou no conves. - Irmao! - gemeu Agrio. Ele afrouxou as redeas do pegaso apenas por tempo suficiente para o corcel negro escoicea-lo na cabeca e escapar voando, livre, sobre a baia de Miami. Por uma fracao de segundo os guardas de Luke ficaram atordoados demais para fazer qualquer coisa a nao ser olhar para os corpos dos gemeos ursos se dissolvendo em fumaca. Entao se ouviu um coro selvagem de brados de guerra e um estrepito de cascos contra metal. Uma duzia de centauros irrompeu da escadaria principal. - Poneis! - exclamou Tyson, empolgado. Minha cabeca teve dificuldade de processar tudo o que vi. Quiron estava no meio da multidao, mas seus parentes nao pareciam quase nada com ele. Eram centauros com corpo de garanhoes arabes, outros com pelo dourado de palomino, outros com manchas laranja e brancas como paint horses. Alguns usavam camisetas de cores vivas com letras fosforescentes que diziam PONEIS DE FESTA: DIVISAO DO SUL DA FLORIDA. Alguns estavam armados com arcos, alguns com bastoes de beisebol, alguns com pistolas de paintball Um tinha a cara pintada como um guerreiro comanche e agitava uma enorme mao de isopor mostrando um grande Numero 1. Outro estava de peito nu e inteiramente pintado de verde. Um terceiro usava oculos com olhos vesgos presos a molas, balancando para cima e para baixo, e um daqueles bones de beisebol que tem latas de refrigerante com canudinhos penduradas dos dois lados.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Eles estouraram no conves com tamanha ferocidade e tanto colorido que por um momento ate Luke ficou atordoado. Eu nao sabia dizer se eles tinham chegado para comemorar ou atacar. Tudo levava a crer que as duas coisas. Enquanto Luke erguia sua espada para convocar as tropas, um centauro disparou uma flecha diferenciada, com uma luva de boxe na ponta. Ela atingiu Luke na cara e o mandou para dentro da piscina. Seus guerreiros se espalharam por todos os lados. Eu nao podia culpa-los. Enfrentar os cascos de um garanhao empinado ja e bastante assustador, mas sendo ele um centauro, armado com um arco e aos gritos, usando um chapeu com latas de refrigerante, ate o mais bravo dos guerreiros bateria em retirada. - Venham, acertem alguns! - gritou um dos poneis de festa. Eles mandaram ver com suas pistolas de paintball. Uma onda de azul e amarelo explodiu contra os guerreiros de Luke, cegando-os e emporcalhando-os da cabeca aos pes. Eles tentaram correr, apenas para escorregar e cair. Quiron galopou ate Annabeth e Grover, pegou-os com facilidade do conves e os colocou nas costas. Tentei me levantar, mas minha perna ferida ainda parecia estar em fogo. Luke se arrastava para fora da piscina. - Ataquem, seus idiotas! - ordenou as suas tropas. Em algum lugar sob o conves um grande sino bateu. Eu sabia que a qualquer segundo seriamos esmagados pelos reforcos de Luke. Seus guerreiros ja estavam se recuperando da surpresa, avancando para os centauros com espadas e lancas erguidas. Tyson jogou meia duzia de lado com um tabefe, derrubando-os por cima da amurada na baia de Miami. Porem mais guerreiros vinham subindo pelas escadas. - Irmaos, retirar! - disse Quiron. - Voce nao vai escapar dessa impune, homem-cavalo! - berrou Luke. Ele ergueu a espada, mas levou um murro na cara em outra flechada de luva de boxe, e caiu sentado numa espreguicadeira. Um centauro palomino me icou para seu lombo. - Cara, chame seu amigo grandalhao! - Tyson! - gritei. - Venha! Tyson largou os dois guerreiros que estava prestes a amarrar em um no e correu atras de nos. Ele pulou para o lombo do centauro. - Cara! - gemeu o centauro, quase cedendo sob o peso de Tyson. - As palavras "dieta de baixo carboidrato" significam alguma coisa para voce? Os guerreiros de Luke estavam se organizando em uma falange. Mas quando estavam prontos para avancar os centauros ja tinham galopado para a beirada do conves e pulado sem medo por cima da amurada, como se aquilo fosse uma corrida de obstaculos e nao dez andares acima do chao. Tive certeza de que iamos morrer. Despencamos para o cais, mas os centauros atingiram o asfalto praticamente sem
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 um solavanco sequer e sairam galopando, bradando entusiasmados e gritando provocacoes para o Princesa Andromeda enquanto galopavamos para as ruas do centro de Miami. Nao tenho ideia do que os moradores de Miami pensaram quando passamos galopando. Ruas e edificios comecaram a se tornar indistintos enquanto os centauros ganhavam velocidade. A sensacao era de que o espaco estava se compactando - como se cada passo de centauro nos levasse por quilometros e quilometros. Num piscar de olhos, deixamos a cidade para tras. Disparamos por campos pantanosos, capim alto, lagos e arvores anas. Finalmente, estavamos em um acampamento de trailers a beira de um lago. Os trailers eram todos puxados por cavalos, incrementados com televisores, minigeladeiras e mosquiteiros. Era um acampamento de centauros. - Cara! - disse um ponei de festa enquanto descarregava seu equipamento. - Voce viu aquele sujeito urso? Parecia que estava dizendo: "Epa! Tem uma flecha na minha boca!" O centauro com os oculos de olhos vesgos riu. - Aquilo foi fantastico! Trombada de cabeca! Os dois centauros investiram um contra o outro com forca total e bateram as cabecas, depois sairam cambaleando um para cada lado, com sorrisos bobos na cara. Quiron suspirou. Pos Annabeth e Grover sobre uma toalha de piquenique ao meu lado. - Preferiria que meus primos nao batessem as cabecas. Eles nao tem neuronios sobrando. - Quiron - disse eu, ainda surpreso com o fato de ele estar ali. - Voce nos salvou. Ele me deu um sorriso seco. - Bem, eu nao poderia deixar que morressem, especialmente por terem limpado meu nome. - Mas como sabia onde estavamos? - perguntou Annabeth. - Planejamento avancado, minha querida. Eu calculei que voces seriam trazidos pelas aguas para perto de Miami, se conseguissem sair do Mar de Monstros vivos. Quase tudo o que e esquisito trazido para Miami pelas aguas. - Puxa, obrigado - murmurou Grover. - Nao, nao - disse Quiron. - Eu nao quis dizer... Ah, nao importa! Eu estou contente em ve-lo, meu jovem satiro. A questao e que consegui bisbilhotar a mensagem de iris de Percy e rastrear o sinal. iris e eu somos amigos ha seculos. Pedia a ela que me alertasse sobre quaisquer comunicacoes importantes nesta area. Entao nao foi preciso grande esforco para convencer meus primos a vir em sua ajuda. Como veem, nos, centauros, somos capazes de nos deslocar bem depressa quando queremos. Nossa nocao de distan-cia e diferente da dos seres humanos. Olhei para a fogueira, onde tres poneis de festa ensinavam Tyson a usar uma pistola de paintball. Torci para que soubessem no que estavam se metendo. - Entao, e agora? - perguntei a Quiron. - Simplesmente deixamos Luke ir embora? Ele esta com Cronos a bordo daquele navio. Ou partes dele, de qualquer modo. Quiron se ajoelhou, dobrando cuidadosamente as pernas dianteiras embaixo de si. Abriu a bolsa de remedios em seu cinto e comecou a tratar meus ferimentos.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Infelizmente, Percy, aconteceu hoje uma especie de empate. Nos nao tinhamos vantagem numerica para tomar aquele navio. E Luke nao estava suficientemente organizado para nos perseguir. Ninguem venceu. - Mas nos temos o Velocino! - disse Annabeth. - Clarisse esta agora mesmo voltando com ele para o acampamento. Quiron assentiu, embora ainda parecesse inquieto. - Voces todos sao herois de verdade. E assim que deixarmos Percy em condicoes, voces devem voltar ao Acampamento Meio Sangue. Os centauros poderao leva-los. - Voce tambem vem? - perguntei. - Ah, sim, Percy! Ficarei aliviado em ir para casa. Os meus irmaos aqui simplesmente nao apreciam a musica de Dean Martin. Alem disso, preciso trocar algumas palavras com o senhor D. Temos o restante do verao para planejar. Muito treinamento para fazer. E eu quero ver... estou curioso a respeito do Velocino. Eu nao sabia exatamente o que ele queria dizer, mas aquilo me deixou preocupado com o que Luke dissera: Eu ia deixar voce levar o Velocino... depois que eu tivesse terminado com ele. Ele estaria simplesmente mentindo? Eu aprendera com Cronos que sempre ha um plano dentro de um plano. O senhor tita nao era chamado de O Tortuoso a toa. Tinha meios de conseguir que as pessoas fizessem o que ele queria sem sequer se darem conta das verdadeiras intencoes dele. Junto a fogueira, Tyson estava a vontade com sua pistola de paintball. Um projetil azul explodiu contra um dos centauros, arremessando-o de costas para dentro do lago. O centauro saiu sorrindo, coberto de lama do pantano e tinta azul, e com as duas maos fez sinal de positivo para Tyson. - Annabeth - disse Quiron -, quem sabe voce e Grover poderiam ir tomar conta de Tyson e dos meus primos antes que eles, ahn, ensinem maus habitos demais um ao outro? Annabeth olhou-o nos olhos. Houve algum tipo de entendimento entre eles. - Claro, Quiron - disse Annabeth. - Venha, garoto-bode. - Mas eu nao gosto de paintball - Sim, voce gosta. - Ela pos Grover sobre seus cascos e o levou em direcao a fogueira. Quiron acabou de enfaixar minha perna. - Percy, tive uma conversa com Annabeth a caminho daqui. Uma conversa sobre a profecia. O-oh, pensei. - Nao foi culpa dela - disse eu. - Eu a fiz contar. Seus olhos pestanejaram com irritacao. Tinha certeza de que ele iria me dar uma bronca, mas entao seu olhar demonstrou cansaco. - Acho que nao poderia mante-la em segredo para sempre. - Entao sou mesmo eu na profecia? Quiron enfiou as ataduras de volta na bolsa.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Eu gostaria de saber, Percy. Voce ainda nao tem dezesseis anos. Por ora, devemos simplesmente treina-lo o melhor possivel, e deixar o futuro para as Parcas. As Parcas. Eu nao pensava naquelas velhas senhoras fazia um bom tempo, mas assim que Quiron as mencionou, a ficha caiu em minha cabeca. - E isso que aquilo significava. Quiron franziu o cenho. - E isso que o que significava? - No ultimo verao. O agouro das Parcas quando as vi arrebentar a linha da vida de alguem. Pensei que significasse que eu ia morrer imediatamente, mas e pior que isso. Tem algo a ver com sua profecia. A morte que elas previram... vai acontecer quando eu tiver dezesseis anos. A cauda de Quiron varreu nervosamente a grama. - Meu menino, voce nao pode ter certeza disso. Nos nem sabemos se a profecia e sobre voce. - Mas nao existe nenhum outro filho meio-sangue dos Tres Grandes! - Que nos saibamos. - E Cronos esta retornando. Ele vai destruir o Monte Olimpo! - Ele vai tentar - concordou Quiron. - E a civilizacao ocidental junto, se nao o detivermos. Mas nos vamos dete-lo. Voce nao estara sozinho nessa luta. Eu sabia que ele estava tentando me fazer sentir melhor, mas me lembrei do que Annabeth contara. Caberia a um so heroi. Uma decisao que iria salvar ou destruir o Ocidente. E eu tinha certeza de que as Parcas me deram algum tipo de aviso sobre isso. Algo terrivel iria acontecer, ou para mim ou para alguem proximo de mim. - Eu sou apenas uma crianca, Quiron - disse eu, sem forcas. - De que adianta um heroizinho de nada contra uma coisa como Cronos? Quiron conseguiu sorrir. - \De que adianta um heroizinho de nada?., Joshua Lawrence Chamberlain me disse algo parecido certa vez, pouco antes de, sozinho, mudar o curso da Guerra Civil. Ele puxou uma flecha de sua aljava e girou a ponta afiada como navalha de um jeito que a fez brilhar a luz da fogueira. - Bronze celestial, Percy. Uma arma imortal. O que aconteceria se voce disparasse isto contra um ser humano? - Nada - disse eu. - Passaria atraves dele. - Certo - disse ele. - Os seres humanos nao existem no mesmo nivel que os imortais. Eles nao podem nem mesmo ser feridos pelas nossas armas. Mas voce, Percy... voce e parte deus, parte humano. Vive em ambos os mundos. Pode ser ferido por ambos, e pode influenciar ambos. E isso que torna os herois tao especiais. Voce transporta as esperancas da humanidade para a esfera do eterno. Os monstros nunca morrem. Eles renascem do caos e do barbarismo que sempre fermentam embaixo da civilizacao, o proprio material que torna Cronos mais forte. Precisam ser derrotados de novo, e de novo, mantidos encurralados. Os herois personificam essa luta. Voce enfrenta as batalhas que a humanidade precisa vencer, a cada geracao, a fim de continuar sendo humana. Entende?
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Eu... eu nao sei. - Voce precisa tentar, Percy. Porque, seja voce ou nao a crianca da profecia, Cronos acha que voce pode ser. E, depois de hoje, ele finalmente desistira de leva-lo para o lado dele. Essa e a unica razao de ele ainda nao te-lo matado, voce sabe. Assim que ele tiver certeza de que nao podera usa-lo, ira destrui-lo. - Voce fala como se o conhecesse. Quiron franziu os labios. - Mas eu o conheco. Olhei para ele. Eu as vezes me esquecia de como Quiron era velho. - E por isso que o senhor D culpou voce quando a arvore foi envenenada? Por isso disse que algumas pessoas nao confiam em voce? - Sem duvida. - Mas, Quiron... Quer dizer, ora vamos! Por que eles haveriam de pensar que voce iria trair o acampamento por Cronos? Os olhos de Quiron eram de um castanho profundo, cheios de milhares de anos de tristeza. - Percy, lembre-se de seu treinamento. Lembre-se dos estudos de mitologia. Qual e a minha conexao com o senhor tita? Tentei pensar, mas minha mitologia sempre foi toda confusa Mesmo ali, quando ela era tao real, tao importante para minha vida, eu tinha problemas em guardar direito todos os nomes e os fatos. Sacudi a cabeca. - Voce, ahn, deve a Cronos algum favor ou coisa assim? Ele poupou sua vida? - Percy - disse Quiron, a voz inimaginavelmente suave. - O tita Cronos e meu pai.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 DEZENOVE - A corrida de carruagens termina com uma explosao. Chegamos a Long Island logo depois de Clarisse, gracas a capacidade de deslocamento dos centauros. Cavalguei no lombo de Quiron, mas nao conversamos muito, especialmente sobre Cronos. Eu sabia que tinha sido dificil para ele me contar. Nao queria pressiona-lo com mais perguntas. Quer dizer, eu conheci uma grande quantidade de parentes embaracosos, mas, Cronos, o maligno senhor tita que queria destruir a civilizacao ocidental? Nao era o tipo de pai que a gente convida para a escola no "dia da profissao". Quando chegamos ao acampamento, os centauros estavam ansiosos por conhecer Dioniso. Tinham ouvido falar que ele promovia festas insanas, mas ficaram desapontados. O deus do vinho nao estava com disposicao para celebrar quando o acampamento inteiro se reuniu no topo da Colina Meio-Sangue. O acampamento acabara de passar por duas semanas dificeis. O chale de artes e oficios fora totalmente queimado no ataque de um Draco Aionius (que, ate onde pude imaginar, e um nome latino para "enorme lagarto que faz as coisas irem pelos ares"). Os quartos da Casa Grande estavam transbordando de feridos. As criancas do chale de Apoio, que eram os melhores curandeiros, estiveram trabalhando horas a fio nos primeiros socorros. Todos pareciam exaustos e maltratados quando nos amontoamos em volta da arvore de Thalia. No momento em que Clarisse pendurou o Velocino de Ouro no galho mais baixo, o luar pareceu clarear, passando de cinzento para um prata-claro. Uma brisa fresca sussurrou entre os galhos e fez o capim ondular ate o vale. Tudo entrou em um foco mais nitido - a luz dos vaga-lumes nos bosques, o aroma dos campos de morangos, o som das ondas na praia. Aos poucos, as agulhas do pinheiro comecaram a esverdear, perdendo o tom marrom. Todos vibraram. Estava acontecendo devagar, mas nao havia duvida - a magica do Velocino penetrava na arvore, enchendo-a com uma forca nova e expelindo o veneno. Quiron ordenou vigia vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, no topo da colina, pelo menos ate que pudesse arranjar um monstro apropriado para proteger o Velocino. Disse que publicaria um anuncio no Semanario do Olimpo imediatamente. Nesse meio-tempo, Clarisse foi carregada nos ombros por seus companheiros de chale ate o anfiteatro, onde foi homenageada com uma coroa de louros e muita comemoracao em volta da fogueira. Ninguem deu a menor atencao a Annabeth ou a mim. Era como se nunca tivessemos partido. Acho que era o melhor agradecimento que poderiamos receber, porque, se admitissem que tinhamos escapulido furtivamente do acampamento para realizar a missao, teriam de nos expulsar. E, na verdade, eu nao queria mesmo mais nenhuma atencao. Era boa a sensacao de ser apenas um dos campistas, para variar. Mais tarde, naquela noite, quando estavamos assando guloseimas e ouvindo os irmaos Stoll nos contarem uma historia de fantasmas sobre um rei perverso que fora comido vivo por doces demoniacos no cafe-da-manha, Clarisse me empurrou por tras e sussurrou ao meu ouvido: - Nao e porque voce foi legal uma vez, Jackson, que esta fora de perigo com Ares. Ainda estou esperando a oportunidade certa para transforma-lo em po. Dei-lhe um sorriso de ma vontade. - O que? - perguntou ela. - Nada - disse eu. - E bom estar em casa. *****
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Na manha seguinte, depois que os poneis de festa partiram de volta para a Florida, Quiron fez um aviso de surpresa: as corridas de bigas seriam realizadas conforme programado. Todos tinhamos imaginado que elas ficariam para tras, ja que Tantalo se fora, mas completa-las parecia ser a coisa certa a fazer, especialmente agora que Quiron estava de volta e o acampamento estava seguro. Tyson nao ficou muito entusiasmado com a ideia de entrar novamente numa biga depois da nossa primeira experiencia, e ficou feliz em deixar que eu formasse uma equipe com Annabeth. Eu conduziria, Annabeth defenderia e Tyson atuaria como nosso mecanico de pit-stop. Enquanto eu trabalhava com os cavalos, Tyson consertou a carruagem de Atena e acrescentou todo um pacote de modificacoes especiais. Passamos os dois dias seguintes treinando como loucos. Annabeth e eu concordamos que, caso vencessemos, o premio de nenhum trabalho na cozinha durante um mes inteiro seria dividido entre nossos dois chales. Como Atena tinha mais campistas, teria a maior parte da folga, o que, por mim, estava o.k. Eu nao me importava com o premio. So queria vencer. Na noite anterior a corrida, fiquei acordado ate tarde nos estabulos. Estava conversando com nossos cavalos, dando-lhes as instrucoes finais, quando alguem bem atras de mim disse: - Belos animais, os cavalos. Gostaria de ter pensado neles. Um cara de meia-idade em uniforme dos correios estava encostado na porta do estabulo. Era magro, com cabelo preto encaracolado embaixo do elmo branco, e carregava um malote postal pendurado no ombro. - Hermes? - gaguejei. - Ola, Percy. Nao me reconheceu sem as roupas de corrida? - Ahn... - Eu nao sabia muito bem se deveria me ajoelhar, comprar selos ou o que. Entao me ocorreu por que ele devia estar ali. - Ah!, escute, senhor Hermes, quanto a Luke... O deus arqueou as sobrancelhas. - Ahn, nos o vimos, tudo bem - disse eu -, mas... - Voces nao conseguiram faze-lo ouvir a voz da razao? - Bem, nos tentamos nos trucidar mutuamente em um duelo ate a morte. - Entendo. Voce tentou a aproximacao diplomatica. - Sinto muito mesmo. Quer dizer, voce nos deu aqueles presentes impressionantes e tudo. E eu sei que voce queria que Luke voltasse. Mas... ele se tornou mau. Mau mesmo, pra valer. Ele disse que tem a sensacao de que voce o abandonou. Esperei Hermes ficar furioso. Imaginei que ele me transformaria em um hamster ou coisa assim, e eu nao tinha a menor vontade ser de novo um roedor. Em vez disso, ele apenas suspirou. - Voce ja teve a impressao de que seu pai o abandonou, Percy? Ai, ai, ai. Tive vontade de dizer: "So algumas centenas de vezes por dia.. Eu nao falava com Poseidon desde o ultimo verao. Nunca estivera sequer em seu palacio submarino. E tambem havia toda aquela coisa com Tyson - nenhum aviso, nenhuma explicacao. Simplesmente, buml Voce tem um irmao. E de se imaginar que uma pessoa mereca uma ligadinha para avisar, ou coisa assim.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Quanto mais eu pensava nisso, mais zangado ficava. Percebi que realmente queria reconhecimento pela missao que completara, mas nao dos outros campistas. Queria que meu pai dissesse alguma coisa. Que reparasse em mim. Hermes acomodou melhor o malote no ombro. - Percy, a parte mais dificil de ser um deus e que voce, muitas vezes, precisa agir indiretamente, em especial quando se trata dos proprios filhos. Se fossemos interferir todas as vezes em que os nossos filhos tem um problema... bem, isso so iria criar mais problemas e mais ressentimento. Mas eu acredito que se voce pensar um pouco nisso vera que Poseidon tem prestado atencao em voce. Ele respondeu as suas preces. Posso apenas esperar que algum dia Luke tambem perceba isso em relacao a mim. Quer voce ache que teve sucesso, quer nao, lembrou a Luke quem era ele. Voce falou com ele. - Eu tentei mata-lo. Hermes encolheu os ombros. - Familias sao complicadas. Familias imortais sao eternamente complicadas. As vezes, o melhor que podemos fazer e lembrar um ao outro que somos aparentados, aconteca o que acontecer... e tentar limitar ao minimo as mortes e mutilacoes. Aquilo nao pareceu exatamente uma receita para a familia perfeita. Mas, por outro lado, pensando na minha missao, percebi que talvez Hermes estivesse certo. Poseidon enviara os cavalos-marinhos para nos ajudar. Ele me dera poderes sobre o mar de que nunca ouvira falar antes. E havia Tyson. Sera que Poseidon nos pusera juntos de proposito? Quantas vezes Tyson salvara minha vida naquele verao? A distancia, soou a trombeta de concha, anunciando a hora de recolher. - Voce precisa ir para a cama - disse Hermes. - Eu ja o ajudei a se meter em encrencas suficientes este verao. Na verdade, so vim para fazer esta entrega. - Uma entrega? - Eu sou o mensageiro dos deuses, Percy. - Ele tirou um aparelho de protocolo eletronico de sua mala postal e entregou para mim. - Assine aqui, por favor. Peguei a caneta do aparelho antes de perceber que nela havia um par de minusculas serpentes verdes entrelacadas. - Ah! - Deixei a caneta cair. Ai!, disse George. Realmente, Percy, ralhou Martha. Voce gostaria de ser derrubado no chao de um estabulo? - Ah!, ahn, desculpe. Eu nao gostava muito de tocar em serpentes, mas peguei de novo o aparelho e a caneta. Martha e George se retorceram embaixo dos meus dedos formando uma especie de apoio para lapis, como os que meu professor de educacao especial me fazia usar na segunda serie. Voce me trouxe um rato?, perguntou George. - Nao... - disse eu. - Nos, ahn, nao encontramos nenhum. E um porquinho-da-india?
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 George!, repreendeu Martha. Nao provoque o menino. Assinei e devolvi o aparelho para Hermes. Em troca, ele me entregou um envelope azul-mar. Meus dedos tremeram. Mesmo antes de abrir, percebi que era do meu pai. Pude sentir seu poder no papel azul frio, como se o proprio envelope tivesse sido dobrado com uma onda do oceano. - Boa sorte amanha - disse Hermes. - E uma bela parelha de cavalos que voce tem ali, mas vai ter de me desculpar se eu torcer pelo chale de Hermes. E nao fique desanimado demais depois de ler isto, meu querido, disse Martha. Ele de fato se preocupa com voce. - O que voce quer dizer? - perguntei. Nao ligue para ela, disse George. E da proxima vez, lembre-se, as serpentes trabalham por gorjetas. - Ja basta, voces dois - disse Hermes. - Adeus, Percy. Por enquanto. Pequenas asas brancas brotaram em seu elmo. Ele comecou a brilhar, e eu sabia o bastante sobre os deuses para desviar os olhos antes que ele revelasse sua verdadeira forma divina. Com um brilhante clarao branco, ele se foi, e fiquei sozinho com os cavalos. Olhei para o envelope azul em minhas maos. Estava enderecado em uma caligrafia forte, mas elegante, que eu ja vira uma vez, em um pacote que Poseidon me enviara no ultimo verao. Percy Jackson a/c Acampamento Meio-Sangue Fram Road, 3.141 Long Island, Nova York, 11954 Uma carta de verdade do meu pai. Talvez ele dissesse que eu tinha feito um bom trabalho ao conseguir o Velocino. Explicasse a respeito de Tyson, ou pedisse desculpas por nao ter falado comigo antes. Havia tantas coisas que eu gostaria que estivessem naquela carta. Abri o envelope e desdobrei o papel. Era simples o que estava escrito no meio da pagina: Prepare-se Na manha seguinte, estava todo mundo aos cochichos sobre a corrida de bigas, embora ficassem olhando nervosamente para o ceu como se esperassem ver passaros de Estinfalia se reunindo. Nao apareceu nenhum. Era um lindo dia de verao, com ceu azul e muito sol. O acampamento comecava a ter a aparencia que deveria: as campinas estavam verdes e luxuriantes; as colunas brancas reluziam nos edificios gregos; driades brincavam alegres nos bosques. E eu me sentia infeliz. Ficara acordado a noite inteira, pensando no aviso de Poseidon. Prepare-se. Quer dizer, ele se da ao trabalho de escrever uma carta e escreve apenas aquilo? Martha, a serpente, me dissera para nao ficar desapontado. Talvez Poseidon tivesse uma razao para ser tao vago. Talvez nao soubesse exatamente sobre o que estava me advertindo, mas sentisse que algo
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 grandioso estava prestes a acontecer - algo que poderia me deixar completamente arrasado, a nao ser que estivesse preparado. Foi dificil, mas tentei voltar meus pensamentos para a corrida. Enquanto Annabeth e eu nos encaminhavamos para a pista nao pude deixar de admirar o trabalho que Tyson fizera na biga de Atena. A carruagem reluzia com seus reforcos de bronze. As rodas tinham sido realinhadas com uma suspensao magica deslizavamos sem um solavanco sequer. O arreamento dos cavalos estava tao perfeitamente equilibrado que a parelha virava ao mais leve puxao nas redeas. Tyson fizera dois dardos para nos, cada qual com tres botoes no cabo. O primeiro botao preparava o dardo para explodir com o impacto, liberando um arame farpado que se embaracaria nas rodas de um oponente e as despedacaria. O segundo botao produzia uma ponta de bronze rombuda (mas ainda assim muito dolorosa) projetada para derrubar o auriga. O terceiro botao produziria um arpeu que poderia ser usado para travar a carruagem do inimigo ou empurra-la para longe. Calculei que estavamos em excelente condicao para a corrida, mas Tyson assim mesmo me advertiu para ser cuidadoso. As equipes das outras carruagens tinham truques a beca para puxar dos seus mantos. - Aqui - disse ele pouco antes de comecar a corrida. Ele me entregou um relogio de pulso. Nao havia nele nada de especial - apenas um mostrador branco e prata e uma pulseira de couro preto -, mas assim que o vi percebi que era naquilo que eu o vira trabalhar durante todo o verao. Normalmente nao uso relogio. Que importancia tem saber as horas? Mas nao podia dizer nao a Tyson. - Obrigado, parceiro. - Coloquei-o no pulso e descobri que era surpreendentemente leve e confortavel. Eu mal sentia que o estava usando. - Nao consegui termina-lo em tempo para a viagem - murmurou Tyson. - Desculpe, desculpe. - Ei, cara. Nao e importante. - Se precisar de protecao na corrida - aconselhou ele -, aperte o botao. - Ah, legal! - Nao vi como a hora certa poderia ajudar grande coisa, mas fiquei comovido por Tyson ter se preocupado. Prometi i ele que me lembraria do relogio. - E... ei, ahn, Tyson... Ele olhou para mim. - Eu queria dizer, bem... Tentei imaginar como me desculpar por ter sentido vergonha dele antes da missao, por ter dito a todos que ele nao era meu irmao de verdade. Nao foi facil encontrar as palavras. - Eu sei o que voce vai me dizer - disse Tyson, parecendo encabulado. - Poseidon, no fim das contas, se preocupava comigo. - Ahn, bem... - Ele mandou voce para me ajudar. Exatamente o que eu pedi. Eu pisquei. - Voce pediu... a mim para Poseidon? - Pedi um amigo . disse Tyson, torcendo a camisa nas maos. - Os jovens ciclopes crescem sozinhos nas ruas, aprendem a fazer coisas com sucata. Aprendem a sobreviver.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Mas isso e tao cruel! Ele sacudiu a cabeca com decisao. - Isso nos faz apreciar nossas bencaos, nao ser gananciosos, maus e gordos como Polifemo. Mas eu ficava com medo. Os monstros me perseguiram tanto, as vezes me machucavam com suas garras... - As cicatrizes nas suas costas? Uma lagrima surgiu no olho dele. - A esfinge da rua Setenta e Dois. Grande encrenqueira. Pedi ajuda ao papai. Logo o pessoal de Meriwether me encontrou. Conheci voce. A maior bencao de todas. Sinto por ter dito que Poseidon era mau. Ele me mandou um irmao. Olhei para o relogio que Tyson me dera. - Percy! - chamou Annabeth. . Vamos! Quiron estava junto a linha de partida, pronto para soprar a concha. - Tyson... - falei. - Va - disse Tyson. - Voces vao vencer! - Eu... sim, certo, grandao. Vamos vencer esta por voce. - Subi na biga e fiquei em posicao bem na hora em que Quiron deu a largada. Os cavalos sabiam o que fazer. Disparamos pela pista tao depressa que eu teria caido da carruagem se meus bracos nao tivessem enrolado nas redeas de couro. Annabeth se segurou firme no parapeito. As rodas deslizavam lindamente. Entramos na primeira curva com uma biga inteira de vantagem sobre Clarisse, que estava ocupada tentando se defender de um ataque de dardo dos irmaos Stoll na biga de Hermes. - Nos os pegamos. - gritei, mas foi cedo demais. - Chegando! - gritou Annabeth. Ela lancou seu primeiro dardo no modo arpeu, jogando longe uma rede com pesos de chumbo que teria envolvido nos dois. A carruagem de Apolo chegara ao nosso lado. Antes que Annabeth pudesse se armar de novo, o guerreiro de Apoio lancou um dardo contra nossa roda direita. O dardo se despedacou, mas nao sem antes arrebentar um dos raios. Nossa biga deu uma guinada brusca e oscilou. Tive certeza de que a roda iria se desintegrar de vez, mas de algum modo continuamos em frente. Instiguei os cavalos a manter a velocidade. Estavamos agora pescoco com pescoco com Apoio. Hefesto vinha logo depois. Ares e Hermes estavam ficando para tras, lado a lado enquanto Clarisse enfrentava Connor Stoll de espada contra dardo. Se fossemos atingidos mais uma vez na roda, sabia que iriamos capotar. - Voce e meu! - gritou o auriga de Apolo. Era um campista de primeiro ano. Nao me lembro do seu nome, mas certamente tinha autoconfianca. - Ah, ta! - Annabeth gritou de volta. Ela pegou o segundo dardo - um grande risco, considerando que ainda tinhamos uma volta completa pela frente - e o lancou contra o auriga de Apolo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 A pontaria foi perfeita. A ponta rombuda surgiu bem no momento em que o dardo atingiu o auriga no peito, derrubando-o sobre o parceiro e fazendo os dois tombarem da carruagem num salto-mortal para tras. Os cavalos sentiram as redeas afrouxarem e enlouqueceram, galopando direto para a multidao. Campistas correram procurando protecao enquanto os cavalos passaram no canto das arquibancadas e a biga dourada virou. Os animais galoparam de volta para o estabulo, arrastando a carruagem emborcada atras deles. Consegui manter nossa biga inteira ao longo da segunda curva, a despeito dos gemidos da roda direita. Passamos pela linha de partida e entramos trovejando na volta final. O eixo rangia e chiava. A roda instavel estava nos fazendo perder velocidade, muito embora os cavalos respondessem a todos os meus comandos, correndo como uma maquina bem lubrificada. A equipe de Hefesto continuava avancando. Beckendorf sorriu ao pressionar um botao no seu painel de controle. Cabos de aco foram lancados da frente de seus cavalos mecanicos e se enroscaram na traseira de nossa biga. A carruagem estremeceu quando o sistema de guincho de Beckendorf comecou a funcionar - arrastando-nos para tras enquanto Beckendorf era puxado para a frente. Annabeth praguejou e puxou sua faca. Ela golpeou os cabos, mas eram grossos demais. - Nao consigo corta-los! - gritou. A carruagem de Hefesto estava agora perigosamente proxima, os cavalos a ponto de nos esmagar com os cascos. - Troque comigo! - disse a Annabeth. - Pegue as redeas! - Mas... - Confie em mim! Ela passou para a frente e agarrou as redeas. Eu me virei, num esforco para manter o equilibrio, e destampei Contracorrente. Dei um golpe para baixo e os cabos arrebentaram como linha de pipa. Fomos lancados para a frente, mas o auriga de Beckendorf simplesmente deu uma guinada para a esquerda e encostou a biga ao nosso lado. Beckendorf puxou sua espada. Ele desferiu um golpe contra Annabeth, e eu o desviei. Estavamos entrando na ultima curva. Jamais conseguiriamos. Eu precisava desestabilizar a carruagem de Hefesto e tira-la do caminho, mas tambem tinha de proteger Annabeth. Beckendorf era um cara legal mas isso nao significava que ele nao iria mandar nos dois para a enfermaria se baixassemos a guarda. Estavamos agora pescoco com pescoco, Clarisse se aproximando atras, recuperando o tempo perdido. - Ate mais, Percy! - gritou Beckendorf. - Ai vai um presentinho de despedida! Ele atirou uma bolsa de couro em nossa biga. Aquilo grudou imediatamente no piso e comecou a soltar uma fumaca verde. - Fogo grego! - gritou Annabeth. Eu praguejei. Tinha ouvido historias sobre o que o fogo grego era capaz de fazer. Calculei que teriamos talvez dez segundos antes que aquilo explodisse.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Livre-se dele! - gritou Annabeth. Mas eu nao podia. A carruagem de Hefesto ainda estava ao lado, aguardando ate o ultimo segundo para se certificar de que seu presentinho explodiria. Beckendorf me mantinha ocupado com sua espada. Se eu baixasse a guarda por tempo suficiente para lidar com o fogo grego, Annabeth seria fatiada, e nos nos arrebentariamos de um jeito ou de outro. Tentei chutar a bolsa de couro para longe, mas nao consegui. Ela estava bem grudada. Entao me lembrei do relogio. Nao sabia como aquilo poderia ajudar, mas consegui apertar o botao do cronometro. No mesmo instante o relogio se transformou. Expandiu-se, o aro de metal girando para fora como um obturador de maquina fotografica antiga, e uma correia de couro se enrolou em torno do meu antebraco ate que me vi segurando um escudo de guerra redondo com um metro e meio de diametro, o lado de dentro de couro macio, o lado de fora de bronze polido, com desenhos gravados que nao tive tempo de examinar. Tudo o que sabia era que Tyson se saira bem. Ergui o escudo e a espada de Beckendorf retiniu contra ele. Sua lamina se estilhacou. - O que? - gritou ele. - Como... Ele nao teve tempo de dizer mais nada porque eu o atingi no peito com meu novo escudo e o fiz voar da carruagem e rolar pela poeira. Eu estava prestes a usar Contracorrente para golpear o auriga quando Annabeth gritou: - Percy! O fogo grego estava soltando fagulhas. Enfiei a ponta da minha espada embaixo da bolsa de couro e a usei como espatula. A bomba incendiaria saiu do lugar e voou para dentro da carruagem de Hefesto, caindo nos pes do auriga. Ele soltou um ganido. Em uma fracao de segundo o auriga fez a escolha certa: mergulhou da carruagem, que seguiu em diagonal e explodiu labaredas verdes. Os cavalos de metal pareciam estar em curto-circuito. Contornaram e arrastaram os destrocos em chamas na direcao de Clarisse e dos irmaos Stoll, que tiveram de se desviar para evita-los. Annabeth puxou as redeas para a ultima curva. Eu me segurei, certo de que iriamos capotar, mas de algum modo ela conseguiu continuar e tocou os cavalos pela linha de chegada. Um clamor se ergueu da multidao. Depois que a carruagem parou, nossos amigos se aglomeraram ao nosso redor. Comecaram a entoar nossos nomes, mas Annabeth gritou, por cima do barulho: - Esperem! Escutem! Nao fomos apenas nos! A multidao nao queria silenciar, mas Annabeth se fez ouvir: - Nao teriamos conseguido sem outra pessoa! Nao poderiamos ter ganhado esta corrida, nem conseguido o Velocino, nem salvado Grover, nem nada! Devemos nossas vidas a Tyson... - Meu irmao! - disse eu, bem alto para todos ouvirem. - Tyson, meu irmaozinho mais novo.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Tyson corou. A multidao delirou. Annabeth me tascou um beijo na bochecha. Os gritos ficaram ainda muito mais altos depois disso. Todo o chale de Atena nos ergueu nos ombros - Annabeth, Tyson e eu - e nos carregou em direcao ao podio dos vencedores, onde Quiron aguardava para entregar as coroas de louros.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 VINTE . A magia do velocino e boa ate demais Aquela tarde foi uma das mais felizes que eu ja passara no acampamento, o que talvez sirva para demonstrar que a gente nunca sabe quando nosso mundo esta prestes a ser despedacado. Grover anunciou que poderia passar o resto do verao conosco antes de retomar sua missao a procura de Pan. Seus superiores no Conselho dos Anciaos de Casco Fendido ficaram tao impressionados por ele nao ter se deixado matar e ter aberto o caminho para futuros buscadores que lhe concederam uma licenca de dois meses e um novo conjunto de flautas de bambu. A unica ma noticia: Grover insistiu em tocar aquelas flautas a tarde inteira, e seus dons musicais nao haviam melhorado muito. Ele tocou YMCA, e os morangueiros comecaram a enlouquecer, enroscando-se em nossos pes como se estivessem tentando nos estrangular. Acho que nao poderia culpa-los. Grover me contou que poderia desfazer a conexao empatica entre nos, agora que estavamos frente a frente, mas eu lhe disse que simplesmente aceitava continuar com ela, se estivesse tudo bem com ele. Ele pos de lado suas flautas de junco e me olhou. - Mas, se eu me meter em encrenca de novo, voce estara cm perigo, Percy! Voce pode morrer! Se voce se meter em encrenca de novo, eu quero saber a respeito. E vou ajuda-lo de novo, homem-bode. Nao faria de outro jeito. No fim ele concordou em nao romper a conexao. Voltou a tocar YMCA para os morangueiros. Eu nao precisava de uma conexao empatica com as plantas para saber como elas se sentiam com aquilo. ***** Mais tarde, durante a aula de arco-e-flecha, Quiron me chamou de lado e contou que havia resolvido meus problemas com o colegio Meriwether. O colegio nao me culpava mais por destruir o ginasio. A policia nao estava mais me procurando. - Como conseguiu isso? - perguntei. Os olhos de Quiron cintilaram. - Apenas sugeri que os mortais tinham visto algo diferente naquele dia... a explosao de um forno, que nao foi sua culpa. - Voce disse isso e eles aceitaram? - Eu manipulei a Nevoa. Algum dia, quando voce estiver pronto, vou lhe mostrar como isso e feito. - Voce quer dizer que eu posso voltar para Meriwether no ano que vem? Quiron ergueu as sobrancelhas. - Ah, nao, eles expulsaram voce assim mesmo. O diretor, senhor Bonsai, disse que seu... como foi mesmo que ele disse? Que seu carma nao era bom, que perturbava a aura educacional da escola. Mas voce nao esta com nenhum problema com a lei, o que foi um alivio para sua mae. Ah!, e por falar na sua mae... Ele desprendeu seu telefone celular da aljava e o entregou a mim. - Esta mais do que na hora de voce ligar para ela.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 A pior parte foi o comeco - a parte do "Percy Jackson, o que voce esta pensando, voce tem ideia de como eu fiquei preocupada por voce ter fugido do acampamento, partindo para missoes perigosas e me deixando morrendo de pavor?". Mas, finalmente, ela fez uma pausa para tomar folego. - Ah, eu so estou contente por voce estar em seguranca! Isso e o mais legal em minha mae. Ela nao e muito boa em ficar zangada. Ela tenta, mas simplesmente nao e da natureza dela. - Desculpe, mamae - disse a ela. - Nao vou assusta-la de novo. - Nao me prometa isso, Percy. Voce sabe muito bem que tudo so vai piorar. - Ela tentou parecer despreocupada quanto a isso, mas pude perceber que estava bastante abalada. Eu quis dizer alguma coisa para faze-la se sentir melhor, mas sabia que ela estava certa. Sendo um meio-sangue, eu estaria sempre fazendo coisas que a assustavam. E, a medida que fosse ficando mais velho, os perigos simplesmente ficariam maiores. - Eu poderia ir para casa por algum tempo - sugeri. - Nao, nao. Fique no acampamento. Treine. Faca o que tem de fazer. Mas voce vira para casa para o proximo ano escolar? - Sim, e claro. Ahn, se houver alguma escola que va me aceitar. - Ah, nos encontraremos alguma coisa, querido - suspirou minha mae. - Algum lugar onde ainda nao nos conhecam. ***** Quanto a Tyson, os campistas o trataram como heroi. Eu teria ficado feliz em te-lo como companheiro de chale para sempre, mas naquela noite, quando estavamos sentados em uma duna de areia com vista para o estreito de Long Island, ele fez uma comunicacao que me pegou totalmente de surpresa. - Papai se comunicou comigo em sonho na noite passada - disse ele. - Ele quer que eu o visite. Perguntei-me se ele estava brincando, mas Tyson nao sabia como brincar. - Poseidon mandou uma mensagem em sonho para voce? Tyson assentiu. - Quer que eu va para baixo d'agua pelo resto do verao. Aprender a trabalhar nas forjas dos ciclopes. Ele chamou isso de es... es... - Estagio? - Sim. Deixei aquilo calar na minha mente. Admito que senti um pouco de ciume. Poseidon nunca me convidara para baixo d'agua. Mas entao, pensei, Tyson estava indo? Simples assim? - Quando voce parte? - perguntei. - Agora.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Agora. Tipo... agora, agora? - Agora. Olhei para as ondas no estreito de Long Island. A agua brilhava em vermelho ao por-do-sol. - Estou feliz por voce, grandao - consegui dizer. - Serio mesmo. - Dificil deixar meu novo irmao - disse ele com um tremor na voz. - Mas eu quero fazer coisas. Armas para o acampamento. Voces vao precisar delas. Infelizmente, eu sabia que ele tinha razao. O Velocino nao tinha resolvido todos os problemas do acampamento. Luke ainda estava la fora, reunindo um exercito a bordo do Princesa Andromeda. Cronos ainda estava se reconstituindo em seu caixao de ouro. No fim, acabariamos tendo de enfrenta-lo. - Voce vai fazer as melhores armas que ja existiram - disse a Tyson. Ergui meu relogio com orgulho. - Aposto que elas tambem vao mostrar a hora certa. Tyson deu uma fungada. - Irmaos ajudam um ao outro. - Voce e meu irmao - disse eu. - Nao ha duvidas a respeito disso. Ele me deu uma palmadinha nas costas tao forte que quase me derrubou na duna de areia. Entao enxugou uma lagrima da bochecha e se levantou para partir. - Use bem o escudo. - Farei isso, grandao. - Vai salvar sua vida algum dia. O modo como ele disse isso, tao pratico, me fez pensar se aquele seu olho de ciclope podia enxergar o futuro. Ele desceu para a praia e assobiou. Arco-iris, o cavalo-marinho, saltou das ondas. Observei os dois partindo juntos para os dominios de Poseidon. Depois que eles se foram, baixei os olhos para meu novo relogio. Apertei o botao e o escudo se expandiu em espiral ate seu tamanho pleno. Marteladas no bronze, havia figuras em estilo grego antigo, cenas das nossas aventuras naquele verao. La estavamos Annabeth exterminando um lestrigao jogador de queimado, eu lutando contra os touros de bronze na Colina Meio-Sangue Tyson cavalgando Arco-iris rumo ao Princesa Andromeda, o Birmingham disparando seus canhoes contra Caribdis. Passei a mao sobre uma figura de Tyson, lutando com a Hidra enquanto segurava alto uma caixa de donuts Monstro. Nao pude deixar de sentir tristeza. Sabia que Tyson se divertiria um bocado embaixo do oceano. Mas eu sentiria saudades de tudo em relacao a ele - seu fascinio por cavalos, o modo como conseguia consertar carruagens de guerra ou amarrotar metal com as maos nuas, ou dar nos em caras malvados. Sentiria saudades ate dos seus roncos de terremoto na cama ao lado a noite inteira. - Ei, Percy. Virei-me.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Annabeth e Grover estavam em pe no topo da duna. Acho que talvez eu tivesse um pouco de areia nos olhos, porque estava piscando muito. - Tyson... - falei. - Ele teve de... - Nos sabemos - disse Annabeth suavemente. - Quiron nos contou. - Forjas dos ciclopes. - Grover estremeceu. - Ouvi dizer que a comida da cantina de la e horrivel! Tipo, enchilada, nem pensar! Annabeth estendeu a mao. - Venha, Cabeca de Alga. Hora do jantar. Caminhamos de volta para o pavilhao do refeitorio juntos, so nos tres, como nos velhos tempos. ***** Houve uma tempestade naquela noite, mas ela se dividiu em volta do Acampamento Meio-Sangue como as tempestades costumam fazer. Raios relampejavam no horizonte, ondas golpeavam a praia, mas nem uma gota caia no nosso vale. Estavamos protegidos de novo, gracas ao Velocino, encerrados em nossas fronteiras magicas. Ainda assim, meus sonhos foram agitados. Ouvi Cronos me provocando, das profundezas do Tartaro: Polifemo esta sentado cego em sua caverna, jovem heroi, acreditando que obteve uma grande vitoria. Sera que voce esta menos iludido? O riso frio do tita encheu as trevas. Entao meu sonho mudou. Eu estava seguindo Tyson para o fundo do mar, entrando na corte de Poseidon. Era um salao radiante, cheio de luz azul, o piso pavimentado com perolas. E la, em um trono de coral, sentava-se meu pai, vestido como um simples pescador, de short caqui e uma camiseta alvejada de sol. Ergui os olhos para seu rosto curtido pelas intemperies, seus olhos verdes profundos, e ele disse apenas: Prepare-se. Acordei assustado. - Alguem batia com forca na porta. Grover irrompeu sem esperar permissao. - Percy! - ele gaguejou. - Annabeth... na colina... ela... O olhar dele me dizia que alguma coisa estava terrivelmente errada. Annabeth estivera de guarda naquela noite, protegendo o Velocino. Se algo tivesse acontecido... Arranquei as cobertas, o sangue como gelo nas minhas veias. Enfiei algumas roupas enquanto Grover tentava formar uma frase completa, mas ele estava atordoado demais, sem folego demais. - Ela esta la caida... simplesmente la caida... Corri para fora e disparei pelo patio central, Grover logo atras de mim. Rompia a aurora, mas o acampamento inteiro parecia agitado. A noticia estava se espalhando. Algo gigantesco acontecera. Alguns campistas ja estavam rumando para a colina, satiros, ninfas e herois em uma estranha mistura de armaduras e pijamas. Ouvi o tropel de cascos de cavalo, e Quiron chegou galopando atras de nos, com uma expressao terrivel. - E verdade? - perguntou a Grover. Grover so conseguiu balancar a cabeca, a expressao confusa.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 Tentei perguntar to que estava acontecendo, mas Quiron me agarrou pelo braco e, sem esforco, me ergueu para suas costas. Juntos, subimos a Colina Meio-Sangue, onde uma pequena multidao comecara a se reunir. Esperei nao encontrar o Velocino no pinheiro, mas ele ainda estava la, brilhando a primeira luz da madrugada. A tempestade havia se interrompido e o ceu estava vermelho-sangue. - Maldito seja o senhor tita - disse Quiron. - Ele nos enganou outra vez, deu a si mesmo uma nova chance de controlar a profecia. O que voce quer dizer? - perguntei. - O Velocino - disse ele. - O Velocino fez seu trabalho bem demais. Galopamos em frente, todo o mundo abrindo caminho para nos. Ali, na base da arvore, uma menina jazia inconsciente. Outra menina, de armadura grega, estava ajoelhada ao lado dela. O sangue retumbava em meus ouvidos. Eu nao conseguia pensar direito. Annabeth tinha sido atacada? Mas por que o Velocino ainda estava la? A propria arvore parecia perfeitamente bem, integra e saudavel, permeada pela essencia do Velocino de Ouro. - Ele curou a arvore - disse Quiron, com a voz aspera. - E o veneno nao foi a unica coisa expurgada. Entao percebi que Annabeth nao era a menina caida no chao. Era a de armadura, ajoelhada ao lado da menina inconsciente. Quando Annabeth nos viu, correu para Quiron. - Ela... ela... assim, de repente la... Lagrimas corriam de seus olhos, mas eu ainda nao entendia. Estava apavorado demais para ver sentido naquilo tudo. Pulei das costas de Quiron e corri na direcao da menina inconsciente. - Percy, esperei - disse Quiron. Ajoelhei-me ao lado dela. Tinha cabelo preto curto e sardas no nariz. Tinha a constituicao de uma corredora de longa distancia, flexivel e forte, e usava umas roupas que eram algo entre o punk e o gotico - camiseta preta, jeans pretos esfarrapados e uma jaqueta de couro com buttons de uma porcao de bandas de que eu nunca ouvira falar. Nao era uma campista. Nao a reconheci de nenhum dos chales. E, no entanto, estava com a mais estranha sensacao de que ja a tinha visto antes... - E verdade - disse Grover, esbaforido por causa da corrida colina acima. - Nao posso acreditar... Ninguem mais se aproximou da menina. Pus a mao na testa dela. Sua pele estava fria, mas as pontas dos meus dedos formigaram como se estivessem queimando. - Ela precisa de nectar e ambrosia - disse eu. Era claramente uma meio-sangue, fosse ou nao uma campista. Pude sentir isso so de toca-la. Nao entendia por que todos pareciam tao apavorados. Peguei-a pelos ombros e a coloquei sentada, com a cabeca apoiada em meu ombro.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 - Venham! - gritei para os outros. - O que ha de errado com voces? Vamos leva-la para a Casa Grande. Ninguem se mexeu, nem mesmo Quiron. Estavam todos atordoados demais. Entao a menina tomou folego, vacilante. Ela tossiu e abriu os olhos. Suas iris eram surpreendentemente azuis - um azul eletrico. A menina olhou para mim perplexa, tremendo e de olhos arregalados. - Quem... - Eu sou Percy - disse eu. - Voce esta em seguranca agora. - O sonho mais estranho... - Esta tudo bem. - Morrendo. - Nao - assegurei-lhe. - Voce esta bem. Qual e seu nome? Foi quando eu soube. Antes mesmo de ela dizer. Os olhos azuis da menina se fixaram nos meus, e entendi o porque da missao do Velocino de Ouro. O envenenamento da arvore. Tudo. Cronos fizera aquilo para colocar mais uma peca de xadrez em jogo - mais uma chance de controlar a profecia. Ate Quiron, Annabeth e Grover, que deveriam estar celebrando aquele momento, estavam chocados demais, pensando no que aquilo poderia significar para o futuro. E eu amparava uma pessoa destinada a ser minha melhor amiga ou, possivelmente, minha pior inimiga. - Eu sou Thalia - disse a menina. - Filha de Zeus.
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Orkut . Comunidade Percy Jackson e os Olimpianos - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=42384468 AGRADECIMENTOS Muito obrigado aos meus jovens testadores betas, Geoffry Cole e Travis Stoll, por terem lido o manuscrito e feito boas sugestoes; a Egbert Bakker, da Universidade de Yale, por sua ajuda com o grego antigo; a Nancy Gallt, por sua competente representacao; a minha editora Jennifer Besser, por sua orientacao e perseveranca; aos alunos de muitas escolas que visitei, por seu apoio entusiasmatico, e, e claro, a Becky, Haley e Patrick Riordan, que tornaram possiveis as minhas viagens ao Acampamento Meio-Sangue. Digitalizado por:
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